Things we lost in the ice escrita por FAR


Capítulo 37
Capítulo 17




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Eu podia notar que havia alguém chamando minha atenção, mas eu não dei ouvidos. A imagem de Bucky olhando pra mim enquanto se segurava no aéreo porta aviões estava congelada em minha mente, mesmo com meus olhos abertos, essa era a única imagem na qual eu conseguia ver.

Minha respiração estava pesada e eu sentia como se estivesse desmoronando, isso não estava certo. Por que as coisas não podiam simplesmente ser como antes?

Memórias de coisas que aconteceram antes da Guerra invadiram minha mente, como se eu não tivesse escolha.

–Vou mandar minha promessa, Em. –eu ouvi a voz de Bucky dizer e mesmo sabendo que era apenas uma memória, aquilo fez com que tudo piorasse.

Meu primeiro dia na escola, o primeiro Natal na qual os três passaram juntos, a primeira vez que dancei com Bucky, o dia em que ele partiu para guerra, o dia em que o encontrei na guerra, e o dia que o perdi. Tudo passou em minha mente em questões de segundos.

Tudo desapareceu quando ouvi um barulho de coisas se batendo e olhei em volta apenas para ver que todas as camas no quarto do esconderijo aonde estávamos estavam todas fora do lugar. Gordon ainda estava ali e parecia um pouco surpreso.

Olhei para meus braços que estavam um pouco esticados e notei que o dourado brilhava forte, talvez mais forte do que o normal. Tentei me acalmar, fazer isso parar, mas não funcionou, o brilho continuava.

–Isso deveria estar sumindo. –eu disse enquanto Gordon parecia olhar para mim.

–Você não parece bem, talvez esteja ligado ao seu emocional. –ele disse como se estivesse criando alguma tese sobre algo que leu em um livro de ciências.

–O que eu faço? –eu disse olhando para minhas mãos, fechando-as em punho, tentando descobrir se de algum modo isso ajudaria. Não ajudou. Gordon também pareceu um pouco perdido, mas logo sua expressão mostrou que ele sabia exatamente oque deveria fazer.

–Vamos falar com a Jiaying, ela saberá o que fazer.

Assim que chegamos onde Gordon me levou em alguns segundos, o que fiz foi franzir as sobrancelhas, o lugar parecia um templo budista. O sol brilhava forte, sem nuvens escuras no céu, o clima era quente, mas não de um jeito ruim. Era calmo, quase que silencioso se não fosse pela conversa de algumas pessoas que pareciam contentes umas com as outras, o cenário era tão diferente dos últimos que vi, que tudo pareceu surreal.

–Bem vinda ao Afterlife. –disse Gordon, antes de começar a caminhar. –Jiaying irá atende-la, assim que terminarem sua conversa, levarei você de volta para aonde estava. Mas lembre-se, seus amigos não precisam saber da existência deste lugar.

–Por que não?

–Mantivemos este lugar em segredo por muito tempo. –disse uma mulher antes que Gordon pudesse responder. Ela era claramente asiática e tinha o rosto um pouco puxado, cabelos castanhos e alta. Eu conhecia ela... –Gostaríamos que apenas pessoas como nós viessem até aqui, mantem os problemas longe daqui.

Continuei em silêncio olhando para o rosto dela, por que ela parecia tão familiar?

–Sou Jiaying. –ela disse estendendo a mão, eu à apertei ainda curiosa.

–Desculpa mas... nós nos conhecemos? –percebi o quanto essa pergunta soava ridícula ao ver as circunstâncias na qual eu me encontrava. Todo mundo que você conhece já não está mais aqui Emma, lide com isso, eu disse para mim mesma.

–Bom, eu não havia lhe conhecido pessoalmente, mas... você já me viu, em situações piores do que esta. –ela disse rindo da última frase, mas ao ver que eu continuava séria, ela explicou. –1º de Janeiro de 1946.

Então soube quem era ela, a mulher na maca do outro lado do vidro na Hydra. A mulher que estava quase que despedaçada em uma mesa de cirurgia, completamente destruída.

–Como que...? –não terminei a pergunta, mas ela já deu uma resposta rápida.

–É um dos meus dons. –ela disse sorrindo. –Mas você não veio aqui para falarmos de mim. Vejo que seus dons estão começando a aparecer.

Ela disse olhando para meus braços como se o que estava acontecendo fosse questão de orgulho.

–Eu não consigo fazer isso parar. –eu disse já com agonia, por que é que meus braços não voltavam ao normal?

–E por que iria querer que isso pare? –ela disse, olhei para ela confusa. Isso era mesmo uma pergunta? –Isso é um dom, você apenas precisa aprender a controla-lo.

Controlar, claro, como seu eu não tivesse tentado fazer isso antes.

–Segure minha mão. –ela disse sorrindo e sem esperar que eu segurasse a mão dela, ela apenas pegou a minha. –Agora apenas respire.

Fechei meus olhos respirando fundo, com a esperança de que as imagens não voltassem. Não voltaram de fato, outras memorias dos dias de quando éramos apenas crianças invadiram minha mente, e elas pareceram me acalmar. Quando abri os olhos, meus braços haviam voltado ao normal.

–Viu? Controle. –ela disse ainda sorrindo. – Isso é algo que aqui, no Afterlife, fica muito mais fácil de aprender. Onde há outras pessoas como você e pessoas como eu que podem lhe ajudar a descobrir que grandes dons foram dados à você. Aposto que se você ficar pelo menos umas... duas semanas, você aprenderia o suficiente sobre como controlar isso.

–Espera, o que? –eu disse confusa. –Eu não posso ficar.

–E por que não? –ela perguntou como se fosse algo inaceitável de se pensar. –Em que outro lugar você teria a oportunidade de estar entre os seus iguais?

–Eu... eu preciso encontrar uma pessoa. Eu coisas que preciso descobrir e... –ela me interrompeu.

–O que poderia ser mais importante do que seus dons?

–Minha família. –eu disse sem ao menos pensar no que estava dizendo, então isso me atingiu. Meus pais se foram à muito tempo, meus avós dificilmente apareciam depois disso e Steve, Bucky e Lisa foram os únicos que ficaram. Eles eram minha única família.

Olhei para Jiaying que parecia compreender o que eu havia dito, apenas pelo olhar dela era possível dizer que ela sabia como era perder um membro da família.

–Tudo bem. –ela disse com calma. –Que tal Gordon te levar de volta para onde você estava, e você volta daqui alguns dias para temos outra conversa?

–Ok. –foi tudo o que eu disse. Nesse momento a única coisa na qual eu conseguia pensar era em encontrar Bucky novamente, eu só esperava que isso acontecesse logo.

Ela disse mais alguma coisa que não tive cabeça para prensar atenção, a próxima coisa que lembro foi Gordon se aproximando de mim e me levando de volta para o quarto aonde eu estava mais cedo.

Ele se fora assim que meus pés tocaram o chão do quarto. Olhei ao redor e vi as camas estavam em posições erradas, como se todas tivesse sido empurradas contra a parede.

–Ótimo trabalho Emma, agora vai ter que arrumar tudo isso. –eu disse para mim mesma antes de começar a colocar as camas no lugar.


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