Sob a Máfia escrita por Deih


Capítulo 4
3


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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3

BELLA

Acho que três dias já se passaram, não deixei o quarto nesse tempo, usei o banheiro velho para um banho e usei as roupas que Felix me mandou. Edward não apareceu nesse tempo, as coisas pareciam estáveis agora e eu não tinha mais medo. A porta se abriu depois que terminei de me trocar, um de seus homens me segurou pelo braço e me arrastou para o primeiro andar. Estavam todos lá me encarando.
Me sentei ao lado de Felix, ele me fitou e abriu um meio sorriso.
Edward estava encarando a tela de seu computador e o fechou quando terminou de fingir que não me viu chegar. Seus cabelos estavam ligeiramente bagunçados e sua expressão era dura como sempre. O vi sorrir poucas vezes, não um riso falso, mas sim um sorriso grandioso que vendo por esse ângulo agora poderia ser fruto da minha imaginação.
–Sem briga? Está começando a entender.
–O que você quer?
–Ajuda.
Sorri.
–Nem morta.
–Pela sua família.
–Não coloque minha família nas suas merdas. -Soquei a mesa. -Eu estou cansada das suas brincadeiras, Edward Cullen!
Todos os olhares estavam direcionados a mim, inclusive o dele. Eu não faria parte de suas jogadas sujas.
–Quer que eu diga algo, me diga com todas as palavras o que realmente está acontecendo.
Rose virou a arma na mesa como uma provocação, encarei a arma de Felix a poucos centímetros. A puxei tão rápido que pensei que dispararia apenas com o movimento.
–Ou ela para agora ou estouro a cabeça dela. –Avisei.
Edward segurou a arma de sua mão e a puxou para ele. Rose me encarava pega de surpresa. Eu não estava brincando e não me importaria de atirar.
–Rose.
–Atira. -Mandou com um sorriso.
–Pare. -Edward mandou afagando seu cabelo.
–Ela não é uma mocinha frágil? Você mesmo disse, quero ver se ela consegue atirar sem perder as mãos.
–Rose. -Edward a chamou mais uma vez. Seus olhos negros ainda me encaravam em desafio.
Ela gargalhou se deliciando com a situação.
–Frágil.
Atirei. Um som abafado ecoou pela sala. Seus olhos estavam em mim, enormes e assustados. Sua cor sumiu por um longo tempo a deixando pálida, soltei a arma na mesa e voltei às escadas ouvindo o falatório. Que se dane!
Ninguém apareceu para me arrastar de volta por quase duas horas, ouvi barulho de carro se afastando e passos no corredor. Edward empurrou a porta fazendo com que a mesma se chocasse contra a parede e me encarou ainda encolhida na cama. Eu não tinha medo dele e isso o irritava profundamente.
–Agora somos apenas nós dois. E você vai ter que entender. Onde estava com a cabeça para atirar?! – gritou.
–Ela pediu.
–Você poderia tê-la matado.
Sorri me levantando.
–Você me ensinou tão bem, se lembra disso também?
–Sim e me lembro como terminamos, acho que foi no meu quarto. Quer falar sobre isso?
Definitivamente não!
–Vamos ao que interessa.
Edward fechou a porta e se sentou na cadeira ao lado da mesa. Voltei a me sentar, apoiando os cotovelos nos joelhos e evitando encará-lo. Meu corpo de alguma maneira despertava de forma absurda todas as vezes que o encarava, mesmo por cima de toda a raiva.
–Quando me investigou, há três anos. Como chegou até mim? Eu não quero o seu resumo.
–Especulei.
–Especulou?
Assenti.
–Os ataques ao jornal, depois da morte de dois dos seus homens. O sequestro ao avião no México, e uma fronteira clandestina no Peru. Foram todas as minhas matérias e ligadas, vieram os ataques. Eu não sabia que era você, eu apenas os liguei. Também mentimos, é uma forma dos idiotas morderem a isca. -Não consegui conter o riso. -E vocês morderam.
Sua expressão congelou e Edward despertou os primeiros dias em que estivemos juntos, as primeiras semanas de pânico.
–Depois que publiquei, diversos jornais tomaram a atenção. E isso mexeu com uma pirâmide e eu sabia que quem estava por trás disso não estava no topo. Quando aqueles homens morreram, eles tentaram a todo custo fazê-los falar, e eu estava lá. Sabe o que um deles me disse? Ele irá matá-la. E aqui estou eu, pela segunda vez esperando essas palavras se cumprirem.
Edward me estendeu a arma, seu rosto estava vermelho como se sua cabeça fosse explodir a qualquer momento. Ele se levantou caminhando em minha direção colocando o cano em minha testa.
–Atira. -O encarei. -Esse era o objetivo do segundo encontro. Você é tão esperto que acreditou que uma jornalista conseguiria ir longe, isso me deixa lisonjeada.
–Os seus amiguinhos mataram meu irmão! -Gritou. -E agora pessoas como eu querem matá-la.
–Acho justo.
Segurou meu rosto.
–Deixe de ser idiota!
–Por que me quer viva? Eu coloquei todos os holofotes em você.
–Você blefou, apenas deu sorte de eu ser um idiota.
Sorri.
