O menino tentava ao máximo não assustar a ruiva, mas era como se não estivesse adiantando nada, a garota se sentia despedaçada e ao mesmo tempo nervosa, ainda paralisada a ruiva se mantinha firme e forte sem deixar uma lagrima sequer escorrer, um nó na garganta começou a se formar, mas ela era forte demais, ou pensava ser, enquanto seu coração e sua mente sussurravam "fique forte!, fique forte!" seu corpo dizia outra coisa, ela tentava escutar só o coração mas era impossível, o nó se complicava cada vez mais e entre um gemido baixo o menino a chamou novamente:

–Ana... Eu .O garoto tentava se explicar mas a menina se tornou surda para não ouvi-lo, não queria ouvir nem uma palavra sequer do moreno, se sentia tão mal que a única coisa que pode fazer foi balança a cabeça negativamente, o menino ainda suplicava para ela escuta-lo mas nada adiantou, a ruiva andou até a porta de sua casa mas o menino continuou a falar:

–Ana, não faz isso comigo, por favor...eu preciso que você me escute, Ana. O menino a chamou e a garota voltou seu olhar para ele - Por favor, me escute!. A menina estava desacreditada no que acabara de ouvir, depois de 5 anos, 5 ANOS! Ela o olhou ainda desacreditada e se pronunciou pela primeira vez com o garoto novamente após 5 anos :

–Não acredito que depois de 5 anos você ainda tem a coragem de olhar pra mim como se nada tivesse acontecido, não acredito que depois de 5 anos você me para dentro d minha casa para pedir desculpas. Que você não pense que vai ser fácil se reconciliar comigo, creio que que você não pense isso. Acho que melhor você ir para casa, pelo que eu vejo você deve estar cansado demais, volte para casa e esfrie a cabeça, até porque você não tinha necessidade de se incomodar e vir até a minha casa, me parar e pedir simples desculpas, fique sabendo que não é tão fácil assim ok?. Não estou com cabeça para conversar, por favor, vá embora!. A menina disse calma e sem demonstrar nenhuma aflição, não queria aparentar ser uma menina fraca demais para perdoa-lo assim tão de repente, se virou e estava prestes a entrar quando outro sussurro foi ouvido, e dessa vez, era do menino novamente:

–Por favor... Eu preciso que você me escute. Sua voz saiu embargada e rouca, a menina não se conteve e ainda virada de costas se alterou:

–POR FAVOR? ME POUPE DE SEUS PEDIDOS, POR FAVOR! AH, E AQUELE DIA EM QUE EU TE PEDI POR FAVOR VOCE ME ESCUTOU?. A menina havia se alterado demais e como o menino não respondeu ela se virou e continuou- UÉ, NÃO FOI VOCÊ MESMO QUE PEDIU POR FAVOR AGORA? COMO VOCÊ QUER QUE EU TE PERDOE? ME RESPONDA! OU EU TENHO QUE PEDIR "POR FAVOR" NOVAMENTE, E COMO SEMPRE EU TENHO QUE DESCULPAR? FIQUE SABENDO QUE PESSOAS MUDAM, ELAS NÃO FICA SENDO ELAS POR MUITO TEMPO, PELO AMOR DE DEUS NÉ? OU VOCÊ ACHOU QUE SIMPLESMENTE VOCE VOLTARIA E DE UMA HORA PARA OUTRA E EU TE PERDOARIA?. A menina já se desabara em lágrimas, o moreno ainda estava sem se pronunciar, não sabia o que dizer , não sabia se deveria dirigir uma palavra sequer à garota então se calou, preferiu não se pronunciar mas continuou no mesmo lugar, digerindo as palavras da ruiva e se culpando mentalmente pelo que fez com ela, enquanto a ruiva tentava se acalmar o menino apenas assentiu, se desculpou mais uma vez e foi para a calçada, a menina entrou em casa e com uma pequena abertura na porta a ruiva disse em um tom baixo mas o menino conseguia escutar:

–E me esquece, faça como nesses últimos 5 anos e me esqueça, finja que eu não existo, finja que você não me conhece, e não se preocupe, vai ser fácil para você, já que conseguiu fazer isso por tanto tempo!. Depois disso a menino fechou a porta e subiu as escadas sem nenhuma chance do menino responder, ela se sentia um caco, a única pessoa que poderia ajuda-la agora era sua melhor amiga, então assim que entrou no quarto, discou o número da menina e pediu para que ela viesse a sua casa.

