Unkiss Me escrita por Carol Munaro
Depois que enviei a mensagem pro Steves não recebi mais nenhuma. Não faço ideia do que aconteceu lá ou na sala da minha casa, junto com o meu pai e o Isaac.
Todos nos sentamos ao redor da mesa e começamos a comer. Durante o jantar, meu pai olhava do Isaac pra mim e depois pro Isaac de novo.
– O que vocês faziam no quarto antes de a gente chegar? - Tava demorando pro meu pai fazer essa pergunta. Isaac olhou pra mim.
– A gente não tava transando, se é isso que você quer saber.
– Laura! - Minha mãe brigou. Mas ué... Não falei nenhuma mentira. Vi meu irmão prendendo o riso e o rosto do meu pai ficando vermelho. Isaac ficou vermelho também, mas a vontade dele era de se esconder debaixo da mesa.
– A gente só conversava. Não queria o Colin me enchendo o saco. - Ou me envergonhando na frente do boy.
– Ei! - Ele protestou. - Você vai ter que se acostumar comigo de novo, se vai ficar aqui durante as férias. - Continuamos comendo em silêncio.
“Preciso de você aqui”
Steves me mandou. Respondi que eu estava de férias. Ele me ligou.
– Eu to jantando. - Falei indignada pra ele
– Queria eu ter comido algo nas últimas horas. E é sério. Morgan ficou no seu lugar. Ele pressionou a Carly.
– O que ela falou? - Steves respondeu alguém que não era eu e me deixou esperando. - Puta que pariu. - Soltei quando vi que ele não me responderia. Comecei a me levantar da mesa, desligando a chamada. - Sinto muito. Isaac, te deixo em casa.
– Eu vou de metrô. Não se preocupe. - Dei um beijo na bochecha da minha mãe e do meu pai e baguncei o cabelo do meu irmão. Fui até o quarto pegar a arma e o distintivo, e saí de casa, não sem antes dar um selinho apressado no Isaac quando já estávamos do lado de fora.
Quando cheguei no andar que eu trabalhava, a aparência do Steves me deu dó do coitadinho.
– Parece que você não dorme faz uns dois dias.
– To quase vinte e quatro horas acordado. Fora que não como faz umas sete horas
– Eu podia ter passado num drive pra você. O que ela falou?
– Ela e o Scoot continuam juntos. Ela deu um outro nome também. Os policiais estão indo pro campus essa hora pra fazer a prisão.
– Ela faz engenharia química.
– O que?
– Ela faz engenharia química! Como sou burra! Tava na minha cara o tempo inteiro! Onde ela tá?
– Na sala de interrogatórios. Mas você não pode entrar lá agora. Acha que ela plantou alguma coisa no campus?
– Não tenho ideia. Mas vou pro lá.
– Você está fora da investigação, Parker.
– Desculpa, chefe. Não to suspensa. - Nem esperei pela resposta. Só passei no vestiário pra pegar um colete a prova de balas e saí.
(…)
Assim que cheguei no campus, avistei uma viatura. Fui até lá. Tinha um menino na parte de trás.
– Eles estão prendendo seu amigo? - Perguntei e ele me olhou com cara feia.
– Sou inocente. - Falou emburrado.
– Certo… Novidade eu ouvir essa frase. - Falei irônica. Vi que ele estava algemado junto à uma barra do carro e entrei no prédio.
– Carly é uma ótima atriz. - Ouvi atrás de mim. Era o Adam.
– Já soube?
– É. As notícias correm rápido por aqui. Se eu fosse você, procurava no outro prédio. Não tem ninguém aqui metido nisso. Juro. Conheço cada um.
– Tá sabendo de que?
– Juro por Deus que nada. Aqui tá tranquilo. Na verdade, as pessoas até estão um pouco assustadas com isso.
– Como soube de tudo? - Afinal, o nome do Adam já tinha aparecido na investigação. Tudo bem que foi descartado porque não tínhamos nada contra ele, mas nessa altura do campeonato, não dá pra confiar.
– Viram a Carly sendo levada daqui. Não sei quem foi. Só sei que a notícia se espalhou bem rápido. Bom, se algo desses acontece no campus, a Ômega inteira comenta. E você sabe como é lá. O que um sabe, o restante sabe também.
– Não sai do prédio. Evite que alguém saia também.
– Toma cuidado. Não vou deixar ninguém sair. - Assenti com a cabeça e fui até o outro prédio com a arma na mão.
Quando cheguei na frente, vi várias pessoas do lado de fora.
– Dá licença. - Comecei a pedir pro povo. - O que tá acontecendo?
– Ele tá com os dois policiais lá dentro. Mandou todo mundo sair.
