Guardians I - The Divine Stones escrita por G Menegatti


Capítulo 10
X - Castaic Lake


Notas iniciais do capítulo

Agora as coisas se acalmam por um tempo, fiquem sussa kkkk



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Nunca na minha vida pensei que iria fugir de policiais para não ser preso...

E ali estava eu, subindo um trecho rochoso próximo a rodovia I-5, que nos levaria para Los Angeles, com mais seis pessoas me acompanhando.

Teseu era surpreendentemente rápido, saltando sobre as rochas que estavam sobre a sua frente, apoiando-se com as mãos para dar um impulso a mais, assim como se fazia em parkour.

Atrás de nós passavam alguns carros pela estrada, mas não sabia se notavam a nossa presença ali, pelo simples fato de estarem ocupados prestando atenção no trânsito.

– Onde vamos? – Ouvi Luna perguntar a Cleo, que estava ao seu lado.

Pelo visto as duas se deram bem e vinham conversando desde que fugimos do motel na rodovia, isto é, conversavam quando recuperavam o fôlego.

– Montamos acampamento próximo ao Lago Castaic. – A garota apontou para uma direção aproximadamente reta. – Fica um quilômetro daqui.

Eu já estava começando a sentir meu peito arder de tanto correr, mas não queria ficar para trás, precisava aguentar pelo menos por mais alguns minutos aquilo.

Logan acompanhava Patrick e Teseu, deixando Kendall ao meu lado, também cansado. Ele, pelo visto, não possuía o hábito de correr muito.

O suor escorria de minha testa, obrigando-me a erguer os braços com frequência para limpa-lo. E era pior ainda correr com uma mochila nas costas.

Adoraria estar na caminhonete naquele momento, sentado no banco enquanto Logan a dirigia, mas isso nunca mais iria acontecer e eu me sentia culpado. Nunca gostei daquela lata-velha, mas depois que ela salvou minha vida, assim como vovô havia previsto, eu passei a ama-la.

No entanto, eu não queria passar todo o tempo reclamando, precisava de foco para aquela situação. Ainda não sabia se poderia confiar naquelas pessoas, mesmo tendo salvo nossas vidas. Algo neles era diferente e assustador. Patrick era um garoto extremamente belo e charmoso, com uma expressão arrogante e convencida de que poderia fazer qualquer coisa. Cleo era uma garota muito bonita também e sempre estava sorrindo, algo bastante atípico para o que estava acontecendo. Já Kendall era o mais estranho dali, pois era uma mistura de uma pessoa confiante e segura de si mesma, que há bastantes filosofias de vida para ser dita, com alguém retardado e sérios problemas mentais.

– Logan me contou que você estava enfrentando alguns Asuras antes de Zargron chegar. – Disse o garoto tão de repente.

Olhei para ele, surpreso pelo comentário, não sabia o que eram Asuras, apenas presumi que seriam aqueles dois homens com muitos braços, o que era lógico, mas apenas assenti. Kendall ficou abismado com aquilo.

– Você é bom! – Elogiou-me, com uma expressão de admiração.

Percebi que ele segurava algo firme em suas mãos, com medo de que se soltasse, mas eu não pude ver o que era.

De repente, Teseu começou a diminuir o ritmo conforme chegávamos na colina, até alcançar o topo e parar.

Assim que me aproximei deles, pude ver a mesma paisagem que estavam vendo, tendo um belo vislumbre da natureza.

– O Lago Castaic. – Ouvi ele dizer em tom alto, enquanto voltava a caminhar, com passos curtos e serenos.

A descida seria mais fácil, pensei. Mas estava completamente enganado.

Aquele lugar era extremamente íngreme e o risco de cair e rolar colina abaixo eram muito grandes. Mas, apesar do medo de me acontecer aquilo, consegui seguir em frente tranquilamente.

Encontrei uma barraca armada há alguns metros de distância do lago e presumi que fosse o acampamento de que Cleo havia dito momentos antes.

