What If...? escrita por Miss Daydream


Capítulo 5
Capítulo 5 - Rebelde sem causa


Notas iniciais do capítulo

Ooooi pessoal!
Estou muito muito feliz com todos os comentários do capítulo passado, vocês me deixam nas nuvens! O alcance da fic está aumentando aos poucos, outra coisa que me serve muito de incentivo!
Revisei esse capítulo mil vezes, mas sempre acaba me escapando alguma coisa. Então por favor não hesitem em me avisar sobre erros!
Nos vemos lá embaixo.
EDIT: O título do capítulo foi editado no dia 29/01/17, de "Ele guardou..." para "Rebelde sem causa"



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— Ei... – ouço uma voz distante chamar baixinho – Ei, Castiel...?

— Hm? – resmungo um pouco confuso, está tudo tão estranho...

— Castiel... – a voz chama novamente e eu viro o rosto para o lado, ainda de olhos fechados – Ei! Castiel?

Aperto os olhos, quem é?

— Acorda Castiel! – minha visão entra em foco e encontro Nathaniel me encarando com uma expressão nada bem humorada – Que saco, você vai acabar se atrasando!

— O que você quer?! – eu me viro e me enfio debaixo das cobertas

— Levanta, seu inútil! – ele continua a puxá-las

Ninguém puxa as minhas cobertas enquanto eu estou dormindo!

— Não enche, me deixa em paz. – eu resmungo, porque é só o que sei fazer de manhã

Procuro por meu celular no meio dos lençóis, tenho certeza de que o deixei aqui ontem à noite...

A realidade é que: eu acredito que ninguém pode exigir muito das pessoas quando se é de manhã. Ninguém acorda plenamente bem às... OITO HORAS DA MANHÃ?

— Eu não estou acreditando que você me acordou as oito sendo que a aula só começa as nove! – eu ergo um pouco meu corpo com um olhar assassino – Aliás, porque você me acordou?! Além de me privar da minha noite de sono você fica me enchendo o saco logo de manhã?!

— Eu não vou deixar você chegar atrasado, não mesmo – ele trinca o maxilar, bravo

Bravo?! Sou eu quem deveria estar bravo! Quem foi acordado a contra gosto uma hora antes do horário de aula fui eu!

— O que isso tem a ver com você? – eu enfio a cabeça debaixo dos travesseiros – Me deixe em paz e... Argh! Feche essa janela, não estou conseguindo enxergar nada com toda essa iluminação!

— Ah, mas não mesmo! – ele me puxa pelo braço e eu seguro a cama – Se mexe, eu não tenho o dia todo!

— Você pode sair quando quiser!

— Não saio daqui sem você! – ele continua firme

— Então você vai perder a aula? Não é típico de você – eu falo contra o travesseiro e minha voz sai abafada – Eu prefiro que você vá para a aula e me deixe em paz.

— Vai para o inferno!

— Lá vai ter alguém insuportável me enchendo o saco para acordar? – pergunto cansado – Se a resposta for não eu vou agora mesmo.

— Argh, anda logo – ele tira o travesseiro de cima de mim e fica me encarando vermelho de raiva – E você ainda baba enquanto dorme! Quão nojento você pode ser?!

— Me devolve meu travesseiro!

— Não, e daqui a pouco eu vou pegar as cobertas.

— Tá frio, pare de me encher! – eu as seguro com mais força, só por precaução

— Acorde então. – ele segura o travesseiro e solta uma risadinha

— Já acordei – eu respondo e tento não corar. Ahhh o que foi isso? Que mudança de humor repentina... – Me devolva.

— Levanta e vamos para a aula, se não você vai acabar ficando sem café da manhã. – ele me olha

— Não me importo – eu me viro, ficando de barriga para cima na cama e tampo meus olhos com os braços – Você acabou com a minha vontade de dormir. Está feliz agora?

— Muito – ele joga o travesseiro na minha cara e sorri – Anda logo, não quero problemas para o meu lado. E nem para o seu.

Tiro o travesseiro do rosto e me levanto rápido demais. Fico sentado na cama, me recuperando de ataque de tontura que acabei desencadeando.

Quando o mundo para de girar, eu olho-o desconfiado.

— O que você quer dizer com isso? Porque é tão importante que eu me levante no horário?

— Ora, achei que fosse óbvio – ele me olha com preguiça – Se você chegar no horário, não pega advertências. E se não pegar advertências...

