Realocação Espiritual escrita por Lgirlsclub


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Fic feita há um bom tempo como presente de aniversário para minha beta (e ficwriter) favorita SleepySeven (http://fanfiction.com.br/u/88400/)♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/595508/chapter/1

O homem olhou em volta e tentou ajeitar a camisa em farrapos. Queria parecer mais de acordo com a importância do momento. Ao menos, imaginava-se que era importante. Primeira reunião, não é mesmo? Pôs o sobretudo preto, manchado de sangue, puído e rasgado por sobre a camisa. Fabuloso. Flutuava a alguns metros do chão. O que era bem divertido, na verdade. “Os mortais se pelavam de medo de pessoas flutuando. Então vieram mágicos e truques, e agora eles procuram cordas e motivos. A profissão está ficando difícil.”

No entanto, ser fantasma ainda era muito bom. E, mesmo que não o fosse, não havia muita escolha. Havia trabalho a se cumprir. Mas esse tipo de conselho era novo. Não lembrava, em todos seus anos de serviço, de ter sido relocado em outra área ou destinado a outro setor. Não estava entendendo muito bem o que mudaria. Mas assustar é assustar, não é? Não faria muita diferença, supôs.

Dois rapazes bem mais novos entraram no cômodo. Os dois eram irmãos gêmeos idênticos. A única diferença é que um usava óculos e o outro não. Os dois trajavam ternos iguais. “Nerds magrelas. Quem diria que existem fantasmas nerds? Bom, não somos preconceituosos. A vida é assim. Ou era, já que não é tecnicamente vida o que temos por aqui.”

- Se soubéssemos que viria tão formal, teríamos posto algo melhor. – Disse o de óculos. – Quer dizer, esse é o traje dos novatos, porque é o que eles vêm usando do caixão. Mas o senhor veio com seu traje de trabalho completo. Impressionante.

- Obrigado. Agora me digam, essa coisa de conselho é nova, certo?

- Ah, sim. Acontece que temos problemas com o sistema de companhia. Temos que realocar o senhor.

- Realocar?

- Sim. – o que não usava óculos tomou a palavra. –Acontece que constatamos que existem áreas totalmente livres de fantasmas e outras saturadas. Temos pessoal, podemos cobrir melhor essa área.

- Também estamos pensando em novos meios de assustar. Ouça. – O quatro-olhos ligou um rádio, que, em meio à interferência, começou a tocar uma música. Se aquilo fosse música.

- Argh. – O mais velho coçou as orelhas. – Parece que alguém está arranhando um quadro negro com um gato preto selvagem agonizante. Realmente soa assustador.

- Na verdade, adolescentes gostam disso. Isso mostra que eles estão mais difíceis de assustar. Por isso precisamos buscar lugares em que eles não esperam ser assustados.

- Ou que eles estão surdos. Ok. Eles realmente gostam disso?

- Pagam por isso. – disse o sem óculos.

- Pagam? Que coisa terrível.

- São os tempos. – Disseram os gêmeos em uníssono.

- Então, onde eu vou ficar? Espero que não me joguem numa viela da Transilvânia.

- Na verdade, acho que temos um trabalho para o senhor na área do saneamento básico. – O de óculos começou.

- Mais exatamente na parte de sanitária. – Emendou o irmão.

- Esgotos? Eu vou assombrar esgotos? Quem eu posso assustar lá? Insetos, ratos, crocodilos?

- Na verdade, não temos crocodilos no esgoto no momento. Ao menos não na região ocidental. – Disse o rapaz, limpando os óculos na gravata.

- Mesmo? E Susan? Não está mais na área?

- Licença maternidade. – Respondeu com um sorriso, devolvendo os óculos a face.

-Oh, que boas novas. Diga a ela que o Dead Hunter mandou parabéns.

- Nascem em um mês. Vimos os ovos. Coisa tão fofa. – O sem óculos puxou a carteira, para mostrar as fotos da mãe orgulhosa com seus ainda não nascidos filhos.