O lugar era excepcionalmente lindo e com um aroma tranquilizante de árvores e terra molhada. A água do Lago Castaic era cristalina e refletia a luz do sol, que naquele momento já estava bem mais ao oeste do que antes. Pássaros se banhavam com mergulhões no lago ou caçavam algum peixe que estava nadando próximos a superfície. Árvores enfeitavam a paisagem mais ao fundo e, diferentemente do Parque de Yokuts, a abundância de folhas nos galhos era enorme. Mais ao fundo ainda havia uma elevação rochosa, similar a uma montanha, mas não tão alta quanto uma.

– Este lugar fica ainda mais bonito ao por do sol. – Comentou Cleo ao perceber meus olhos brilharem de admiração pelo que estava vendo. – Quer que eu guarde isso?

Ela se ofereceu a carregar minha bolsa, levando-a até a barraca. Mas não queria entrega-la por insegurança, embora Luna já confiasse plenamente na garota, um hábito, ou melhor, defeito de minha amiga.

Kendall levou Logan até a barraca, onde pôde trocar sua camisa que havia sido furada durante a batalha e dando a Bob um pouco de comida descente, já que a última refeição dele teria sido uma parte do pescoço de Thorfi.

Enquanto isso, Patrick ficou encarregado de recolher uma boa quantidade de lenha para fazer uma fogueira quando anoitecesse. Já Teseu se distanciou de nós, levando seu arco consigo.

– Ele gosta de caçar. – Respondeu Kendall assim que perguntei o motivo do homem ter se ausentado. – E é realmente bom no que faz.

Cleo precisou armar mais uma barraca, pois a que possuíam só cabia no máximo três pessoas. Felizmente ela tinha uma reserva para nós e não demorou muito para conseguir arma-la, ainda mais com a ajuda de Logan e Luna.

– O que é isso em sua mão? – Perguntei a Kendall, que ainda estava sentado em uma rocha, olhando para o lago e sol que se punha aos poucos.

Ele me olhou atentamente e depois suspirou, exibindo um sorriso.

– O mesmo que está em seu bolso. – Disse, me pegando de surpresa e percebendo minha expressão. – Achou que eu não tinha percebido que tinha uma Pedra Divina?

Retirei-a de meu bolso assim que ele disse.

– Como soube?

– Qual outro motivo para Zargron estar te perseguindo? – Sua voz parecia distante, embora isso foi algo não tão normal para ele. Exibi a minha pedra a ele, que a estudou de forma atenciosa, semicerrando sua visão. – Qual Espírito Divino possui essa daí? Anúbis? Hela? Thanatos?

Não conhecia nenhum daqueles nomes, com exceção, claro, de Anúbis, um deus bastante conhecido em qualquer lugar.

– Não. – Lembrei-me de quando o espírito havia se apresentado a mim em meus sonhos ou de quando estávamos discutindo o que aquilo significava em uma lanchonete. Tudo parecia tão distante e que havia acontecido há tanto tempo, mas na verdade tinha sido ontem. – Hades.

– Ah, sim. – Disse, erguendo as sobrancelhas e olhando para sua pedra, que era uma cor de vermelho fogo. A imagem dele criando uma bola de chamas e a arremessando em Zargron surgiu em minha mente assim que a vi. – Imaginei que fosse.

Kendall percebeu a expressão confusa que fiz ao ouvir ele dizer aquilo.

– Ela é negra e tudo mais... – E então entendi seu raciocínio, ligando a cor com o símbolo da morte que Hades representaria.

– Deixa eu adivinhar. – Disse, tornando a observar a pedra vermelha de Kendall. – A sua tem algo relacionado com o fogo.

Ele riu.

– É um bom palpite. – Assumiu ele. – Descobriu isso por causa da cor ou por que me viu arremessar uma bola de fogo em Zargron, antes de você desmaiar?

– Digamos que os dois. – Falei com um sorriso.

Kendall criou uma chama na ponta dos dedos, passando por cada um deles. Meus olhos brilhavam ao ver aquilo, principalmente de admiração e não só porque ele já brilhava pela minha genética ou porque o fogo estava iluminando meus olhos.

– Esta é a Pedra de Vulcano. – Mostrou o garoto.

– O deus do vulcão?

