Growing back escrita por kelly pimentel


Capítulo 34
Capítulo 34




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Katniss, D12

Apesar de tudo, estou feliz de estar em casa. De voltar para floresta e sentir o ar fresco, o cheiro da terra. Posso ouvir os pássaros, as folhas, o vento... os passos. Passos? Escuto passos atrás de mim e me viro rapidamente na direção do som. “Calma docinho” a voz de Haymitch dispara, estou com meu arco armado apontando em sua direção.

—Estou tentando ficar em paz. Não deveria me caçar enquanto eu caço. – Digo baixando o arco. – Agora me diga, o que é tão importante que você não poderia esperar?

—Um telefonema. Venha, você vai gostar de saber das notícias. – Ele afirma sorridente.

—Gostaria de me adiantar o assunto? Ou talvez quem me espera do outro lado da linha. É Peeta? –Pergunto caminhando em sua direção.

—Sim. É nosso querido Peeta. – Ele diz sorrindo.

Esqueço as flechas perdidas e saio correndo deixando Haymitch para atrás. É um trajeto que faço calmamente, o fiz por anos, sei a duração, mas ainda assim cada novo passo não parecia suficiente, parecia ser a primeira vez que corria ali. Entrei em casa arfando, achei que o telefone estaria fora do gancho me esperando, não estava. O peguei e liguei para a casa no capitol, ninguém atendeu. Frustrada, sentei no chão da sala ao lado do telefone, Haymitch chegou minutos depois.

—Se tivesse me esperado eu teria explicado melhor. – Ele disse arfando.

—Você correu?

—Eu tentei, mas claramente estou velho demais pra isso.

—Você está bêbado demais pra isso. – Digo implicando com ele. – Agora desembuche.

—Ele ligou e disse que... bem, ele quer falar com você. Acho melhor que ele te conte tudo.

—Ande logo, me diga o que aconteceu. – Digo impaciente.

—Ele vai voltar pro doze no trem das 14h.

—Voltar? – Pergunto levantando. – De vez? O que aconteceu?

—Bom, na verdade essa parte foi Effie quem me contou, mas Johanna e Cressida descobriram que Haley não estava mesmo grávida, que foi tudo um plano pra separar vocês.

Sinto um alívio no peito seguido por um novo aperto. Peeta. Peeta deve estar arrasado. Um filho era tudo que ele queria, primeiro eu tenho uma gravidez indesejada, fora do útero e afirmo que não quero ter filhos, depois ele ganha uma espécie de segunda chance e descobre que tudo não passava de uma mentira, ele perdeu dois filhos em um curto período de tempo, deve estar péssimo.

—Ele ligou da casa da Effie? – Pergunto desnorteada. – Ela disse como ele está?

—Sim, ele está na Effie. Não sei como ele está. Ligue de volta.

Peguei o telefone e disquei o mais rápido possível. Foi Effie quem atendeu, ela me disse que Peeta havia conseguido uma passagem mais cedo e estava a caminho da estação.

—Como ele está? – Pergunto.

—Bem, considerando tudo.

—Eu não vou saber o que dizer. – Falo preocupada.

—Claro que vai e, de qualquer forma, ele não espera que você diga nada, ele só quer ficar perto da mulher que ama, vocês já passaram tempos demais afastados por isso.

Agradeço a Effie. Ela pede pra falar com Haymitch e eu passo o telefone. Em seguida, saio da casa de Haymitch e caminho até a minha. Não sabia muito bem como processar tudo aquilo. Estava feliz por saber que Peeta estava voltando, feliz por não precisar ter Haley em minha vida como mãe do filho de Peeta, mas ao mesmo tempo eu estava triste e com raiva de saber que ele foi enganado, machucado por ela. Eu poderia matá-la se a encontrasse na minha frente.

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[Cressida, Capitol, estação de trem ]

—Obrigada pela carona – Peeta diz sorrindo enquanto eu o ajudo com as malas.

—É o mínimo que eu podia fazer depois de...

—Não. – Ele me interrompe. – Eu sou o idiota dessa história, Johanna tentou me avisar várias vezes e eu me comportei como um cego. Eu deveria ter ouvido, duvidado da Haley, sido mais esperto.

