Capítulo 19. Bafo de cachorro

PDV Agente Swan

— Isso vai dar merda, McCarty! – grunhi ao telefone enquanto arrastava Edward pelo aeroporto.

Meus olhos corriam por toda a nossa volta. Mesmo que a equipe de meu pai estive conosco eu não conseguia me sentir tranquila.

— Serão dois coelhos, Swan! Dois coelhos!— argumentou Emmett e eu senti uma imensa vontade de me transportar até a frente dele e chutar-lhe a bunda.

— Pro inferno com os seus dois coelhos Emmett! É muito arriscado!

— Não é o plano mais arriscado que já executamos Bella. Existe algo que não está me contando? Qual é o grande problema?— oh! Existiam tantos problemas... O maior deles: Edward!

— O chefe concordou com esse absurdo?

— É claro! E nem precisei insistir.

— Que seja! – resmunguei antes de desligar o telefone.

Puxei Edward em direção a uma loja de doces e tratei de comprar alguns chicletes.

— Hã... Bella?

— Hum? – resmunguei após jogar um doce para dentro da minha boca.

— Qual o problema?

— Teremos que seguir com a ideia estúpida de McCarty.

— E essa ideia seria?

— Você não precisa se preocupar com isso.

Não permiti mais perguntas e o arrastei de volta para o portão de embarque. Em poucos minutos estávamos dentro do jatinho do FBI e eu pude relaxar por alguns minutos.

PDV Edward Cullen

Eu conseguia sentir as gotículas de suor escorrendo pelas minhas costas e causando uma maldita coceira. Esfreguei-me contra a poltrona tentando secá-las, mas a verdade era que eu continuaria me mexendo até que toda essa loucura acabasse.

Eu finalmente estava indo depor contra um mafioso perigoso. O pânico foi crescendo e acelerando meu coração, eu estava prestes a gritar como uma garotinha. Mas engoli em seco e reuni as últimas partículas de coragem e agarrei a mão da agente.

— Eu preciso de você. – ofeguei, eu tinha certeza que meus olhos eram dois pratos cheios de medo. – Por favor, não me ignore.

— Edward? – eu consegui enxergar a sutil mudança em sua expressão. Ela estava preocupada agora.

— Eu acho que estou tendo um ataque de pânico.

— Agora?

— Agora.

E para o total espanto não só da agente como o meu também eu simplesmente fiquei mudo.

— Edward? Edward? Edw... – meus ouvidos começaram a apitar e eu não conseguia mais escutá-la, meus olhos ficaram embaçados me tirando mais um sentido.

A única coisa que eu conseguia sentir era o meu peito subindo e descendo com as batidas frenéticas do meu coração.

PLOFT

Ofeguei me agarrando nos braços da poltrona ao ter meus sentidos de volta. A primeira coisa que meus olhos captaram foi a bola de chiclete estourada voltando para a boca de Bella. Em seguida o zumbido do jato me localizou no espaço e tempo.

— Voc... Você nunca me disse qual era a sua coisa com o chiclete. – gaguejei com a voz trêmula.

Uma ruga quase imperceptível apareceu entre as sobrancelhas de Isabella. Ela estava ajoelhada em minha frente, entre as minhas pernas. Suas mãos seguravam meus braços como se estivesse preparada para me impedir de cometer uma loucura.

— Respire. – ordenou e assim eu fiz.

Todo o meu corpo tremia.

— Respire. – ordenou mais uma vez.

— Ele está bem? – a voz de um dos homens da equipe do Chefe Swan veio de trás de mim.

Só então me lembrei da presença dos três super soldados que fariam minha proteção. Esta constatação desacelerou só um pouquinho o meu coração.

— Ele vai ter que ficar. – respondeu Bella me olhando daquela maneira profunda e então levantou a cabeça para o homem. – Teremos companhia quando chegarmos ao aeroporto. Não confie nos distintivos.

— Sim senhora.

Ela voltou seu olhar para mim.

— Daqui alguns minutos chegaremos Nova Iorque. Não teremos proteção do FBI quando chegarmos. Muito pelo contrário. Teremos problemas com prováveis balas voando em nossa direção. Eu preciso que você não entre em pânico novamente. Eu preciso que você segure a minha mão e não largue até chegarmos ao tribunal. Eu preciso que você faça suas pernas se moverem. Você me entende?

