"sentimentos são algos que apenas humanos devem ter" — Rocklong Wastday 

Bruce olhava para seu irmão que permanecia com sua cabeça baixa. Aquelas palavras ainda passavam por sua cabeça contra sua vontade, tudo o que ele nunca imaginou, aquilo que ele criou dentro da sua cabeça acaba de se quebrar em mil pedaços como um vidro... Dor, mentira, ódio. Sentimentos que eram transbordados naquela situação.

Sempre quis fechar os olhos para sua volta, mas agora era tarde demais...

A mão do irmão tocou em seu ombro, seus cabelos compridos tapavam seus olhos verdes que não tinham, agora o mesmo brilho de sempre. O brilho de daqueles olhos de um gato traiçoeiro agora se quebrava...

— Set... — sussurrou o irmão tentando faze-lo levantar o olhar.

A única reação que Set teve for apertar os punhos e avançar contra Fallen que estava parado de cabeça baixa, perto da janela. O vampiro loiro foi agarrado pelo outro e jogado contra a parede. Fallen não reagiu esperava uma reação assim de Set depois de tudo que escondeu. Depois de tudo que mentiu...

— Você sabia de tudo e nunca contou! — Berrava — Por que!

O loiro o fitou enquanto era solto aos poucos. Nunca foi sua intenção esconder isso, era direito dele saber quem era seu pai, todavia, por ordens de Hott manteve esse segredo. Hott apenas o aceitaria se ele não fosse como seu gêmeo, apenas se ele nunca descobrisse sobre seu verdadeiro pai. Olhando em direção ao irmão caçula, furioso por tenta-lo parar com essa confusão.

— Você também sabia disso!

— Não Set!. — Exclamou o mais alto.

Bruce parou em frente ao vampiro bloqueando a passagem dele. Mesmo tudo se fechando perfeitamente, ele nunca desconfiara disso... Como nunca tinha percebido isso? Como?

— Eu nunca parei para pensar nisso, pensei que você fosse filho também de Hott, mas ele nunca quisera te assumir. Além do mais, você era mais semelhante a ele do que eu.

Set olhou para seu reflexo nos vidros da janela, a única coisa que diferenciava ele de seu irmão era os olhos, os mesmo de Hott...

— Eu mantive isso guardado por ordens... — sussurrava Fallen fazendo os dois olharem em sua direção. — Hott não se importava quem era filho dele ou não, apenas queria alguém forte e poderoso para ficar em seu lugar, mas pelo fato de Bruce ter nascido fraco e debilitado ele tentava se convencer que o filho que a humana que ele amou pudesse ser forte, ele queria transforma-lo em um vampiro poderoso de todas as formas...

Fallen parou por um breve instante puxando um pouco de ar e logo depois soltando.

— Se Bruce fracassasse ele usaria você Set. Declararia você como filho dele.

— O que ele faria com Bruce? — Set não acreditava no que Hott pensava...

Apenas em poder... Poder... E mais poder...

Fallen fechou os olhos. Era uma resposta óbvia...

— Quem sabe? Mata-lo? Talvez.

Foi à vez de Bruce baixar o olhar. Nunca pensará que seu pai que sempre esteve do seu lado sorrindo teria coragem de fazer isso, apenas por que nasceu fraco e doente...? Bruce cerrou os punhos. Sentia ódio e uma dor no peito por pensar isso de seu pai.

Não queria aceitar essa imagem dele... Não depois de vê-lo sorrindo e o elogiando muitas vezes. Realmente o antigo rei vampiro tinha outro lado?

Katy tocou em sua mão gelada fazendo o vampiro fita-la, surpreso.

Set balançou a cabeça não querendo mais saber dessa história, não queria se decepcionar mais, sentimentos eram para os fracos, e ele não os teria. Seguiu rumo à porta ignorando tudo e a todos a volta. Queria se fechar em sua pedra e ficar lá, talvez para sempre.

Sentimentos eram para fracos. Para humanos, ele nunca os teria.

— Desculpe-me por esconder esse segredo de vocês, mas não queria que você perdesse a imagem que tinha dele e não queria o que esta acontecendo nesse exato momento para Set.

Fallen amava aqueles dois vampiros como se fossem seus filhos. Ele cuidou do tratamento de Bruce desde que nascera. Ele foi estudar para cura-lo. Ele os treinou e ensinou muitas coisas. Eram seus filhos não importava se não tivessem o mesmo sangue. Ele os criou. Os amava muito.

Bruce assentiu calmamente entendendo Fallen. Apenas não queria machuca-los com a verdade.

