O Sequestro - Cobrade escrita por Keth


Capítulo 31
Cobra vs Charlie




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Jade

A casa continuava do jeito que eu havia deixado, os móveis novinhos
ainda nem tinham sido sequer tocados, tudo estava do jeito que eu
escolhi e planejei durante meses, eu pretendia continuar trabalhando
para o meu pai, mas, não pretendia mais morar com ele e minha mãe,
queria liberdade e privacidade, coisas que eu não tinha. Cobra
observava cada canto da casa com grande curiosidade e sorria, ele sabia
que tudo o que havia ali tinha um toque meu, algo da minha
personalidade, eu fiquei feliz que ele tivesse compreendido. Caminhei
até o quarto que eu planejei, uma cama enorme de casal com uma bela
vista da floresta atrás da casa, tudo o que sempre sonhei e que agora eu
poderia dividir com Cobra e nosso bebê, e por coincidência havia um
quarto sobrando no qual eu nem sequer havia tocado, preferi deixa-lo “em
branco” e quando realmente houvesse um motivo para reforma-lo eu o faria.

Caminhei até a cama e me joguei nela, era bem macia e cheirava a nova,
me imaginei acordando numa manhã qualquer com meu bebê já crescidinho
pulando em nossa cama e nos acordando, imaginei essa criança me
implorando para não ir a escola ou vindo me pedir mais sobremesa depois
do jantar...Imaginei um futuro maravilhoso para nós, porém, naquele
momento ele ainda parecia muito distante e muito difícil de ser
alcançado, Cobra ainda precisava ter sua ficha criminal limpa para que
pudéssemos ter nossa vida juntos, e eu não queria que ele fosse preso,
ele não podia ser preso, eu precisava dele comigo, precisava dele perto
para proteger a mim e o nosso bebê. Me virei de barriga para cima e
percebi Cobra porta me observando, estava tão lindo que quase
parecia um anjo, só faltavam as asas.

– O que foi? – me sentei.

– Você, parecia tão calma, tão tranquila... – ele suspirou – Mesmo
depois de tudo o que passou, mesmo depois de eu ter falhado em te
proteger.

– Você não teve culpa amor, como poderíamos imaginar que Lobão faria
tudo aquilo? Não se preocupe, estou bem agora e estamos juntos, isso é o
que importa – Cobra ainda parecia triste, se aproximou de mim devagar,
andando de uma forma sexy e em seguida acariciou meu ombro onde eu levei
o tiro, uma cicatriz estava ali da cirurgia, Cobra olhava aquilo com um
peso nos olhos que quase senti culpa.

– Eu poderia ter evitado isso, eu poderia ter evitado muita coisa –
Cobra beijou a cicatriz e depois olhou para mim – Eu quase te perdi,
quase perdi você e o bebê, não posso permitir que isso volte a
acontecer, nem que chegue perto disso – ele acariciou minha barriga de
forma carinhosa.

– Não fique se culpando – acariciei seu rosto – Está tudo bem
agora e é isso o que importa – sorri com ternura e o beijei.

– Jade, precisamos conversar sobre uma coisa: quem era aquele médico?
Porque o defendeu? – suspirei irritada, agora a coisa ia ficar feia.
Expliquei tudo a ele, desde a minha infância com Charlie até os momentos
no hospital, tudo o que houve, Cobra ouvia atentamente com uma
irritação muito visível.

– E foi isso.

– Esse cara te beijou, eu juro que se ele aparecer aqui eu vou matar ele.

– Cobra, ele me deu alta, eu prometi a ele que se fizesse isso eu
contaria tudo sobre nós, sobre o que aconteceu.

– Porque está fazendo isso? Por acaso sente algo por ele? – arregalei os
olhos, agora quem ficou irritada fui eu.

– Está duvidando do que sinto por você? Isso é ridículo! Eu
apenas o defendi porque ele é um amigo, e além disso vocês iam brigar
dentro de um hospital! Você seria preso na hora! – me levantei irritada,
mas, antes que eu pudesse sair do quarto Cobra me puxou pelo braço e me
prendeu num abraço.

– Me desculpe, eu não deveria desconfiar de você – mesmo irritada não
pude evitar de olhar para ele e perceber a sinceridade em sua voz – Eu
só... Estou com ciúmes.

– Eu entendo que está com ciúmes, e lhe dou toda razão. Mas não lhe dou
razão para desconfiar de mim, isso me magoa – ele mordeu o lábio
inferior e concordou com a cabeça – Acha que se eu não te amasse eu
estaria grávida? Acha que se eu não te amasse eu não teria feito tudo o
que fiz? – eu estava sendo severa, mas, eu estava irritada.

– Por favor me perdoe – não conseguia ficar brava com ele por muito tempo.

– Eu o perdoo, mas com uma condição!

– O que quiser.

– Terá de prometer que vai tratar Charlie bem enquanto ele estiver aqui –
Cobra fez uma careta – Prometa, caso contrário não vou perdoá-lo
– eu sei que estava forçando a barra, mas, era necessário.

– Ok, eu prometo – naquele momento lhe dei um beijo e ele enfim me soltou.