Mais uma vez ele riu.

– É, mais ou menos por aí. – Comentou. – Minha mãe me disse que ele era o deus romano das forjas também, embora eu não saiba muito sobre ele.

Assim que Kendall se referiu a mãe, vi que seu olho vacilou, desviando-se rapidamente para um ponto distante no vasto lago cristalino.

O sol naquele momento já estava prestes a se por, se aproximando das elevações rochosas que se dispunham logo após as águas.

– Você também perdeu a sua... – Não consegui terminar minha fala, por medo de fazê-lo se sentir triste ou algo do tipo.

Sabia como era não ter mãe. Era algo vago e sempre sentia que meu coração faltava alguém ali, para poder completa-lo. O máximo que pude sentir de felicidade foi hoje cedo, quando, em meio a bagunça causada pelos Asuras, consegui visualizar o rosto de meus pais de forma distinta.

– Sim. – Kendall então olhou para Cleo, que estava próxima as barracas, conversando e rindo com Logan e Luna. – Na verdade todos perdemos nossos pais aqui...

Era estranho ver o garoto se abrir daquele jeito triste e melancólico. Nós mal nos conhecíamos e só pelo simples fato dele estar falando aquilo fez com que eu olhasse de outro jeito para cada um deles.

– Perdi minhas duas mães para falar a verdade. – Naquele momento, ele já estava com o cotovelo no joelho, apoiando a cabeça seu punho fechado. – Minha mãe biológica eu não cheguei a conhecer pra falar a verdade.

Kendall estava sério, talvez pensando em cada detalhe que passou antes de tudo mudar em sua vida.

– Uma fada me encontrou nos braços de minha verdadeira mãe e decidiu me criar desde então. – Continuou a falar. – Ela se chamava Lorelei e é a pessoa mais incrível e dócil que já conheci em toda minha vida, e olha que é difícil alguém bater de frente com Cleo quando o assunto é ser meiga e tudo mais...

Ele exibiu um sorriso, fazendo-me imaginar se os dois teriam algum tipo de lance. Tentei imaginar aquilo, mas era estranho e forçado.

– Vocês dois... – Comecei a perguntar, olhando para a garota sorridente.

Kendall a princípio não entendeu, até que seguiu meu olhar.

– Não! – Respondeu de repente. – De jeito nenhum. Ela é como uma irmã para mim. Sem contar que entre ela e Patrick já está tendo algo, embora nenhum dos dois assumam.

– Faz mais sentido... – Concordei, rindo.

Ele também sorriu.

– Bom, como ia dizendo. – Prosseguiu o garoto, após a minha interrupção desnecessária. – Lorelei cuidou de mim desde então, levando-me para morar em sua casa na floresta e sempre me ensinava as coisas que ela sabia, até mesmo forjar ela me ensinou, o que veio realmente a calhar quando encontrei isso.

A Pedra de Vulcano brilhou em sua mão, assim que ele a ergueu.

– Infelizmente essa pedra também trouxe tragédias em minha vida. – De repente Kendall desviou o olhar de mim, para, talvez, segurar as lágrimas. Pouco a pouco ele diminuía o som de sua voz, até parecer um sussurro. – Quando encontrei isso, a casa onde morávamos foi invadida por uma Kitsune.

– Uma o que?

– Kitsune. Uma espécie de raposa com muitas caudas que pode se transformar em um humano. – Informou ele, sentindo ódio a cada palavra dita. – Ela se transformou em uma mulher muito bonita e acabou fingindo estar perdida na floresta, então decidi ajuda-la.

– E você a levou para a casa de Lorelei.

Kendall então assentiu.

– Eu devia ter percebido as pistas de que ela não era uma mulher de verdade. – O garoto claramente se sentia culpado por tudo. – E foi quando ela entrou, que começou a atacar a mim. Lorelei tentou me proteger, mas acabou se sacrificando para me salvar...

Então Kendall abaixou a cabeça, mordendo os lábios e pousando sua pedra no chão.

– E a Kitsune?

– Morreu logo depois, quando eu fiquei furioso pelo que ela havia feito e criei um incêndio na floresta com meus poderes.