–Eu viajei até o Peru e encontrei um homem, ele me disse que você era perigoso e implorou para que eu não o matasse. Então eu o fiz contar tudo o que acontecia na fronteira, eu fiquei com as informações por duas semanas até publicá-la. Minha família estava protegida e acreditei que eu também estaria. Isso foi uma explosão de informações, era meu começo de carreira e quem seria destruído não me importava. Isso tudo parecia seguro. Acho que foi o ápice para você, não é mesmo? Me sentia tão perto mesmo eu estando tão longe, jogando às cegas. E foi assim que cheguei até a máfia.
–Quem alimentava suas investigações?
–Delegado Volturi, ele me promoveu a jornalista investigativa. Ele me fazia ir a fundo, ele os queria. Mas como eu disse, isso é uma pirâmide. Talvez você não seja a ponta. Talvez estejam brigando por ela.
–Isso é uma coisa inteligente.
–Obrigada. -Zombei. -Agora eles virão atrás de você como cães farejadores.
–O que disse a eles depois que a soltamos?
Senti um aperto no peito.
–Nada.
–Nada?
Neguei.
–Por quê?
–Eu não poderia simplesmente entregar o homem que eu achei ter conhecido. -Encarei o teto como um ponto fixo. -Eu o amava demais naquele tempo para simplesmente dizer onde ele estava, acreditava que ele poderia voltar e dizer que não poderia me deixar, que ele me amava tanto quanto eu o amava. Eu brigava com minha ética para mantê-lo longe de todas as respostas que eles esperavam. Eu lutei com três psicólogos e família para dizer apenas que estive presa e nunca havia o visto, é claro que eles não acreditaram, mas associaram meu silêncio a um trauma, um medo. Foi fácil apenas me manter longe do meu grande cargo por um ano! -Minha voz saiu dura. -Dando tempo ao tempo esperando que você voltasse nesse período, estava começando a enlouquecer até perceber que isso nunca ia acontecer. Até passar a odiá-lo de tal forma que me assustava, eu conheci alguém que me tirou desse abismo, que afastou as perguntas que insistiam em aparecer. Eu larguei tudo para trás para ser alguém normal de novo, e então você reaparece. E sabe de uma coisa? Eu me arrependo por ter sido tão idiota a ponto de privá-lo. Você seria um nada agora.
A vontade de desmoronar em sua frente era intensa e um alívio me tomou quando se afastou, minhas mãos doíam com vontade de tocá-lo. Eu ainda sentia sua falta ao mesmo tempo o repudiava. Eu queria fazer algumas perguntas, mas parecíamos ter ido ao limite por um dia.
–Eles te usaram, ou melhor, não foram espertos o suficiente para perceber que estavam colocando uma aspirante com estrelismo em uma grande investigação. Te deixaram espalhar tudo o que conseguia de forma fácil, pensando que também nos acharia de forma fácil.-Me encarou.-Deixa eu te explicar o que eles não explicaram, antes de Aro Volturi entrar no caso quem comandava era Phill Colins. Sabe por que ele deixou o cargo? Claro que não, Phill fazia parte do esquema sujo dentro da corporação investigado pelo estado. Ele estava nesse caso também. Também nos queria, mas com um objetivo diferente, Phill conhece outras máfias, gangues e tudo o que há de mais perigoso que você possa imaginar. Enquanto investigavam sua ligação com a máfia, colocaram Aro no lugar e magicamente você com suas especulações. Isso não quer dizer que Phill não tenha tido conhecimento das novas investigações, sempre prestativo te empurrando com a barriga para novas descobertas. Isso chegaria até nós. Aro é só um cara tentando fazer as coisas certas, porém, deu ouvidos a um cara errado. Quando descobriram que Phill estava mais do que envolvido, ele sumiu. Nesse meio tempo você estava presa comigo. Você também foi uma isca, ele só não contava que seus passos estavam sendo calculados antes dele dar sua jogada.
–Aro...
–Te tirou dessa assim que soube, todos tentaram te manter longe o suficiente. Phill não quer nada com você, ainda. Você apenas foi o bonequinho que ele incentivou os grandes a usar, agora já descartada.
–Então por que estou aqui?
–Porque ele agora tem sua própria máfia. Ele quer chegar até mim, mas é um jogo às cegas porque são três fatores: liderança, minha cabeça e afastar a polícia, ao mesmo tempo os aproximando.
–Como ele sabe que me atingindo, estaria te atingindo?
–Dimitri morreu depois de te deixarem naquele dia. Phill o prendeu por dois dias e o obrigou a falar. Ele contou.
Pensei em Felix e o quanto isso deveria tê-lo ferido.
–Não posso mandá-la de volta, Aro não vai protegê-la. Sua família não vai estar segura. Phill irá se juntar com outras máfias mesmo depois correndo o risco de um matar o outro. Mas é juntar forças para destruir um. Eu quero que isso acabe logo, preciso ter minha vida normal.
–Você tem uma vida normal?
Assentiu.
–Não se engane que eles irão apenas matá-la, eles irão torturá-la até que conte tudo. Matá-la será apenas o bônus.
–Por quê?
–Porque eles sabem que vão me ferir dessa maneira.

