Felizes para sempre? escrita por Zangada Bond


Capítulo 11
Meu primeiro amor...


Notas iniciais do capítulo

E ai, espero que curtam esse cap, foi bastante legal de escrever, ja tenho o outro pronto,porem quem quiser ve-lo, comenta ai meu povo,estou ansiosa pela opiniao de voces,beijos de luz a todos!



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À noite, Anita continua assustada e reluta em sair. Porém, após dois dias de cama por causa da ressaca, Anita está decidida a compensar o tempo perdido.

— Só vamos ficar mais alguns dias, Denise, temos que sair. Mesmo porque tia Isabella conseguiu ingressos para o Forever Crazy, do Crazy Horse, hoje à noite.

— Não é aquele espetáculo burlesco parisiense?

— Sim, mas é a primeira vez que se apresentam em Londres, no South Bank. Sempre quis ir.

Agora, Denise se lembra de ter visto um anúncio do show quando estava no metrô hoje à tarde. Era o close de rostos de mulheres, todas usando a mesma peruca: cabelo preto e curto, estilo Louise Brooks.

— Não é o tipo de programa para se fazer a dois?

— Três — Anita diz, ajoelhando-se e abrindo a mala.

— Quer dizer que a sua tia vem com a gente também? — Denise pergunta, estupefata com o fato de uma mulher mais velha se interessar por espetáculo burlesco.

— Claro, foi ela quem comprou os ingressos — Anita começa a tirar as roupas da mala. — O que devo vestir? Temos que estar incríveis, lógico…

— Não vejo qual o ponto de competirmos com aquelas beldades — Denise diz, lembrando-se do anúncio.

— Bem pelo contrário: titia disse que provavelmente haverá grupos de jovens por lá, então temos que estar preparadas para causar. — Anitase vira e dá um sorriso malicioso.

— Sua tia Isabella disse isso?

— Sim, ela está na luta — Anita ri.

— Por que ela não faz algo um pouco mais discreto, como procurar alguém pela internet? — Denise gira os olhos.

— Já tentou, mas disse que só conheceu um bando de pervertidos. Diz que o melhor é avaliar alguém de carne e osso antes de enviar sinais.

Agora é que Denise sente ainda menos vontade de sair. A última coisa que quer é participar da noite de caça da tia exibicionista de Anita.

Ela se joga na cama, pensando em contar para Anita sobre Glen… Marilia… seu não encontro desastroso com seu pai, mas não sabe muito por onde começar.

— Onde você esteve o dia todo? — Anita pergunta de repente, como se estivesse lendo sua mente. — Fui até aquela galeria no Soho, mas você não estava lá.

Denise finge mexer no edredom. — Estava andando por aí, pensando.

Anita, que tirava suas roupas da mala, para e olha bem nos olhos de Denise:

— Você já se decidiu?

— Decidi? — Por um minuto, Denise pensa que Anita está falando de Marilia, então lembra-se de que não contou sobre o encontro com ela.

— Você vai procurar seu pai?

— Talvez. — Olha para baixo, sem vontade de contar a verdade, sem dizer que tinha ido vê-lo mais cedo, mas que fugiu. Danny sente receio da reação de Anita por ela esta escondendo tanta coisa dela ultimamente.

— Você não tem nada a perder, Denise.

Mas é aí que sua amiga erra. Ela tem tudo a perder, a começar pelo seu autocontrole, que levou tantos anos para desenvolver e que Marilia já tinha começado a desestabilizar.

— Você não acha que é tarde demais?

Anita pega um minivestido vermelho e coloca na frente do corpo, olhando-se no espelho:

— Nunca é tarde demais, Denise. – Anita vira-se pra ela,ainda com o vestido a sua frente.

— Gostou? Acha que esse esta bom? – Pergunta com um sorriso doce no rosto.

Denise a fita por alguns segundos, percorrendo o olhar por todo o corpo de Anita, que trajava somente um pequena calcinha fio dental vermelha e um sutiã na mesma cor.

— É lindo, ficará perfeito no seu corpo. – Danny diz, com um sorriso malicioso no rosto.

Denise tem que admitir que, na verdade, está ansiosa pelo espetáculo do Crazy Horse e mais ainda, por ver sua Anita naquele micro vestidinho vermelho.

— E você vai com esse aqui, já separei tudo e vai anda logo se arrumar, já estamos atrasadas, daqui a pouco titia bate na porta aflita – Anita fala animada, terminando de se arrumar.

O vestido de Denise era preto, soltinho e bem curto.Anita adorava aquele vestido em Denise, quando o viu na vitrine, teve a plena certeza que ele foi feito para Denise.

