Yamato escrita por Kelly S Cabrera


Capítulo 1
Yamato




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Cansada era a palavra que me descrevia quando eu decidi parar de uma vez por todas de procurar o tal “Nero” que Dante havia me falado. Eu não o encontrava de maneira alguma, ou ele tinha sumido em meio a alguma ruína, ou sabia se esconder muito bem.

Quando perguntei a Dante sobre o paradeiro da espada Yamato, ele veio com a simples resposta de que estava com Nero em Fortuna e só, como se eu pudesse adivinhar o resto da história toda. Mas eu não tinha nem esse poder, nem teria, e Dante parecia não querer mais falar sobre o assunto. Então fui perguntar para a única pessoa que poderia me responder no momento: Trish. O problema é que ela não falou muito mais que Dante, mas deu alguns detalhes a mais. Segundo ela, Nero era “diferente” e que em Fortuna havia algum tipo culto demoníaco. Não ajudou muito, realmente, mas já era algo a mais do que eu poderia ter com o Dante. Decidi então que eu iria para o lugar, que mais pra frente, descobri ser um pequena ilha no meio do nada. Ótimo lugar pra se viver...

A cidade não me agradou muito, na verdade. Ela era pequena, bem pequena e apesar de parecer bonita, boa parte dela estava destruída, talvez por causa do tal culto que Trish falou, mas também, cercada por montanhas e florestas e no meio do oceano longe de tudo... É até eu, se fosse um demônio ruim, iria querer me esconder em um lugar desses.

 

Encostei em uma árvore no fundo de alguma construção, uma escola talvez, podia ouvir o som de crianças rindo e conversando. Subi na árvore, que passava um pouco a altura do muro, e percebi que na verdade era um orfanato. Mas não foi isso o que me deixou surpresa e sim a figura de um garoto entre elas. As crianças pareciam se divertir com ele e nem estavam assustada com a espada que carregava. Outra coisa me chamou a atenção e me fez lembrar de Trish falando sobre o tal Nero ser diferente. Um dos braços dele, parecia ser de um... demônio. Isso me deixou realmente confusa, já que eu não sentia uma presença demoníaca, ou de meio-demônio. Ele parecia humano...

 

Pulei para o muro graciosamente como um gato e pude ouvir os “oh” que as crianças faziam ao me ver em cima do muro. Eu realmente não entendi, era só um pulo de uma árvore para o muro. Voltei minha atenção para o jovem, que agora me encarava sério.

 

-Você é Nero? - Perguntei, ali de cima do muro mesmo, também o encarando.

-E se eu for?

-Se você for... - Dei uma risada – Se você for, você terá algo que eu quero... Yamato.

As crianças olharam curiosas para nós, mas parecia que ele não havia gostado tanto, sua expressão havia mudado. Parecia até que eu estava vendo outra pessoa a minha frente.

-Certo... Se você quiser, nós podemos conversar em outro lugar. - Olhei para cidade me deparando com uma torre. Ali parecia longe o suficiente – Que tal ali? - Apontei.

-É a Catedral, senhora demônio? - Ouvi uma criança atrás de Nero perguntar.

-Não faço ideia – Dei uma risada por causa do “senhora demônio” – Acabei de chegar. Não conheço nada daqui, mas parece ser um lugar bonito e ainda inteiro.

-Se eu for lá, você some? - Nero perguntou desconfiado.

-Claro. Mas esteja com Yamato

-Ela sempre está comigo.

Essa afirmação me pegou de surpresa, mesmo porque eu não estava vendo a espada de Vergil com ele.

-Certo... - Respondo confusa. - Te espero lá, então...

Dei um tchauzinho para as crianças antes de pular o muro. Aquela frase... Por um segundo aquela frase soou completamente diferente do humano Nero. Novamente, eu pensei ter visto outra pessoa.

Olhei para o muro do orfanato antes de começar a minha caminhada em direção a tal catedral.

 

 

***X***

 

A catedral realmente é bonita e está inteira, mas o lugar em volta dela está aos pedaços. Bem, geralmente é isso que acontece com lugares onde tem demônios. As pessoas deveriam agradecer eternamente por terem sido salvas, não é sempre que isso acontece.

 

-Quem é você e o que quer? - Ouço a voz de Nero atrás de mim e me viro. Ele até que veio mais rápido do que imaginei. Alias, eu pensei que ele nem viria.

-Me chamo Ilya, amiga de Dante. Eu apenas quero ver Yamato...

-Por que eu deveria acreditar que você não quer a espada pra abrir novamente o portão?

-Porque se eu quisesse pra isso eu não estaria aqui conversando com você, moleque – Respondo irritada. - Escuta, eu não vou roubá-la de você. O Dante te deu por algum motivo, que eu não faço nem ideia de qual seja.

-Eu preciso dela – Limitou-se a dizer.

-Pra proteger alguém, eu suponho. - Completei e pelo silêncio dele estou certa.

-Eu não vou machucar essa pessoa por causa da espada. - Digo – E não quero abrir o portão do inferno. Sou serva de Sparda e...

