Namoro por Aluguel escrita por Zia Jackson
Notas iniciais do capítulo
Primeiramente: Desculpem-me pelo tempo sem postar.
Sério, galera, me perdoem.
A culpa é da escola e da preguiça, e em certa parte também é minha.
Obrigada pelos reviews *-*
– Ele morre. – Disse Miguel, apontando para o homem na tela do cinema.
– Se me der mais um spoiler, quem morre é você! – Falei, alterando o tom de voz.
O homem da poltrona da frente se virou, encarando-nos com uma expressão de bravo. Repreendi-me mentalmente, nada de conversas durante a sessão do cinema, e foquei minha atenção na tela.
Era uma típica cena melosa, o mocinho e a mocinha se beijando embaixo da chuva. Sério, por que os filmes são tão clichês? Miguel havia me avisado sobre o cinema há um tempo, disse que seria convincente irmos ao shopping como um casal. Particularmente, o que me impedia de vomitar nos sapatos de Miguel todas as vezes que ele segurava minha mão era a garantia de que iríamos comer depois.
Ok, eu tenho que parar de pensar em comida.
* * *
– Eu te amo, Frank. – Disse a mocinha do filme, em prantos.
– Eu também te amo, mas não podemos ficar juntos.
Bobagem, eles podiam sim.
– Então vai me abandonar? Não existo sem você, querido.
Essa era outra baboseira hollywoodiana. Você pode amar, mas vai sobreviver sem a pessoa. Antes que o rapaz pudesse responder, um carro em alta velocidade dobrou a esquina, colidindo com ele.
–Como eu disse, ele morre no final. – Miguel disse, sorrindo.
– Por que pagou os ingressos se já sabia do fim? – Indaguei baixinho.
– Para te irritar, ora.
– Você é muito chato. – Falei, com sinceridade.
– Combinamos em uma coisa! É um sinal do destino?
– Um sinal para que eu me suicide, só se for.
Meu falso namorado colocou o que sobrava da pipoca na boca. Eu deveria admitir de que ela era um ninja, já que a minha pipoca acabara nos primeiros dez minutos do filme.
As letrinhas dos créditos já passavam na tela, indicando que o filme acabara. Diversas mulheres (e até mesmo homens) limpavam as lágrimas, porém a casal que estava atrás de mim estava meramente irritados. A mulher dizia que o filme fora patético e sem sentido, e o rapaz discordava, dizendo que fora emocionante e sensível. Miguel sinalizou para que saíssemos da sala e,seguindo o fluxo de pessoas, conseguimos sair.
Já do lado de fora, caminhamos pelos longos corredores do shopping sem conversar. O lado bom de estarmos longe dos parentes de Miguel é que não precisávamos dar as mãos, nos encarar ou fingir fazer aqueles gestos que todo casal de namorado faz. Éramos simplesmente duas pessoas andando pelo shopping, como amigos entediados.
– Está com fome? – Indagou Miguel.
– Um pouco.
– Que bom,porque vai continuar. – Respondeu, rindo - Brincadeira, o que acha de comermos um lanche?
– Pode ser. – Respondi.
Fizemos uma curva no corredor, indo para a praça de alimentação. O lugar estava lotado, porém conseguimos achar um recém-esvaziado.
– Você pode guardar o lugar enquanto eu compro o meu lanche? – Indaguei.
– Não, eu irei comprar os dois.
– Eu trabalho, Miguel. – Respondi, encarando seus olhos azuis. – E, além disso, não somos namorados de verdade.
– Mas acho que seria grosseria te deixar pagar.
– Desde quando liga para isso?
–Só quis ser legal.
– Para que? – Indaguei.
– Para que pudéssemos constituir uma amizade.
– Não precisamos de uma amizade, Miguel.
– Que tal um coleguismo?
– Essa palavra existe? – Indaguei, afastando os fios de cabelo loiro de meu rosto.
– Segundo o dicionário, existe. Substantivo masculino, quatro sílabas, significa Lealdade ou procedimento próprio de colega.
– Continua sendo estranho. - Agora voe, borboleta. Voe e compre seu lanche. – Ele disse, tirando sarro.
– Vou voltar e jogar a bandeja na sua cabeça. – Murmurei.
– Borboletas não falam, e definitivamente não têm braços. – Ele me corrigiu.
– Veados não enchem o saco dos outros. – Falei, saindo antes que ele pudesse zombar ou se zangar (nunca se sabe).
***
A tarde se arrastou como uma morsa, demorando muito para passar. Estávamos agora na casa dos pais de Miguel, e enquanto ele discutia algo que ocorrera no passado com a irmã, eu olhava para a TV.