— Não tem trabalho pra você – completo frustrado

— Garoto esperto – ele sorri irônico – Anda logo.

Eu juro que se ele continuar desse jeito, até o ano acabar o Nathaniel vai ganhar no mínimo uns quarenta olhos roxos...

— Você não manda em mim, vou levantar porque eu não estou mais afim de dormir, e só por isso – eu rosno irritado

— Como quiser, desde que se levante... – ele olha entediado para a escrivaninha

— Vai indo na frente então. – tento me livrar dele

— Você acha que eu sou idiota? – ele ergue uma sobrancelha – Não saio daqui sem você.

Ele vai me enlouquecer!

Pego a minha roupa e a toalha, vou em direção do banheiro e bato a porta com força, para mostrar o quão indignado eu estou com essa ceninha. Todos os dias daqui para frente serão assim? Eu é que não vou deixar barato...

Abro o chuveiro e tento relaxar de novo. Se o mau humor permanecer, não vou conseguir me concentrar, e se não me concentrar não vou conseguir fazer uma certa pesquisa, e sem essa certa pesquisa, não haverá progresso no que estou pensando em montar. Pelo menos o banheiro está em ordem e limpo, talvez esse seja o único ponto bom de ter o Nathaniel dividindo o banheiro comigo.

Argh só essa perspectiva já me causa uma agitação no estômago!

Fecho o registro e me enrolo na toalha, ainda com o cabelo preso para o alto. Encosto a orelha na porta, ainda pingando, para tentar ouvir algo. Silêncio. Talvez ele tenha ido embora...

Ouço um estrondo e um palavrão, e tenho certeza de que não estou sozinho e de que ainda por cima aquele babaca derrubou alguma coisa. Só espero que não seja nada meu.

Me seco com preguiça e coloco calça jeans e uma blusa quente. Saio do banheiro secando o pescoço um pouco melhor e encontro Nathaniel abaixado pegando vários livros espalhados pelo chão. Eu rio da situação e ganho um olhar irritado em resposta.

— Tinha que ser... – eu me sento na cama e fico observando ele catar tudo com cuidado

— Vai embora logo – ele nem me olha, mas a sua voz tem um ponto de irritação – O que está esperando?

— O entretenimento acabar – eu digo rindo – E você também.

— Você não é obrigado a me esperar.

— Tem razão – eu digo e vou até o armário pegar minha jaqueta e um par de meias

Coloco a jaqueta e as meias, pego o coturno e o calço. Nathaniel continua catando os livros e resmungando resignado. Fico imaginando sobre como ele conseguiu fazer tudo cair.

Suspiro irritado e me abaixo para ajudá-lo. Ele me encara surpreso e faz uma careta.

— O que é que você está fazendo?

— Eu não tenho o dia todo – repito a frase que ele disse mais cedo ele me olha enquanto ajudo-o a pegar os livros

Então eu o vejo. Tão velho e bem gasto, sinal de que já foi aberto várias vezes. Pego-o nas mãos. A mesma textura, a mesma capa azul. O título está um pouco apagado mas eu o reconheceria mesmo se estivesse a quilômetros de distância.

— O livro da capa azul... – eu sussurro e Nathaniel me olha, percebendo o que eu tenho em mãos

— Se chama Moby Dick – ele diz tentando parecer indiferente, mas percebo que ele não gostaria que eu o tivesse encontrado

— Você guardou... – passo a mão direita sobre a capa – Depois de todo esse tempo...

— É claro que eu guardei – ele olha para o livro por um tempo. Depois, arranca-o da minha mão com agressividade, como se ninguém além dele pudesse tocá-lo – Eu disse que guardaria, e ao contrário de você cumpro minhas promessas.

Eu fico parado de joelhos por alguns instantes. Aquilo me atingiu feito um caminhão. Não acredito que ele ainda o tem, não acredito que tenha guardado e que ainda o levasse com ele.

— Nathaniel...

— Escute, você vai me ajudar ou não? – ele não olha para mim enquanto coloca o livro da capa azul dentro da gaveta com cuidado – Se não vai é melhor que vá embora, por favor.

Fico em silêncio enquanto o observo remexer os livros. Eu preciso mesmo botar a cabeça no lugar...

Levanto sem dizer nada e pego minha mochila e as chaves, saindo do quarto logo em seguida.

Ando desorientado pelo corredor enquanto outra lembrança daquele mesmo dia me acerta em cheio.