Aquilo me fez pensar muito sobre Kendall. Ele havia sofrido muito em sua vida e mesmo assim parecia feliz e sempre fazia piadas.

– E seu pai? – Perguntei.

Infelizmente eu era curioso demais e não percebia se poderia passar dos limites fazendo perguntas. No entanto Kendall não se importou, ou pelo menos não demonstrou.

– Eu nunca o conheci e nem quero conhece-lo. – Respondeu com amargura. – Um cara que abandona a mulher ou um filho recém-nascido só pode ser um completo babaca.

– Às vezes ele só não sabia se poderia te proteger ou dar o melhor para você... – Aquilo realmente condizia a minha triste realidade, mesmo imaginando que Kendall nunca pudesse mudar de ideia a respeito do que achava sobre ele.

– Que seja. – Foi tudo o que ele disse, olhando para algo além das árvores que surgia e se iluminava nos últimos raios de sol do dia. – Não preciso dele. Teseu me ajudou como um verdadeiro pai e não só a mim, mas Patrick e Cleo também.

Consegui distinguir o homem na sombra, enxergando os cabelos compridos que pendiam até o ombro. Teseu ainda segurava seu arco na mão, enquanto na outra havia pelo menos meia dúzia de esquilos mortos.

– Há pessoas que, mesmo não sendo sangue do seu sangue, é tão importante quanto uma família. – Olhei para Logan e Luna, que empilhavam as toras de madeira que Patrick havia conseguido.

Em seguida voltei a admirar a paisagem a minha frente, observando o sol se por pouco a pouco.

– Que vista linda... – Falei, admirado.

Senti a presença de alguém se aproximando.

– Concordo. – E então percebi que era Cleo, admirando o por do sol, que realmente era algo extraordinário de se ver. Contudo, ela não estava ali para admirar a paisagem, pois logo se virou para Kendall. – Precisamos acender a fogueira.

Ele bufou, levantando-se logo em seguida.

– Vocês não fazem nada sem mim. – Resmungou.

Vi Cleo exibir um sorriso engraçado, olhando para mim.

– Como está o ferimento? – Perguntou curiosa.

Pus a mão na testa, onde antes havia uma ferida grande e bem feia, mas que agora não havia absolutamente nada.

– Até agora não nasceu nenhum chifre e meu cabelo continua na cabeça. – Respondi, fazendo-a rir.

A fogueira criada por Patrick e Kendall serviu para nos aquecer, pois à noite aquele lugar era um pouco mais frio do que o que estávamos acostumados, e também para assar os esquilos capturados por Teseu.

Sentei-me ao lado de Logan e Luna como de costume, permanecendo em silêncio, diferentemente de minha amiga que conversava bastante com Cleo. Até mesmo Logan havia feito amizade com Teseu e Kendall, o que era algo raro de se ver.

Patrick se afastou de todos, apenas observando o fogo queimar a madeira lentamente. Ele parecia alguém sério demais e que não hesitaria em matar qualquer pessoa se fosse preciso.

– Gostou do esquilo? – Ouvi Luna perguntar para mim, com um risinho abafado.

Pra falar a verdade eu nem havia provado a carne em minhas mãos, apenas estava distraído em meus pensamentos, que demoravam para entender que há dois dias eu estava em casa, com meus avós e comendo algo descente.

Olhei para ela e depois para o esquilo morto e torrado em minha mão. Pensei duas vezes antes de coloca-lo na boca.

O gosto não era horrível, mas já havia comido muitas coisas melhores. Talvez fosse semelhante a uma carne crua de panela.

– Falta tempero. – Brinquei.

Cleo também riu com Luna, que já haviam devorado a janta.

– Com o tempo você se acostuma. – Comentou a garota.

– Pelo visto é a única opção...


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Bom... gostaria que vcs, leitores fantasmas ou não, divulgassem minha fanfic se pudessem, para eu saber a opinião das pessoas, se realmente está bom ou o que precisa melhorar...
Fico grato!
E se precisarem que eu divulgue alguma fic, pode contar comigo.



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