O Doutor pousou a TARDIS de um jeito bastante truculento. Mesmo depois de mais de 900 anos de tempo-espaço, ainda se atrapalhava na hora de estacionar a nave, ainda mais na frente da mulher a bordo. River Song estava encostada no canto da nave, os braços cruzados, encarando o Doutor com uma sobrancelha levantada e com um olhar ligeiramente debochado. O Doutor odiava admitir, mas ela era a única pessoa no universo que conseguia pilotar direito aquela coisa. "Você se atrapalhou um pouco, docinho? Da próxima vez é só pedir ajuda", disse ela, sorrindo. O Doutor franziu as sobrancelhas, visivelmente ofendido, mas decidiu não responder. Ele simplesmente ajeitou a gravata borboleta e correu alguns passos em direção à porta da cabine.
"Então, você está preparada?", ele perguntou. "É uma surpresa incrível."
"Obviamente", disse ela. Galgou os degraus da sala de comando da TARDIS e alcançou o marido, envolvendo-lhe o braço. O Doutor empurrou com o ombro a porta da nave e eles se depararam com uma garoa fina. River Song não gostava muito da chuva, mas o Doutor era da opinião de que todas as cidades ficavam muito mais bonitas nessa situação (talvez seja porque Woody Allen era um bom amigo seu). A cidade embaixo da chuva era Paris, na França, na Terra, a qual o Doutor achava absolutamente incrível. Na verdade, ele se sentia assim em quase todos os lugares da Terra - achava até Cardiff um bom lugar, às vezes.
Embora viajasse constantemente pelo tempo-espaço, River Song, por sua vez, não conhecia aquela Paris, em oposição, é claro, da Paris da constelação de Klingon (inclusive já havia sido presa ali por uma noite).
A Paris da Terra era uma das muitas maravilhas do espaço, ainda mais debaixo de chuva.
"Ah, espera só um segundo", disse ele, e entrou pra pegar um guarda-chuva. Depois, saíram os dois, de braços dados, por uma ruela deserta, abarrotada de livrarias.
"Pra onde nós vamos?", perguntou River.
"Estava pensando em ler um pouco debaixo daquela coisa enorme de metal que as pessoas chamam de torre Eiffel", respondeu ele. "Mas, francamente, Doutora Song, vamos aonde você quiser. Acho que por enquanto nós temos todo o tempo todo mundo."