Growing back escrita por kelly pimentel


Capítulo 20
Capitulo 20




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Um mês se passou desde que Peeta e eu terminamos. Ele voltou para o Doze, embora tenha sido visto algumas vezes aqui no Capitol, tratando de assuntos de seu comitê de paz, suponho. Tentei não manifestar interesse quando me contaram, embora toda vez que converso com alguém que o conhece minha cabeça apenas fica perguntando “Como está Peeta?”. Mas eu não posso saber, não tenho esse direito.

Só mais algumas sessões eu vou poder voltar para casa, mas pela primeira vez eu não sei se quero voltar. Consigo agora entender o que Peeta falou. Voltar significa revê-lo, e revê-lo vai partir meu coração outra vez, se é que ainda tem algo aqui para ser partido. Talvez eu possa ir para qualquer outro distrito, tentar ser útil, mas a única coisa que eu realmente quero é voltar para casa.

Sou despertada da minha mente pelo telefone. Saio do jardim e volto para sala onde Owen já tem o telefone na mão. “É Haymitch”, ele avisa. Agradeço vou caminhando de volta para o jardim.

— O que você está fazendo? – Haymitch pergunta assim que eu digo alô.

— Agora?

— Não Katniss, o que você está fazendo com você mesma, e com Peeta. O que é isso? – Consigo imaginar sua expressão, o mesmo tom de censura de sempre. Às vezes eu só queria perguntar porque ele achava que podia me dar conselhos, mas eu já sabia porque, nós somos tão parecidos, talvez por isso sempre tenhamos mantido uma relação estranha. A única coisa que sempre concordamos foi sobre Peeta.

— Eu não posso prendê-lo Haymitch. Você mesmo disse que ele é o melhor de nós, ele merece ter tudo com que sonhou. E eu não posso oferecer.

— Claro que pode. – ele responde. – E eu não estou falando de filhos.

— Ele te contou? – Pergunto. Mas claro que contou.

—Ele. Effie. Parece que só nós dois temos o bom senso de esconder o que sentimos querida. Mas isso de ter filhos Katniss, isso é entre você e você mesma, entre você e o medo que sente de perder mais alguém. Nós não estamos mais em guerra, mas não é disso que eu estou falando. Você pode oferecer o que ele quer porque qualquer idiota pode perceber que você é a única coisa que ele quer de verdade.

— As coisas não são tão simples assim...

— Ah, claro que não são. Ele morreria por você, ele teria qualquer vida ao seu lado.

—Sim. E é por isso que não posso pedir isso a ele.

— Você quem sabe. Só quero avisar que uma certa moça de cabelos vermelhos tem passado muito tempo do doze, talvez você a conheça, a adorável Haley. – Senti meu coração gelar com aquelas palavras.

— Haley? O que ela faz no doze?

— Eu suponho que ela não tenha tomado o trem até aqui para experimentar apenas os pães.

— Você falou com ele? Sabe... sobre ela? – Pergunto.

— Sim. Mas não vou te contar. Do mesmo modo como ele não vai saber dessa ligação. Qualquer coisa que vocês precisem dizer um ao outro, precisam dizer um ao outro. Entendeu?

— Entendi. Mas Haymitch... eu não seria egoísta?

— Não existe só egoísmo e altruísmo. O mundo não é preto no branco. Você deveria saber disso. No fim das contas, a única coisa que importan é se essa felicidade que você quer que ele tenha, sem você, vai mesmo existir. Não me responda. Eu realmente já me envolvi demais nisso. – ele diz desligando.

Ainda com o telefone em mãos pego-o e disco o número de Peeta. Após algumas chamadas cai na caixa postal, deixo um recado.

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— Você não estava brincando quando disse que eram deliciosas. – Ela afirmou enquanto saboreava uma fatia de torta. Seus olhos castanhos claros no cabelo vermelho, uma combinação fulminante. A pele branca e pequenas sardas no rosto, tudo isso, a composição, era doce, mas podia ser sexy, eu bem sabia disso.

— Eu costumo ser modesto, mas não posso mentir. – Digo enquanto corto outra fatia de torta, desta vez de limão.

— Eu não posso mais comer. Adoraria mais não posso. Vou explodir.

— Essa é minha. Eu também preciso comer, se você deixar. – Retruco sorrindo. Ela também sorri. Ela sorri de tudo. É como se eu fosse a pessoa mais engraçada do mundo, não sou. Penso na facilidade daquilo. Haley é divertida, leve, interessada nas mesmas coisas que eu. Entende de arte, comida, sonha em casar, ter filhos. Mas ela não é Katniss.

Ela não é Katniss. Por um minuto eu me permito pensar naquilo como algo bom. Olho para a mulher na minha frente, olho para como ela é graciosa, seu corpo se inclina pra mim e passa o dedo indicador na minha fatia de torta.

—Eu achei que você ia explodir. – digo sorrindo.

—Eu não consigo resistir a isso. – Retruca chegando mais perto, sua boca carmim perto da minha – Nem a isso.

Permito o beijo, intensifico-o. Pressiono o corpo de Haley no meu, mas o frenesi logo passa  eu me pego pensando na última vez que beijei alguém aqui, nesse mesmo lugar, na familiaridade dos nossos corpos em comparação a esse estranho agora. Separo então nossas bocas.

—Me desculpe. – Digo me recompondo.

—Não, tudo bem. – Haley afirma pegando minhas mãos nas suas de forma carinhosa. – Você me pediu um tempo, um tempo para se acostumar com tudo isso. Está tudo bem. Esses meses sem você foram horríveis, mas eu posso esperar. Eu esperaria por todo o tempo.

Encosto minha cabeça na dela e penso em como tudo àquilo era bobo. É claro que eu gostava dela, Haley não era ninguém, ela tinha um significado na minha vida, mas eu não podia deixar de pensar em Katniss, não conseguia. Agora mesmo meu principal desejo era volta correndo pro Capitol e ficar com ela, não importando as condições, mas ela tinha razão, eu ressentiria, eu queria uma família, queria filhos. Eu poderia ter isso com Haley. Ela estava ao meu lado desde que soubera do fim do meu relacionamento com Katniss, primeiro me ligou, depois saiu comigo algumas vezes durante minhas visitas ao Capitol. Relembro a semana anterior quando ela me beijou e se desculpou várias vezes até que eu a beijei, “não precisa se desculpar, eu também quero isso” afirmei, mas não era de todo uma verdade, nem de todo uma mentira. Eu a desejava. Adorava seu corpo, sua mente, seu cheiro, o modo doce como via o mundo.

—Eu quero isso! – Disse finalmente. Passei minhas mãos em sua cintura e a beijei, dessa vez com intensidade. Depois de alguns minutos ela se afastou de mim, separando nossos corpos. Andou para atrás devagar e começou a desabotoar o vestido, deixando que ele caísse no chão. Observo seu lingerie lilás, os seios pequenos naquela peça de roupa delicada, toda a harmonia de sua beleza. Me aproximo tocando sua pele, observo nossas peles juntas, tons parecidos, tento não pensar em mais nada, deposito um pequeno beijo em seu ombro, clavícula, queixo, e finalmente nossas bocas se encontram. Subo as escadas puxando-a pela mão, podia jurar ter ouvido o telefone quando cheguei lá encima, mas Haley assegurou não ter ouvido nada.


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