— Se mantenha estourando suas bolas de chicletes, isso me mantém no mundo real.

Um pequeno sorriso apareceu no canto de seus lábios e então veio a explosão de chicletes.

Suspirei em alívio e sem me importar que provavelmente ainda estávamos sendo observados puxei Bella para os meus braços e enterrei meu rosto em seu pescoço.

— Eu preciso que me prometa uma coisa. – sussurrei em seu ouvido.

— O que?

— Você não irá fazer loucuras para me proteger. Nada valerá a pena se você acabar morta Bella. Tome cuidado, por favor.

— Não se preocupe, nós dois ficaremos bem.

Um arrepio subiu pela minha espinha. Ela não havia prometido.

[...]

Agarrei a mão esquerda de Bella e fiquei um passo atrás dela. Tentei controlar ao máximo a minha respiração, mas a adrenalina começava a subir rapidamente. Os três homens foram os primeiros a seguir pela porta do avião formando uma grande parede entre nós e quem quer que estivesse do lado de fora.

Demorei a conseguir avistar os dois SUV pretos parados a nossa frente, um pouco para a direita. Bella apertou com mais força a minha mão.

— Se prepare para correr em direção aos carros. – sussurrou ela.

Engoli em seco e assenti. Olhei novamente para a nossa frente e conseguir ver, entre o vão do dois soldados, alguns agentes do FBI. Um deles se aproximou .

— Bom trabalho Swan. Daqui em diante nós assumimos.

— Eu mesma o levarei até o tribunal. – respondeu Bella após o clássico ploft do chiclete e começou a me puxar para a direita, os homens do Chefe Swan em nenhum momento me deixaram a vista, seguiram os passos da agente como se tivessem ensaiado.

Minha mente perturbada logo os imaginou fazendo alguma dança coreografada numa pista de alguma boate. Jesus! Foco Edward!

— São ordens do Chefe, Swan!

— Não, não são, Black. O único que deveria estar aqui é o McCarty. Ele era o único que sabia o horário de nossa chegada.

E dito isso o aeroporto virou uma zona de guerra. Bella me puxou correndo para trás de um dos SUV enquanto os três homens trocavam tiros com os agentes corruptos.

Eu fui jogado nos bancos de trás e mandado ficar abaixado. Ela não precisava mandar duas vezes. Encolhi-me em posição fetal e comecei a rezar enquanto sentia o carro entrar em movimentos.

A motorista louca estava de volta.

Eu escorregava de um lado para o outro no banco de couro e tentava não gritar cada vez que ouvia uma derrapada ou um tiro.

— Droga! – gritou a agente. – Edward! Se segure!

Então o carro voou por poucos segundos e então tudo rodou.

O barulho foi ensurdecedor. Vidro se estilhaçando, metal entortando, meus ossos quebrando, sangue me ensopando. Então tudo ficou em silêncio por um momento.

Pisquei algumas vezes tentando me localizar. Eu estava deitado no asfalto. Meu corpo doía. E pés corriam de um lado para o outro.

— Bella? – chamei fracamente, mas não obtive resposta.

PDV Promotora Brandon

— Então o senhor nega todas as acusações? Tudo é uma grande e incrível teia de coincidências? O senhor é um pobre coitado injustiçado?! Está sendo perseguido por motivos que até mesmo o senhor desconhece?! Desculpe-me, senhor Volturi, se isso me parece deveras papo furado.

— A acusação quer perguntar algo ou ficará apenas dando sua opinião? – a cadela da advogada de Aro me interrompeu.

— Senhorita Brandon, se atenha as perguntas. – ordenou o juiz.

Segurei o rosnado para os dois.

— Nesta tarde, senhor Volturi, nós provaremos para o júri que o senhor verdadeiramente é. Sem mais perguntas meritíssimo.

Acompanhei Kate Denali levantar-se e rebolar até seu cliente quando a defesa foi chamada para o questionamento.

O teatrinho do bom moço injustiçado foi me enojando a cada segundo que passava. Aro estava muito confiante e isso me deixava com a pulga atrás da orelha. Algo estava acontecendo. Eu ainda não tive notícias de Bella e Edward e logo as testemunhas seriam chamadas. Eu precisava do depoimento de Edward, caso contrário o júri teria dúvida e o mafioso escaparia livre mais uma vez.

