Rosas e Espinhos escrita por Miiou


Capítulo 11
Capítulo 10 - O que Decidir


Notas iniciais do capítulo

O capítulo nem é tão grande, e realmente pode até ser desnecessário, mas eu quis botá-lo.
Pois, boa leitura!



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Capítulo 10 - O Que Decidir 

 

 

 

        Andei por um tempo, até chegar ao pub novamente. Estava para fechar, mas eu consegui pegar a sacola. Voltei e fiquei procurando por Scorpius.

 

        Dando a causa por perdida, peguei uma carruagem e voltei para o castelo. Chegando lá, peguei o caminho para o Salão Principal, onde todos estavam jantando. Olhei para a mesa da sonserina e Scorpius estava lá.

 

        Não foi bem uma surpresa o fato de ele estar na sua mesa, surpresa foi ver ele se levantar quando cruzei meu olhar com o dele e se retirar do salão bruscamente. Tentei ignorar isso, tentei.

 

        Sentei com meus amigos. Quinnity conversava com James, que ao me notar, se levantou e dirigiu a palavra.

 

        - Consegui impedir a menina de ir à diretora! – falou com um ar vitorioso.

 

        - Prefiro nem saber como. – o cortei, atitude que até a mim surpreendeu.

 

        Sentei e peguei na primeira comida que vi a minha frente – o qual minha mente processou sendo um frango assado. Comecei a comer, sem realmente prestar atenção no que estava fazendo. Pensava no que teria feito Scorpius agir desta maneira.

 

        Ta somos amigos. Ta, ele tentou me beijar. Ok!

 

        Mas ele faz isso com as garotas todo tempo. Quero dizer, eu já o vi se agarrando com muitas garotas no corredor do colégio.

 

        Ah, esse é um fato que ainda não adicionei a lista de características de Scorpius Malfoy, ele é muito galinha.

 

        Sinceramente, não sei por que ainda quero ser amiga dessa Barbie Girl. Ele só me fez coisas ruins. Nunca me ajudou em nada, além de ter cuidado de um machucado que ele mesmo me fez.

 

        Ta que eu conheci outro lado do Scorpius lá na caverna, mas a gente não conversa muito, não o conheço e o que sei dele é que ele é um galinha, que inferniza a vida das pessoas.

 

        O que sei dele, é que ele feriu meu orgulho se recusando a ser meu amigo na minha primeira oferta. O que sei dele é que ele é um garotinho metido a sangue puro, com pais ex-seguidores de Lorde Voldemort.

 

        E por alguma razão que meu cérebro não consegue processar qual, eu não paro de pensar nele, no bem estar dele. Eu não paro de pensar no que ele deve estar fazendo, no que ele deve estar pensando.

 

        Eu sei que é normal, quando se passa muito tempo com um garoto (nós garotas sabemos disso), a gente pensar muito nessa pessoa, mas depois passa, é uma coisa passageira. Na verdade, essa é uma boa dica para os garotos. Passar algum tempo com a garota, depois se afastar um pouco, para que ela fique confusa. Depois, é claro, para nossa felicidade o garoto tem que voltar e se a garota ainda tiver aquele brilho nos olhos, é por que ela tem interesse.

 

        Por que o interesse maior só nasce depois de um tempo, isso é fato.

 

        Um bom exemplo disto é James. Quando ele era mais novo, vivia conversando comigo, ele dizia que eu era a sua melhor amiga e dizia que eu era a garota mais esperta de todas – suspiro -, então ele apareceu com uma namoradinha no bairro.

 

        Não foi muito legal, pois foi a primeira vez que experimentei o gostinho amargo do ciúme.

 

        É claro que foi apenas um namorico de verão. Hoje, James gosta de mim, como está claro.

 

        Sim, é claro que eu não sou cega e notei isso.

 

        Virei meu rosto para James e o apreciei enquanto ele conversava com um garoto da Corvinal.

 

        Suas covinhas estavam destacadas em seu sorriso natural, suas maçãs se erguiam harmoniosamente com seu rosto, diminuindo seus olhos. Os óculos que ele colocava quando estava na aula, estavam um pouco erguidos para cima, devido à rispidez do nariz franzido com o sorriso meigo. Seu queixo era reto, assim como o nariz angular e clássico. Seus cabelos grossos e arrepiados para todos os lados tinham um tom castanho claro, quase um cobre. Seus ombros largos faziam-no aparentar mais velho que sua verdadeira idade, assim como sua altura.

