Gaiden - O amor de Atena escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 5
Capítulo 5 - O lago




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Capítulo 5 – O lago

– Ainda bem que isso não é muito fundo. Eu ia ficar preocupado quando ela começasse a crescer – Seiya dizia ao emergir do lago em frente à casa.

– Para nós até que não, mas no tamanho dela... Ainda será perigoso por um bom tempo – Saori lhe disse, também aproveitando o lazer no lago.

Seika estava sentada perto de Aimi, segura em uma cadeirinha de bebê a alguns metros da margem. A ruiva fazia gracinhas para a menina, que morria de rir. Um guarda-sol fincado no chão protegia as duas.

– Ela nada tão bem desde que nasceu... Nada melhor do que nós dois juntos.

– Sim, Seiya, mas quando crescem esse instinto pode se perder um pouco enquanto aprendem a nadar conscientemente. Não devemos baixar a guarda nenhum segundo, por isso não arrisco mais deixa-la se soltar de nós aqui.

– SEIYA! SAORI!! – Seika chamou num tom que pareia misturar alegria e ansiedade – Observem! – Pedia olhando deles para a bebê, que estava com nove meses agora.

Os dois assustaram-se a princípio, mas olharam atentos na direção das duas. Saori arregalou os olhos e saiu da água, seguida por Seiya, correndo até a filha ao perceber o que ela insistia em tentar fazer há meses, mas apenas há algumas semanas estava mais próxima do sucesso.

– Maaa... Maann... – ela tentava pronunciar de novo.

– Vamos! – Saori pediu baixinho – Diga, querida.

– Mam...

– Você consegue! Vamos, Aimi! – Seiya lhe pediu.

Seika apenas saltitava de orgulho e alegria ao lado dos três.

– Mam... mãe.

Saori emitiu uma exclamação de alegria e seus olhos se encheram de lágrimas.

– ISSO!! Nossa garotinha sabe falar! – Seiya quase gritou de tão feliz.

– Mamãe – ela repetiu, dessa vez melhor.

Saori a soltou do sinto da cadeirinha e a tomou num abraço, sentindo lágrimas se misturarem com as gotas de água em seu rosto.

– Mamãe te ama muito, meu amor! – Disse beijando o rostinho da menina, que morria de rir contagiada pela alegria dos outros.

– Isso! Isso!! Seika, vamos comemorar isso!!!

A irmã morria de rir, por felicidade e pela loucura do irmão mais novo. Sabia que ele reagiria daquele jeito, ele fora assim desde sempre.

– E você está assim porque ela nem disse papai. Quando ela disser é melhor se cuidar pra não ter um ataque.

– Mas ela vai dizer! Tenho certeza que logo ela vai dizer! – Ele falou quando abraçou Saori e Aimi, beijando o rosto de cada uma delas.

Quando as soltou, Seiya loucamente agarrou a mão da irmã e correu para o lago, fazendo ambos literalmente caírem na água, e morrerem de rir quando voltaram à superfície e iniciaram uma guerra de jogar água. Saori caminhou até a margem, adentrando um pouco o lago e sentando com Aimi, que começou a dar gritinhos de alegria e bater as mãozinhas na água, deixando sua mãe ainda mais feliz.

*****

Os deuses gêmeos observam mudos de susto a reação do casal e de Seika apenas por o bebê dizer uma única palavra, ainda mais uma palavra tão comum.

– Ignis... Isso está acontecendo mesmo...?

– Eu só acredito porque estou vendo... – ela dizia também de olhos arregalados.

– Será que andaram bebendo?

– Não mesmo, enquanto você treinava e ia ver nosso pai eu estive de olho neles desde ontem. São mesmo loucos!

Os dois irmãos passaram vários minutos buscando alguma lógica para a cena que observavam, até que Astrapih se encheu.

– Já basta!! Definitivamente não entendo certas coisas que nosso pai nos obriga a fazer! Ficar aqui apenas observando essas tolices humanas!!! Por que não nos ordena logo ataca-los?! Às começo a pensar que essa obsessão dele já ultrapassa os limites da sensatez!

– Acalme-se!! Já esqueceu que se ficar muito irritado e alterar seu cosmo vai entregar nossa localização?! E tenha cuidado com o que fala, pois nosso pais pode estar vigiando a nós também. E se te ouvir desdenhando das ordens dele, pode te castigar sem pena alguma.

O mais velho fez um gesto como se não temesse a ira do pai, até se assustar horrores com um trovão que veio de repente, como se o próprio Zeus o tivesse enviado. Ignis tentou segurar o riso com as mão sobre os lábios, mas não se conteve e morreu de rir da cara do irmão. Do outro lado do lago, Seiya olhou para o céu, se atentando as nuvens cinzentas que começavam a surgir de repente.

– É melhor entrarmos. Se chover mesmo, não vai ser bom para Aimi.

– Tem razão – Saori concordou, saindo da água.

Seika pegou uma toalha infantil, com cabeça e orelhas de gatinho e colocou sobre a sobrinha, ajudando Saori a enrola-la bem. Depois o casal de irmãos recolheu as coisas espalhas e os quatros seguiram para dentro de casa.

– Ela nem se assustou tanto com o trovão – Seika comentou curiosa.

– Desde bem pequena, nós fizemos tudo para que ela veja barulhos altos como algo natural – Saori lhe disse – Ficou morrendo de medo na primeira tempestade, mas aos poucos tivemos sucesso.

Vendo todos dentro de casa e já fora do alcance de sua visão, Ignis caminhou até a margem do lago, despertando a curiosidade do gêmeo.

– Onde está indo, sua tola? Se nos virem?!