– Fale isso para sua namoradinha. - Diane o provocou. – Esquece, ela te abandonou aqui para viajar para algum país. Aliás, qual era ele mesmo?
– Cale a boca. – Ele se zangou. – Nunca se refira a ela dessa forma.
– Ela te deu um pé na bunda, amigão. Isso é humilhante.
– Pois vá falar de relacionamentos com seus seis ex-namorados. – Ele falou, desdenhando.
Diane arremessou uma almofada em Miguel, porém ele conseguiu desviar e caiu na risada. Acho que até Lucas, meu irmão, tem mais maturidade do que esses dois juntos.
– Crianças! – Carmem falou, com o típico tom de voz usado pelas mães, enquanto descia as escadas. – Que bagunça é essa?
– Não sou criança! – Miguel e Diane falaram ao mesmo tempo.
– Mas parecem ser. Desse jeito, Ana sairá correndo dessa casa.
– Ela me ama, mamãe. Nunca sairia daqui. – Miguel disse, debochando.
– Nenhum amor tolera criancice, filho.
– Ah, mas você e papai estão juntos até hoje... – Ele falou, indiferente.
Carmem ficou vermelha, uma mistura de vergonha e raiva. Respirou profundamente, com as mãos cerradas. Foi como se um alarme de emergência estivesse tocando por toda a casa, até mesmo Diane estava com a boca escancarada. Quando uma mãe tinha aquela reação, era um péssimo sinal do que viria em seguida.
– Peça desculpas. – Ouvi Diane murmurar, autoritária. – Tipo,agora mesmo.
Miguel não parecia ligar, estava com um sorriso no rosto. Eu queria estapear o seu belo rostinho juvenil e gritar para que ele pedisse desculpas, porém me contive e foquei os olhos na TV novamente, fingindo nem ter percebido o que havia acontecido. Ouvi o barulho de Carmem subindo as escadas, com passos firmes. Certamente estava imaginado que cada passo correspondia a um tapa bem dado no rosto do filho.
Jurei a mim mesma que se um dia meu filho me tratasse de tal modo, iria arrastá-lo pelas orelhas até o rio mais próximo e afogá-lo nas águas barrentas.
Ok, não era para tanto, mas com certeza levaria uns belos cascudos.
– Você é doido? – Diane indagou, dando um tapa de mão aberta nas costas de Miguel.
– Ai. – Ele reclamou. – Eu só disse a verdade.
– Menino, você é demente? - Ela indagou novamente. – Parecia que ela ia voar no seu pescoço! Como pode desrespeitar mamãe de tal forma? Esperaria que fizesse isso com papai, mas com a mulher que te levou no ventre por nove meses? Se ela não te matar antes do janta, eu mesma matarei.
– Calma, está me assustando. – Miguel reclamou. – Já te falei que tem uma cara de psicopata?
– Como conseguiu uma namorada? Cruzes, você é muito chato!
Uma discussão começou, a voz de Diane elevando-se cada vez mais. Baixei o olhar para as mãos.
– Chega! – Protestou Diane. – Você está me dando nos nervos! Vou ver como mamãe está, fique quieto e nada de falar mais uma besteira.
– Tanto faz.
A loira se levantou, andando rapidamente até as escadas. Quando sumiu de vistas, tomei coragem para falar.
– Não deveria ter falado aquilo, Miguel. Deve-se respeitar os pais.
– Desde quando é paga para opinar na minha vida? – Ele indagou. – Ah é, desde nunca. Por que não fica quieta e cumpre nosso trato?
– Pelo menos a minha mãe nunca se decepcionará com algo que eu disser. – Falei. – Só quis ser uma amiga.
– Não preciso de amigos,tenho meu celular.
– Diz o garoto que hoje mesmo quis pagar um lanche para mim. Sinceramente, eu não entendo você.
– E nem vai entender. – Disse ele. – Agora foque sua atenção na TV e aguente firme até às seis da tarde, depois pode voltar para sua casa.
– Não estou disposta. – Falei. – Vou ligar para minha mãe e trata-la com todo o carinho que ela merece.
– Pelo menos eu não minto para a minha. – Ele disse.
– Minha vida, meus problemas. Ninguém é perfeito, mas pessoas como eu pelo menos se esforçam.
Ele deu de ombros, caindo na risada. Ótimo, além de mal educado é maluco.
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Comecei uma nova história, se quiserem dar uma olhadinha...
http://fanfiction.com.br/historia/625345/A_fera_de_Zarden/
Bjokas