Virei meu rosto para o público que acompanhava o julgamento. Encontrei Rosálie sentada na segunda fileira. Ela me lançou um olhar preocupado.

— Já teve notícias? – mexi minha boca lentamente sem deixar que o som saísse.

Rose encolheu seus ombros e negou preocupada.

Voltei meu olhar para o mafioso e lambi meus lábios tentando tirar a secura da minha boca. Eu odiava andar nessa corda bamba, mas que escolha eu tinha?

Eu confiava em Bella o suficiente para saber que ela faria de tudo para trazer a testemunha a tempo, mas se não fosse suficiente? Se ela se machucasse? Se ela acabasse morta como quase aconteceu há alguns meses?

— Eu chamo a primeira testemunha, doutor Eleazar Philips. – chamei nervosamente.

O depoimento do doutor tinha tudo para ser rápido e sucinto, mas fiz questão de perguntar-lhe varias vezes a mesma coisa com a desculpa de que ficasse claro para o júri que todos os pontos do depoimento estivessem claros. Mas quando terminei e olhei para Aro ele sorria para mim.

Ele sabia o que eu estava fazendo. Sabia que minha principal testemunha ainda não tinha chegado. E eu sabia que ele tinha algo a ver com isso.

Novamente olhei para Rose que mais uma vez encolheu seus ombros e com o celular na mão saiu do tribunal. Ele tentaria entrar em contato com eles, mas minha esperança de que ela conseguisse estava quase morta.

Chamei mais uma testemunha técnica para explicar as evidências ao júri e dois policiais que participaram das investigações, entre eles Jasper. Porém Kate sabia fazer o trabalho sujo e sempre fazia questão de deixar claro que nenhuma daquelas evidências deixava claro, sem sombra de dúvidas, que seu cliente havia cometido tais crimes.

Quando Jasper levantou-se da cadeira e seguiu sentar-se ao lado de Rose que tinha os olhos arregalados de pavor me mostrando que ela ainda não tinha obtido notícias eu também me senti um pouco apavorada, pois estava na hora. Edward tinha que estar aqui agora.

Engoli em seco e segui até a mesa do juiz.

— Meritíssimo, eu preciso de um recesso. – implorei.  – Minha principal testemunha está a caminho, mas ainda não chegou.

Kate já estava ao meu lado com as unhas em posição.

— Ela não tem testemunha alguma, excelência. Isso é apenas uma tentativa torpe de enrolar este julgamento.

— Por favor, meritíssimo. Eu prometo que minha testemunha chegará em poucos minutos.

— Você tem 15 minutos senhorita Brandon. 15 minutos.

— Obrigada excelência.

Soltei o ar ao caminha até minha mesa enquanto o juiz anunciava o recesso do tribunal.

Rose e Jasper se aproximaram de mim.

— Vocês tiveram algum contato? – perguntei em desespero.

— Nada. A última notícia que tive foi de Emmett. Ele disse que o plano estava dando certo, mas já faz 30 minutos que não tenho notícias dele. Já era para eles estarem aqui. – murmurou Rose apavorada.

— E você viu a cara do Volturi? Ele sabe de alguma coisa. Ele fez alguma coisa. Eu tenho certeza. – grunhi com um misto de irritação e medo.

— Eu tentarei obter notícias. – afirmou Jazz.

— Rápido, pois eles têm menos de 15 minutos para chegar aqui.

E os quinze minutos passaram voando.

Meu coração começou a bater rápido conforme eu observava todos voltarem para os seus lugares.

— A acusação chamará mais testemunhas? – perguntou o Juiz.

— Sim meritíssimo. – engoli em seco ao me levantar. – A acusação chama Edward Cullen.

Silêncio enquanto todos olhavam para a porta.

— Edward Cullen? – chamou novamente o Juiz.

Meus olhos correram para o mafioso que sorria largamente. Kate mantinha sua postura tranquila. Olhei para o juiz que começava a demonstrar irritação.

— Edward Cullen está presente? – perguntou mais uma vez olhando para o guarda na porta.

O guarda abriu a porta e então voltou para dentro com o olhar arregalado.

Um pequeno coro assustado se fez dentro do tribunal quando Edward apareceu coberto de sangue e sujeira.

Meu Deus! Acho que de coração eu não morria mais.