– Não vão, acabam de subir ao andar de cima e está tudo fechado com cortinas. Quero ver de perto e entender a razão de tanta felicidade, só por estarem em contato com essa água.

Astrapih a seguiu, observando a imensidão do lago, e nem percebendo quando a irmã removeu os fragmentos da armadura que protegiam parte de suas pernas e adentrou alguns metros, ficando com água até perto dos joelhos. O lago realmente não era profundo como esperavam. Ainda distraído, o mais velho deus às costas à Ignis, contestando mentalmente as ordens de Zeus. A loura por sua vez começou a dar chutes na água, e um discreto sorriso se formou em seu rosto sem que sequer percebesse. Começou a espirrar água com tanta força que atingiu Astrapih, trazendo de volta de seus devaneios, e fazendo ver que ela já estava no mesmo lugar onde os mortais estavam se divertindo.

– O que significa isso?!

Entrou no lago, confuso, e usou as mãos para atirar água na irmã, criando uma cena que mais parecia ter duas crianças brincando no lago. Minutos depois, voltaram e sentaram-se nas margens, e Ignis recompôs sua armadura.

– Será que isso é o que as famílias fazem? – Ela perguntou.

– Não sei... Como bem se lembra, não tivemos contato com laços familiares. Os deuses se tratam como membros de uma família, onde temos pai, irmãos, tios... Mas na verdade parece mais uma hierarquia... O que tanto olha na minha cara?!

– Não é nada... É que quando estávamos no lago, irmão... Você estava sorrindo. E você fica diferente quando sorri.

– Diferente como?

– Fica mais bonito. Agora sim entendi o porque de algumas ninfas estarem comentando sobre sua beleza um tempo atrás.

– Cale-se! – O mais velho falou, fazendo uma cara emburrada, com o rosto levemente ruborizado, ouvindo a irmã rir.

– Pra alguém que despreza os mortais, acaba de fazer uma cara muito parecida com a de Pegasu quando ele olha pra Atena.

A mais nova levantou-se, dando boas gargalhadas, quando o irmão a perseguiu tentando acertá-la.

******

Às oito e meia da noite, Seika já voltara para casa, e toda a família já estava vestida para dormir. Seiya estava esparramado no sofá cama da pequena sala de TV ao lado do quarto, assistindo um seriado qualquer. Saori caminhava devagar pelo local enquanto dava mamadeira à Aimi, que relaxou com o movimento suave. Quando a bebê sorveu todo o leite, Saori deixou a mamadeira de lado e sentou-se com ela na cama, segurando-a em pé um tempo para que não engasgasse. Depois a deitou entre ela e Seiya, que desviou o olhar da TV e virou-se para brincar com a filha. Ela e Saori morriam de rir com as caretas que Seiya fazia. Ele imitou o som de um besouro enquanto fazia cócegas na barriga de Aimi com o nariz, e a garota ria tanto que chegava a ficar sem voz.

– Paa... – ela quase gritou tamanha sua felicidade, fazendo os dois adultos pararem para olhá-la.

– Diga de novo – Saori pediu.

Ela ficou em silêncio olhando para a mãe, como que buscando entender seu pedido.

– Você quer chamar o papai? Papai... – ela disse.

– Papai – ela falou um tanto pausadamente, mas com muito mais facilidade que horas atrás.

Como esperado, Seiya surtou, emitindo exclamações de alegria e tomando a bebê nos braços para abraça-la. Levantou-se com ela e a ergueu acima de sua cabeça, fazendo a menina e Saori rirem de novo. Quando a abaixou, beijou seu rostinho.

– Mamãe e papai num dia só!! Papai está orgulhoso de você, pequena! Qual vai ser a próxima palavra? Será que vai ser titia? – Perguntou com um sorriso gigantesco.

– Seika nunca esteve mais certa – Saori falou ainda rindo quando Seiya lhe entregou Aimi e correu para o telefone, discando rapidamente para a casa de Seika, e aguardando alguns segundos. Saori podia ouvir a voz da ruiva com o som alto do telefone.

– SEIKA!!! Ela disse! Ela disse!! Ela disse!!!

‘- Eu sabia! Calma, Seiya – ela pedia, também morrendo de rir com a reação do irmão mais novo – É realmente uma pena eu não estar aí pra ver.’

Os dois conversaram por alguns minutos e quando Seiya voltou-se para as duas, percebeu Aimi adormecendo aos poucos nos braços de Saori e decidiu guardar o restante de sua emoção para o dia seguinte. Quando a menina finalmente dormiu, Saori a colocou delicadamente no berço que havia na sala, um pouco menor que o do quarto, mas não menos espaçoso. Cobriu a bebê e arrumou os tecidos que ficavam armados sobre o berço. Caminhou até a porta e a fechou, apagando a luz, deitando ao lado de Seiya em seguida e o abraçando. O cavaleiro beijou sua testa e a abraçou de volta. Ficaram algum tempo concentrados na TV, até desliga-la e apenas ficarem ali abraçados.

– Estou exausta. Vamos dormir aqui hoje... – ela pediu num tom manhoso.

– O que você quiser minha deusa.

Seyia beijou-a longamente nos lábios e puxou o lençol sobre eles, a abraçando e acarinhando seus cabelos para que dormisse.

Do lado de fora, a certa distância, camuflados pela escuridão da noite, dois pares de olhos azuis observavam a janela. Não podiam ver praticamente nada devido à pouca luminosidade e à cortina quase toda fechada, mas continuavam sua vigília, buscando entender a nova reação de loucura do Cavaleiro de Pegasu por a bebê dizer mais uma palavra, para ambos sem razão para tal estardalhaço.


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