Algum tempo mais tarde, depois de ter enviado uma mensagem a Charlie sobre o endereço de onde eu estava, eu o esperava ansiosamente, eu queria
contar a ele tudo o que podia sobre meu relacionamento com Cobra,
explicar como tudo aconteceu e pedir a ele uma ajuda. Cobra ficou de
cara feia o resto da tarde, na verdade parecia meditar para se conter no
momento em que Charlie chegasse, depois daquela cena no quarto eu tinha
certeza de que aqueles dois se matariam na primeira oportunidade, eu não
sabia o que poderia acontecer. Enfim, depois de um tempo ouvi uma buzina
e corri para a porta, Charlie tinha acabado de chegar e eu recebi com
carinho, Cobra preferiu não chegar perto, mas, fez um aceno de cabeça
de muita má vontade. Sem esperar muito conduzi Charie até o quintal e
junto dele me sentei num banco embaixo de um carvalho grande dali.

– Está pronto para ouvir tudo o que tenho a dizer?

– Acho que sim – ele suspirou – Ok pode começar.

Então comecei a contar a ele tudo pelo que passei, desde o momento em
que me abordaram na rua até os dias em que Cobra ainda se passava de
bandido mal, Charlie ouvia tudo atentamente sem questionar nem por um
segundo, contei a ele a história de Cobra e obviamente deixei de lado a
parte de como meu bebê foi gerado – até porque ele poderia muito bem
deduzir como isso aconteceu. Ao terminar ele parecia perplexo, ele
observava as coisas ainda tentando absorver as informações, Cobra nos
observava da cozinha com uma raiva bem visível, ele quase parecia estar
vermelho mas sustentou meu olhar e continuou a analisar cada movimento
de Charlie.

– Nossa, isso realmente é difícil de acreditar – Charlie se pronunciou –
Tem certeza de que ele não te contou essa historinha pra fazer você
ficar com ele? Jade já parou pra pensar que...

– Não – eu o interrompi – Isso é algo que eu pude ver com meus
próprios olhos, ele me ama, não há dúvidas nisso, porque você insiste em
não acreditar? – Charlie pareceu se irritar e segurou meu rosto com as mãos.

– Não entende? Ele não é o cara certo pra você! Porque EU te amo mais do que ele! – então ele me beijou, tentei me desvencilhar mas não consegui,
foi aí que tudo começou a desandar e eu ouvi o grito de Cobra.

– Agora já chega! – ele de alguma forma empurrou Charlie para longe e me puxou para trás – Me desculpe amor, mas, já aguentei esse imbecil por
muito tempo, então a briga começou.

Cobra deu um soco em Charlie, o que fez com que ele cambaleasse para
trás, a boca dele sangrava, irritado ele também partiu pra cima e
conseguiu dar um soco em Cobra, a briga estava feia, chutes, socos e
tudo o que se pudesse imaginar, eu não sabia o que fazer, gritava para
que eles parassem e mesmo assim eles continuavam. Quando vi que
acabariam se matando me coloquei no meio deles, por sorte não fui
atingida por um soco, olhei para os dois horrorizada. Charlie
estava com o lábio sangrando e parte da cara inchada, Cobra estava com
um calo acima da sobrancelha e também estava com um lábio sangrando.

– Parem com isso por favor! – implorei.

– Esse cara merece apanhar muito mais, só vou parar porque você esta
pedindo – Cobra me trouxe para perto dele de forma protetora, ele
parecia desafiar Charlie com o olhar, que mais passava uma mensagem de:
Tente encostar nela outra vez.

– Jade você não percebe? Ele não é bom pra você, é um bandido! –
Cobra tentou avançar nele novamente mas eu o impedi.

– Você não pode me dizer o que sentir por alguém, não pode dizer
nada porque você não estava lá – me aproximei dele irritada – Saia
daqui, agora, e não conte nada ao meu pai, tenha dignidade de
manter esse segredo por enquanto – ele me olhou com uma profunda
tristeza nos olhos, aquilo me partiu o coração mas era necessário.

– Ok, eu não vou mais insistir, estou indo embora – ele passou por mim e
antes me lançou um último olhar – Não se preocupe, vou manter o seu
segredo, adeus Jade – e então ele saiu.

Uma dor em meu peito se formou, desabei, fui caindo até que Cobra
finalmente me pegou no colo e me levou para dentro de casa, ele me
deitou na cama e me abraçou, ficou ali apenas me confortando e
acariciando meus cabelos, quando finalmente consegui me acalmar olhei
para ele, mesmo com sua boca machucada ele sorriu com ternura para mim e
acariciou meu rosto. Eu não podia querer mais nada, porém a dor de ter
tido aquela briga com Charlie ainda latejava em meu peito, eu acabei de
perder um amigo, um amigo que me amava mas que eu não correspondia esse
amor...

– Sabe que eu vou sempre escolher você não sabe? – Cobra se surpreendeu com isso.

– Em nenhum momento pensei que você fosse me trocar por ele, mas, eu não queria que ele tocasse no que é meu – sorri com aquilo – Eu te amo.

– Eu também amo você – beijei seu lábio me esquecendo completamente que estava machucado – Me perdoe! Vou buscar as coisas para te limpar
briguento – ele fez cara de dor mas ainda assim sorriu.

– Só cuido do que é meu – então seu sorriso se tornou malicioso – Vai
ser a minha enfermeira?

– Cobra, será que nem machucado consegue se controlar?! – fiquei sem
graça, ele ficou de pé e me agarrou – É, pelo visto não.

– E você não consegue resistir, vem cá, vem ser a minha enfermeira
hoje... – e nem por um segundo eu resisti, apenas me entreguei ao homem
que eu realmente amava.


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