“Papai nos comprou dois sorvetes. Um de chocolate para mim e um de morango para ele. Nathaniel disse que eu ia virar uma baleia porque sempre pedia de chocolate, e eu rebati que sorvete era sorvete, e que o sabor não mudava nada, então se fosse para virar baleia, nós dois viraríamos. E, convenhamos, como é que eu ia virar uma baleia? Por exemplo, eu ia dormir menino e acordar baleia? Só por causa de um sorvete de chocolate? Não entendo essas comparações...

Discutimos sobre isso por algum tempo, ponderando que talvez virar uma baleia não seria tão ruim assim. Elas eram gigantes e ninguém mexia com elas, além de viverem no mar. Mas Nate disse que se tivesse que ser um animal, seria um gato ou um tigre, porque eles eram muito habilidosos e ágeis. Além de botar medo, é claro.

Passeamos no calçadão e vimos até cavalos. Eu estava cuidando do Dragon, e não tinha vontade de andar de cavalo, então só ele foi.

Fiquei olhando as vitrines e lojinhas, e então eu vi o livro de capa azul. Remexi no meu bolso e olhei o preço. Eu não tinha o suficiente para poder pagar pelo livro, então fiquei apenas observando-o meio triste.

Uma moça de cabelos vermelhos, que devia ser a dona da loja, tocou o meu ombro, e eu olhei-a assustado.

— Deseja algo, querido? – ela perguntou com a voz doce

— Ah, eu queria comprar este livro para o meu amigo – eu comecei a falar, tentando acalmar o Dragon, que me puxava freneticamente. Céus, as vezes ele era pior que o Nathaniel! – Mas não tenho o dinheiro necessário.

— Não está com seus pais?

— Estou, mas queria que fosse uma surpresa – eu disse, guardando o livro no lugar – Bem, não vai ser desta vez.

Ela me olhou com compaixão e pegou o livro.

— Sabe, este livro está solitário aqui faz muito tempo – ela começou – Quem sabe se você levá-lo para casa, ele finalmente será aproveitado da maneira certa?

— Mas não tenho dinheiro – eu disse quase ofendido por ela ficar me falando essas coisas – Já disse...

— Eu te dou – ela sorriu e eu quase cai para trás – Seu amigo tem sorte de ter você ao lado, que coração gigante – ela riu e me entregou o livro

— Muito obrigado!

— Espero que seu amigo goste do presente!”

Entro no banheiro e me tranco num box vazio. Fecho a tampa e me sento em cima do vaso sanitário, escondendo a cabeça entre os joelhos. Porque ele tinha que ter guardado? Isso só me faz sentir ainda mais culpado...

Talvez ele não saiba, mas a amizade dele era realmente importante para mim. Ele era a única companhia com a qual eu realmente gostava de ficar quando era uma criança. Claro, havia minha mãe e meu pai, mas não era a mesma coisa. Conversar com Nathaniel me tranquilizava e me fazia esquecer a solidão. Ficar perto dele era um dos melhores momentos do dia, e eu adorava sorrir para ele, porque ele reconhecia o quão era complicado para mim fazê-lo.

Só por causa de uma namorada idiota, que me convenceu de algo que meu melhor amigo não pôde. Para logo depois me chutar e virar minha vida de cabeça para baixo! Eu larguei tudo...

Larguei o que me fazia bem só por uma aventura cheia de primeiras vezes.

Porque eu sempre tenho que estragar tudo?

***

Não fui para aula, fiquei escondido na cabine no banheiro até o terceiro sinal, quando a minha bunda começou a ficar quadrada. Coloquei a cabeça no lugar o melhor que pude, e saí para almoçar. Já tinha pensado em todas as desculpas que eu daria, mas quando eu o encontro no corredor, elas desaparecem.

Enquanto conversa com Lizzie sobre algo, os seus olhos encontram os meus e endurecem. Ela também olha em minha direção e os dois vêm quase correndo até mim.

— Onde é que você estava? – Elizabeth me pergunta preocupada – Nós procuramos em todos os lugares!

Eu ouvi Lysandre entrar no banheiro masculino e chamar o meu nome, mas só me encolhi e não respondi. Acho que não é inteligente dizer isso com o olhar assassino de Nathaniel sobre mim.

— Não interessa – eu respondo desviando o olhar e ele junta ainda mais as sobrancelhas, numa careta irritada

— Quando você vai parar de agir como uma criança? – ele começa a falar, mas eu não quero ouvir. Eu não consigo ouvir... – Castiel! Volte aqui, nós te procuramos a manhã inteira! Castiel!

