Vermelho Sangue escrita por AtomicBomb


Capítulo 3
Inquisitions




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Duas horas depois eu estava dividindo um carro com mais quatro pessoas que não paravam de falar sobre o quanto iria ser o máximo conhecer essa nova balada logo no dia da inauguração.

– Lauren não se ofenda, mas eu achei super estranho você vir. – Disse Jessica, uma garota que iria se formar comigo mas que acabou repetindo.

– Eu também. – Completou Lacey, um ano mais nova que nós.

– Hoje é meu dia de folga. – Digo fingindo uma falsa felicidade.

– Pensei que a maior caçadora de todos os tempos tivesse que estar em batalha todos os dias. – Diz Joffrey, que estava dirigindo.

Também pensei, digo mentalmente.

– Parece que não. – Digo em tom de brincadeira. – Ainda falta muito?

– Já estamos quase lá. – Diz Emmet que segurava o GPS.

De todas as pessoas a quem eu poderia sair essas definitivamente seriam minhas últimas opções, Jessica e Lacey eram melhores amigas mas se odiavam por uma querer ser mais bonita que a outra, então a cada “ai amiga você está tão linda” que elas diziam eu tinha vontade de usar a minha faca, Joffrey era definitivamente gay mas jamais diria isso para alguém , meus olhos clinicamente treinados perceberam em dois tempos que ele estava afim de Emmet , que era o único que se salvava nessa confusão toda.

Pensando bem era até interessante me encontrar no meio de algum drama adolescente depois de tanto tempo tendo que ser adulta.

O carro finalmente foi parando depois de horas tentando achar um lugar para estacionar, descemos todos e quando o pessoal se dirigia para a fila quilométrica eu ia em direção ao segurança da balada.

– O que você está fazendo? – Pergunta Lacey me segurando pelo braço.

– Nós não precisamos ir para fila, é um dos benefícios. – Digo.

– Lauren, nós não nos formamos ainda. – Diz ela.

– Ah ... eu posso esperar com vocês se quiserem.

– Eu também já me formei, eu posso te fazer companhia enquanto eles esperam. – Diz Emmet.

– Tudo bem. – Digo.

Emmet e eu entramos antes de todo mundo sob os xingamentos indignados dos próximos da fila, eu nunca saí para lugar nenhum para poder usar os benefícios mas já que estamos aqui é melhor aproveitar tudo, por fora o lugar se parecia com um galpão enorme feito de tijolinhos e por dentro a estrutura não era muito diferente, dois andares, muita gente, muita luz, muito barulho.

– Quer beber alguma coisa? – Grita Emmet para mim.

Faço que sim com a cabeça ficando tensa com aquela confusão toda, não tenho claustrofobia nem nada mas odeio lugares em que eu não tenha controle de nada, ele puxa minha mão e sai cortando caminho na multidão de corpos bêbados que se agitavam na batida da música.

– Vão querer o que? – Pergunta o barmen, um homem só um pouco mais velho que eu de camiseta preta e uma barba grande.

– Só água. – Grito para ele.

– Para mim uma vodka. – Diz Emmet ainda segurando minha mão, me afasto dele para sentar em um dos banquinhos do bar que não estava ocupado.

A música continuava a pulsar loucamente e eu estava começando a suar frio com minha visão borrada, respirei fundo e me apoiei na bancada tentando recuperar o controle mas parecia que eu estava me desfalecendo, o barmen me passou a garrafa de água e a vodka para Emmet que me olhava preocupado.

– Está tudo bem ? – Gritou ele colocando a mão no meu ombro.

Faço que sim com a cabeça e coloco a água gelada na testa tentando afastar a sensação de enjoo , dou uns três goles e olho em volta. As pessoas pareciam felizes de estar naquela bagunça toda, me foco em um casal se beijando, nem me lembro mais de como era beijar, a que ponto chegamos.

Percebo que a garota começa a beijar o pescoço do cara e quando vejo ela já está cravando presas nele, meu coração dispara e eu puxo a faca do coturno, Emmet segue meu olhar e entra na minha frente.

– O que você está fazendo? – Pergunto. – Ela é um deles.

– Você não entende , ela não vai mata-lo. – Responde ele.