- Oh, esses vão ser grandes assustadores. Um velho sente essas coisas. Sente sim, rapazes. Bom, mas voltando ao assunto. Eu vou ficar no esgoto?

- Na verdade, estávamos pensando mais na área de objetos amaldiçoados. – O rapaz disse, guardando a carteira.

- O quê? Uma torneira amaldiçoada? Isso certamente soa diferente.

- Não pensamos na torneira. – Disseram juntos, se entreolhando.

- Como assim?

- No vaso sanitário. – Recebeu uma resposta em coro, seguida de um sorriso.

- Desculpe. Acho que não entendi.

Hunter engoliu em seco. Estavam de brincadeira, certo? Ele devia ter entendido errado, ou então devia ter sido só uma piada. Riu de leve, com um sorriso esperançoso. Os dois irmãos se entreolharam por um segundo, como se conversassem mentalmente pelo olhar. Hunter não podia descriptografar a mensagem completa. Mas conseguiu adivinhar um: “isso não saiu como esperávamos” entre os olhares nervosos dos irmãos. Isso lhe preocupou.

- Vocês estão me sacaneando. Certo, rapazes? Certo?

- Na verdade, não.

- Como assim, na verdade, não?

- O senhor não está entendendo. Ninguém espera isso. Você vai apavorar eles. – O de óculos tentou parecer entusiasmado.

- Mesmo assim... Matar de susto alguém com as calças arriadas... Não parece muito justo.

- Ah, não estamos mais matando de susto, senhor Hunter. Burocracia, sabe? Você é obrigado a encaminhar a alma, acalmar o defunto, dar um copinho de água com açúcar. Agora só fazemos com que eles saiam fugidos desesperadamente ou então embirutem de vez. Aliás, não assustamos terceira idade.

- Por quê?

-Por quê? Vai que um velho fica nervoso e empacota, Seu Hunter. Burocracia, burocracia até os joelhos.

Hunter suspirou. Os tempos deviam estar mudando rápido demais. Olhou para os gêmeos que sorriam de forma tranquilizadora. Então, estava sendo reduzido a um operário? Era isso? Ele não escolhia mais seu posto e nem seu lugar de trabalho? Só faltava ele ter que pagar taxa para um tipo de sindicato. Eles não eram advogados, pelas almas do céu! Eram fantasmas. Havia princípios. Engoliu em seco e aceitou a situação. Não havia muito como discordar.

- É realmente o único jeito?

- É a única vaga que temos, infelizmente. A senhora que atendemos antes de você vai amaldiçoar um objeto também. – Um dos homens falou. Ele não levantou o olhar para descobrir qual dos dois fora.

- Qual objeto?

- Uma garrafa de uísque. – Ambos os rapazes responderam.

- Classe.

- Quanto a forma de assustar, se o senhor quiser repassar algo, ver algum novo protocolo, estamos à disposição. – Teve quase certeza que era o de óculos que falava. Estava começando a distinguir as vozes.

- Ah, não se preocupe. Eu tenho meu próprio método. – Levantou-se e apertou a mão dos outros dois. Virou uma última vez, na esperança de ter sido uma piada de mau gosto. – Uma privada?

Os irmãos deram sorrisos sem graça e acenaram a cabeça bem devagar, como se estivessem dando tempo para que Hunter assimilasse a ideia. Ele suspirou e fechou a porta, com delicadeza. “Agora sim, Hunter, você chegou ao fundo do poço”, pensou consigo mesmo, “Não. Não, essa posição já deve ter sido ocupada. Alguém já está assombrando lá. Maldito sortudo”.

E assim se retirou, flutuando por aí, inconsolável, mas de cabeça erguida. Parou na entrada do conselho, para pegar o endereço de seu novo local de trabalho. Sorriu simpaticamente para a atendente, que fez seu melhor para sorrir de volta: todo mundo sabe que vítimas de decapitação possuem uma dificuldade de sorrir tremenda, mesmo assim, ela estendeu uma mão para sua cabeça que se encontrava sobre o balcão e essa conseguiu, com algum esforço, esboçar um sorriso torto.

