Detectives and Teenagers escrita por MisteryWriter5


Capítulo 16
Walls


Notas iniciais do capítulo

Como prometido a leepedrosa aqui está o capítulo mais rápido que eu já escrevi. Em compensação ao meu tempo sem postar já estou trabalhando no próximo.
A música deste é crucial. Unbreakable Heart - Three Days Grace.
Aqui mostra um outro lado de Arthur.



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Consegue acreditar nisso Castle? – A detetive esperava a resposta do escritor que a olhava atônito com o depoimento da filha.

Ela saiu com um traficante, passou a noite em um quarto com ele, escondeu um amigo homem de nós, levou um tiro, frequenta festas depravadas e tentou capturar um assassino sozinha. Kate me diz que é só a fase rebelde que você tanto fala porque se não for eu vou trancar ela em um convento. – Katherine nunca vira o marido tão exaltado.

Sério Rick? De tudo o que eu te contei só isso te preocupou? Garotos? – A detetive se permitiu rir por um instante.

Sabe Kate, está me assustando o modo com que ela está lidando com tudo isso. – A detetive levantou se recostando no peito do escritor.

Ela presenciou e fez tantas coisas que seriam traumáticas até para um adulto, e ela está ali sentada sorridente cantarolando alguma música pop nova, acho que deveríamos falar com aquele seu terapeuta. Talvez ela esteja reprimindo esses traumas. Temos que ajudá-la, ela ainda é uma criança. – As palavras de Castle soaram leves e preocupadas enquanto o casal se abraçava esquecendo da presença silenciosa do jovem Arthur.

Ok. Ok. Vocês devem estar brincando certo? Desculpe lhe dizer Sr. Castle, mas não é uma “ fase”. – O menino completou com uma revirada de olho e enfatizou aspas imaginarias com os dedos.

Ela só fez o que nenhuma outra garota teria coragem de fazer. Ela botou a vida dela atrás das daquele que ela ama, e ela não fez isso recentemente para me proteger, ela tem feito isso toda a vida dela. – O menino encarava o casal indignado.

Eu acredito que conheço minha filha Sr. Éden. – Beckett estava ficando completamente raivosa com a situação.

Se conhecesse sua filha certamente saberia que ela adora assassinatos, que ama estudar sobre psicopatas e sóciopatas, saberia que ela luta como ninguém, saberia que ela abre sua maleta para ver suas anotações sobre os casos e principalmente saberia que ela tomou sim as drogas de Dylan, ela consumia as drogas para tirar o sono. Eu nunca soube o porquê, mas ela consumia. – O menino começava a se alterar.

Essa é a filha de vocês. Tudo o que ela queria era ser como você, a grande e implacável Kate Beckett e parece que de algum modo pelas histórias que contam por ai, ela conseguiu. Mas ela está se portando como a Kate Beckett errada, ela precisa ser como a atual você, não a policial cega por justiça das histórias que a qualquer momento poderia se jogar para a morte, com todo o respeito detetive mas você não conhece sua filha.

Olhem lá. Estão vendo aquela menina? Aquela é sua filha. Ela sempre pareceu feliz, certo? Sorrindo, contando piadas, se divertindo... e morrendo por dentro. Ela está machucada, ou por acaso já esqueceram que ela levou um tiro e passou por uma cirurgia em menos de 24h? E está cansada. Cansada de todo o drama, cansada de não se sentir boa o suficiente, cansada de levar a vida do jeito que leva. Mas ao mesmo tempo ela não quer parecer carente, doente e uma louca por atenção. Então ela guarda tudo isso lá dentro daqueles grandes muros que ela construiu em volta de si. Ela age como se tudo fosse perfeito durante o dia e chora durante a noite sentada sozinha no chão do quarto. Então todos pensam que ela é a pessoa mais forte e despreocupada de todo o mundo, que ela não tem problemas e que sua vida é perfeita. Se vocês ao menos soubessem! Se ao menos parassem um pouco e prestassem mais atenção! – O menino tentava controlar a voz para que seus gritos não perfurassem as paredes e chegassem aos ouvidos de Nyck J.