EDWARD

–Ela não tem registro.
–Não?
Por incrível que pareça não. Uma parte de mim estava se controlando para não obriga-la a contar tudo o que sabia, a outra parte queria acreditar que ela realmente não tinha mais nada com ele. Seus registros haviam sido apagados.
– A única saída é confiar nela, mesmo sabendo que ela foi treinada para servir a eles.
–Ela não serve a eles.- O encarei. –Ela não serve a nenhum deles, Felix. Por Deus, ela não pode ser tao idiota assim.
–É o trabalho dela, como é o nosso trabalho. Você disse todos esses anos que não sentia mais nada por ela, agora esta desesperado para le-la de todas as maneiras. Se ela sabe ou não, ela não vai contar. Será um dia de cada vez. –Se aproximou. –Voce causou uma guerra dentro dessa garota, cara. Não pode esperar o contrario a essa altura do campeonato.
–Vamos ter que montar um plano.
Me encarou.
–Que plano?
–Voces vao sumir quando isso ir para os ares. Foram três anos, eles montaram um esquema contando que isso se repetisse entao ela estaria preparada. Se isso realmente aconteceu, não importa o que vai acontecer comigo. Isso é algo meu e dela e vao terminar com nós dois. Vivo ou morto, com traição ou não, eu quero que pegue todos e sumam daqui.
–Edward...
–Apenas faça.
–Ela sua maior guerra interna, não é?
–Voce sabe o que ela fez comigo. Ela tirou minha liberdade. E provavelmente tirará minha vida depois que isso acabar.
Porque era a única que possuía o controle agora.


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