Ezio Auditore da Firenze, nobre florentino do período renascentista, permanecera incólume aos olhares de historiadores e filósofos por muitos e muitos séculos. A história do Mentor da Irmandade dos Assassinos Italianos (um título que ele sempre mantivera com muita honra, segundo relatos de próprio punho), no entanto, era mais do que se supunha. Um membro da Casa de Auditore, Ezio remanescera inconsciente de sua herança Assassina até seus dezessete anos, quando testemunhou o enforcamento de seu pai e seus irmãos, Federico e Petruccio. Forçado a partir para seu lugar de nascimento com sua família restante – sua mãe e irmã – Ezio se refugiou na cidade de Monteriggioni, na Villa Auditore, Toscana. Fora também em sua adolescência, que conhecera a bela ruiva de nome Sofia Sartor. Após reencontrar a donzela misteriosa que havia avistado em um velho navio, e de ela ter concordado em ajudá-lo a desvendar os segredos da chave de Masyaf e de um velho mapa, os dois passaram por muitos encontros e desencontros. Muito embora o italiano estivesse destinado a jamais se alterar ao longo dos anos transcorridos, tanto física, quanto mentalmente, Sofia parecera amaldiçoada demais para arcar com tamanho privilégio. A mulher experimentara o sabor da morte e das deslembranças muitas vezes, cerca de dez, nascendo e desfalecendo como um efêmero pôr-de-sol. Casualmente, sempre nascera mulher e sempre nascera com uma personalidade forte, arrogante, resplandecente do alto de um pedestal imaginário. Sophia, Sabrina, Sara... Depois de ser uma bela camponesa de nome Samantha e uma assassina de nome Susannah, ela agora rumava à lapidação no corpo de uma bruxa puro-sangue chamada Sophie. Não era de se estranhar que nascesse onde nascera, com a família que escolhera e com o karma que lhe fora dado.

Para qualquer um, sempre estivera claro que Sophie Malfoy seria um demônio de mulher. Com um nariz mais empinado do que era arrebitado e cabelos louros que mais pareciam seda, difícil era dizer que ela não era descendente da tradicional Família Black. A parente distante de Harry Potter e Ronald Weasley era cinco anos mais nova do que o primogênito de Lucius e Narcisa, Draco, mas não menos amada. Muitíssimo pelo contrário. Da mesma forma como havia acontecido a seu irmão, Sophie fora nomeada para a Sonserina sem uma única hesitação sequer por parte do Chapéu Seletor. O orgulho da delicada menina era tão gritante dentro de seu peito que não houvera dúvidas, apesar de ela não ter acumulado muitas desavenças com nascidos-trouxas em seu invejável currículo. Fora muito difícil para ela entender quem realmente era e qual era o seu propósito no mundo humano, as primeiras palavras de Ezio foram recebidas com frieza e descaso, como se ele fosse louco. Após o término dos estudos, começara a trabalhar no Ministério da Magia, a vida adulta havia chegado com maiores responsabilidades e bom senso. Foram muitos encontros e desencontros com o Mentor da Irmandade dos Assassinos Italianos, mas um tempo chegara em que ela não era mais capaz de viver à sombra daquela paixão.

Após de, através de magia, deixar Ezio em seu respectivo tempo, por questões de segurança, Sophie decidira que não era justo deixá-lo sozinho sem saber de seu paradeiro. No momento presente sabendo de mais uma parte da história, resolvera viajar para conseguir conjurar feitiços mais fortes e encontrá-lo novamente: agora, no país de origem dele, com uma possibilidade maior de trazê-lo com uma permanência de tempo mais longa. Escondera-se na suntuosa sacristia da Capela Sistina e esperara que o local fechasse suas portas para o público para reaparecer, agora sozinha, deslocando-se até o altar. Quando o relógio soara as suas doze badaladas noturnas, um gigantesco pentagrama já havia sido desenhado no chão impecável e até então imaculado, a tinta vermelha, e as cinco velas já haviam sido acendidas. Sentada ao lado da figura, Sophie recitara um feitiço muito antigo, concentrando-se na imagem de Ezio e contextualizando-o em seu tempo, a fim de tentar trazê-lo para os dias atuais.