Namoro por Aluguel escrita por Zia Jackson


Capítulo 19
Carmem se enfurece


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente: Desculpem-me pelo tempo sem postar.
Sério, galera, me perdoem.
A culpa é da escola e da preguiça, e em certa parte também é minha.
Obrigada pelos reviews *-*



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– Ele morre. – Disse Miguel, apontando para o homem na tela do cinema.

– Se me der mais um spoiler, quem morre é você! – Falei, alterando o tom de voz.

O homem da poltrona da frente se virou, encarando-nos com uma expressão de bravo. Repreendi-me mentalmente, nada de conversas durante a sessão do cinema, e foquei minha atenção na tela.

Era uma típica cena melosa, o mocinho e a mocinha se beijando embaixo da chuva. Sério, por que os filmes são tão clichês? Miguel havia me avisado sobre o cinema há um tempo, disse que seria convincente irmos ao shopping como um casal. Particularmente, o que me impedia de vomitar nos sapatos de Miguel todas as vezes que ele segurava minha mão era a garantia de que iríamos comer depois.

Ok, eu tenho que parar de pensar em comida.

* * *

– Eu te amo, Frank. – Disse a mocinha do filme, em prantos.

– Eu também te amo, mas não podemos ficar juntos.

Bobagem, eles podiam sim.

Então vai me abandonar? Não existo sem você, querido.

Essa era outra baboseira hollywoodiana. Você pode amar, mas vai sobreviver sem a pessoa. Antes que o rapaz pudesse responder, um carro em alta velocidade dobrou a esquina, colidindo com ele.

–Como eu disse, ele morre no final. – Miguel disse, sorrindo.

– Por que pagou os ingressos se já sabia do fim? – Indaguei baixinho.

– Para te irritar, ora.

– Você é muito chato. – Falei, com sinceridade.

– Combinamos em uma coisa! É um sinal do destino?

– Um sinal para que eu me suicide, só se for.

Meu falso namorado colocou o que sobrava da pipoca na boca. Eu deveria admitir de que ela era um ninja, já que a minha pipoca acabara nos primeiros dez minutos do filme.

As letrinhas dos créditos já passavam na tela, indicando que o filme acabara. Diversas mulheres (e até mesmo homens) limpavam as lágrimas, porém a casal que estava atrás de mim estava meramente irritados. A mulher dizia que o filme fora patético e sem sentido, e o rapaz discordava, dizendo que fora emocionante e sensível. Miguel sinalizou para que saíssemos da sala e,seguindo o fluxo de pessoas, conseguimos sair.

Já do lado de fora, caminhamos pelos longos corredores do shopping sem conversar. O lado bom de estarmos longe dos parentes de Miguel é que não precisávamos dar as mãos, nos encarar ou fingir fazer aqueles gestos que todo casal de namorado faz. Éramos simplesmente duas pessoas andando pelo shopping, como amigos entediados.

– Está com fome? – Indagou Miguel.

– Um pouco.

– Que bom,porque vai continuar. – Respondeu, rindo - Brincadeira, o que acha de comermos um lanche?

– Pode ser. – Respondi.

Fizemos uma curva no corredor, indo para a praça de alimentação. O lugar estava lotado, porém conseguimos achar um recém-esvaziado.

– Você pode guardar o lugar enquanto eu compro o meu lanche? – Indaguei.

– Não, eu irei comprar os dois.

– Eu trabalho, Miguel. – Respondi, encarando seus olhos azuis. – E, além disso, não somos namorados de verdade.

– Mas acho que seria grosseria te deixar pagar.

– Desde quando liga para isso?

–Só quis ser legal.

– Para que? – Indaguei.

– Para que pudéssemos constituir uma amizade.

– Não precisamos de uma amizade, Miguel.

– Que tal um coleguismo?

– Essa palavra existe? – Indaguei, afastando os fios de cabelo loiro de meu rosto.

– Segundo o dicionário, existe. Substantivo masculino, quatro sílabas, significa Lealdade ou procedimento próprio de colega.

– Continua sendo estranho. - Agora voe, borboleta. Voe e compre seu lanche. – Ele disse, tirando sarro.

– Vou voltar e jogar a bandeja na sua cabeça. – Murmurei.

– Borboletas não falam, e definitivamente não têm braços. – Ele me corrigiu.

– Veados não enchem o saco dos outros. – Falei, saindo antes que ele pudesse zombar ou se zangar (nunca se sabe).

***

A tarde se arrastou como uma morsa, demorando muito para passar. Estávamos agora na casa dos pais de Miguel, e enquanto ele discutia algo que ocorrera no passado com a irmã, eu olhava para a TV.