-Você é louca? - Nero praticamente grita para mim.
-Qual é o problema agora? - Ele está começando a me irritar profundamente.

-Sorte sua que você falou isso para mim – Suspirou - Se fosse pra outra pessoa você estaria perdida!

-Eu estaria?

-Dante não te contou? - Ele pareceu confuso e um pouco irritado.

-Me contou sobre um culto demoníaco, mas o que isso tem a ver com Sparda?

-Eles cultuavam, cultuam, Sparda.

-Eles o quê? - Pergunto. Não tenho certeza de que ouvi certo...
-Isso que você entendeu, mas é um longa historia...

-Que você vai me contar – O corto.

-Você não queria ver Yamato? - Ele parece querer fugir e mais um escondendo coisas pra mim, ainda mais de Sparda, não vou aturar.

-Você vai me contar essa história primeiro. E não foi um pedido.

 

Nero acabou me contando a história toda, pelo menos o que ele sabia. Contou sobre a Ordem da Espada, sobre o que faziam. Falou como conseguiu Yamato, que segundo ele estava quebrada. E também disse sobre Dante e que devia muito a ele. Mas algo que me deixou completamente irritada foi esses demônios usarem Sparda para colocar em prática seus planos. Isso é imperdoável.

 

-Como eles ousaram! - Digo assim que Nero pára de falar. - Mas enfim, isso eu vou resolver com o Dante... - Eu estou irritada com ele, sim... Eu sou serva de Sparda, merecia saber disso... - Agora você pode me mostrar a Yamato – Volto a falar.

 

 

Nero ainda me olha desconfiado e então suspira e ainda olhando para mim levanta seu braço demoníaco que brilha em uma cor azul esbranquiçado. Em poucos segundos Yamato estava nas mãos de Nero.

 

-Você pode absorver armas demoníacas com esse braço... - Isso realmente me deixou surpresa. Não é todo dia que vemos alguém absorver armas demoníacas.
-Não só isso. Ele é tipo uma extensão, que eu chamo de Devil Bringer.

-Interessante isso – Digo enquanto pego a espada de Nero e retiro da bainha.

 

Posso sentir o que Vergil sentia, eu acho. Uma mistura de tristeza e ódio... A vontade de não querer estar sozinho e de proteger a pessoa importante pra ele. Fico imaginado se um dia ele e Dante irão, pelo menos, se encontrar sem ficar matando um ao outro...

 

-Pobre Vergil... Foi o que mais sofreu no fim.

-Você conheceu o dono da espada? - Nero pergunta curioso.

-Depende, Sparda ou Vergil? - Dou uma risada com a cara que ele faz. Claro que ele queria saber de Vergil, mas as histórias têm que ser contadas do começo. - Essa espada, originalmente, é do Sparda. Ele a usou para separar o mundo demoníaco do mundo humano, que na época estavam se tornando um. E então, muitos anos depois, ele deu Yamato para Vergil, assim como deu Rebellion para Dante. Mas com Vergil as coisas foram diferentes de Sparda.

-O que aconteceu com ele? - Nero voltou a perguntar interessado.

-Vergil perdeu a pessoa mais importante, a mãe, quando era muito novo e acabou escolhendo um caminho bem diferente do pai e consequentemente mais difícil. Não o julgo por isso, ele só teve um ponto de vista diferente de Dante. Ele não queria mais perder ninguém e isso o faz tão humano... Humanos são tão cheio de erros e ele também é. E apesar dele estar no mundo demoníaco, essa vontade de não perder mais ninguém, esses erros que ele cometeu pelo caminho, isso o torna muito mais humano do que ele e Dante imaginam.

 

Entrego a espada para Nero que me olha confuso. É obvio que Dante jamais contaria isso para Nero, mesmo porque Dante não entende direito Vergil. Para ele, o irmão enlouqueceu por poder e virou um demônio sem coração. Mas enquanto essa vontade de Vergil existir eu duvido muito que ele se torne realmente um demônio, eu só queria que Dante entendesse isso.

 

-Eu... Eu não me importo em virar um demônio – Nero disse, parecendo não se importar. - Se eu puder proteger Kyrie, eu realmente não me importo.

 

Então eu entendi o real motivo de Dante ter deixado Yamato com Nero. Nero é muito parecido com Vergil, tem a mesma vontade de não perder essa pessoa importante.

 

-Você não vai virar um demônio, Nero. Você pode ganhar uma forma demoníaca, mas seu coração vai continuar humano. - Resolvo encerrar nossa conversa. - Cuide bem dessa espada, ela carrega o mesmo desejo que o seu. - Dou um sorriso – E não abra essa sua boca para o Dante sobre essa conversa, certo? Vai ser o nosso segredo. Se ele souber que eu não acho o Vergil tão errado ele surta.

 

Começo a andar deixando um Nero confuso para trás. Eu já tinha o que eu queria, a confirmação que precisava. De certa forma, eu sabia que aquela frase não me lembrou Vergil a toa. “Yamato está protegida nas mãos de Nero, Vergil...

 

 

 

FIM


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