Pov. Percy

Annabeth me arrastou até um canto afastado do refeitório. Estávamos perto do lago, onde, do outro lado da margem, alguns campistas treinavam. Mas a extensão da água era grande, o que impossibilitava os mesmos de escutarem nossa conversa:

—- Percy, eu estou muito confusa. Essa história toda... Sim, eu nunca soube disso, deveria ser um dos Casos Especiais do Olimpo e...

—- O que? Casos Especiais? Do que você está falando, afinal?

—- Percy, nem tudo que está nos livros do Acampamento são real e eles não nos dizem tudo. Alguns casos são tão extremos que são intitulados Casos Especiais. Quíron me falou sobre eles, superficialmente. São mais do que pensamos. Eu deveria imaginar que Harry tinha algum tipo de "poder" divino - Annabeth se virou para o lago, pensativa.

—- Ok. Qual sua teoria?

—- Não a tenho, ainda. Mas algo me assustou naquela sala, sabe? Quíron pronunciou uma palavra que, quando eu a escutei, me causou arrepios. Você não teve essa sensação?

Sim, eu tive. Quíron contava a história empolgado, e nenhum de nós parecíamos desconectados (todos prestando atenção). Mas quando ele pronunciou aquele nome, meu coração acelerou e minhas mãos começaram a suar.

Voldemort.

Seu nome era poderoso. Isso era inegável. Mas sua magia era perversa, e mesmo a pronúncia de seu nome era carregada de más energias:

—- Sim, eu senti o mesmo.

—-Percy - Annabeth se aproximou e me encarou com seus olhos cinzentos, que pareciam turbulentos, como uma tempestade no mar agitado - Alguma coisa ruim está prestes a acontecer. Você também sente isso, não sente? Essa sensação ruim! Como um sexto sentido...

Antes que eu pudesse responder, um barulho foi escutado ao longe. Na Barreira do acampamento. Como se alguém estivesse tentando invadi-lo.

Eu e Annabeth corremos até Harry e Hermione, que estavam alarmados. Harry parecia nervoso. Hermione ainda mais. Os "bates" aumentavam cada vez mais. Até que tudo ficou em silêncio.

Um grito foi escutado ao longe e uma marca negra invadiu o céu do acampamento:

—- Nos encontraram.

Pov. Harry

Não sei como, mas eles haviam nos rastreado. Os Comensais estavam no acampamento. Os campistas pareciam atordoados, nunca haviam visto algo como eles. Hermione estava ao meu lado, suando frio. Percy e Annabeth estavam pertos na mesma situação.

Em um instante, eu caí no chão. Minha cicatriz ardia fervorosamente. Uma voz conhecida soava em minha mente.

“Harry... Harry... Colocar esses meio-sangues em perigo? Isso é indigno até para você, Potter! Eles não tinham relação nenhuma com você... Mas irão perecer por sua causa, Potter!”

—- Harry! NÃO DEIXE CONTROLAR VOCÊ! - Hermione me balançou fortemente. A voz parou, mas minha cabeça continuava latejando forte.

—- Precisamos lutar. Hermione, apenas nós sabemos como lidar com eles!

Eu corri na frente, sem escutar os gritos de Hermione, que me acompanhava.

Percy e Annabeth estavam mais a frente lutando com um...

Ok, eu não fazia ideia do que era aquilo.

Uma espécie de cachorro gigante, com patas enormes e dentes que pareciam facas de uma coleção de Chef de Cozinha. Aquilo estava me dando medo.

Alguns campistas lutavam corpo a corpo com os Comensais, uns tinham sorte, outros não. Os Comensais eram muitos, e havia muitas espécies diferentes de aberrações, com certeza do exercito do Pronos, ou seja lá qual fosse o seu nome.

Eu executava alguns feitiços, enquanto Hermione lutava contra uma besta do mundo olimpiano. Felizmente, ela o petrificou.

—- Harry! Hermione! Percy! Annabeth!

Os gritos do centauro foram escutados ao longe. Ele estava a alguns metros, lutando contra um comensal. Logo, o centauro o desarmou e o comensal fugiu. Nós corremos até ele, nos desviando dos feitiços e investidas para chegarmos a salvo:

—- Vocês precisam ir! Aqui é muito perigoso para vocês! Além disso, é a vocês que eles querem. Vocês estão desprotegidos e a magia deles é forte. Venham por aqui.

Seguindo o centauro, chegamos a uma parte depois do lago, onde tínhamos uma visão da luta que continuava intensa nos arredores do acampamento. Ali, havia uma pequena lareira, onde o fogo parecia ardente:

—- Peguem isso. Percy, contate Nico. Ele é um dos únicos que podem ajudar agora. Esse meio de transporte é mais comum para os bruxos, então vocês sigam as ordens de Harry e Hermione. Ao entrarem na lareira, usem o Pó de Flú e gritem “Avenida Manhattan, Edifício Heights Promenade, nº 5”. Vocês vão sair na casa de um velho amigo, no Brooklyn. Um amigo que vai poder dizer muitas coisas para vocês. Se ele perguntar por algo, digam que Quíron e Dumbledore lhes mandaram e entreguem essa corrente para ele. Após isso, ele irá guiar vocês para uma casa, de onde vocês partirão para Londres, ok?

Assentimos rapidamente, mesmo não compreendendo as palavras de Quíron. Quem seria Nico?

Percy puxou o centauro para perto, o fazendo parar:

—- Porque Nico?

—- Apenas o chame. Ele saberá como lidar com essa situação.

Logo, dois comensais acompanhados de duas criaturas sinistras apareceram. Quíron nos empurrou para a lareira e preparou sua espada em punho, para atacar os oponentes:

—- Vão!

Entramos todos na lareira, esperando o sinal. Hermione pegou o Pó de Flú:

—- Isso é seguro, não é? – Perguntou Percy, preocupado.

—- Apenas feche os olhos – Respondeu Hermione. Percy e Annabeth fecharam os olhos com força, e eu segui os seus gestos.

—- Avenida Manhattan, Edifício Heights Promenade, nº 5!

Tudo começou a girar, e sensação de uma fisgada no começo do estômago começou a tomar conta de mim.

(...)

Pousamos em um apartamento completamente escuro, com paredes em tons diferentes de cinza e roxo. A sala era pequena, havia uma mesa pequena no centro. Nelas estavam espalhadas cartas de todos os tipos de cores. Acima, havia um quadro rasgado, o que dificultava descobrir quem era o modelo da obra:

—- Quem são vocês? E o que fazem na minha lareira?