****

O primeiro número começa, revelando nove garotas quase nuas usando apenas acessórios da guarda britânica, como chapéus de pele de urso, marchando e batendo continência em intervalos regimentados. Para Denise, parecem manequins e não mulheres reais: são altas, com pernas longas, bumbuns perfeitos, seios lindos e fisionomias sem expressão. É um tanto surpreendente e um pouco diferente do que esperava. Apesar do evidente entusiasmo de Tia Isabella e Anita, Denise não está achando as danças tão eróticas quanto esperava. O que torna algo sexy ? É o que Denise se pergunta. Gostaria de ver diversidade: uma barriga um pouco mais lisa, um par de coxas mais grossas ou um peito maior. As meninas do Crazy Horse são parecidas demais.

Mas ela gosta muito de uma dança: uma garota nua gira os braços no ar em círculo e um arco de luz segue sua mão, como um arco-íris repentino, só que branco — cheio de sombras de silhuetas de flores. A dança é lenta, melódica e tocante: sua simplicidade delicada a torna muito mais sexy do que as danças mais explícitas.

Apesar de ter gostado do show, Tia Isabella está desapontada com o público.

— Ai, querida — diz quando as luzem se acendem. — Não há um único homem solteiro à vista. Na verdade, praticamente todos os espectadores são casais ou grupos de mulheres como elas.

— Vamos, meninas — Tia Isabella anda entre Denise e Anita, dando os braços para ambas — Estão com fome?

Saem do Crazy Horse Spiegel, passando por South Bank, em direção a Westminster. Há um vento gelado vindo do Tâmisa. Anita treme de frio, sentindo as primeiras gotas de chuva, mas logo sente o braço de Denise lhe abraçar, tentando aquece-la.

— Oh, esse terrível clima inglês —Tia Isabella resmunga, acelerando o passo.

Decidem jantar em um restaurante brasileiro, conversando sobre o espetáculo e tomando caipirinhas.

— Não é estranho como a maioria das mulheres gosta de ver outras mulheres nuas sem serem necessariamente gays? — Anita diz enquanto ataca um pastelzinho. — Elas acham sexy, digo, o jeito como ela usa o próprio corpo.

— Como se você estivesse vendo uma imagem de si mesma? — Isabella sugere.

— Sim, mas, hoje à noite aqueles corpos nus me deixaram fria — Denise comenta.

— Sério? — Isabella diz enquanto ela e Anita olham para Denise, surpresas.

— Eu amei! — Anita exclama.

— Sabe — Isabella diz, parando para dar um gole em seu drink — No fundo você é igual à sua mãe, Denise. Sinto como se tivesse voltado no tempo e estivesse com Tina de novo, andando por aí.

Denise faz cara de mau humor enquanto se serve de um pastel.

— Tia, Denise odeia ser comparada com a mãe — Anita conta para Isabella.

— Por quê? Ela é uma mulher incrível… apesar de não a ver há anos. Onde ela está agora Denise?

— Estados Unidos — Denise diz, de saco cheio.

— Disso eu sei… mas onde? — Isabella insiste.

— A última informação que tive foi Novo México. Não a vejo há algum tempo.

— Oito anos — Anita diz, sem o menor tato.

Isabella se volta para Denise, perplexa. — Mas por quê? Vocês brigaram?

— Não… — Denise despista. Queria que Isabella mudasse de assunto.

A última conversa cara a cara que teve com sua mãe aconteceu há tanto tempo que parece vaga. Foi sobre sua mãe interferir em sua vida amorosa, o que deixou Denise muito brava.

Talvez ela tenha exagerado na reação, mas não merecia ser abandonada. Afinal, tinha apenas dezenove anos. E sair de Milão e se mudar para os Estados Unidos sem Denise é o que sua mãe fez, não é?

Denise acena para o garçom, pedindo mais drinks.

—Ela pode vir me ver em Milão quando quiser — diz, defendendo-se.

Isabella coloca a mão sobre o braço de Denise.

— Não é bom guardar rancor por tanto tempo na família. Vá ver sua mãe.

Denise chacoalha a cabeça. Isabella a está tirando do sério.

Felizmente, Anita intercede.

— Tia, sem dramas. Denise não gosta de falar sobre isso.

— Ok, ok. Apenas gostaria que Denise tivesse conhecido a mãe do jeito que eu conheci. Ela tinha presença de espírito.

Denise levanta e pega sua bolsa. Não aguenta mais ouvir como sua mãe era maravilhosa.

Não pode fugir dela nem aqui, em Londres?

— Vou ao toalete — diz para as outras. Não precisa ir ao banheiro, mas quer se livrar do mexerico de Isabella.