Saio correndo e ninguém vem atrás de mim dessa vez.

Eu não acredito no quão descontrolado eu consegui ficar essa manhã. Escondo-me no ginásio dessa vez. Quantas advertências eu terei que assinar hoje? Quantos olhares reprovadores irei receber?

— Castiel... – ouço alguém chamar – Eu sei que está aqui, eu te conheço.

Não respondo, sei que ele vai me encontrar de forma ou outra.

— Ei, o que aconteceu? – Lysandre aparece e se senta ao meu lado graciosamente – Porque não foi à aula hoje?

— Eu estou tão confuso – digo frustrado – Nunca imaginei que iria ser complicado desse jeito. E foram só dois dias.

— Nem isso – Lysandre ri

— Ele guardou o livro que eu dei para ele – eu digo e Lysandre arregala os olhos

— Desde quando vocês começaram a trocar presentes? – ele pergunta confuso e eu rio baixinho

— Faz tempo, por isso eu achei tão estranho – eu explico – Faz muito tempo mesmo. E ele cuidou tão bem... Seria mais fácil se eu pudesse simplesmente tratá-lo mal.

— Escute, você não precisa ficar endeusando ele – Lysandre diz – Mas também não é necessário ficar destratando-o a todo o momento. Nathaniel é uma boa pessoa, você sabe disso. Ele só está ressentido, o que é completamente aceitável.

— Eu sei que a culpa foi minha – digo olhando para a cesta de basquete lá no alto

— Mas também da Debrah – Lysandre me cutuca – Você só precisa pedir desculpas.

— Eu nunca vou pedir desculpas – eu suspiro – E ele nunca iria aceitá-las caso eu pedisse.

— Você é quem sabe – ele dá de ombros – Mas não desapareça sem mais nem menos, sim? Elizabeth estava uma pilha de nervos quando Nathaniel disse que você saiu do quarto e não te encontrou na aula.

— Ela se preocupa demais... – eu rio

— Ela se importa com você – Lysandre sorri – Como todos nós. Até Nathaniel. – eu o olho surpreso – Ele ajudou a procurar também, mesmo que isso significasse matar a segunda aula.

— Vocês mataram aula por causa de mim?! – eu exclamo surpreso

— Você é um sem noção mesmo – Lysandre ri levemente, elegante como sempre – Vamos, o horário do almoço está quase acabando, e eu morrendo de fome. Não vou matar aula por você de novo.

Eu sorrio e nós dois saímos do ginásio, para almoçar e prestar atenção nas aulas.

***

Tentar prestar atenção nas aulas é a sentença correta. Eu juro que tentei, mas meus pensamentos insistem em ir parar do outro lado da sala, lá na frente.

Ele não falou comigo. Não me olhou e nem brigou por eu ter perdido aula. Ele não se dirigiu a mim depois de ter me chamado, antes de eu fugir miseravelmente. Não é que seja o fim do mundo eu acabar tendo alimentado a raiva de Nathaniel, eu estou acostumado com isso. Mas ele nunca me ignorou desse jeito antes, nem mesmo com todo aquele incidente da Debrah.

Acredito que minha cabeça está a ponto de explodir. Estou sentindo meus músculos se agitarem por debaixo da pele, e não consigo parar com aquela mania de morder a parte interior das minhas bochechas. Acabo por sentir o gosto do sangue, por causa desse meu habito desprezível.

Eu preciso de um cigarro.

Eu preciso urgentemente de um cigarro. Não é nem questão de parecer legal, como naquela vez em que eu cedi à pressão dos amigos de Debrah e dela própria. É mais para esfriar a cabeça, por mais que isso seja extremamente irônico, já que tem fumaça entrando dentro de mim.

A ideia é que a fumaça entre, sufoque todos os problemas e os espante de dentro de mim. E isso vem dado certo há um bom tempo.

Quando o último sinal toca, eu saio praticamente correndo (não saí enlouquecido para não despertar mais uma das neuroses de Elizabeth), e chego em tempo recorde ao quarto.

Não posso fumar lá dentro, porque ele perceberia. E Nathaniel tem inúmeras alergias, isso poderia acabar prejudicando-o mais ainda. Ninguém é obrigado a sofrer por causa de meus vícios, eu sei disso.

