Cidade das Estrelas Caídas: a shadowhunter history escrita por Loods


Capítulo 1
Sonho adolescente


Notas iniciais do capítulo

Eis o que tornou o teu amor mais forte:
Amar quem está tão próximo da morte.

William Shakespeare, Sonetos.



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— Isso não pode estar acontecendo! — eu murmurei, enquanto vasculhava nos amontoado de papéis em cima da mesa. Não havia se passado nem cinco minutos que eu estava lendo as anotações para a temida prova de Cálculo de hoje, quando Katie me ligou dizendo que iria cair justamente a fórmula que ele comentou apenas uma vez na aula, e que por uma sorte absurda, ela havia marcado no canto do caderno enquanto divagava sua atenção entre a fala monótona do professor e as chances de ser vista por Kevin no jogo de sábado. Eu anotei em um dos papéis disponíveis na bancada, e o trouxe junto até o escritório para estudar, mas ele pareceu se esconder de mim neste momento crítico.

— Mas que bagunça é essa, Isabelle? Eu achei que você estava procurando algo, e não destruindo a organização da ficha dos pacientes! — ouvi minha mãe exclamar da porta. Cecilia Lumminier me observou com os olhos cerrados, e a boca fechada em tensão. Seus cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo muito elegante no alto da cabeça, a roupa leve que ela vestia destacava apenas a magreza que é natural aos Lumminier. Ela carregava a sua pasta do trabalho, o jaleco estava em uma sacola da minha loja de doces favorita que ela largou na poltrona. Ela começou a organizar as fichas metodicamente, assim que se aproximou de mim.

— Qual é, estatiscamente, a chance de perder a anotação da fórmula da prova de hoje que estava na minha mão há dez minutos? — perguntei indignada. Minha mãe sorriu levemente, levantando um pedaço de papel com a minha letra que estava ao lado do romance que eu estava lendo.

— Qual é, estatiscamente, a chance de que eu agende uma consulta com o oftalmologista para você? — ela brincou, me entregando o papel. Um jorro de alívio desceu pelo meu corpo, enquanto eu olhava o papel, decorando a fórmula anotada. Meus músculos ainda estavam tensos com a busca, mas quando olhei no relógio que estava no pulso, senti outro espasmo de medo. A prova era em menos de meia hora.

— Agora, vamos. Você não vai querer perder a prova e a chance de voltar mais cedo para casa. — ela disse, já rumando para a porta, com a pasta e a sacola na mão. Eu a segui, pegando minha mochila e fazendo um último carinho em Sophie, que estava deitada na sua cama ao lado da porta. Ela abanou o rabo pra mim, e se virou pronta para outra soneca. Segui para o carro, gemendo com a névoa que pairava sob Londres. A chuva e o frio são tão comuns por aqui, que é praticamente o acontecimento do ano quando o sol resolve fazer uma visita.

— Qual a música de hoje? — minha mãe perguntou animada quando entrou no carro. Eu dei uma olhada nas músicas que estavam ali, e escolhi uma romântica daquelas somos-diferentes-mas-iguais. Minha mãe olhou para mim por apenas um segundo antes de ligar o carro e dar a partida.

— Gostou? — perguntei, intrigada com a cara que ela fez quando me olhou.

— Sim. Uma boa melodia. Vamos ver o que Katie acha da volta do seu romantismo esquecido. — Ela disse sorrindo. Passamos pela nossa vizinhança, chegando ao bairro vizinho ao nosso. Katie já estava na porta, olhando vidrada para frente, com o livro de cálculo apoiado no colo. Seus cabelos avermelhados estavam escuros embaixo da touca, e as mãos escondidas nas luvas. Ela parecia uma bola coberta de várias camadas de roupa. Seus olhos castanhos voltaram a foco, e a seu rosto se abriu com o sorriso quando viu o carro parado a sua frente.

— Oh, quem escolheu essa música? — Katie olhava sorrindo, com o rosto corado. Ela estava apaixonada pelo quarterback da nossa escola, Kevin. Isso significava que eu passava horas demais ouvindo sobre possíveis combinações de roupa, sobre todos os seus lances nos últimos jogos e ouvindo muita musica melosa quando dividíamos o IPod.

— Culpada! Você e o Kevin tem influenciado absurdamente meu gosto musical. — Ela sorriu austera, e trocou olhares com a minha mãe. