Dance With the Devil escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 1
One-shot.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Para as leitoras que já leram alguma fic minha, vai perceber assim que terminar, que essa deve ter sido a fic mais ''leve'' que eu já escrevi, sem hetai... Sem violência... Ou ate mesmo morte. Bom, espero que mesmo assim aproveitem ela, beijinhos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/595970/chapter/1

Dance with the devil

Evangeline era levada pelos guardas acorrentada e arrastada pelos corredores do palácio de Asgard, a morada dos deuses. Com roupas mais parecendo trapos, os cabelos bagunçados e sujos, sua pele machucada e cortada, era assim que seria apresentada ao rei.

A moça tinha somente dezessete anos, prestes a completar a maioridade. Era camponesa de Asgard, mas que havia se metido em encrenca, novamente, mas nunca tão sério. Como se ela soubesse que pegar uma maça fosse dar tanto problema assim, ainda mais na presença dos guardas, os mesmo que a levavam.

Evageline olhou para os lados, as paredes com riquíssimos desenhos, as pilastras repletas de ouro, e o piso, tão limpo e tão elegante que refletia o seu reflexo, o seu triste reflexo. Seus cabelos pretos, lisos e longos, agora estavam bagunçados, ao contrário de como estava uma hora atrás. Sua pele aveludada e branca como a neve, estava suja e machucada, tudo porque os brutamontes a arrastaram pelas ruas, por quase um quilômetro. Mas e seu vestido? Rasgado e imundo era como estava. Mas era assim que seria apresentada ao rei?

Os guardas pararam em frente a uma imensa porta, com pelo menos sete metros de altura, feitas de ouro, claro. Era guardada por dois outros guardas, com semblantes sérios, abriram a porta e os outros dois guardas a puxaram para dentro. Eles a puxaram até o final do corredor, onde ela pode ver um trono majestoso e elegante, todo repleto de ouro com almofadas confortáveis. Pode perceber também, um homem sentado ali, de maneira desleixada, diferente de como um rei normalmente se sentaria, mas ele não era um rei comum, definitivamente não era.

O rei ergueu a cabeça com a face séria e desafiadora. Os dois guardas se curvaram e a deixaram ali, largada, de quatro com a cabeça virada para o chão, com o cabelo tocando o chão.

—Erga-se criatura – o rei ordenou com o tom de superioridade.

Evangeline fitou o homem e comprimiu os olhos. Com esforço e sentindo dor, se levantou calmamente e respirou fundo, nunca retirando os olhos do rei.

—Qual o seu delito? – perguntou ele.

A moça de cabelos pretos, observou em volta, havia pelo menos seis guardas a postos, todos armados com lanças e espadas que nas pontas eram muito mais perigosas do que as lâminas de fato.

—Eu te fiz uma pergunta! – o rei gritou e ela voltou a olhá-lo com seus olhos azuis, virando a cabeça devagar e calmamente, com um leve sorriso no rosto – Você está desafiando minha autoridade? – o rei gritou novamente, agora bem mais nervoso. Ele se levantou e andou ate ela, com a capa verde arrastando no chão – Ajoelhe-se e implore por perdão, veremos se assim, terei piedade de você.

A camponesa respirou fundo e entortou a cabeça para a esquerda.

—Ajoelhe-se – ele ordenou novamente, agora devagar e bem rígida.

Ela o olhou pela última vez antes de se ajoelhar e abaixar a cabeça.

—Agora, peça pelo meu perdão – o homem mandou entredentes. Ajeitou a capa e os cabelos pretos, que insistiam em cair no seu rosto.

—Perdão... Meu rei... – ela disse com a voz séria e repleta de sarcasmo disfarçado.

O rei sorriu e voltou a se sentar no trono da mesma maneira que estava antes.

—Agora responda – pegou uma uva da cesta de frutas que estava ao seu lado – Conte-me o que você fez – disse agora bem mais calmo.

Evangeline continuava de joelhos e abaixou a cabeça novamente.

—Eu roubei – confessou e ele não se surpreendeu.

—O quê? – perguntou pegando um pedaço de laranja.