– Jura que ninguém pensou em ligar pra polícia? Preciso de reforços na NYU. Dois policiais mantidos reféns. - Disse no rádio. Me aproximei um pouco mais do prédio. Quando entrei, logo pude ouvir vozes da primeira sala. Me aproximei o mais silenciosamente possível. Um dos policiais me viu, mas fingiu que nada tinha acontecido do lado de fora da sala.
– Eu não vou ser preso. - O amiguinho da Carly disse.
– Você só tá piorando a situação. - A policial retrucou. Ele revirou os olhos. Acho que seu braço cansou, porque ele abaixou a arma. Ainda mais porque não tinha nenhuma sirena soando naquele momento. Aproveitei e apontei a arma engatilhada pra ele.
– Larga a arma e coloca as mãos onde eu possa ver. - Falei. Ele virou pra mim um pouco assustado.
– Você só surge em momentos inapropriados, né? Adam estava quase se tornando um cliente quando você apareceu. E ia ser dos bons! O cara tem muita grana. Mas claro que você sabe disso.
– Larga a arma e coloca as mãos onde eu possa ver. - Repeti. Ele não largou. - Não vou repetir de novo. - Ele fez menção de erguer a arma apontada pra mim e eu atirei. Ele caiu, largando a arma. Quando a peguei, percebi que estava sem bala. - Filho da… - Um dos policiais chamou uma ambulância. - Você está preso. Tem direito a um advogado… - Falei os direitos pra ele, seguindo o protocolo, mas daquele jeito né. Sem nenhuma paciência. Quando a ambulância chegou, Steves disse que o acompanharia ao hospital. Eu fui pra delegacia, pra prestar depoimento.
– Sinceramente, o que essa investigação seria sem você? - Meu chefe comentou depois do meu depoimento detalhado e eu sorri orgulhosa. - Não fique brava, Laura. Mas você sabe o procedimento.
– Acho isso ridículo. Só porque eu atirei no cara? Ele não hesitaria em atirar em mim. Sem contar que ele não vai morrer.
– Mas você precisa fazer acompanhamento psicológico. - Contive a vontade de revirar os olhos, mas o meu bico continuava intacto.
(…)
Depois daquilo tudo, passamos a noite inteira na delegacia, recolhendo depoimentos, quantos ainda faltavam serem presos e realocando os que já estavam no sistema.
– Eu preciso dormir. - Steves falou.
– Ele continua no centro cirúrgico?
– Saiu agora a pouco. Morgan tá dentro do quarto com ele.
– Vai descansar um pouco. Eu fico aqui.
– Você tá de férias.
– Quando acontece essas coisas, não existe férias, feriados, folgas. Você sabe disso. - Ele me deu um beijo na testa.
– Quando isso acabar, eu mereço um barril de cerveja.
– Prefiro vinho.
– Que seja! Qualquer coisa com álcool eu to aceitando.
– Parker! Sala de interrogatórios! - Juro que nem sei quem me chamou, mas lá fui eu. Me avisaram que a Carly estava fazendo corpo mole.
– Mas não foi ela que avisou sobre os garotos? – Perguntei pra um dos policiais.
– Tem mais coisa por trás disso. – Revirei os olhos e entrei na sala.
– Olá, Carly. – Ela sorriu pra mim.
– Eu sempre soube que você é policial.
– Hm... To ligada nisso. Me contaram que você não falou sobre tudo. – Ela deu de ombros. Apoiei meu corpo na parede e cruzei os braços, pra fazer parecer tudo menos formal. Em alguns casos funcionava.
– Não sei sobre o que querem que eu fale mais.
– Não me enrola, Carly. - Odiava quando faziam isso. E o pior era que 99% deles tinham essa mania dos infernos!
– Sei que o Scoot deu a relação de todas as pessoas que consumiam. Sabe o que a abstinência pode fazer com as pessoas, né? Tudo isso vai ficar nas costas de vocês.
– Só se for no seu mundo. Não fui eu quem criou aquilo. Quem mais vendia?
– Mais ninguém. Eu já falei demais.
– O que mais que tem pra acontecer, Carly? Não ia terminar tão fácil assim.
– Dizem que sem provas, não há crime, não é mesmo? – Arqueei uma sobrancelha. – Você nunca vai achar nada contra mim. Aliás, o que vocês tem contra mim? A palavra do Scoot. Como se valesse alguma coisa.
– Não só a palavra dele. O que adianta não querer falar? Você vai ficar presa de qualquer jeito. Aliás, ajudar na investigação pode fazer com eu consiga te ajudar.
– Sem provas, sem crime. – Ela repetiu. Continuei olhando pra ela. Não pode ser uma coisa dessas. Saí correndo da sala.
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