...

A ruiva estava deitada na cama enquanto a morena caminhava de um lado para o outro se perguntando o porquê do 'imbecil' do menino voltar logo agora: Logo agora que a menina estava se dando bem com o tal do "tecnicamente eu", logo agora que o filho do gerente estava meio que a fim da ruiva, logo agora que tudo estava indo bem e de repente o mundo caiu todo sobre a menina. Ana chorava mais a cada segundo que se passava, ao mesmo tempo em que ela estava furiosa estava chorosa, "que droga de vida" era a única coisa que ela pensava, sentou se na cama de modo a fazer Tati se virar para ela:

–O que aconteceu Ana?. Perguntou a morena

–Não aguento mais a Tati. A ruiva disse em um tom mais alto do que deveria ter dito- Não aguento mais... Dessa vez foi como um sussurro, a morena sentou ao lado da menina e tentou acalma-la:

–Ana, minha ruiva, olhe para mim. Disse a menina e Ana a olhou- Tente parar de pensar nele, talvez assim seja mais fácil

–Não é tão simples, eu queria poder esquecer dele mais é sempre assim, eu paro e penso nele, sempre!. A ruiva se envolveu nos braços da amiga enquanto a mesma passava a mão nos ruivos e longos cabelos da menina que estavam presos em um coque:

–Pelo menos tente, tente esquece-lo Ana, quem sabe você consegue?

–É impossível. Murmurou a ruiva que ainda chorava

–O impossível só é o impossível se você deixar. Tati disse ainda acariciando o cabelo da ruiva

–Se ele ao menos... Foi interrompida por um soluço, Tati odiava vê-la assim então preferiu deixar a menina quieta, o resto da tarde de segunda-feira da menina foi assim, chorando.

...

"Oi". Apareceu no canto da tela da menina e ela sorriu, se sentiu bem melhor

"Olá, como vai ?". Enviou a menina enquanto dava uma golada no suco de maracujá

"Bem melhor agora. OBS: Não estou te flertando, só estou falando a verdade". A menina não deixou de rir, como sempre.

"ok, calma. Tecnicamente eu não ia mandar você parar de me flertar, acalme-se jovem". Ironizou a menina

"Você está bem?"

"Nossa como você é engraçado!". Ironizou a menina novamente

"Obrigada, me sinto lisonjeado por ouvir isso de você". Desta vez o menino que fez sua ironia

"EU TE ODEIO!"

"Eu não!"

"Não começa!'

"Já era, comecei há muito tempo"

"Acho que essa viajem não te fez bem, tecnicamente você está mais chato!"

"Tecnicamente, pare de me amar!"

"Tecnicamente, você está doido?'

"Tecnicamente!!!"

"Tecnicamente?"

"Ok, eu estou doido sim, estou morrendo de fome!". Confessou o menino

"Agora está explicado". A ruiva disse enquanto descia com o notebook nas mãos para colocar o copo na pia, o menino demorou um pouco para responder, a menina ficou impaciente esperando a resposta do menino, até que o barulho de notificação a alegrou.

"Me perdoe, eu tinha do ajudar a minha mãe, confesso que fiquei incomodado de te deixar esperando até porque cada momento que se passa sem conversar com você me deixa bravo, na verdade, minha mãe me irrita muito e você é a única pessoa que me ajuda conversando comigo"

"Não tem problema, estava terminando de beber meu suco de maracujá"

"Amo tanto maracujá que ele até participa da minha lista de coisas mais amadas por mim"

"Haha, não creio! Lista de coisas mais amadas por mim?"

"É, minha querida LCMAPM"

"Você e suas loucuras, quais são as suas coisas mais amadas?"

"Minha mãe

Conversar com você

Comer e

Maracujá". A vergonha tomou conta da menina, suas bochechas rosaram mais do que nunca, o que esse garoto tem de tão especial para deixa-la tão envergonhada? "que droga!" pensou ela enquanto não sabia o que responder:

"OK, mas você poderia parar de me envergonhar?". Perguntou a menina enquanto subia novamente para o quarto.

"Percebi que você é uma pessoa muito envergonhada". A ruiva corou novamente mas depois soltou uma leve risada.

"Sou, muito! Mas... Vamos mudar de assunto, até porque eu já estou envergonhada". Respondeu ela novamente rindo

"Ok, senhorita, tenho uma má notícia..."

"O que? Fala!"