—Uma maça – respondeu e ele ameaçou rir, mas conseguiu segurar.

—Uma maça? Tudo por causa de uma maça? – repetiu desacreditando da tamanha bobagem.

O rei dos olhos azuis respirou fundo e pegou uma maça vermelha, e a jogou para ela que a pegou rapidamente.

—Tome, ela é sua – anunciou e ela se perguntou se não era um truque, ele era famoso por seus truques e enganações – E não me apareça mais aqui – ela confirmou com a cabeça e se curvou levemente, se virou e se pôs a andar calmamente a caminho de volta para casa.

O caminho inteiro, Evangeline ficou a pensar na bondade que o rei tivera com ela, o que era estranho, pois ouviu horríveis histórias sobre ele, o rei, que misteriosamente, havia ressurgido dos mortos, e seu antecessor, morrer por coincidência, mas ela não havia engolido essa história, ainda mais sendo ele, o homem que governava o seu reino, e a governava também, não sendo Loki.

—Erik! – Loki gritou para seu servo que veio correndo a encontro de sua majestade.

—Sim, meu senhor – o rapaz na casa dos trinta anos se ajoelhou na frente do rei e abaixou a cabeça esperando por ordens.

—A mulher que acabou de sair daqui, encontre-a e a convide para jantar – ordenou o rei de Asgard, e quem tinha a cabeça no lugar, obedeceria.

—Sim, vossa majestade. Mas alguma coisa que eu possa fazer pelo senhor?

Erik era o exemplo de servo fiel e submisso. Obedece o rei sem hesitar, por mais estranha que seja a ordem, e claro, sem perguntar o porquê.

—Somente isso por hora – Loki o dispensou com um aceno fraco de mão e virou as costas indo para os seus aposentos, abandonando o trono – E diga para as cozinheiras que quero um jantar completo para hoje.

—Sim senhor – o servo se curvou mais uma vez e se levantou saindo da sala do trono e indo procurar a tal mulher.

Evangeline chegou em casa exausta, querendo mais do que tudo, um bom banho, com uma banheira feita de ouro com espuma macia dentro dela, para um longo banho relaxante, mas com um toque de realidade, o sonho se desfez. Olhou em volta e com um suspiro, desejou mais do que tudo que a sua casa fosse um quarto do luxo que era o palácio que ela acabara de ‘’visitar’’. A sua cara era pequena e simples, muito humilde também. Com apenas um quarto, uma cozinha e um banheiro, ela tinha que dividir com seu pai, que normalmente, não dormia em casa. Era um alcoólico, se tornou um desde que sua mãe morreu quando Evangeline tinha quatro anos.

A moça foi ao seu quarto e pegou um vestido, o reserva, ela teria que consertar o que estava vestindo mais tarde, mas achava que nem a melhor costureira de Asgard conseguiria consertar o trapo que ele ficou.

Meia hora depois, já de banho tomado e vestido trocado, estava na frente do pequeno espelho penteando os longos fios pretos, que de tão pretos, chegavam a ser azul marinho. Mas enquanto isso, ficou a imaginar como seria morar naquele castelo, não conseguiu tirar da cabeça nem por um instante as enormes paredes de ouro, ou as portas, os móveis elegantes e macios, mas morar seria outro nível. Com inúmeros empregados a seu dispor, com refeições a hora que quisesse e o suficiente de alimentar um batalhão inteiro de soldados, tudo isso somente para ela, e ainda não teria mais que roubar para se alimentar.

Largou a escova de cabelo em cima da mesa e deitou sobre a cama, de lado, observando a parede e querendo visitar o castelo, mas agora como convidada. Mas foi interrompida por alguém batendo na porta. Se levantou e arrumou o vestido, e calmamente, caminhando até a porta.

—Posso ajudar? – perguntou ela a um rapaz pequeno, loiro, com olhos estranhos e o rosto meio torto.

—Evangeline? – perguntou o rapaz sorridente, mas ela tinha a leve impressão de que era falso aquele sorriso.