Dead recomeçou a flutuar, tentando seguir as informações que lhe foram dadas e, parando, vez por outra, para perguntar direções para algumas corujas que começavam a acordar – ah, não perguntaria a morcegos, eles eram, conhecidamente, ótimos em senso de direção, mas cegos como portas. Sempre que erravam a direção, por algum pequeno deslize do sonar, começavam a reclamar ruidosamente, com alegações de: “eu sou cego e menos perdido que você, você que devia me guiar”. O fantasma já tinha seus próprios problemas e não estava com paciência para lidar com morcegos temperamentais naquele fim de tarde.

Acabou constatando, com certo pesar, que ficaria no banheiro masculino de um posto de gasolina. Entrou rapidamente, e abaixou a tábua de uma das poucas cabines, se sentando em cima da mesma. Ele nunca havia ouvido sobre um fantasma que amaldiçoava uma privada. Mas decidiu que iria ser o melhor amaldiçoador de vasos que já existiu em toda história. Se é que já havia, de fato, existido mais algum.

Em uma semana, os funcionários do posto já estavam nervosos, sem saber o que dizer ao patrão. Só sabiam que diversos clientes, todos homens, saiam correndo do banheiro, as calças desabotoadas, nas mãos e, uma ou duas vezes, simplesmente sem elas. E após a fuga, os clientes, outrora assíduos, não mais vinham abastecer, ou então se tornavam impacientes com qualquer demora no atendimento e, invariavelmente, não pediam mais para usar o sanitário.

Alguns funcionários chegaram, até mesmo, a aconselhar ao chefe que se desativasse o banheiro masculino e o feminino se tornasse misto. Eles próprios que usavam de vez em quando o banheiro destinado à clientela, por ficar mais próximo das bombas de gasolina, onde a maioria deles trabalhava, passaram a usar o banheiro de serviço, sem se incomodarem com a maior distância.

O chefe, zangado, resmungou com os rapazes, lhes dizendo que estavam alegando “coisas impossíveis” e pedindo soluções “drásticas” demais. Acabou recebendo a sugestão de entrar lá, para então descobrir o que estava acontecendo. “Que audácia”, resmungou nervosamente, mas acabou entrando, para não se dar por vencido.

Abriu a porta do banheiro e adentrou alguns passos – só o suficiente para dizer que havia entrado. Os empregados o seguiram até a porta, mas não entraram. Estavam ali meramente para ter certeza de que o chefe entrara e para acudi-lo, caso se fizesse necessário – alguns, ainda, se aproximavam porque não perderiam a chance de fotografar o chefe tacanho fugindo com as calças na mão.

Assim que o patrão se sentiu seguro o suficiente para tirar a mão da maçaneta, a porta bateu e se trancou. Do lado de dentro, ele berrava e batia na porta, dizendo que a brincadeira era de mau gosto. Do lado de fora, os rapazes tentavam arrombar a porta, jogando o peso de seus corpos sobre ela diversas vezes. Mas a velha porta, já capenga de uma das dobradiças, nem rangia. Parecia que algo a mantinha no lugar. Eles afastaram esse pensamento e saíram em busca de alguma coisa que ajudasse a abrir aquela porta.

Hunter estava sentado sobre a tábua, novamente, com a porta da cabine aberta. Sorria divertidamente assistindo o desespero do homem. Pigarreou alto o suficiente para que ele ouvisse, fazendo com que ele se virasse, devagar. “Sem movimentos bruscos”, pensava.

- Que-Quem é você?

-Eu? Sou só o fantasma que amaldiçoa essa cabine. Não sou importante por hora.

- Da cabine? Você amaldiçoa uma privada? Espero que seja bem remunerado. -O chefe começou a rir, aliviado. Isso irritou o fantasma. Quando se havia parado de respeitar os mortos, afinal? – Ok, qual dos rapazes te contratou? Isso é ridículo.

- Ia ser muito melhor se eu amaldiçoasse o mictório?

