Unkiss Me escrita por Carol Munaro


Capítulo 10
More than satisfactory




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/594859/chapter/10

Depois que eu paguei a mocinha do Expresso Hogwarts, eu e o Isaac agimos como se nada tivesse acontecido. Mas eu percebi que ele estava mais envergonhado. Pior que decidimos ir na caçada mesmo assim. Eles deram até uma arminha de brinquedo pra nós dois. Me senti de volta às ruas. Nós só falávamos quando necessário. Sério mesmo que vai ficar esse clima estranho entre a gente?

– Acho que foi por ali. - Isaac comentou. Ouvi algo se mexendo atrás de nós e me virei. Vi alguém escondido entre as árvores, mas se escondia de outras pessoas, porque estava de costas pra gente. Comecei a andar até lá. - Por que você tá com a arma apontada pro cara? - Ele cochichou perto do meu ouvido. Talvez eu tenha feita isso por força do hábito. Abaixei a arma. Ouvi um barulho e me virei. Assim que fiz isso, algo saltou por cima de mim. Também por força do hábito, usei toda a minha força pra prender o indivíduo no chão.

– Ô, moça, só to fazendo meu trabalho. - O cara reclamou depois de tirar a dentadura de lobo. Saí de cima dele com um sorrisinho sem graça.

– Desculpa.

– Você curte isso de caçar, né? - Isaac perguntou e eu continuei com aquele sorriso vamos-mudar-de-assunto-pelo-amor-de-Deus.

(...)

Resolvemos sair de lá e ir comer alguma coisa. Não demoramos muito pra voltar pras nossas repúblicas. Nem fomos no duelo medieval no domingo. Na segunda seguinte, Stevens vem com essa enquanto nós dois estamos almoçando/estudando em silêncio:

– Vem cá, o que aconteceu sábado? - Paro de morder a tampa da caneta e olho pra ele. Isaac para de comer e também faz o mesmo.

– Nada, que eu saiba. - Ele responde e Stevens estreita os olhos.

– Vocês são dois cínicos. - Ele diz sentando no meio de nós dois.

– Para de neura. Não aconteceu nada. - Reclamo.

– Sarah só pulou em cima do cara que fingia ser um monstro na caçada de Supernatural. Tipo aquela vez que roubaram o celular dela. - Isaac fala rindo.

– Eu fiquei assustada. Só isso.

– Vocês se beijaram, não foi?

– QUE?! - Juro por Deus que tanto eu quanto o Isaac quase tivemos um ataque cardíaco.

– Sério mesmo?! - Stevens pergunta meio sorrindo/meio rindo. Depois, começa a ri mesmo. Tipo, até chorar. Não sei qual a graça.

– Não nos beijamos, idiota.

– Mas deve ter sido quase lá. - Eu olho pro Isaac e vejo que ele estava olhando pra mim também. E a pergunta que não saía da minha cabeça desde sábado vem a tona.

– Você não me levou no festival de anime só pra me pegar, né? - Isaac parece até ofendido.

– Tá louca?! Saímos como amigos. - Levantei uma sobrancelha. - Foi coisa do momento. - Cruzei os braços. - Qual é, Sarah! Você tava muito gata com aquela saia.

– Já estão até tendo DR. - Stevens comentou.

– Não seja ridículo. - Falei pra ele e depois me virei pro Isaac. - Mas você ia me beijar.

– Se aquela mulher não tivesse atrapalhado eu ia mesmo. - Stevens gargalhou. - E não adianta ficar com essa cara de chocada-estou-não-sabia-o-que-estava-acontecendo porque você ia me beijar também.

– Tá, deixa eu sair que a coisa tá ficando séria. - Stevens comentou se levantando.

– Planta a sementinha e depois dá o pé, né?! - Disse irritada enquanto ele se afastava. - Eu não ia te beijar. - Quem eu to querendo enganar?

– Mentirosa. Ia sim.

– Não ia, não. Eu ia corresponder, mas não ia te beijar. Ia ser ao contrário.

– Então, se eu te beijar agora, você corresponde? - Me calei. Eu sabia que eu ia corresponder. Mas não queria criar um clima estranho entre nós dois. Continuei sem responder nada. E parecia que a cada segundo, Isaac se divertia mais com o meu silêncio. Olhei em volta pra evitar olhar pra ele. Nunca enrolei tanto pra responder algo.

– Ficamos legais como amigos. - Ele riu, parecendo descrente.

– Certo. - Depois disso, ambos ficamos em silêncio até voltarmos pra sala. E, também, ambos sabíamos que eu o beijaria.

(...)

Inventei uma desculpa pra Carly e disse que ficaria em meu apartamento no próximo fim de semana. Sem estudos, sem disfarce, sem nada. E sem Isaac observando os meus movimentos também. Nossas conversas ficaram vagas depois daquele dia no refeitório.

Não fiz muita coisa durante o fim de semana. Revi minhas séries, dormi mais do que devia (e o que eu merecia) e pedi minha pizza preferida. Sentia falta de comer os oito pedaços sozinha (entre janta e café da manhã).

Domingo de manhã, ou começo de tarde, enquanto eu ainda dormia, bateram na porta. Ou melhor, esmurraram a porta.