—Sim, sou eu – confirmou e o observou melhor. Não devia ter mais do que um metro e sessenta de altura, e magro, muito magro. Pele branca, olhos castanhos com um brilho estranho, e a cabeça era torta, como se tivesse saído do lugar.

—O rei a convida para jantar, essa noite. Esteja no palácio ás seis da noite, em ponto. Não leve nada consigo, as empregadas a arrumaram – o servo falou a deixando surpresa.

—Mas espera, e se eu não quiser jantar com ele – cruzou os braços querendo ver até aonde ele iria.

—Aí você verá o quanto a vossa majestade pode ser... Persuasiva. E se eu fosse você, teria cuidado com o seu pai bêbado andando por aí, ele pode se meter em um ‘’ acidente’’, não acha? – perguntou cínico fazendo aspas com a mão, para deixar bem claro que o acidente, não seria um acidente de fato, mas sim uma tentativa de faze-la ceder e jantar com o rei.

—Tudo bem, eu vou – ela confirmou com a cabeça, não pela ameaça, mas sim porque queria visitar novamente o castelo – Com uma condição.

—O rei não está aberto a negociação.

—Então terá que arranjar outra garota para...

—Então seu pai irá enfrentar a suas consequências – o rapaz a cortou.

—Não ligo – disse ela fria – Ele nunca foi um bom pai, tive que me sustentar sozinha por todos esses anos, não preciso dele.

—Tá! – o servo impaciente gritou – O que você quer?

Evangeline sorriu discretamente comemorando por dentro por ter conseguido o que queria.

—Não quero andar até o castelo, é muito longe, quero um meio de transporte, um carruagem.

—Uma carruagem? – o rapaz repetiu descrente – Tudo bem, terá a sua carruagem, e nada mais.

A moça confirmou com a cabeça, e fechou a porta com um suspiro de alegria, teria mais uma chance de ver os corredores do castelo de Asgard, o que pouca gente de sua aldeia conseguiu, e a maioria, da mesma forma do que ela pela primeira vez, cometendo um crime.

Entrou na carruagem que estava na frente de sua casa no horário combinado. Seus vizinhos haviam saído de casa para ver melhor o luxo que a carruagem era. Enorme, azul turquesa por fora e por dentro com renda decorando todo o seu interior, bancos macios pretos e janelas com molduras de ouro fazia a decoração, e tudo isso puxado por quatro cavalos pretos. O rapaz que havia batido em sua porta mais cedo entrou junto com ela e se sentou de frente para Evangeline.

A carruagem começou a andar balançando graças ao chão irregular cheio de buracos e pedras.

—O rei costuma chamar garotas que foram pegas cometendo algum crime para jantar? – perguntou ela curiosa e o rapaz revirou os olhos.

—Essa pergunta não é da sua conta, garota – revidou e a camponesa sorriu zombeteira.

—Então porque ele me convidou? – perguntou cruzando as pernas e levantando uma sobrancelha desafiando o servo do rei.

—Não me meto nos assuntos de sua graça – respondeu olhando para a janela.

A mulher respirou fundo olhando também.

—Sabe... – ela começou a falar – É muito estranho o rei convidar uma camponesa para jantar, ainda mais uma que foi pega roubando, você não acha estranho?

—Garota, melhor você ficar de boca fechada, não estou com paciência para aturar gente como você – respondeu calmo, mas dava para ver a raiva em seus olhos.

Evageline ergueu os dois braços em rendição e rindo rapidamente em seguida.

Assim que se livrou do empregado chato e fedorento do rei, foi levada ao um quarto aonde mulheres a esperavam para arruma-la para o jantar.

Ela foi colocada numa banheira com espuma e diversos cremes e sabonetes que tinham cheiros maravilhosos, e secaram sua pele com toalhas mais macias do que seu travesseiro. Em seguida, a sentaram num banquinho acolchoado com inúmeras escovas de cabelo e pinceis de maquiagem ao seu redor, a deixando um pouco estressada.

Já livre dos utensílios que a deixavam tão incomodada, era hora da roupa, um espartilho bem apertado foi colocado nela que mal conseguia respirar com ele, e um vestido, verde escuro, com a parte de cima preta semelhante a uma casca de árvore queimada e a saia verde com preto. Os sapatos são de saltos altos pretos.

