Unkiss Me escrita por Carol Munaro


Capítulo 19
Problems with age




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Um outro caso tinha chegado pra mim e pro Steves. Era um caso simples. Não envolvia tanta gente. E demos sorte em prender um deles, já que o cara resolveu contar tudo pra ficar com uma pena minúscula.

– Ei. Eu tava pensando em algo. - Steves disse chegando do meu lado, enquanto eu pegava um café.

– Fala.

– Você e o Isaac... Vocês estão juntos, certo? - Olhei pra ele.

– Sabe que eu não sei direito? Quer dizer, a gente se beijou nas últimas vezes em que fui no hospital, mas não sei se ele quer me chamar de namorada. Por quê?

– Bom... Vocês não... Vocês não transaram, né?

– Num hospital? Acha que eu tenho cara de que? Ninfomaníaca?

– Não. To perguntando antes de ele ir parar lá.

– Olha, Steves, você se mostrou um cara legal e tudo bem que é meu parceiro, mas eu não preciso falar tudo da minha vida pra você. Isso é um pouco constrangedor.

– Hm... To querendo dizer pra você não se esquecer que ele tem vinte anos.

– E eu vinte e cinco. To ligada.

– Daqui a alguns meses ele faz vinte e um. Vocês não vão precisar esperar muito. - Dei risada. - Qual é, Laura. Não quero minha parceira presa por fazer sexo com um menor de idade.

– Nada vai me acontecer.

– Chefe perguntou onde você vai quando sai do trabalho. Ainda disse que notou que é quase sempre no mesmo horário.

– Isso é preocupante.

– Eu disse que seu irmão não tá muito bem.

– Obrigada.

– Soube que o Isaac vai sair do hospital hoje. Vai visitá-lo na casa da tia, mãe, avó, sei lá quem?

– Tia. Pretendo. To esperando ele me passar o endereço.

– E sua mãe? Soube que não tá mais na faculdade?

– Não falei pra ela ainda. Acho que ela se empolgou demais com a possibilidade de eu me interessar por engenharia.

– Mais fácil você virar uma stripper. - Revirei os olhos.

– Claro. Por que não? - Falei irônica. - Você tá pegando a Alex? - Ele se engasgou com o café. - Achou que eu não fosse reparar? Sem contar que você tá se arrumando muito pra vir pra cá. Me diz: que tipo de pessoa se arruma desse jeito pra vir pra uma delegacia?

– A gente hm... Estamos nos conhecendo.

– Quer dizer que ela já conheceu seu quarto? - Ele olhou pra mim parecendo indignado. - Ah, desculpa se eu fui tão indiscreta com um cara que me perguntou se eu transei com o meu namorado.

– Aquilo foi necessário. Eu podia te prender.

– Mas não vai.

– Ela não conheceu meu quarto. Estamos nos conhecendo, mas não desse jeito.

– Alex é uma boa pessoa. E ela é bonita.

– Eu tenho bom gosto, Laura.

– Que bom pra você. Olha lá o que vai fazer com a menina.

(...)

Bati na porta sem saber muito o que esperar. Tentei arrumar meu cabelo de novo, dei uma olhada na minha roupa. Apesar de achar que eu não causaria uma má impressão por culpa dela, já que quem escolheu foi o Ben. Além da tia do Isaac, o pai e os avós estariam aqui. Nunca me dei muito bem com avós.

– Olá. - Falei quando abriram a porta. Era um homem. Não era muito parecido com o Isaac, mas ele tinha alguns traços do pai.

– Você deve ser a Laura. - Sorri. - Sou o pai do Isaac. Entra. - Assim fiz. Logo avistei o Isaac. Ele estava meio sentado, meio deitado numa poltrona com uma manta em cima. Eu tive vontade de rir, mas me controlei. Eles estavam o tratando como se ele estivesse doente ou como se a cirurgia tivesse sido muito séria.

– Oi, Laura. - A mãe dele me cumprimentou e me apresentou pro restante da família. Cumprimentei todos e me sentei do lado dele.

– Demorei? - Perguntei.

– Um pouco. Tinha muita coisa no trabalho hoje?

– Mais ou menos. Chefe me deu muita coisa administrativa pra fazer. Acho que ele quer ficar de olho em mim.

– Você fez alguma coisa de errado?

– Bom... Você ainda não tem vinte e um, lembra? - Ele balançou a cabeça concordando.

– Ah... Mas somos amigos. Que eu saiba, e espero que eu não esteja errado, não tem nada de mais menores de idade terem amizade com maiores. - Sorri.

– Somente amigos. - Ele pigarreou.

– Pra minha vó, você não é tão mais velha. - Olhei pra ele reprimindo o riso.

– Você já falou isso pra ela? E eu to na flor da idade, meu amor.

– Hm... Tá. Vamos fazer com que ela deduza que você tenha mais ou menos a minha idade. Ela vai achar muito estranho que você seja cinco anos mais velha.

– O que conta é que eu sou um amor de pessoa.

– Claro. - Ele falou rindo.

– E somos só amigos.

– Então, Laura, com o que você trabalha? Soube que estava com o Isaac quando tudo aconteceu. - A tia dele falou pra puxar assunto comigo.

– Eu sou policial. Uma garota tinha sido baleada antes dele.

– Mas vocês não se conheceram na faculdade?

– Ela tava disfarçada, tia. - Ele respondeu por mim.

– Jura? Tipo em filmes? - O pai dele perguntou e eu achei graça, mas não expressei.

