Jade

Acordei no meio da madrugada ouvindo um som estranho e depois um gemido alto, eu tinha dormido com os fones depois de chorar muito, mas eles tinham caído e me permitiam ouvir algumas coisas. O gemido se tornou frequente, um gemido de prazer, a vós era de uma garota, meu coração se apertou no mesmo instante. Fiquei encostada na porta com o ouvido colado nela para que pudesse ouvir melhor. Eu queria gritar, queria ir lá e socar a cara daquela puta e, principalmente, socar a cara do Cobra que se deixou levar por aquela vagabunda e estava transando com ela sem se preocupar em como eu me sentiria.

Isso Cobra! -a garota gemeu, aquilo foi como um soco na minha cara. Sai da porta e fui direto para cama, coloquei o travesseiro em cima da minha cabeça em uma tentativa inútil de não ouvir nada do que eles faziam, mas eu ouvi, e a noite toda.

Acordei um pouco desorientada, me sentindo cansada e com o rosto ainda molhado. Fui para o banheiro e fiz minha higiene pessoal, eu me sentia péssima e a dor do coração, dor da traição era muito grande. Curiosa, me aproximei da porta para ver se podia ouvir alguma coisa novamente, mas dei de cara no chão. Não havia sinais nem de Cobra nem da garota. A sala estava um caos, parecia que um tornado havia passado ali, pelo visto a noite dele foi ótima. Fui andando pela casa, e os vestígios de uma longa noite estavam espalhados por ela. Continuei caminhando silenciosa e fui até o quarto de Cobra e foi quando vi a cena: Cobra estava deitado aparentemente nu, e ao seu lado bem agarrada nele uma garota que mais parecia um travesti. Seus corpos estavam cobertos pelo cobertor e Cobra parecia bem sereno. Sai daquele quarto no mesmo segundo, tropeçando nas roupas deles espalhadas pela casa. Tentei engolir o choro, tentei mesmo, queria ser forte, mas não consegui segurar, desabei. Chorei tanto que meu peito doía e quase fiquei sem fôlego. Não me importava que Luis descobrisse a gente, desde que Cobra não ficasse com a garota, o que importava era ficarmos juntos, mesmo que fosse perigoso. Eu o amava e agora me odiava por isso. Ele me traiu na primeira oportunidade que teve e aquilo me desolou completamente...

Jade! Jade, você está bem? Acorda.

Acordei em braços conhecidos, como eu cai no sono sem ao menos me lembrar? Abri os olhos devagar, estavam inchados e demorei um pouco para focalizar minha visão. Eu estava no colo de Cobra, ele me olhava com preocupação e sorriu quando acordei. De repente a lembrança da madrugada anterior veio na minha mente como se eu tivesse levado um soco, a raiva me consumiu e me desvencilhei dele rapidamente indo para o outro lado do quarto.

Não toque em mim! -gritei.

Calma! O que aconteceu? Você parece péssima! -cínico, cachorro, mentiroso.

O que aconteceu? Você ainda tem a coragem de perguntar o que aconteceu? Pergunte para sua puta particular, ouvi ela gemer a noite inteira, era isso que planejava desde o inicio, não era? -eu gritava, acho que chorei tanto durante a noite que não me restaram mais lágrimas.

Jade, o que esta dizendo? Para de gritar comigo!

Não! Não vou parar! Você me usou, veio com esse papinho de "bandido bonzinho" , disse que me amava, a gente fez amor e depois você transou com a primeira vadia que apareceu aqui, que ainda por cima é sua ex. Você fez esse joguinho comigo e eu cai perfeitamente, como fui ingênua! e o pior de tudo, ainda consegui me apaixonar por você. -Cobra se aproximou e eu recuei- Não chega perto de mim ou então eu vou bater em você!

Jade, eu não transei com ela, eu juro que não fiz nada. Por favor, para com isso!

Você me traiu, você me usou e ainda tem coragem de dizer que não fez nada? Eu ouvi cada movimento Cobra, cada gemido, porque vocês não fizeram questão nenhuma de serem discretos. Não mente pra mim. Eu vi você pelado dormindo com ela, eu vi! -gritei ainda mais.

Eu já disse que não transei com ela! Não sei do que você está falando! -ele acabou gritado também- Eu não fiz nada! Eu amo você! -ele se aproximou de mim e então comecei a bater nele. Cobra me prensou na parede e tentou me segurar, mas eu me debatia tentando afasta-lo de mim. Cobra era mais forte e de alguma maneira conseguiu me segurar depois de eu ter socado muito ele- Para com isso! -ele gritou.

Mentiroso, cachorro, idiota, bandido nojento! -gritei. Ele por um segundo ficou sem reação, foi a oportunidade perfeita de empurra-lo para longe, Cobra estava com lágrimas nos olhos e me olhava assustado- Guarde suas falsas lágrimas pra alguém que acredite nelas. Sai daqui! Me deixa sozinha! Eu não quero mais te ver. Você quebrou sua promessa.

Continuei empurrando ele em direção a porta, Cobra não regia, as lágrimas escorriam por seu rosto, mas eu não sentia nenhuma dó. Empurrei ele com toda força que me restava até que finalmente consegui e fechei a porta. Fiquei encostada ali um tempo e fui escorregando até o chão. Do outro lado da porta também ouvia um choro baixo, um soluço, ele também chorava, e por mais que eu quisesse acreditar que ele chorava por mim , eu não conseguia. Assim fiquei ali, desconsolada, decidida a não perdoa-lo e tentando dormir com um coração partido.