A moça foi conduzida até um espelho que dava para ver da cabeça aos pés, e levou um susto com a transformações. Antes seus cabelos eram ressecados e bagunçados, agora estavam brilhantes e arrumados em ondas, sua pele estava mais brilhante e macia. Sua maquiagem foi muito bem elaborada, olhos pretos esfumados e sua boca vermelha. O seu vestido caía perfeitamente no seu corpo, valorizando suas curvas e seus seios, que do reflexo do espelho, estavam bonitos.

A camponesa agradeceu as mulheres com sorrisos e palavras de carinho, elas sorriram e foram embora. Evangeline se sentou no banquinho novamente morrendo de vontade de retirar o espartilho, ainda não conseguia respirar direito. Logo bateram na porta do quarto, ela atendeu, era um guarda que estava para leva-la ao rei para jantar finalmente. Já passava das oito da noite.

—Obrigada – ela agradeceu ao guarda que abriu a porta para ela. A moça ainda encarava a porta quando ela foi fechada com um enorme barulho.

—Lady Evangeline – chamou uma voz atrás dela, e sabia muito bem quem era o dono dela.

—Sim, meu rei – respondeu virando seu corpo para encara-lo.

—Vejo que finalmente aprendeu bons modos – observou se aproximando dela devagar.

Ela sorriu. Sabia que teria que fingir.

—Obrigada.

—Vamos nos sentar – ele a chamou andando em direção a mesa, que estava no meio do salão, aonde estavam. O salão era enorme, com ladrilhos no chão mais brilhantes que seus sapatos, enormes estatuas de diversas criaturas decoravam o espaço, janelas grandes com cortinas amarelas davam luz ao ambiente, além dos inúmeros lustres, todos feitos de ouro.

—Claro – ela o seguiu e pode observar o luxo que era aquele jantar. Grande parte do que havia ali, ela nunca teve a oportunidade de experimentar pois tudo era para nobres que tinham dinheiro sobrando, e não uma simples camponesa que tinha que roubar de vem em quando para ter o que comer.

Por cavalheirismo, Loki puxou a cadeira para que a moça pudesse se sentar, e ela o fez agradecendo enquanto o mesmo andava até ficar do outro lado da mesa, uma mesa enorme, retangular, com apenas duas cadeiras elegantes separadas por milhares de pratos e iguarias.

Enquanto Evangeline se arrumava com as criadas, elas contaram como se deve se comportar numa mesa, ainda mais diante do rei, deveria sempre comer com os talheres e tomando cuidado para não fazer grandes barulhos, não deveria engolir e beber, sempre ficar com o guardanapo de tecido sobre o colo, falar em voz baixa e só quando o rei lhe perguntasse alguma coisa, e nunca se levantar sem que o rei a dispensasse.

A moça de cabelos escuros olhou para o prato, era um prato raso com um prato fundo por cima, e pelos menos, seis talheres tanto na esquerda quanto na direita. Respirou fundo e lembrou que era para usar do final para dentro.

—Então... Evangeline, não é? – perguntou o rei tomando um gole do vinho.

—É sim – respondeu tentando ser simpática.

—Aonde você mora? – ele já sabia, mas queria engatar uma conversa, não queria um silêncio chato entre os dois.

—Numa pequena aldeia ao leste daqui, meu rei – respondeu e viu que ele ficou satisfeito com a resposta.

—Conte-me sobre a sua história – disse enquanto mordiscava algumas uvas.

—Eu acho que não tenho muito a contar, majestade – respondeu olhando para o próprio colo, não querendo falar sobre isso.

—Ora, vamos, todos temos uma história, por mais entediante que seja, não deixa de ser uma, vamos, conte-me – pediu mais uma vez e ela respirou fundo.

—Quando eu tinha quatro anos, prestes a completar cinco, minha mãe faleceu, ficou muito doente, e rápido demais. Depois disso, alguns anos depois, e aos poucos, meu pai se envolveu com bebida, e hoje, não vive sem ela. Desde que eu tinha uns dez, onze anos trabalho para que eu possa ter o que comer, já que ele não coloca nem centavo mais, e nem sei como ele paga a bebida – eu não conto, praticamente despejo, digo sem pensar, sem raciocinar muito, a dor ainda estava em mim, não havia saído de dentro de mim desde pequena.

