Novo olhar. escrita por Ley Morrigan


Capítulo 9
Voando.


Notas iniciais do capítulo

Se preparem para uma grande colher de açúcar que eu vou enfiar em vocês com esse capítulo. Haha

Suzanne Collins revelou o nome dos filhos de Katniss e Peeta: Willow e Rye.

Que curiosamente Willow é o nome da atriz que interpreta a Prim, Willow Shields.



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Eu tentava voltar ao chão.

Segui o conselho de Katniss, repeti mentalmente o que eu era.

Eu sou Peeta Mellark, moro no distrito 12, tenho trinta e quatro anos, me apaixonei por Katniss Everdeen, casei com Katniss Everdeen, tive uma filha com Katniss Everdeen.

Olhei para ela novamente, dormindo exausta na cama de barriga para baixo como sempre gostou e nos últimos meses não podia, apenas a cabeça fora do lençol, mal se via sua respiração pelo cansaço.

A menina gemeu no meu colo, protestando pela claridade.

— Desculpe querida, deve machucar seus olhos mesmo. — Apoiei-a cuidadosamente, como se fosse o mais fino vidro em um dos braços e fechei a cortina.

Voltei para a cadeira de balanço recém-colocada lá, velando o sono das duas.

Era difícil descrever a plenitude. Eu sempre tive orgulho da minha esposa, de tudo que ela fez e de tudo que enfrentou, porém orgulhoso era insuficiente para descrever o que sentia por ela agora, relembrei a força nos seus olhos quando empurrou uma última vez segurando minha mão, e juntos, como sempre foi, damos a luz a nossa pequena e barulhenta vitória. Pareciam anos, séculos, mas tinha sido há poucas horas. As duas mulheres que davam sentido a minha vida estavam dormindo, depois de um dia que jamais seria esquecido.

Era como mergulhar em um grande oceano, profundo e você sentir a água inteira te tocar, te esmagar, e era assim que o amor por esse bebezinho me consumia tirando-me a consciência, o pensamento, a capacidade de falar. A vida tomava um curso, uma virada brusca que arrancou eu e Katniss do chão, mas juraria que estávamos voando.

Willow. Possui a capacidade de curar os doentes, não há vento, não há elementos, pode dobrar e suportar qualquer coisa. Existe algum nome melhor para ela? Algum que poderia descrever o que ela é para nós?

Tê-la quente sobre os meus braços não a tornava mais real, no entanto agora poderia criar uma ligação com ela, poderia ver seu sorriso, seu olhar, sabia que não tinha volta, minha forma de ver a vida seria pelos seus olhos.

A ajeitei nos meus braços, de uma forma que ela estava com a cabeça no meu coração, que batia anestesiado pelo amor, para que Willow soubesse que aquele era o ritmo da minha pulsação, que ali ela sempre estaria segura e amada.

— Peeta. — Sua voz logo colocou de volta na superfície.

— Oi, meu amor. — Levantei rapidamente, mas cuidadosamente da cadeira, até sentar na beira da cama aos pés de Katniss. — Tudo bem? Precisa de alguma coisa?

— Não, se acalme. — Seu sorriso cansado me fez suspirar. — É meu seio, esta vazando leite, por favor, me dê ela.

Levantei colocando Wi no seu colo, não querendo que ela fizesse esforço. Quando ela envolveu a filha nos braços, ainda não tinha me afastado, reconhecia aquele sentimento no olhar de Katniss, deveria esta flutuando da mesma maneiraque eu, guardaria e eternizaria aquele momento em um quadro, mas no momento não iria me afastar delas.

Katniss desceu a alça da camisola ensopada, e logo Willow reconheceu o cheiro procurando as cegas, movimentando a cabeça e eu observei mais uma vez hipnotizado a conexão das duas, foram nove meses juntas dos quais observei como telespectador as mudanças nelas. Katniss a ajeitou nos braços encaixando-a no bico, exclamando de uma forma dolorosa quando a menina começou a sugar.

— Tudo bem? — Sabia que estava, mas era impossível controlar o instinto.