O tom sério e sarcástico chamou a atenção do homem, que parou de rir, engolindo em seco. Seus olhos agora miravam Dead, que começava a ficar invisível de forma bem peculiar: primeiro deixou sumir a projeção carnal que assumia (de um homem de seus quarenta anos, cabelos ruivos longos, com barba quase tão longa e da mesma cor, olhos tão azuis que pareciam penetrar na alma de quem os avistava, um olhar duro e impassível), deixando visível somente um espectro, que parecia acumular o medo e o desespero de quem assombrava, para só então desaparecer.

- O-onde o senhor está? - O dono do estabelecimento respirava pesadamente.

- Eu poderia te assustar de um milhão de jeitos possíveis, eu podia fazer com que você se visse morrendo de todas as formas que você teme morrer. Eu posso fazer você me implorar para realmente morrer. Vocês, mortais são tão fáceis de decifrar que chega a ser patético. Nem vocês sabem o que mais temem.

- E o que seria? – O homem suava frio. Tentava descobrir de onde a voz vinha, mas ela parecia vir de todos os lados.

- Vocês tem medo de vocês mesmos. Porque não tem certeza se tem algo após essa vida. E aí pensam que só o que existe após sou eu. É a condição de ser fantasma. Essa vida, vocês supõem, é a única chance de ser humano. O que você tem feito com a sua humanidade? Ah, sim, você largou aquela adolescente grávida, quando você tinha dezesseis anos, certo? Você fugiu o mais rápido que pode, foi morar o mais longe que pode.

- Eu... estou tentando consertar isso.

- Como? Só porque deu um emprego ao seu filho? Claro, isso compensa pelos vinte anos que ele viveu sem pai, não é mesmo? “Estão melhor sem mim”, não era isso que você dizia, tentando se convencer, quando não conseguia dormir a noite? Você ainda se sente mal por isso, rapaz? Ou será que agora nem a consciência lhe atrapalha o sono?

Hunter se materializou em frente ao homem. Seus olhos, impassíveis, mostravam agora cenas que o rapaz tentara esconder a muito tempo: um exame de farmácia cujo resultado era positivo, um médico que pedia a moça tão jovem que ficasse de cama, pois sua gestação era de risco, o rosto dela se iluminando enquanto ela escolhia, alegremente, o nome do bebê que em poucos meses nasceria e, por fim, ele mesmo, mudando-se para viver com o pai. “Melhores chances de carreira quando eu for mais velho”, disse à mãe. Estava assustado. Mas isso ele não lhe disse.

- Você diz que meu emprego é ruim, por causa do objeto que amaldiçoo. Não é. Ele é ruim por ter que amaldiçoar pessoas como você.

O homem começou a lagrimejar e sua cabeça rodava, numa mistura de culpas e memórias, do que foi e do que poderia ter sido. O coração batia descompassado e a respiração estava irregular. Desmaiou por fim, caindo no chão e deixando algumas lágrimas escaparem. Hunter liberou a passagem e se tornou invisível, deixando os funcionários acudirem o chefe. Eles saíram nervosos, carregando o corpo inerte com cuidado e abanando-o, para ver se voltava o mesmo voltava a si.

Somente um dos empregados ficou ali, diante da porta, sem reação. Ele entrou e ouviu a porta trancar-se atrás dele. Sentou-se no chão, suspirando. Já sabia que bater não adiantaria. Avistou Hunter de pé em sua frente, e sorriu para ele melancolicamente.

- Boa tarde.

- Seu pai acabou de ser carregado lá pra fora, jovem. Odeia ele tanto assim que já não se importa?

- Não, não o odeio. Ele não é meu pai.

- Ah, você sabe que é. Sua mãe te contou dele, não é mesmo? Quando você estava velho o suficiente para entender o que havia acontecido. – O fantasma murmurava, mas estava próximo o suficiente para que o rapaz o escutasse.

- Ele só foi o doador de esperma, por assim dizer. Ele não estava lá. Nunca esteve. Não me deixou subir na cama dele quando eu tinha pesadelos. Não me ensinou a lidar com garotas. Não me ensinou a andar de bicicleta. Ele não foi nada. Mas uma coisa você tem razão: não me importo, não mais do que me importaria se fosse qualquer um na rua que desmaiasse. Passei muitos anos na minha vida odiando ele. No entanto, odiá-lo significava que eu me importava com ele, que me machucava não tê-lo por perto. Estou crescido demais para isso. Não preciso dele na minha vida. Eu simplesmente não sinto mais nada sobre ele. Nada.