—História comovente – o rei comentou e a moça concordou com a cabeça mexendo na ponta dos talheres de prata.

Em seguida, um sininho foi tocado e quatro empregados entraram com uma bandeja cada, os primeiros dois deixaram dois pratos com tampas em cima para o rei e a moça, e logo os outros dois deixaram uma taça com um liquido branco para cada, e a taça do rei não era bem uma taça, era uma caneca, de prata com algumas joias cravadas nela, enquanto a de Evangeline, aparentava ser tão frágil quanto ela, de vidro. E por fim, abriram as tampas e um vapor saiu de dentro invadindo as narinas da moça, que sentiu a sua boca aguar com o maravilhoso cheiro da comida.

—Bom apetite – disse os dois, se curvando e saindo por onde entraram.

O prato era um delicioso peixe rosa com molhos vermelhos por cima, com diversos pequenos tomates cuidadosamente fatiados, e ainda com diversas ervilhas espalhadas pelo prato, o fazendo digno do rei.

—Isso é salmão – revelou o rei para a convidada, que concordou com a cabeça finalmente o reconhecendo. Via sempre nas feiras de peixes, sempre com os preços nas alturas, e quando podia comer peixe, comia os mais baratos.

—Parece delicioso – comentou e sorriu pegando os talheres e se preparando para fatiar o peixe. Levou a boca um pequeno pedaço, e sentiu o delicioso sabor, era simplesmente divino, e quis que o peixe fosse maior, ou que pudesse repetir, mas sabia que não deveria fazer isso.

Enquanto comiam, Loki perguntava como era a vida dela, apesar de saber de tudo, mas nada melhor do que tirar da própria fonte, e perguntava como era aquilo ou como fazia, e ela respondia, sempre falando de boca vazia, depois de engolir a comida, e agradecendo mentalmente as criadas por terem conversado isso com ela.

Depois de terminarem, veio o prato principal, dessa vez, eram pequenas bolinhas de carne com uma casca, com diversos pequenos tomates e alfaces cuidadosamente montados para fazer o desenho de flores. Ela achou simplesmente lindo, e com pena de desmanchar. Mas quando o garfo entrou dentro da pequena bolota, um creme saiu de dentro, um creme branco, percebeu que a carne era recheada e por fora era crocante. Ficou muito curiosa para saber o sabor, e não perdeu tempo até colocar metade de uma bolinha na boca e teve que se segurar para não gemer de prazer pelo incrível sabor.

—Isso é delicioso – comentou depois de engolir, e beber um pouco de água.

—É frango com creme de milho – respondeu ele comendo e ela agradeceu pela resposta. Ela só queria conversar com o cozinheiro ou cozinheira para elogiar pela comida.

E depois, de muito segurar os gemidos de prazer pela iguaria, veio a sobremesa, e ela mal aguentava mais comer, o vestido apertava muito por conta da barriga cheia, não comia assim a muito tempo. Mas assim que os empregados tiraram a tampa, não conseguiu se segurar e comer o sorvete de chocolate e coco com calda de chocolate e castanhas por cima. Adorava chocolate, e amava castanhas, e sorriu ao sentir o doce sabor do chocolate com o sabor simples do coco.

Mas eram somente duas bolas pequenas, e quando o rei terminou, se levantou e foi até ela.

—Quer dançar? – a convidou e uma música começou a ser tocada em alguma parte do salão, que ela não sabia aonde.

—Claro, meu rei – ela aceitou e se levantou com cuidado e aceitou a mão estendida dele com cuidado – Mas eu tenho medo de não saber dançar direito – revelou e ele sorriu.

—Eu te conduzo, mas cuidado para não pisar no meu pé – o moreno brincou, e ela sorriu olhando para os próprios pés.

Os dois andaram até estar longe da mesa, aonde havia um bom espaço para que pudessem andar, sem esbarrar em nada.