– Fale isso para sua namoradinha. - Diane o provocou. – Esquece, ela te abandonou aqui para viajar para algum país. Aliás, qual era ele mesmo?

– Cale a boca. – Ele se zangou. – Nunca se refira a ela dessa forma.

– Ela te deu um pé na bunda, amigão. Isso é humilhante.

– Pois vá falar de relacionamentos com seus seis ex-namorados. – Ele falou, desdenhando.

Diane arremessou uma almofada em Miguel, porém ele conseguiu desviar e caiu na risada. Acho que até Lucas, meu irmão, tem mais maturidade do que esses dois juntos.

– Crianças! – Carmem falou, com o típico tom de voz usado pelas mães, enquanto descia as escadas. – Que bagunça é essa?

– Não sou criança! – Miguel e Diane falaram ao mesmo tempo.

– Mas parecem ser. Desse jeito, Ana sairá correndo dessa casa.

– Ela me ama, mamãe. Nunca sairia daqui. – Miguel disse, debochando.

– Nenhum amor tolera criancice, filho.

– Ah, mas você e papai estão juntos até hoje... – Ele falou, indiferente.

Carmem ficou vermelha, uma mistura de vergonha e raiva. Respirou profundamente, com as mãos cerradas. Foi como se um alarme de emergência estivesse tocando por toda a casa, até mesmo Diane estava com a boca escancarada. Quando uma mãe tinha aquela reação, era um péssimo sinal do que viria em seguida.

– Peça desculpas. – Ouvi Diane murmurar, autoritária. – Tipo,agora mesmo.

Miguel não parecia ligar, estava com um sorriso no rosto. Eu queria estapear o seu belo rostinho juvenil e gritar para que ele pedisse desculpas, porém me contive e foquei os olhos na TV novamente, fingindo nem ter percebido o que havia acontecido. Ouvi o barulho de Carmem subindo as escadas, com passos firmes. Certamente estava imaginado que cada passo correspondia a um tapa bem dado no rosto do filho.

Jurei a mim mesma que se um dia meu filho me tratasse de tal modo, iria arrastá-lo pelas orelhas até o rio mais próximo e afogá-lo nas águas barrentas.

Ok, não era para tanto, mas com certeza levaria uns belos cascudos.

– Você é doido? – Diane indagou, dando um tapa de mão aberta nas costas de Miguel.

– Ai. – Ele reclamou. – Eu só disse a verdade.

– Menino, você é demente? - Ela indagou novamente. – Parecia que ela ia voar no seu pescoço! Como pode desrespeitar mamãe de tal forma? Esperaria que fizesse isso com papai, mas com a mulher que te levou no ventre por nove meses? Se ela não te matar antes do janta, eu mesma matarei.

– Calma, está me assustando. – Miguel reclamou. – Já te falei que tem uma cara de psicopata?

– Como conseguiu uma namorada? Cruzes, você é muito chato!

Uma discussão começou, a voz de Diane elevando-se cada vez mais. Baixei o olhar para as mãos.

– Chega! – Protestou Diane. – Você está me dando nos nervos! Vou ver como mamãe está, fique quieto e nada de falar mais uma besteira.

– Tanto faz.

A loira se levantou, andando rapidamente até as escadas. Quando sumiu de vistas, tomei coragem para falar.

– Não deveria ter falado aquilo, Miguel. Deve-se respeitar os pais.

– Desde quando é paga para opinar na minha vida? – Ele indagou. – Ah é, desde nunca. Por que não fica quieta e cumpre nosso trato?

– Pelo menos a minha mãe nunca se decepcionará com algo que eu disser. – Falei. – Só quis ser uma amiga.

– Não preciso de amigos,tenho meu celular.

– Diz o garoto que hoje mesmo quis pagar um lanche para mim. Sinceramente, eu não entendo você.

– E nem vai entender. – Disse ele. – Agora foque sua atenção na TV e aguente firme até às seis da tarde, depois pode voltar para sua casa.

– Não estou disposta. – Falei. – Vou ligar para minha mãe e trata-la com todo o carinho que ela merece.

– Pelo menos eu não minto para a minha. – Ele disse.

– Minha vida, meus problemas. Ninguém é perfeito, mas pessoas como eu pelo menos se esforçam.

Ele deu de ombros, caindo na risada. Ótimo, além de mal educado é maluco.


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Notas finais do capítulo

Comecei uma nova história, se quiserem dar uma olhadinha...
http://fanfiction.com.br/historia/625345/A_fera_de_Zarden/

Bjokas



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