- Jane...eu posso falar com você, um instante? - ele murmurou. Pensei por alguns minutos. É, talvez ele merecesse uma chance.
[Flashback On]
"Jane Stevens...Você sabe que sempre foi a única que eu amei. A única que eu desejei, que eu quis que fosse minha pra sempre. Mas apesar de tudo, seu amor não foi suficiente. Não foi suficiente pra me manter, pra me fazer lutar.
 Eu vivi tudo o que esperava da minha vida ao seu lado, mas sinto que já não tenho mais coragem pra continuar olhando pra você e sentindo que eu não te mereço.
 Eu não te mereço, Jane. Mas ainda te amo.

                                                                                                                Peter."

 Olhei para aquela carta, e fiquei assistindo minhas lágrimas caírem por sua superfície macia. Eu não podia acreditar no que estava vendo, no que estava vivendo. Doía na alma, ver aquilo. Ver que a morte daquele que eu amava era tudo minha culpa. Eu não o amei o suficiente.
 Ouvi duas batidinhas na porta.
- Jane? Jane...?
- O-oi, Tom - respondi, soluçando.
- Jane - ele correu e se sentou ao meu lado, no chão - O que...?
 Ele parou de falar quando pegou a carta que eu tinha nas mãos e leu.
- Desgraçado...- ele olhou pra mim e levantou meu rosto até que eu olhasse no fundo dos olhos dele - Você não pode acreditar em uma sequer palavra que está escrita aqui, Jane. Ele só quer que você se sinta culpada.
 Suportei seu olhar por mais alguns segundos, depois desabei a chorar, com o rosto enterrado entre as mãos. Tom me abraçou com força. Ele era a única coisa que me mantinha viva.
[Flashback Off]

 Me deixei ser guiada pela mão dele. Ele me puxou até que estivéssemos no quarto dele. Me sentei na borda da cama e juntei as mãos, olhando pra ele.
- Então - comecei - O que você precisa falar?
- Preciso falar - ele correu e sentou-se ao meu lado - Preciso saber se você...
- Se eu...? - Eu não fazia a menor idéia do que ele estava falando. Ele sempre foi o meu melhor amigo e eu tinha que admitir que era bem...excitante tê-lo por perto, mas...espera aí.
- Preciso saber se você me ama - ele falou, hesitante.
 Fiquei ali parada, olhando pra ele, com a boca escancarada.
- Eu te amo - falei, inconscientemente. Quando me toquei do que havia dito, olhei nos olhos dele, a procura de respostas - Opa... quer dizer...
- Não quer dizer nada - ele disse, me puxando pela cintura - Eu te amo também.
 Dito isso, ele me beijou com aquela vontade contida por todo esse tempo. Correspondi com a mesma intensidade, quase sedenta.
- Eu... - comecei.
- Porque você insiste em falar? - ele disse, rindo. Não pude deixar de rir. Ele me beijou de novo e ficamos ali, por um bom tempo.
- Você é bem melhor que o suicida do Peter - eu disse, rindo. Ele riu também.
- Eu sou o melhor - ele disse, dando um sorrisinho safado.
- Eu sei - respondi, arqueando uma sombrancelha.

 Fomos pra sala de jantar algum tempo depois. Me sentei ao lado dele.
- Como vocês demoraram, pessoas - Bill disse, rindo.
- Assuntos a tratar - respondi prontamente, tentando segurar uma gargalhada (e fracassando).
- Assuntos... - Georg maliciou. Bom, ele não estava exatamente maliciando. Não deixava de ser verdade.
 Bem, o Tom sempre foi meu melhor amigo, sempre esteve do meu lado quando eu precisei e eu sempre tive certeza que o amava. E agora, meu sonho tinha finalmente virado realidade. Eu era dele, ele era meu. E assim ia ser, pra sempre.