S.L.M escrita por CombiNando


Capítulo 4
Capítulo 4




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Cumpri todas as exaustivas e irritantes exigências que meus pais propuseram na manhã do dia seguinte, o que me deixou uma pilha de nervos pois odeio que ponham tanta pressão sobre mim, além de eu ter sido despertado logo de manhã para ajudar minha mãe a arrumar a casa. Eles ficaram inconformados com o que eu havia feito na noite passada, gritaram muito, além de evitar que eu saísse nos próximos dias num tempo indeterminado.

Depois daquilo não havia entrado em contato com Mathew, então não sabia o quê havia acontecido com ele, e o quê ele achou que eu estivesse fazendo quando não apareci, muito menos para avisar de que agora ele deveria se preocupar em ser minha visita por alguns dias aqui em casa. Fiquei chateado por ter dado errado logo no finalzinho da noite, mas isso não me impediu de pensar no que Mathew havia preparado pra mim, o que me surpreendeu e resultou num ego avantajado para minha felicidade.

Às onze da manhã enquanto eu passeava com o escovão pela cozinha, sujo e todo ensabuado, Mathew apareceu na porta de minha casa, e antes que minha mãe descesse e pedisse para que ele voltasse mais tarde eu corri até ela e abri. Ele estava com o cabelo todo bagunçado, o que fazia quando estava sem paciência de ajeitá-lo mesmo assim deixando-o maravilhoso, ele vestia meu agasalho de couro que havia deixado com ele, e sua expressão era confusa.

– Onde você estava ontem? - questionou ele sem mudar a expressão em seu rosto - Aconteceu alguma coisa?

– Sim, mas estou bem. - falei e tentei disfarçar meu nervosismo. - Acredita que me perdi e fui seguido. Cheguei em casa e meus pais me pegaram entrando bem na hora.

– Puxa, Shawn... - expeliu ele - Sinto muito, eu...

– Quê isso, Mat. Não foi nada, ainda estou feliz pela sua surpresa de ontem.

Ele sorriu sem jeito, baixou o olhar rapidamente e tentou demonstrar apreciação.

– Mas agora tenho que ajudar minha mãe nos trabalhos de casa... - fiz uma careta de enjoo e ri desajeitado.

– Ok... - minha mãe descia para ver quem estava na porta. Saí da frente de Mathew para que ela o visse e eu pudesse ver o rosto de ambos.

– Mathew! Como vai? - Mat apenas ergueu a mão em um curto aceno, sorrindo. - Não se preocupe, já estou dando uma lição pra ele. E não te culpo por isso.

Fiquei totalmente desajeitado, senti meu rosto queimar, não sabia o quê dizer a Mathew, apenas o encarei a procura de um riso ou careta, mas ele apenas seguia com os olhos minha mãe atravessando o cômodo.

– Quer entrar? - perguntei finalmente.

– Não estarei atrapalhando? - questionou ele, mantando-se no mesmo lugar com os braços junto ao corpo.

– De jeito algum. Então se quiser, melhor entrar logo antes que minha mãe reclame da porta estar aberta.

Entramos e fechei a porta, ele se virou e retirou o agasalho que servia quase perfeitamente nele quanto em mim, num movimento só o devolveu a mim enquanto caminhava até a sala. Coloquei o agasalho no cabide que ficava logo ali na entrada, e caminhei até a cozinha para terminar de esfregar o canto dos móveis, esperando que Mat não se importasse da minha ausência - o quê pra mim, faria muita importância.

Foi então depois de cerca de demorados vinte minutos com a mão ocupada dentro de um balde e dolorida de tantos movimentos, e de tanto ficar agachado abaixo da mesa, que finalmente terminei e pude me aproximar de Mat, desta vez mais tranquilo. Eu ainda cheirava a detergente e a ponta de meus dedos estavam enrrugadas, mas Mathew pareceu não reparar nisto, ele manteve o rosto rígido enquanto acompanhava os canais que passavam rapidamente na TV, eu sentado ao seu lado no sofá pude perceber somente naquele momento o tamanho de suas olheiras, parecia que não havia dormido a noite inteira - imagino se foi por minha culpa de não tê-lo encontrado na noite passada que o fez permanecer acordado.

– Vamos lá pra cima. - comentei finalmente.

Estava muito claro toda a situação, e naquele momento o clima entre nós estava pesado, e não parávamos de nos culpar, porém, logo nos distraímos com alguns programas e jogos. Me vi sentado em minha cama com as pernas cruzadas, e Mathew do mesmo jeito na minha frente, ambos rindo e conversando sobre tudo que fosse agradável, às vezes surgia uma pegada de mãos, ele tocando a minha com total carinho, o que me deixava cada vez mais confuso. Não tenho ideia se o que ele faz é para estimular meus pensamentos sociais, se ele quer ser gentil como deve ser com qualquer pessoa, ou se ele realmente gosta de mim de um jeito diferente dos outros.

Eu poderia muito bem me aproximar de repente e deixar um beijo em seus lábios como lembrete de que o amo mais do que qualquer um, mas isso me corrói por dentro, pois morro de medo de tudo acabar, de nossa amizade desmoronar.

Ele nunca me deu vestígios de ser heterossexual, quanto mais homo, e com o fato de nunca ter namorado alguém, acaba dificultando ainda mais minhas teorias, pois o jeito dele é como de qualquer garoto, creio que eu seja parecido com ele sem deixar que ele pense que eu gosto de garotos. Seu jeito de andar é agradável, seu corpo está na média de ser másculo, sua voz é grave e excitante; porém estas características não são nada mais do que exemplos de sua genética, o que deveria fazer a diferença era seus gostos para música, conversas, lugares, livros, entre outras coisas.

– Para! - gritei de uma maneira descontrolada debatendo meus braços em sua direção e me curvando para trás.

– O quê houve? - exclamou Mathew espantado tentando se aproximar.

– SAÍA! - continuei gritando - AFASTE-SE! PARE AGORA!

Me recusava a olhar pra ele, me contorcendo para os lados quase caindo da cama. Ele me irritava, fazia aquilo para me enlouquecer ainda mais, percebi o que queria e não era nada legal.

– Acalme-se! - tentava ele atingir meu tom de voz. - EU NÃO FIZ NADA!

Ele se levantou da cama tentando segurar meus braços, ficando de joelho, enquanto eu me debatia com movimentos histéricos com os braços e pernas, e acabei o empurrando com um dos pés, fazendo-o cair da cama de costas para cima da mesa de meu computador, caindo desajeitado no chão com os braços jogados encima do corpo.

Minha mãe apareceu na porta de meu quarto como esperado, e toda assustada correu para minha direção tentando me imobilizar, sem sucesso acabou se afastando, voltando a atenção para Mathew que se esforçava para manter os olhos abertos. Um de seus braços estava sangrando, minha mãe tentou levantá-lo colocando sentado encostado na parede.

– Meu filho! Por favor, acalme-se! - gritava ela se apoderando de meus braços - Sou eu! Sua mãe! Está tudo bem agora!

Acabei diminuindo os movimentos de meus membros, tentando me concentrar em sua voz, dando leves espasmos em resultado de minha recaída, olhei para ela que veio me cobrir com seu abraço. Não conseguia notar muita coisa, tudo era um borrão, mesmo que meus olhos estivessem abertos por inteiro, vi apenas depois de alguns instantes o que havia feito com Mathew, que agora não lutava em deixar seus olhos abertos.


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Notas finais do capítulo

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