Desmaiada, ela ainda conseguiu abrir um dos olhos quando viu uma asa escura desbotada bem na sua frente. Simiel havia largado sua couraça que lhe protegia. A mesma fora rachada durante a briga que tivera com os demônios mandados por Leviatã. Seus músculos estavam a mostra e seu cabelo estava fora do lugar, bagunçado. Ele carregava a menina com um dos braços e no outro carregava sua espada celeste. Ao cruzar a esquina da rua de casas

tortas ele a deitou-a no chão. Ficou sentado em frente a menina e ficou vigiando o lugar. Olhava para todos os lados possíveis e não fazia nenhum barulho. Olhou para o céu e a lua estava mais viva do quê nunca. Ao fazer isso percebeu um nevoeiro congelado se formando detrás dele. Levantou-se e tirou a espada do chão e colocou-se em posição de ataque. Um nevoeiro cinza ia se formando devagar até se juntar completamente e ir desenhando o corpo de uma pessoa de olhos negros. De repente ouviu gritos e sentiu um cheiro de queimado insuportável. A sombra negra foi se aproximando para perto da menina e Simiel deu um passo em sua direção e falou:

_ Diga-me seu nome demônio...

Das sombras ele deu um sorriso gélido e assobiou para o anjo.

_ Eu estou em muitos lugares, habito vários corpos, eu sou MUITOS.

_ Legião de demônios diga-me para mim o que tu queres.

Irônico e bem vestido o demônio gargalhou repetidas vezes.

_ Vim buscar essa pobre mortal para que venha comigo. Pazuzo tem um grande futuro para sua filha.

_Nara não saíra daqui.

_ Tudo bem, seu anjo estúpido, mediremos nossas forças essa noite então.

Uma enorme tempestade de água formou-se ao redor deles e foi quando Nara acordara. O anjo correu em direção ao demônio com sua espada. Deu um golpe certeiro que deixou uma marca. A espada ficou cravada sobre o peito do demônio que caiu ao chão gritando de dor. Legião olhou para a lua e gritou o mais alto que pôde retirando a espada de sua carne. Seu sangue negro manchou boa parte do seu sorriso cínico. Olhou para o anjo com os olhos enfurecidos e levantou-se rapidamente com um soco preparado e apontado. O anjo desviara e então pegara a espada celeste ao chão.

_ Anjo estúpido, agora tu verás o poder da legião sobre tuas costas.

Dizendo isso, o demônio se pôs de pé e pronunciou algumas palavras em hebraico invocando seus demônios , os outros. Ouviram-se garras se arrastando pelo chão e gargalhadas ecoando por toda a noite. Um redemoinho de vento seco foi arrastando poeira para a direção onde o anjo estava. A poeira quase o cegou quando ouviu os gritos de Nara.

_ Solte-a demônio, solte-a.

Legião levou Nara para dentro do círculo onde o redemoinho estava se formando e com ela nos braços disse:

_ Levarei ela comigo e tu não me impedirás.

_ Não!

Sua exclamação foi forte e isso o fez correr para fora do redemoinho de poeira e ir em direção aos dois. Quando Simiel estava correndo, mãos horrendas saíram do chão e o seguraram impedindo-o de de mecher. Enquanto mil demônios o seguravam, de longe ele via o demônio arrastando uma das asas e querendo levar Nara junto com ele. Simiel já estava quase sem forças, pois os demônios o puxavam e as mãos deles estavam queimadas. Quase de olhos fechados, Simiel viu uma enorme luz no céu se formando. Uma nuvem branca e pálida tremeu no céu fazendo um raio descer e atingir os demônios que seguravam Simiel. Algo lhe deu forças e sua couraça foi redesenhada sobre seu corpo. Finalmente conseguiu se libertar correndo rumo ao demônio maior. Um raio cinza desceu e morreu sobre os pés do demônio fazendo-o soltar a menina. Quando o fez, Simiel deu-lhe um golpe certeiro e o atingiu bem na nuca. Legião foi embora arrastando junto de si 2.000 demônios que ali estavam. Cansado e arquejante o anjo olhou para a menina e sorriu.

_ Que noite hein?

Nara deu um sorriso tímido e falou

_ Porque os demônios estão atrás de mim tanto assim?

_ Seu pai precisa entrar em você para poder trazer doenças, pestes e todas as pragas antigas dele ao mundo no qual vivemos.