Arthur tem 12 anos e sofre com distúrbios psicológicos após vários abusos de seu pai e da negligência de sua mãe.

Após vários anos de abuso a justiça finalmente cedeu a guarda para seus avós maternos, ele foi bem cuidado e bem tratado até que ele começou a demonstrar uma certa crença em amigos imaginários, ele tinha um gato imaginário e brincava muito com ele apesar de ter consciência que ele não era real.

Ele demonstrou muita dificuldade em dormir a noite; ele gritava e se arranhava e batia sua cabeça na parede até que começasse a sangrar. A noite na hora de dormir era quando seu pai chegava e isso o deixava em pânico. Sua avó assustada começou a cogitar a interná-lo em um hospital em busca de alguma cura para sua insanidade.

Certa noite Arthur conseguiu dormir tranquilamente e isso se tornou frequente, sua avó ficou aliviada pensando que seu neto tinha se curado sozinho, mas não era isso...

Um dia ele acordou sem conseguir mover seu corpo, foi aí que ele a viu. Seus olhos brilhantes o deixavam paralisado, aqueles olhos roxos... Aquele olhar hipnotizante...

Ele fica apavorado e tentando gritar e então a criatura se aproxima rapidamente mostrando seus afiados dentes na qual se ela abrisse mais a boca facilmente cortaria Arthur em pedaços.

- Quem é você? - ele perguntou com dificuldade a olhando assustado

Ela dizia coisas inaudíveis e então se afastou

- É apenas um espelho... - ela sussurrou com a voz grossa e então golpeou Arthur o fazendo desmaiar

No dia seguinte ele acordou com dor e então lembrou-se do ser que o visitou e estremeceu e correu até sua avó

- Está vendo algo?! - ele exclamou apontando para sua cabeça

-Você bateu sua cabeça ontem. - ela disse o observando pensativa

- NÃO FUI EU! FOI UM MONSTRO! - ele disse assustado e então sua avó suspirou

- Pare com essa bobagem. Já conversamos sobre o que é real e o que não é. - Ela se levantou indo para fora

- Mas vovó...- ela o interrompeu

- Nenhuma palavra. - e saiu o deixando sozinho

O dia seguiu normalmente e então Arthur pegou um crucifixo e escondeu embaixo de seu travesseiro, dessa vez ele estaria pronto.

"É apenas um espelho..." aquela frase ecoou em sua cabeça

Ele finalmente adormeceu e o monstro não apareceu.

- Acorde, está na hora de ir para escola - sua avó disse abrindo as cortinas e a janela

"Onde está?" ele percebeu que seu crucifixo sumiu

- Vó, você pegou meu crucifixo? - eu a olhei

- Que crucifixo, menino? - ela me olhou confusa

- Nenhum... - desviei o olhar pensativo

O dia novamente se passou e ele adormeceu esperando o monstro

Já teve a estranha sensação de estar sendo observado?

Foi essa a sensação que tomou conta de seu corpo naquele momento

Ele abriu os olhos e então a viu

- O que você quis dizer com aquilo?! - ele perguntou desesperado ao ver a criatura se afastando

- Hum? - a criatura parou e o olhou

- "É apenas um espelho" - ele sentiu seu coração disparar de medo

- Que você é apenas uma ilusão. Um falso. - ela disse seca

- Você mal me conhece! - ele disse bravo e então ela se aproxima em segundos com o rosto grudado no seu e olhou fundo em seus olhos

Ela riu e se afastou

- Sua alma já mostrou o suficiente - ela continuou rindo sarcasticamente

- Quem é você? - ele sentia medo de fazer tantas perguntas, mas sua curiosidade gritava alto

- Eu sou o nada.

- Eu sou Arthur... - ele ergueu sua mão relutante mas ela apenas encarou minha mão com nojo e revirou os olhos

- Por que me observa dormindo? - perguntou

- Sua profunda inutilidade me fascina. - ela o encarou

- I-inutilidade? - ele perguntou tristemente

- Sem contar de que sua mente é o lugar mais burro que eu já encontrei. - Ela sorriu mostrando seus milhares de dentes afiados

- Me deixe em paz, por favor. - ele implorou se sentindo triste

- Não posso. - ela disse se sentando

- De onde você veio?

- Do inferno. - ela sorriu

- Como é lá? - ele perguntou curioso

- De um jeito que você nunca conseguiria imaginar.

- É legal para você? - ele se ajeitou na cama

- Não, tedioso. - ela o olhou inexpressiva

Os dias se passaram felizes com ele fazendo amizade com aquela criatura, mas um dia ela sumiu sem explicação

"Onde você foi?... " ele se perguntava triste

"Você me esqueceu?" ele estava a ponto de chorar até que sentiu algo o observando

- É você? - ele perguntou alegremente

- Sua alma é tão saborosa... - ela se aproximava lentamente

- D-do que está falando? - ele se encolheu na cama

- Eu irei devorá-la - ela sorriu mostrando todos seus dentes e seus olhos ficaram brilhantes

- Mas... isso vai doer? - ele começou a choramingar com medo

- Isso irá te matar. - ela se aproximou mais ainda

- Eu pensei que fossemos amigos... - ele começou a chorar em pânico

- Não, você é minha refeição. Mas eu sendo sua amiga faria esse momento ser mais saboroso... - ela sorriu abrindo sua boca e o devorando lentamente

Ele gritava de pavor e dor mas ninguém o ouvia, até que finalmente ele parou de se mover e sentiu seu corpo arder no inferno por ter feito amizade com um demônio

"É assim? Passarei os restos dos meus dias aqui? " ele abriu seus olhos e se deparou com um lugar escuro

Lá estava seu pai que havia sido morto na prisão, ele se aproximou rindo

- Não se preocupe, estamos apenas começando - A criatura riu

- Por que fez isso? - ele chorou em desespero

- Você é apenas um espelho. Você é o lixo da humanidade, você nasceu para sofrer. - Ela sorri

O pai dele o segura e amarra seus braços em uma cadeira e começa a martelar seus braços e então após horas de tortura ele o solta e tira suas calças e o estupra

Dias se passam nessa rotina

- Por favor... eu não aguento mais. - Ele chorou para ela vendo o processo se repetir novamente

- Por que eu deveria me importar? Esse é o seu destino. - ela deu de ombros

- Eu sou seu amigo. - ele disse triste

"Eu até poderia não ser seu amigo, mas ela era minha única amiga..."