– Que é, porra?! Já to indo! - Fui até a porta de pijama, tropeçando no lençol. Quando abri a porta, dei de cara com o Stevens. - Não precisa quase derrubar a porta do meu apartamento. - Falei indo pra sala, sabendo que ele me seguiria.

– Tá gata de pijama.

– Ah, obrigada. - Falei revirando os olhos e deitando no sofá.

– Chefe me obrigou a te procurar.

– Eu disse que estaria aqui.

– Ele não queria que você viesse.

– To sabendo. - Olhei pra ele. - Que? - Perguntei quando o vi quando uma cara de cão sem dono.

– Você tá evitando alguém? - Arqueio uma sobrancelha e fico com a postura ereta.

– Tá falando de que?

– Isaac.

– Ainda isso? Sério mesmo? Não vim pro meu apartamento porque queria fugir de um cara. Vim porque precisava de um tempo pra mim.

– Tudo vai voltar ao normal quando você parar de ser birrenta e deixar ele te beijar.

– Tá usando as drogas que devia entregar pro chefe, né? - É a única explicação.

– Deixa de ser chata. Você quer beijar o Isaac também. - Revirei os olhos, mas não respondi. - Hoje é domingo. Vai voltar comigo ou vai amanhã de manhã? - Levantei do sofá.

– Me espera.

(...)

Não esperava que eu pudesse mudar de ideia no caminho entre o meu apartamento e a faculdade. Ou melhor, deixar a vergonha de lado. Stevens disse que levaria minha mochila até o meu quarto e eu fui até a república masculina. Bati na porta do quarto dele. Eu espero que o Isaac tenha acordado. Bati mais uma vez e ele abriu a porta. Pareceu surpreso por me ver ali, mas acho que ficou mais surpreso ainda quando o beijei. Um beijo simples, sem troca de saliva. Só a minha boca encostada na dele. Mas já é o suficiente pra me fazer corar. Nunca fiz o tipo da menina que chega no cara, entendem?

– O que aconteceu aqui? - Isaac perguntou rindo um pouco. Senti que eu estava mais vermelha que qualquer coisa.

– Você perguntou se eu te beijaria. - Expliquei. Ele pegou na minha mão e me puxou pra dentro, fechando a porta. Depois disso, ele me beijou. Um beijo de verdade. Não só um encostar de bocas. E, cacete, o beijo dele é muito bom!

– Tem certeza de que não me beijaria de volta? Você tinha dito que não. - Ele perguntou rindo da minha cara, ainda abraçado comigo.

– Tenho certeza que seu beijo foi mais que satisfatório. - Falei sorrindo e ele ficou com uma cara de confuso, mas logo associou com Harry Potter e a Ordem da Fênix e deu risada.

– No seu caso, acho que vou ter que provar de novo. - E nos beijamos mais uma vez. Paramos quando ouvimos a porta sendo aberta.

– Eu queria muito não ter visto isso. - Stevens reclamou fazendo careta.

– Então, batesse na porta antes de entrar. - Falei como se fosse óbvio.

– Ei! O quarto é meu! - Dei de ombros. - E preciso de você. Agora. - Isaac beijou minha bochecha e me soltou. Fui até o estacionamento do prédio junto com ele. - Se liga no que eu achei. - Stevens abriu o porta-malas. Três caixas cheias de drogas. Abarrotadas.

– Como...

– Primeiro uma coisa. - Ele me interrompeu. - Aquilo é de verdade e você tá mentindo sobre o seu nome pro coitado do menino ou tem a ver com a investigação? - Revirei os olhos.

– É de verdade. - “...mentindo sobre o seu nome pro coitado do menino”. Aquilo me deu náuseas. - Agora é sério. Como conseguiu tudo isso?

– Achei no final do seu corredor. Acho melhor você ficar de olhos abertos, Laura. - Ele fechou o porta-malas e abriu a porta traseira. - Agora me ajuda a levar isso lá pro meu quarto. Depois, eu deixo vocês se pegarem enquanto levo a droga pro chefe.

– Para de falar bosta. - Pegamos as caixas dele e começamos a voltar pro quarto dele. - E, Stevens, eles não deixaram tudo isso de droga jogado por aí.

– O que você tá pensando? - Parei. - Você pode falar enquanto anda. - Mas eu não queria falar sabendo que outros alunos podiam ouvir.

– Lá é muito cheio. Eu to pensando... E se deixaram pra incriminar alguém? Aliás, perto do quarto de quem você encontrou isso?

– Estava escrito “Johnson e Bennet” na porta. E acha mesmo que foi pra incriminar alguém?

– Não vejo outra razão.

– Mas se foi pra incriminar alguém, então sabem que estamos investigando. Se eles sabem que estamos investigando...

– Então sabem que tem policiais aqui dentro. É, to pensando nisso também. - Parecia que esses caras estavam sempre a um passo na frente da gente. O que é um pouco assustador, já que não sabemos nada sobre eles. Ainda. - Eu vou encurralar o Scoot.

– Quem?

– O cara que vende.

– Eu vou com você.

– Não. Vai ser suspeito demais. E eu sei me virar sozinha.

– Tem certeza?

– Tenho. Falo com ele amanhã. E aí, vamos saber pra quem ele vende. - Eu estava completamente decidida disso. Só não tinha pensado em como arrancar as informações pra não estragar o disfarce, mas que eu conseguiria saber pra quem ele vende, isso eu conseguiria!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unkiss Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.