— Sim... — E outro suspiro. — Mamãe me avisou que iria ser assim, fora isso, está sendo mais fácil do que eu imaginei. — Sentei do seu lado na cama, e ela deitou a cabeça no meu ombro quanto eu passava o braço pelo seu aquecendo-a e beijando sua testa. — Isso é bom, obrigada.

— Tudo o que você quiser.

As observei quando Katniss cuidadosamente mexeu sua cabecinha, tentando ajusta-la melhor e o pequeno bebe agarrou seu dedo, ela precisou dos cincos dedos para agarrar um de Katniss, e abriu os olhos, ela já tinha aberto alguns vezes nas ultimas horas, mas em três segundos voltava a fecha-los irritada, porém dessa vez foi diferente, ela abriu os grandes olhos olhando fixamente a mãe como se estivesse totalmente concentrada nela. Sentia-me solitário observando-as, porque era como se eu não estivesse lá, quase como se eu não devesse estar lá, era seu mistério com a filha, um lugar onde homens não iam, as duas pareciam quase em choque com aquele reconhecimento intenso, era tão harmonioso, tão bonito, tão puro.

Grandes e silenciosas lagrimas caíram, mas ela nunca deixou o olhar da menina, no entanto começou a tremer sacudindo o peito no esforço para se controla, aflito peguei o copo no criado mudo notando que a água tinha acabado, e quando me levantei Katniss pareceu lembrar que eu ainda estava lá.

— Tudo bem. — Tranquilizei-a. — Só vou pegar água.

Ela concordou silenciosamente, quase como se agradecesse.

Foi difícil sair do quarto e deixa-las, mesmo que fosse só até o andar de baixo, ia contra tudo em mim, aquele velho Peeta com o instinto pronto para se defender tinha ressurgido de uma forma mais perigosa, o impulso de proteção se ampliou, esticando e protegendo a cria no andar de cima, mesmo que não existisses ameaça, como explicar o sentimento? Era incrível que aquela realidade era minha, havia escutado que ter um filho era ter o coração fora do corpo e era exatamente assim que sentia, tinha algo que era meu até meu último dia, um amor tão poderoso que era dolorido.

Eu carregava a inquietude do desejo da paternidade, mas agora com ela a inquietude ainda existia mesmo que por uma razão diferente, mais rica, abundante e forte.

Me detive no último andar da escada, observei a Sra.Everdeen chorando auditivamente em uma poltrona na sala agarrada a uma rosa e um lenço, ela apertava ambos no rosto, mas eu sempre lembraria daquela flor branca, e pela primeira vez me apiedei por aquela pobre mulher.

Liberei meus pensamentos imaginando perde Willow e logo os retrai, doeu, era desesperador, como estar à beira de um buraco escuro e se jogar nele, aquela pobre mulher os perdeu-os, não era um pensamento era realidade, e eu voltei à beira do buraco no minuto que bloquei o meu pensamento sobre Willow, mas aquela mulher estaria para sempre presa lá dentro, o buraco teve um fim e ela sofreu com a dor da queda, impossibilita de levantar pelo sofrimento, aquela seria eternamente sua maldição.

Apiedado, a deixei sofrer em paz, me movi para a cozinha, esperando a jarra encher enquanto observava o tranquilo distrito 12 começar a adormecer, e alguém ligou uma luz no andar de cima na casa de Haymitch, mas ele poderia esperar, eu esperei por mais de quinze anos.

Aproximei-me do quarto, e sua voz melodiosa me entorpeceu.

Escondido no Meadow, sob o salgueiro

Uma cama de capim, um travesseiro macio verde

Deite sua cabeça, e feche seus olhos sonolentos

E quando novamente eles abrirem, o sol vai nascer.

Aqui é seguro, aqui é quente

Aqui as margaridas te guardam de todo mal

Aqui seus sonhos são doces e o amanhã os fará verdadeiros

Entrei no quarto quando e ela sorriu para mim, embalando o bebê no colo, e eu deixei meu coração se acelerar quando retomou a cantar.

Aqui é o lugar onde eu te amo


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Notas finais do capítulo

Vocês reconheceram a musica? É aquela que Katniss canta para Rue e que reaparece no epílogo.

Tenham um ótimo feriado pessoal!
Beijão