– É. Um pouco mais complicado, já que traficantes reais não são tão legais como na ficção.

– Quantos anos você tem? Parece ser mais nova que o Isaac. - O avô dele perguntou. Olhei pro Isaac.

– Vinte e um. - Respondi. A mãe dele franziu a testa e depois segurou o riso. Céus! Em cada lugar eu tinha uma idade. Na faculdade, eu tinha dezenove. Depois, minha real idade. E aqui sou quatro anos mais nova.

– Você trabalha nas ruas, querida? - A vó dele perguntou, realmente parecendo interessada. - É muito perigoso.

– Já trabalhei. Hoje trabalho no departamento. É um pouquinho mais complicado, mas eu gosto. - Continuamos conversando. Com exceção da tia, todos eles moravam em New Jersey. Achei uma fofura que até os avós viessem pra ver como ele tava. Entendi melhor quando soube que ele era o neto mais novo. Sempre sendo paparicado.

– Vamos deixar o casal sozinho, gente. Vocês vão ter muito tempo durante esses três dias pra conversar com o Isaac. - A tia dele falou, me deixando um pouco assustada e talvez até constrangida. Ele até ficou vermelhinho!

– O que você falou pra sua família sobre eu vir aqui?

– Que uma amiga minha, que conheci na faculdade, ia me visitar. Minha mãe meio que deu risada.

– "Meio que deu risada"?

– Irônica, sabe? Ela pegou a gente dormindo junto no dia de ação de graças, lembra? Ela sabe que tem algo rolando. Já que ela riu, minha tia percebeu na hora que não somos só amigos. Somos... Hm... Não sei o que somos.

– Uma coisa é fato: a gente nunca namorou. Sabe? Oficializar... Trocar status de rede social...

– Isso é. Mas somos meio que exclusivos.

– Gosto disso. - Falei pensando alto.

– Eu também. - Ficamos em silêncio. Não era um silêncio constrangedor, mas acho que ainda estávamos um pouco envergonhados e até meio chocados com o "casal". Da minha parte, admito que isso é ridículo e infantil, mas o que eu posso fazer? - Amizade colorida? - Ele disse um tempo depois.

– Que?

– A gente. - Ri baixo.

– Nos encaixamos nisso.

– Até que é divertido. - Ele pegou na minha mão. - Mas acho que somos mais bonitinhos do que a maioria das amizades coloridas. Pra começar, a exclusividade.

– Não é só pegação. Já fomos em encontros. - Continuei.

– No começo, eu achava que o festival de anime não contava.

– Você não me enrola, Isaac. - Ele riu baixo.

– Eu gosto de você. De verdade. Essa é outra diferença da maioria.

– Hm... E eu também gosto de você. - Ele me beijou. A poltrona era grande. Isaac foi mais pro lado e eu me enfiei do lado dele, que me abraçou de lado com o braço do ombro bom. - Pensei em um lugar pra te levar. Não é grande coisa, mas acho que vai ser legal.

– Vamos hoje?

– Não. Sua família veio pra te ver. Fica com eles. Vamos amanhã. Ou quando eles forem embora. Sua tia disse que eles vão daqui a três dias.

– Eu convivi com a minha família durante vinte anos. Eles não vão se incomodar se eu sair por uma noite.

– Certo... Então vamos amanhã.

– Ok. Mas aonde vamos?

– Comer em algum lugar. Ainda não sei qual. - Comecei a fazer carinho na mão dele.

– Me chamaram pra depor. - Olhei meio que pra cima, tentando olhar no rosto dele.

– Quando?

– Segunda. É no mesmo prédio que você trabalha, né?

– Na verdade, é no prédio do lado. O que você vai falar pra eles?

– Eu tenho que falar a verdade, até onde eu sei.

– Não, Isaac. Perguntei sobre a hora do tiro.

– Que eu estava tentando fazer com que você não morresse? Olha, eu não vou ferrar você. Todo mundo sabe que você é minha amiga. Não tem nada que diga o contrário. Fotos, vídeos... Nada.

– Tem a faculdade inteira.

– Laura, relaxa. Nada vai te acontecer. - Ele beijou minha testa. Espero. Pensei. Meu celular começou a tocar. Atendi. Era o Steves.

– O que aconteceu?

– Fiquei sabendo que o Adam voltou pra faculdade.

– Quando? Onde ele tá agora?

– Hoje de manhã. Ele tá na delegacia prestando depoimento. Acho que não deve demorar pra ele sair de lá. Só não sei se ele vai ser liberado ou se vai ser preso. Se ele realmente foi pra casa da mãe do Jordan, é capaz que liberem.

– Eu to indo aí.

– Não precisa. Qualquer coisa, eu te aviso.

– Não. Eu to indo aí. Não vou demorar. - Levantei, desligando o celular. - Eu preciso ir. Passo aqui amanhã. Depois a gente combina o horário, tudo bem?

– Tudo bem. - Dei um beijo nele. - Até amanhã. Eu te ligo mais tarde.

– Ok. - Fui até a cozinha, onde eu imaginava que a família dele estaria e disse que precisava ir embora.

– É do trabalho? Eu achei que você fosse jantar com a gente. - A tia do Isaac falou.

– Desculpe. É do trabalho sim. Eu realmente preciso ir. Desculpe mais uma vez.

– Janta aqui amanhã. - A mãe dele sugeriu.

– Tudo bem. E obrigada pelo convite. - Me despedi deles, dei mais um beijo no Isaac e fui encontrar o Steves.


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