— Por favor, siga meu irmão. — Bruce virou-se para Katy. — Não quero que ele se meta em confusões como é de costume. — Tentou forçar um sorriso, sem sucesso.

Katy assentiu, saindo da sala atrás de Set o mais rápido o possível.

A loba corria pelos corredores rumo ao quarto de Set chegando o mais rápido que podia abrindo a porta rapidamente, porém, o quarto estava vazio. Observando a sua volta, Katy não sabia para onde mais ele tinha ido...

O que ela faria? Avisaria Bruce...?

— Set... — sussurrou.

                                  ***********

As botas negras de Set pisavam nas tartarugas amarelas na estrada. Seus pensamentos estavam longe, todavia apenas algo que adorava iria fazê-lo relaxar. Derramamento de sangue. O vampiro passou sua língua pelas presas brancas à mostra.

A estrada na entrada de Little Rock estava fazia como de costume, mas seu algo era outro. Pegando o cartão de visita que tinha no bolso se teletransportou para uma área da cidade onde apenas tinha boates e garotas de programas por toda a parte. Seus olhos verdes passaram por todo o lado vendo mais e mais humanos caminhando em grupos animadamente com cheiro de álcool forte.

O vampiro sorriu.

Iria se divertir como nos velhos tempos.

Observou a entrada da boate que costumava frequentar para caçar as melhores presas, com isso tinha conseguido o cartão VIP. Aquele local onde humanos bebiam e se divertiam, pertencia a um vampiro. Um velho amigo de sangue de Set.

Uma garota de programa seminua caminhava em sua direção com um belo sorriso nos lábios. Seus cabelos vermelhos estavam presos com alguma presilha que deixava escapar vários maços de cabelo. A humana chegou perto do mesmo tocando em seu peito.

— Está procurando diversão? — Sorria ela analisando Set de cima a baixo.

O vampiro sorriu puxando-a para mais perto para sentir o cheiro de sua pele. Todos que passavam ali não se incomodavam com aquela cena, era muito comum como estava acontecendo do outro lado da rua e em outras partes daquela região.

— Preciso de alguém que me anime hoje. — dizia ele passando seus dedos na face da mulher que apenas sorria.

— Deixarei você bem animado. — sussurrou ela perto do ouvido dele enquanto suas mãos corriam até o zíper das calças do mesmo.

O vampiro fechou brevemente os olhos sorrindo mostrando suas presas sem deixa-la ver. Não estava na hora. O mesmo a puxou para um beco ao lado da boate enquanto a mulher não questionava onde iriam, apenas faria seu trabalho, como ele pediu.

Set parou diante daquela escuridão onde para ele não fazia cocegas, um lugar perfeito para se animar. A garota entrelaçou seus braços pelo pescoço de Set beijando ali mesmo enquanto suas mãos saiam do lugar de partida indo para baixo. Os lábios de Set roçaram o pescoço da humana e suas presas saíram para fora arranhando-a fazendo a humana querer se afastar, mas era tarde demais.

Apenas queria matar, nada de sexo nessa noite. Derramar o sangue de qualquer humano ou inimigo seria sua diversão por essa noite. Cravando suas presas em uma veia, queria drenar o máximo que conseguia. Sangue escapava escorregando pelo corpo da humana que estava petrificada. Set sorria vendo aquela cena. A dor que a humana sentia diante de suas presas.

Soltando o corpo sem vida no chão, lambeu os lábios sentindo o sabor daquele sangue e logo voltou a caminha cantarolando para sua próxima pressa, escolheria uma perfeita para brincar e matar. E assim ficaria a noite inteira do mundo humano.

Horas tinham se passado e Set sempre levava as mesmas presas para o mesmo local deixando uma pilha de corpos não apenas de garotas de programa, mas humanas que achava caminhando sem algum grupo.

O mesmo sentou em uma caixa de madeira enquanto passava a língua pelos lábios sugando todo sangue ali presente. Olhando para a pilha que montara tocou em seus lábios pensando no que ia fazer com todos aqueles corpos. Não estava com vontade de enterrar...

— Pelo visto gosta de diversão.

Set virou a cabeça vendo outro vampiro sair da escuridão, mas aquele não era algum de sua raça o importunando e sim alguém que não esperava ver em sua "saidinha". O sorriso era frio e intimidador. Suas mãos estavam dentro no bolso do sobretudo de algodão.

— Papai. — respondeu ironicamente reconhecendo aqueles olhos verdes esmeraldas. — Bem-Vindo ao meu jantar.