Loki colocou a mão na cintura da moça, um pouco abaixo das costas, e segurou a sua mão na altura do rosto, e Evangeline tocou o ombro do rei, e com medo de alguma coisa dar errado, começaram a dançar, com movimentos curtos e simples.

—Você não dança mal – o rei elogiou.

—Obrigada, mas eu nunca dancei – contou e ele sorriu.

—Tem primeira vez para tudo, não é? – perguntou e a moça sorriu.

—Sim, tem primeira vez para tudo – concordou e começaram a andar pelo salão, e ela sempre prestando atenção para aonde ele a levava, e com muito cuidado para não pisar em seu pé.

Havia horas em que ele a empurrava e depois a trazia para mais perto, com o corpo dela batendo no dele, e também a jogava para baixo, e a segurando, sempre com os rostos muito perto. Mas sempre quando a olhava nos olhos, podia ver o medo que ela tinha dele, e sorria voltando a dançar.

Evangeline não sabia dançar, era a primeira vez, mas não decepcionava, quando os passos precisavam de mais molejo, não decepcionava também, e estava impressionando cada vez mais o rei.

Toda a força que a moça tinha, era facilmente derrubada pelo rei, que com seu olhar penetrante, conseguia perceber o que ela estava pensando, e como ela era fácil de ler, saber seus próximos passos ou os seus medos.

E quando a música finalmente acabou, Loki a puxou com força para mais perto, no momento exato, e com os rosto com centímetros de distância, olhou nos olhos dela, e ela envergonhada, querendo escapar dali, mas não podia. Momentos se passaram e ela olhou nos olhos incrivelmente azuis dele, mas não viu nada, apenas duas orbes verdes e vazias.

—O que você está pensando? – ele perguntou baixo ainda com a mão na cintura da moça, e ela não entendeu a pergunta de imediato, havia pensando que tinha feito algo de errado, e não o que ela estava pensando de fato. E estava pensando porque os olhos dele eram tão vazios.

—Nos seus olhos – respondeu e ele riu curioso.

—O que tem eles, são muito verdes? – perguntou e ela negou com a cabeça levemente.

—São vazios – respondeu e ele a soltou.

—Isso não é da sua conta – respondeu dando as costas para a moça, que sem saber se o seguia, ou se ficava, mas ele a olhou rapidamente, e parou de andar, se virou e a capa se esticou de forma dramática.

—Meu rei, me desculpe se eu falei algo de errado – pediu ficava parada, no mesmo lugar aonde estava, com o nervosismo a flor da pele, e ele sabia disso.

—Você não disse nada de errado – respondeu simplesmente e voltou para aonde ela estava – Toquem outra música – ordenou e outra música de imediato começou a ser tocada. Dessa vez somente com um piano. Loki não esperou que ela se aproximasse, a puxou pela cintura para mais perto, segurou sua mão com um pouco de grosseria, ela, ainda um pouco assustada, tocou seu ombro e eles começaram a rodear pelo salão.

O rei rodava ela várias vezes, e ela se segurava nele com força quando voltava. Ele era como um lobo caçando sua presa, a enganava e a fazia correr para um lado, para aparecer na frente do pequeno carneirinho, que era ela, que de tão assustado, cometia erros, mas ela não cometia dançando, e sim em expressar seu medo na face.

O moreno a jogou e ela girou várias vezes antes dele a puxá-la para mais perto e, colados, voltarem a rodar pelo salão.

—Você quer saber porque meus olhos são tão vazios? – perguntou ele.

—Sim, meu rei – respondeu com pouco fôlego, e foi aí que ele percebeu que era a hora de atacar.

—Porque você está dançando com o diabo – respondeu e a jogou para trás com seu corpo a meio metro do chão. Ela o olhou confusa, para logo em seguida olha-lo assustada, e o rei deu o ataque final, o xeque-mate, ele a matou com um beijo.

Fim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tentei fazer algo mais dark, algo mais sombrio, porém a minha experiência é bastante limitada, principalmente quando se trata da escrita.

Espero que gostem e digam o que acham por meio de reviews.