—Ela foi muito esperta Peeta, eu mesma não acreditava na Jo, apenas não queria a contrariar. – Digo sorrindo. – Tivemos um trabalho enorme, e Haley ainda nos passou a perna fazendo com que você encontrasse a Jo naquele dia na clínica.

—Eu fui terrível com ela, eu devo um pedido de desculpas por aquilo. – Peeta diz enquanto caminhos no sentido da plataforma – Eu acho que devo um pedido de desculpa pra ambas, assim como um muito obrigado. Por favor, agradeça a Johanna por mim.

—Você não sabe como é bom ouvir isso. -Digo. Nós paramos enquanto esperamos pela chegada do trem. – Vocês dois, você e Katniss, são o mais próximo que a Johanna tem de uma família, vocês são muito importantes pra ela. E ela estava muito preocupada com a possibilidade de que você a odiasse pra sempre.

—Claro que não. Eu preciso mesmo é agradecer pra sempre. É claro que eu estou abalado – ele diz cabisbaixo – mas ao mesmo não razão pra tristeza, era tudo mentira, eu posso voltar pra mulher que eu amo, pra minha casa, pra minha vida.

Conversamos por mais alguns minutos até que o trem finalmente chega e Peeta embarca.

[Peeta, Distrito 12]

Assim que desembarco no 12 me sinto ansioso. Pego um carro e sigo para casa. Katniss já deve saber que estou chegando, embora não saiba exatamente que horário, peguei o expresso tentando chegar o mais rápido possível, mas a distância entre o 12 e a capital é apenas um pouco reduzida nessa modalidade, ainda são várias horas de uma viagem fazendo mais trezentos quilômetros por hora, horas que parecem intermináveis quando tudo que você deseja é chegar em casa. No trajeto, lembrei da primeira vez que Katniss e eu estivemos no trem, sentido Capitol, pouco depois dos nossos nomes serem retirados na colheita, lembro de como ela estava, assustada e arredia, eu também estava com medo, eu achava que estava caminhando pra morte, mas algo em mim dizia que ela podia mesmo sair daquilo com vida, algo em mim faria tudo pra que isso fosse possível. Eu não poderia imaginar, nem nos maiores delírios, tudo pelo que passamos.

Desço na frente de casa e o motorista me ajuda a tirar as malas. Caminho em direção a minha casa, são quase dez horas da noite. Abro a porta e dou de cara com Katniss, sentada no sofá. Solto as malas e corro até ela que me abraça forte.

—Peeta... – ela diz, estamos imóveis, presos no abraço, como se qualquer novo movimento fosse arriscado. – eu sinto muito... eu sinto muito.

—Não sinta. – Digo. – Eu estou exatamente onde eu deveria estar, no único lugar do mundo ao qual eu pertenço. Nos seus braços.

Percorro minha boca por seu rosto devagar, até encontrar seus lábios. Nos beijamos, primeiro devagar, intensificando aos poucos. Nos separamos relutantes, apenas por ar, aproveito e fecho a porta, depois caminho de volta pra Katniss.

—Eu sei que você quer conversar.  – Digo. – E eu também quero, mas não agora. Agora eu só quero ficar com você, te beijar, sentir seu cheiro.. agora eu só quero recuperar o tempo que perdemos. Eu só preciso saber uma coisa antes, você me aceita de volta? Me perdoa?

—Eu quase te perdi três vezes antes. – Ela diz com os olhos cheios de lágrimas, os meus também estão. – No primeiro torneio quando Cato quase... quando, você sabe. No quaternário quando seu coração parou e eu achei que o meu fosse parar também, depois quando Snow te levou e você não era mais você... então, você acha mesmo que isso seria suficiente pra que eu não te perdoasse, pra que eu não te aceitasse de volta? Eu amo você Peeta.

O que eu poderia dizer que seria capaz de explicar o modo como me sinto. “Eu te amo”? “obrigado”? Nenhuma dessas palavras carrega o sentido certo, exato... as palavras são incapazes de dizerem de forma completa tudo que eu sinto por essa mulher. Coloco minha mão em sua nuca trago seu rosto pro meu, beijo-a novamente, dessa vez com uma paixão incontrolável, todo o universo some e somos só nós dois, os pontos de energia formados nos locais onde nossos corpos se tocam, nosso cheiro, os gemidos... começo a despir Katniss que faz o mesmo comigo.


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