- Isso não te assusta?

- Um pouco. Mas soa mais saudável, não é? – Riu de leve. – E você, por que quis ser fantasma?

- Havia uma escolha, garoto. Para habitar esse mundo e, não o dos mortos, eu teria que ser um fantasma. – Hunter começava a gostar do rapaz. Não sabia se isso era normal, mas perguntaria a Susan quando ela voltasse da licença maternidade.

- Por que resolveu ficar? Para ver sua família? É por isso que eu ficaria, eu acho.

- Está louco? Já nem mais me lembro do motivo, mas não devem ser mortais. Fazem mais de cem anos que não visito ninguém que não quisesse assustar.

- Ah. Você acha que eles ainda estariam vivos, depois de mais de cem anos?

Hunter respirou fundo, para se acalmar – como morto, ele não tinha outros motivos para fazê-lo. Fechou os olhos e, em flashs, sua vida começou a lhe voltar. Como ele se parecia quando era vivo? Ele mudara a aparência, e isso ele tinha certeza. Concentrou-se. E em alguns minutos, tudo parecia claro, como se ele estivesse vivo de novo.

Ele tinha dezessete anos. Era realmente ruivo, mas tinha olhos castanhos dóceis. Tuberculose, lembrou. Era muito perigoso na época. Ele tinha um irmão mais novo, e esse sim tinha olhos azuis, um azul puro e quase cristalino. Era a única família que ele tinha. Ele não podia abandoná-lo. Nem mesmo depois de morto. Mas quando o irmão se foi – já velho, com netos e bisnetos – não havia mais nada nesse mundo. Existia dor, lembrou-se. E existia medo. Ele tinha medo de encontrar o irmão e contar a ele o que tinha feito para poder ficar entre os vivos.

Então permaneceu no trabalho. Permaneceu tempo o suficiente para se esquecer de que já fora humano. Para não mais se recordar de seu rosto, de sua família, de sua dor. Mas já era hora de voltar para casa. Deixou o rapaz sair, sem dizer mais nada. Flutuou de volta ao conselho. Entregou sua carta de demissão aos gêmeos. Ele esperaria a luz. Parecia, de novo, o rapaz que um dia ele fora. Ele não precisava mais da aparência de Dead Hunter. Não para onde ele iria.

Parou na entrada, onde a recepcionista olhava, com dificuldade – já que era uma decapitada, e o corpo tinha dificuldade de colocar o objeto a uma distância satisfatória dos olhos - um álbum de retratos de quando era viva. Hunter sorriu para ela.

- O senhor vai embora, seu Hunter? Decidiu encarar... O que quer que seja que tem depois daqui?

- Arthur. Não vou ser Hunter lá. – Sorriu de leve. – Você ainda os vigia não é? Sua família.

- Sim, senhor. Na verdade, só meu filho. Está tão grande agora. – Ela sorria, orgulhosa.

- Quando essa missão acabar, e se você estiver pronta... Quando você estiver pronta, não tenha medo de sair daqui. O mundo começa a ficar triste sem objetivo.

- Eu não sei o que vou encontrar do outro lado.

- Agora você sabe, sim. – Arthur sorriu, uma luz começou aparecer ao longe e ele foi se aproximando dela, a passos calmos.

- O quê? Hunter! O que vou encontrar lá? Arthur! – A moça berrou e o amigo virou-se para ela, sorridente e paciente.

- Eu. Eu vou estar do outro lado. E eu prometo que te ajudo na passagem.

O jovem adentrou a luz, calmamente. Ele não sabia o que ia encontrar, mas esperava encontrar o irmão. No momento, só sabia que em alguns anos ele teria uma promessa para cumprir. E ele a cumpriria. Disso ele tinha certeza.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Realocação Espiritual" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.