 

        Mais uma vez suspirei... James era tão lindo. Tio Harry e Tia Ginny fizeram um bom trabalho.

 

        Olhei para Alvo, ele conversava com Quinnity, mas vez por outra olhava de esgueira para Lily, até percebi quando seus olhares se encontraram e abaixaram ao mesmo tempo, com as faces rosadas.

 

        Suspirei pela terceira e última vez, hora de bater um papinho com Alvo.

 

        Quando ia me levantando, uma voz arrastada se pronunciou, atrás de mim. Uma voz que eu conhecia.

 

        - Posso conversar com você?

 

        Por um minuto, gelei, depois engoli todo o bolo que havia em minha garganta e virei, com um sorriso treinado.

 

        - Oi mano. O que foi? – meu sorriso logo caiu, quando vi sua expressão. – Pode, claro que pode. – levantei-me rapidamente. – O que aconteceu?

 

        Ele suspirou.

 

        - Não é o que aconteceu a pergunta certa. – falou, com os olhos baixos – Podemos conversar a sós? – olhou para os lados, apreensivo.

 

        - Claro! – lá se foram minhas chances de conversar com Alvo.

 

 

 

 

        Parecia que todo mundo estava tendo problemas amorosos, pois você não vai acreditar sobre que Hugo veio conversar comigo.

 

        Hugo fechou a porta da Sala Precisa, seu olhar era vidrado. Virou-se para mim e falou com a voz mais arrastada.

 

        - Sente-se. – ele falou tão formalmente que eu até fiquei com medo.

 

        Esfreguei meus braços um no outro. Estava frio aqui ou era impressão minha?

 

        - Hugo, fale logo, estou ficando curiosa! – mas logo fechei a boca, quando percebi seu olhar triste e desolado. – O que ouve? – falei em um fio de voz.

 

        Seus olhos começaram a ficar vermelhos, suas mãos começaram a tremer, havia uma fúria descontrolada em seus olhos, havia uma tristeza ilimitada, uma confusão sem fim e de repente, ele correu.

 

        Pensei que ele ia me bater ou coisa do tipo, por que até fiz uma posição de defesa com meus braços, mas pelo contrário, ele me abraçou.

 

        Eu senti meu pranto se encharcando, vagarosamente. Os soluços iam ficando mais altos e ele tremia muito. Meu coração se amoleceu diante daquela cena, retribui seu abraço, até que ele parasse de tremer.

 

        Neste momento, em que fechei os olhos e encostei meu rosto em seus cabelos, me vi na Toca.

 

        Vi-me com minha família, abraçada aos meus pais, brigando com meu irmão. Vi-me dando um beijo na bochecha de minha avó, abraçando meu avô.

 

        Neste momento, eu senti saudade de casa.

 

        Depois que Hugo voltou ao normal, ele saiu de cima de mim para sentar do meu lado no sofá.

 

        A Sala Precisa tinha tomado a forma de uma sala de terapia, tinha um divã logo a nossa frente, ao lado do divã havia um vazo de lindas rosas, uma estante de livros ao meu lado e nós estávamos sentados em um sofá rústico que se encontrava ao lado de uma escrivaninha.

 

        Cautelosamente, toquei seu rosto inchado.

 

        Hugo tinha o nariz comprido, assim como o meu e de meu pai. Era coberto de sardas e tinha os olhos castanhos amendoados, como os de minha mãe. Ele era ruivo e tinha um sorriso natural em seu rosto, que eu achava muito parecido com o sorriso bobo de meu pai.

 

        Sabe uma coisa que nunca compreendi? Meus olhos. Devo ter puxado minha avó, ou meu tio George. Pois eu tinha olhos verdes.

 

        Depois de um tempo de silêncio, muito natural para alguém que estava chorando, ele falou uma palavra. Uma única palavra que me fez encrespar os lábios.

 

        - Catherine. – seus olhos ficaram desfocados e uma lágrima solitária caiu de seu rosto.

 

        Catherine! Só podia ser! Pensei. Meu rosto cada vez ficando mais vermelho, à medida que a razão tomava conta do meu cérebro.

 

        Catherine, aquela garotinha que Hugo cismava dizer amar. Uma loirinha sardenta de olhos escuros e voz irritantemente aguda. Foi a primeira menina que Hugo beijou, segundo Alvo e ela adorava ficar se esfregando no braço dos meninos, segundo Lily.

 

        Deve ter bem chifrado o coitado do Hugo, meu irmão de coração fraco.

 

        E adivinha? Claro que eu estava certa.