O barman olha para mim com a faca na mão e lança um olhar de preocupação para um dos segurança , Emmet percebe que seremos expulsos e me puxa novamente pela massa de pessoas até irmos para os lounges onde a música estava mais baixa.

– Emmet ela é uma vampira. Sabe aquelas coisas que a gente mata ? Então .

– Eu sei Lauren, mas ela não iria mata-lo porque ele também é um vampiro. – Diz ele se apoiando em uma das pilastras e cruzando os braços fortes.

– Emmet é nosso dever matar essas coisas, você acha que tem mais deles por aqui? – Pergunto olhando em volta.

– Eu tenho certeza que sim. – Diz despreocupado. – Lauren , não é porque eles são vampiros que eles tem de ser assassinos.

– Você está defendendo aquelas coisas?

– Eles são pessoas Lauren, muitos deles não tiveram opção, é uma doença.

Encaro Emmet boquiaberta, como um cara formado eu esperava dele um pouco mais de inteligência.

– Lauren você já parou para pensar que para o governo você acreditar que os vampiros são criaturas desalmadas é um bom negócio ? – Pergunta ele sério.

– O que você quer dizer com isso?

– Olha só para você, todos nós nos espantamos quando você perguntou se havia alguma festa rolando, isso porque você é a galinha dos ovos de ouro deles, então eles estão sugando a sua vida para que você não pense antes de eliminar qualquer um.

– Isso não é verdade. – Grito para ele e tropeço ainda tonta com a confusão, ele me segura pelos ombros evitando que eu caia.

Ele aproxima o rosto a centímetros do meu e diz:

– Você tem que se libertar. – E então me beija.

A princípio fiquei sem reação mas depois deixei que acontecesse, afinal, eu ainda sou uma garota e Emmet podia ser bem encantador quando queria, mas ele me distrai.

Me afasto.

– Porra Emmet. – Digo.

– Me desculpe. – Diz ele me soltando.

– Eu preciso ir em bora. – Digo cambaleando para dentro da boate novamente.

Depois de me acotovelar para alcançar a saída eu finalmente consigo chegar a entrada e ligar para um taxi, a essa hora Lacey, Jessica e Joffrey já deviam ter entrado e eu não queria arrastar todo mundo de volta para o Instituto, ainda mais depois do episódio do Emmet.

Faço o trajeto da volta ignorando as tentativas de puxar papo do pobre taxista e quando retorno ao Instituto vou direto para os campos, o lugar mais silencioso possível, penso nas palavras de Emmet mas não consigo enxergar seu ponto de vista, para mim um vampiro é sempre um vampiro, e meu trabalho é sempre acabar com eles, não importam seus nomes, suas idades ou suas histórias, é o que eu faço.

Abro a porta do meu quarto e vou para a varanda me deitar na rede,a vantagem do instituto ter sido construído no campo é poder ver as muitas estrelas que brilham no céu, elas sempre me fazem me lembrar dos meus pais, será que de onde eles estão eles conseguem me ver? Será que aprovariam esse meu novo estilo de vida? Ouço alguém bater na porta , finjo que não estou mas as batidas continuam insistentes.

– Lauren você está aí dentro? É importante. – Diz a voz de Matt do outro lado.

Abro a porta e encontro meu único amigo com um enorme arranhão na bochecha e coberto de suor e hematomas.

– O que aconteceu? – Pergunto alarmada.

– É ele. – Diz ele em um sussurro.

– Ele quem? – Pergunto impaciente.

– O que Marcellus disse quando você foi questioná-lo sobre a suspensão?

– O que isso tem haver?

– Só responde, você não tem muito tempo. – Diz ele atropelando as palavras de tanto nervosismo, o que estava me fazendo pirar.

– Disse que estava preocupado comigo, que eu não deveria me dedicar só ao trabalho. – Digo rápida.

– Ele mentiu para você.

– O quê? O que está acontecendo?

– Você tem que vir comigo Lauren.

– Para onde?

– Para a missão Lauren, Marcellus te tirou dela porque sabia que iríamos encontrar com o cara que matou seus pais. – Disse ele devagar – Essa era a missão que ele não queria você nela.


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