A tia de Anita é uma mulher estranha. Mesmo sendo quase trinta anos mais velha do que Anita e Denise, parece ser mais mente aberta do que as duas. O que ela pensaria da dúvida de Denise com relação a Marilia e Scarlett? Como sua mãe, provavelmente não hesitaria, diria para seguir adiante e roubá-la da outra mulher se ela o quer tanto assim.

Voltando do toalete, escuta uma voz chamando-a pelo nome. A voz é familiar, mas estranha ao mesmo tempo.

— Denise?

Na segunda vez que escuta, vira-se. Bem à sua frente, uma mulher aparentando na casa dos seus cinquenta anos, cabelos ruivos e longos, olhar mais serio. O cabelo mudou, mas nunca esqueceu aquele rosto.

— Denise? É você?

Anos retrocedem diante de seus olhos. Denise volta a ter dezenove anos quando se percebe diante da primeira mulher que amou em sua vida.

— Antonia? — sussurra, em choque.

— É você!

De imediato, a mulher se levanta e dá dois beijos no rosto dela, que, ainda assustada, dá um passo para trás. Está nervosa, sente a batida acelerada de seu coração. Nunca pensou que fosse vê-la novamente.

— Que surpresa te encontrar aqui. Pensei tanto em você todos esses anos.

— Mesmo? — Denise pergunta sarcasticamente. Não consegue evitar. Ainda resta um pouco de mágoa, pois ela foi a primeira mulher que partiu seu coração. Talvez seja por causa dela que não consegue confiar em Marilia.

— Denise — diz, suavemente, pousando a mão sobre o braço dela. — Você ainda está brava comigo?

— Não, claro que não — dá uma risada curta. — Imagina, faz tantos anos… — tosse, tentando parecer que está numa boa. — Então, e marido e filhos?

— A Jane está com sete anos — os olhos dela brilham e dói ver o seu orgulho materno. — Ela é maravilhosa, tem uma energia imensa. E é tão britânica… é engraçado de ver!

Denise sorri educadamente, começando a andar em direção às amigas, mas Antonia a segura pelo braço.

— E me divorciei de meu marido — revela.

— Oh — olha nos olhos dela. — Sinto muito.

— Nunca consegui te esquecer, Denise — sussurra.

Sente um lampejo de aborrecimento. Como ela ousa dizer isso agora, depois de tanto tempo?

Resolve arriscar:

— Então por que você não voltou pra mim?

— Sua mãe… tornou impossível — disse. — E o Jorge… Bem, tive de cuidar da minha filha.

Denise tira a mão dela de seu braço.

—Ok. Enfim, tanto faz — diz, começando a ir embora. — Bom te ver.

Ja de volta a mesa, Denise senta-se no seu lugar, ao lado de Anita.

—Quem é aquela mulher com quem você estava conversando? — Anita pergunta assim que ela senta novamente. Denise espia atrás dela. Vê que Antonia se juntou a dois homens, ambos mais jovens do que ela e vestidos de forma mais despojada. Ela continua olhando para Danny, o interesse dela é evidente.

— É, Denise — Isabella lança um olhar sedutor para os homens. — Quem são eles? Gostei do cara de camisa azul.

— É jovem demais para você, tia — Anita brinca.

— Quem disse?

Aquela mulher — Denise interrompe, passando o dedo na borda do copo — Foi o meu primeiro amor.

— Antonia? — Anita se surpreende. — A mulher casada? – Mas logo se recompõe, disfarçando o ciúme.

— Sim, mas ela não está mais casada.

— Interessante — Isabella diz, cruzando as pernas e sorrindo maliciosamente. — Então essa é a mulher que tirou sua virgindade?

Denise olha para o restaurante lotado e vê Antonia e seus amigos. Seu primeiro amor olha de volta para ela.

— Sim — Denise confirma, pouco a pouco percebendo que agora pode ter as respostas pelas quais tanto esperou. Antonia chegou a amá-la tanto quanto ela a amou?

Vê Antonia se inclinar e conversar com os dois homens de frente para ela, que olham para as três no mesmo instante. O olhar deles demonstra que gostam do que veem e Denise sente Tia Isabella empolgada.

— Eu acho, minhas caras — Isabella pronuncia cada palavra com precisão, animada — Que a nossa noite está apenas começando.


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Notas finais do capítulo

E ai, sera que Anita vai deixar? Ou Denise nao ira resistir e cair nos braços daquela que foi seu primeiro amor? Comentem,quero opinioes hahahah...
OBS: Eu acho a Kate Walsh gostosa pra caralho hahhaha.....entao nada mais justo que ela ser a minha Antonia *-*

Beijos de luz para todos!