O menino respirou fundo e se acalmou.

Se vocês prestassem mais atenção. Vocês veriam que ela precisa de ajuda, ela só é orgulhosa demais para pedir. Veriam que se ela guarda coisas dentro dela é porque ela se sentia neste dever. – Os olhos azuis determinados de Arthur lembravam Kate do que acontecera anos atrás quando Castle a implorou para parar, quando Castle disse que a amava.

Ela vê o quão ocupados e promissores os dois são, ela vê o quão cansados vocês chegam e o quanto já fizeram por Nova York, ela assiste a vocês resolverem a vida de todos e não queria dar motivos bobos a mais para vocês se preocuparem. Então ela se blindou de tudo o que a poderia magoar. Ela estava cansada de ver vocês decidirem pelo trabalho antes da família, estava cansada de falar com as paredes, de procurar vocês na plateia do auditório e cansada de ler mensagens de textos frias dizendo que não poderiam ir, ou que chegariam mais tarde. Então não! Isso não é uma fase, isso é uma pessoa que precisa muito de vocês agora. – A expressão de dor que o menino fazia ao desferir cada palavra machucava o casal, ambos estavam chocados com a realidade.

Ela dispensa carinho, abraços, beijos e demonstrações de afeto por que não sabe como lidar com isso. Ela está apenas se protegendo. Então não a culpem por ser uma pessoa fria e não a culpem por todos os erros que cometeu tentando salvar minha vida. – O menino pareceu relaxar.

Um suspiro longo se estendeu pela sala. Arthur deu uma última olhada para a imagem distante de Nyck antes de completar seu desabafo.

Ela me contou inúmeras histórias sobre vocês, de como vocês foram fortes, inteligentes, corajosos e apaixonados. Ela não diz, mas ama muito vocês e por mais que ela negue ela precisa sim de ajuda.

Toda vez que alguém recorria à Nyck em busca de ajuda ela repetia as mesmas doces e sábias palavras.

“ A vida só nos dá pesos que podemos suportar”. Acredito que fora você que ensinara isso a ele detetive. Nyck não é frágil, ela é muito forte, mais forte que todos nós aqui, mas ela não carrega sobre os ombros só os pesos dela, ela carrega os dela, os meus, os seus e os de todos que já buscaram por conforto em seu ombro. – O menino continuava encarando a garota através do vidro.

O silêncio reinou na sala.

Nyck é uma ótima escritora senhor Castle, tão boa como o senhor. – O menino retirou um livro de capa de couro marrom do casaco e entregou ao escritor.

Talvez ela não fale, mas ela escreve. Sugiro que leiam. – O menino completou parando em frente à porta da sala.

Sobre o que ela escreve Arthur? – A pergunta retórica fez o menino exaltar.

Ela conta um pouco sobre as últimas aventuras de Nikki Heat. – O menino respondeu atravessando a porta.

Rick? – A voz doce de Kate soou baixa e insegura.

Sim?

A culpa é nossa. Nossa filha... eu... – Era uma das poucas vezes na vida que a detetive ficava sem palavras.

Dói me dizer desta forma, mas ela é como você, como Nikki. Ela criou muros. – Castle falava mansamente.

Desta vez teremos de quebra-los, juntos... – A detetive olhou para o marido.

Juntos. Mas lembre-se Kate as grandes estórias são feitas disso.

Superar obstáculos. – Naquele momento as vozes de Rick e Kate ecoaram como uma só.


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Notas finais do capítulo

Esse cap. foi especialmente tenso de fazer, tentei mostrar como seria para a Kate perceber o quão terrível era se cegar por uma causa atrás de justiça. Gostei de ter retratado Nyck deste jeito, assim como a Kate quando era jovem. Espero que tenham gostado. Gostaria de saber do que acharam.



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