"Minha mãe esta precisando de mim, ela está me enchendo então eu tenho que ir"

"Ok"

"Não, não fale ok, fale nossa palavra preferida"

"Tecnicamente!"

"Tecnicamente..."

A ruiva desligou o notebook, jogou-o na cama de modo cuidadoso, sentou nela e como sempre, parou e pensou, uma lembrança inesquecível atordoou a menina, ela tentava parar de pensar nele mas era impossível:

–Tecnicamente.. . Sussurrou a mesma tentando esquece-lo- Tecnicamente. Disse em um tom mais alto mas não adiantou, lembrava dele toda hora, todo dia, sempre, talvez se em todos os lugares que ela fosse não pensasse nele, ela não seria tão ela, ela seria simplesmente uma Ana, e não era essa sua intenção. Deixou as lembranças virem pois não queria ser simplesmente uma Ana qualquer:

"Estavam sentados no jardim da casa no menino, ambos se conheciam muito bem, a pequena menina ruiva voltou seu olhar ao desenho em que tentava fazer enquanto o menino estava incomodado por ter que estar parado de frente para a ruiva para ser desenhado numa folha de papel, a menina se irritou pois o garoto não ficava quieto:

–Se você continuar se mexendo não vai ter como eu fazer o desenho, pare pelo amor de Deus!. Disse a ruiva

–Isso é muito chato Ana, deixa eu...

–Não... Eu preciso de você, parado aqui na minha frente. O menino se emburrou, cruzou os braços mas continuou se mexendo- Por favor!. Murmurou a menina, odiava ter que pedir "por favor" a alguém, o menino parou mas continuou entediado, "esse desenho não acaba nunca?" pensou ele e finalmente a menina sussurrou maravilhada:

–Acabei. Ela se levantou e deu o desenho ao menino, o mesmo sorriu ao vê-lo e agradeceu, ambos foram dispersos pela mãe do menino os chamando para almoçar. Eles correram até a cozinha, se sentaram na mesa mas a mãe os repreendeu:

–Lavem as mãos antes crianças, não vou deixa-los comer com a mão suja

–Coisas de mãe!. Resmungou o menino de modo a fazer a menina rir, os dois se levantaram, lavaram as mãos e voltaram para a mesa.

...

No dia seguinte, Ana estava esperando o menino sair de dentro de casa para os dois brincarem assim como em todas as noites, estava com uma folha na mão e um lápis na outra prestes a desenhar uma coisa nova, o menino saiu de casa com um semblante triste e ao mesmo tempo decepcionado:

–O que aconteceu?. Perguntou a ruiva e o menino balançou a cabeça negativamente

–Não foi nada Ana, só estou um pouco cansado. Respondeu ele

–Se quiser eu vou pra casa e volto depois. Disse ela tentando não atrapalhar o descanso do menino

–Não tem problemas, eu só estou cansado, cansaço passa. Respondeu ele e ela sorriu. Os dois começaram a brincar até serem surpreendidos pela mãe do menino com algumas malas nas mãos, o menino balançou a cabeça negativamente e começou a chorar:

–Mãe...não. Disse o menino ainda entre lagrimas, Ana os olhava um pouco confusa:

–O que aconteceu?. Perguntou a ruiva e ambos se calaram- O QUE ESTÁ ACONTECENDO?. A menina já estava nervosa demais para falar em um tom baixo, o menino tentava acalma-la:

–Ana, não vai demorar.. Vai ser rápido eu prometo. Disse ele ainda chorando, a ruiva chorava mais a cada segundo- Ana, não chore! Por favor. Retrucou ele novamente mas foi em vão, a menina se sentia abalada demais para parar de chorar, o menino apenas a abraçou, a mesma ainda se derramava em lágrimas enquanto ele sussurrava algumas coisas no ouvido da mesma tentando acalma-la. Uns minutos se passaram, Ana ainda chorava enquanto a moça colocava a mala dentro dos carros, o menino sussurrou "me dê a sua mão" segurou a mão da ruiva e sussurrou novamente:

–Não vou me esquecer de você, me perdoe por não ter te avisado antes, não queria te deixar magoada. Começou o menino enquanto a ruiva soluçava de tanto chorar- Eu te amo Ana, prometo não demorar muito. Terminou o menino que caminhou até o portão e voltou seu olhar a ruiva:

–Por favor. A menina disse- Por favor, não me deixe

–Eu te amo!. Disse novamente o menino

–Por favor. Sussurrou a menina enquanto via o carro se afastar."