Será que são as minhas roupas? Talvez a minha voz, ou quem sabe o meu cabelo.
O que tem de errado em mim?
E era só assim que eu pensava, nisso que me movia. Na verdade antes não ligava muito pra isso. A vida sempre foi muito boa, realmente não tinha e nem tenho do que reclamar, mas algo começa só agora a me incomodar.
- Não vem? – Chamou Gustav. Era hora da entrevista e os gêmeos polêmicos já tinham entrado.
Os gritos, é claro, eram notáveis.
Estávamos juntos, sentados ao lado esquerdo de Tom.
Como sempre oitenta por cento das perguntas foram dirigidas a Bill e o resto a Tom. Eu e Gustav em nossos cantos. Ele nem fingia interesse (na verdade mais parecia que ia dormir). Meu reino pela fórmula do seu desestressante.
Ah, o que eu daria pra ficar assim “na boa”… e que ódio dos meus pensamentos.
Só ligam para eles
Não é bem assim…
Só estou aqui por sorte
Para! Para!
E como sempre, quando preocupado ou incomodado fico alisando o cabelo com as mãos. É o meu “tique nervoso”. E foi isso até o final das entrevistas.
Depois do término do show bebi três copos de água, mais do que Tom que com toda certeza tinha falado muito mais que eu.
- Chato, não? 0 Perguntava Gustav.
- Não prestei muita atenção. – Baixei o olhar.
- Notei, muitos problemas – ele pegou um copo d’água e bebeu em grandes goles. – Sei como está, já pensei como você – sorriu -, mas sabe… nós te amamos, as fãs te amam.
- Foi sorte. Só tenho ela. – disse. Gustav tinha baixado um pouco as minhas loucas ideias.
- Você pode pensar assim, amigo – dizia ele -, mas não é sorte – fez uma pausa e tomou mais um gole de água – é o mais puro talento. – E aquelas palavras nunca saíram da minha cabeça.