Pego o maço escondido na mala e largo tudo o que é meu em cima da cama, levando comigo apenas o IPod e minhas metáforas baratas. Tranco a porta e guardo a chave em um dos bolsos do casaco, andando em passos rápidos e apertando o maço em segredo. Subo correndo as escadas que levam para o teto do colégio. O lugar é proibido, e quase ninguém vem aqui. Um lugar meio óbvio para escapar das regras, certo?

Errado. Foi só espalhar alguns boatos que todo mundo acabou acreditando numa lenda urbana que eu mesmo inventei sobre uma mulher vestida de vermelho sangue. Besteira de colégio, mas as pessoas (até mesmo Lysandre) preferiam não arriscar.

Pego meu isqueiro negro e acendo um dos cigarros do maço. Inspiro a fumaça, tentando entender o porque das minhas teorias. Talvez eu esteja meio viciado numa coisa que eu nem gosto, mas que de alguma forma me dá espaço para pensar.

Solto a fumaça pela boca e a observo subir pelo ar, levando metade de minhas preocupações, mas ainda assim abandonando em mim o peso da culpa, que insiste em me consumir desde ontem à noite. Talvez ela nunca tivesse ido embora, um pouco camuflada por um ódio sem sentido e gratuito.

— Você sabe muito bem que é proibido ficar por aqui – fecho os olhos, tentando me preparar – Mas ainda assim não se importa, não é?

— Acertou. – eu rebato sem olhar para trás, consciente da presença dele se aproximando – E o que você está fazendo aqui? Além de me atrapalhar, é claro.

— E ainda com esses cigarros desprezíveis – Nathaniel olha para a minha mão com nojo assim que se aproxima da sacada, ignorando completamente o que eu disse – Como se também não fosse proibido fumar dentro das propriedades do colégio. Você não tem jeito, Castiel.

— Eu precisava esfriar a cabeça – digo fechando os olhos por um breve momento – E posso saber o porquê de você estar falando comigo? Achei que estivesse me ignorando.

— Não sou tão infantil a esse ponto – ele responde – E estou apenas cumprindo as regras que você também deveria seguir.

— Quanta asneira.

— Ah Castiel, eu não queria tocar nesse assunto, mas você não me dá escolha! – ele brada e eu o olho surpreso – Você acha que não deve satisfação a ninguém né? Mas me diga, o que seus pais pensariam se soubessem que você anda acabando consigo mesmo por dentro? Não é lá uma notícia muito encorajadora. E matar aula sem motivo? O que você estava pensando? Só porque não consegue ouvir que está errado.

— Eu não estou errado! – respondo com raiva e o cigarro cai da minha mão, indo parar no chão do pátio, lá embaixo.

— Então porque está se sentindo culpado? – Nathaniel pergunta

— É só porque eu não gosto de dever nada a ninguém, muito menos a alguém como você! – eu minto

— Não reconheço você – ele passa a mão pelos cabelos loiros, frustrado – Não o reconheço há tanto tempo que nem sei se cheguei realmente a conhecê-lo. O que aconteceu ein? Só por causa da Debrah? Parece um pouco radical demais, até para você.

— Não fale o nome dela! – eu digo com raiva – Me deixe em paz por um minuto!

— Sabe o que eu acho? – ele me ignora e continua me olhando nos olhos, sem se abalar – Que você não passa de um rebelde sem causa, alguém tão incompreendido que decidiu se esconder de todo mundo. Mas aqui vai uma péssima notícia: você não pode fugir para sempre.

Ele se vira e caminha na direção da escada, as pernas tremendo levemente.

Encaro-o atônito e não consigo responder a nada. O que deu neste maluco hoje? Nem cheguei a pensar que talvez, assim como mexeram comigo, as memórias distantes tenham mexido com ele também de maneira que despertasse algo além de raiva e me sinto estranho, como se algo tivesse me atingido novamente.

Não fazem nem dois dias que eu achava que ele não ligava nada para nossa história mal acabada. Ele nunca demonstrou se importar, tirando aquele dia em que implorou para que eu o ouvisse.

Talvez eu nem tenha mais para onde fugir, e ele esteja certo.

Mas, por hora, eu acho que consigo dar uma escapada da realidade.


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Notas finais do capítulo

O Nathaniel tá ozado olha elaaaaaaaaaaaaa
Mas gostamos assim não é mesmo? O que ele fez além de jogar umas verdades na cara do nosso querido Cas? Falo nadaaa... q
Beijooos



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