 

        - O que tem ela? – falei, frisando a última palavra.

 

        Hugo olhou para o vaso de rosas do extremo oposto da espaçosa sala, mas eu sabia que ele não estava vendo realmente as flores.

 

        - Comigo? Nada... Mas com Louis por outro lado... – fez um bico extremamente infantil.

 

        Fiquei estática, lentamente minha boca foi se abrindo e formando um circulo perfeito.

 

        Louis! Como ela pode? Com o próprio primo do garoto! Não podia acreditar... Tinha que conferir.

 

        - Louis... Weasley? – perguntei hesitante.

 

        Ele assentiu devagar.

 

        Meu deus! Isso esta parecendo mais uma novela mexicana!

 

        Louis é nosso primo, o filho mais novo de Tio Gui e a Tia Fleur. Certo, ele é muito bonito sim, pois é descendente de uma meia veela e eu realmente vejo razão para uma garota querer ficar com ele, mas ela era namorada do meu irmão! Aquela vadiazinha em miniatura!

 

        Pensei em mil coisas para falar, mas parecia que nada estava certo. Hugo era um bom garoto, desde a primeira vez que viu Catherine, seus olhos brilharam. Ela foi como o amor de infância corrompido dele. Mesmo com todo aquele jeito vulgar, acho que ele conseguiu tirar coisas boas de seu relacionamento.

 

        A única coisa que eu consegui falar foi:

 

        - Ah. – O que em minha opinião, não ajudou muito.

 

        Ficamos ambos olhando para o vaso de rosas, antes lindo, agora sem graça.

 

        Neste dia, descobri uma coisa. As coisas não podem ser julgadas por bonitas ou feias, é o ambiente que cria este efeito. As lembranças jogadas ao objeto.

 

        Cheguei a duas conclusões, a primeira foi que é muito melhor objetos novos e sem lembranças, a segunda, é que eu consigo arranjar razão para tudo que acontece em minha vida.

 

        - Rose... – Falou Hugo, sua voz rouca de seu esforço. – O que faço agora?

 

        Virei para ele, encarando os olhos amendoados, sua súplica encarnada no som progressivo. Sempre pensei como as pessoas podem falar besteiras. O som se expande ao eterno, fica impregnado no infinito, o que sai... - não volta.

 

        Mesmo assim, a primeira resposta que me veio à cabeça foi “Não sei, você pensa o que? Nem meus problemas eu consigo resolver, dirá os seus!”, mas o que disse foi diferente.

 

        - Durma. – Falei arrastada. – Durma, amanhã pense nisso. Você chorou muito, não esta em condição de pensar direito para tomar uma decisão.

 

        - Que decisão?! – Exclamou. – Ela não me deixou nada para escolher. – Abaixou a cabeça, prestes a recomeçar seu lamento.

 

        Antes que ele pudesse fazer algum som, ergui seu queixo firmemente com minha mão e fixei meus olhos aos dele.

 

        - Você sempre vai ter uma decisão a tomar. – Falei séria. – Não necessariamente é uma escolha... Apenas uma decisão.

 

        - O que? – perguntou em um fio de voz, mas soou como uma exclamação espantada.

 

        Suspirei.

 

        - Desta vez é uma escolha Hugo. – Senti meus olhos brilharem. – Deve escolher se vai seguir em frente ou não.

 

       

 

 

 

       

        É claro que o que quis dizer com isso não era que ele devia se matar, mas se ele ia deixar o passado para viver o presente.

 

        Pensei nessa conversa enquanto me arrastava até o salão comunal da Grifinória. Eu sabia que devia ter sido menos fria, sabia que devia ter reconfortado mais o meu irmão, mas nestes últimos dias minha mente não parecia muito ligada no mundo. Era mais como se eu estivesse em um sonho eterno.

 

        Cheguei até o quadro da mulher gorda. Falei a senha e entrei na sala comunal.

 

        Não quis nem ver quem estava lá, apenas subi para meu dormitório, troquei-me e deitei em minha cama.

 

        Todos os conflitos do dia se refletiram em meus olhos, de forma que o peso deles fosse quase insuportável. Devagar, meus olhos foram cedendo às lembranças.

 

        A última coisa que vi antes de cair na inconsciência foi Scorpius saindo do Salão Principal.

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Vou botar o sonho da Rose. Obrigada por lerem. Gente, eu queria mesmo 10 reviews no capítulo nove. ): Por isso que não postei mais cedo.
Então, reviews? Eu fico muito feliz com os comentários, mesmo que sejam críticas.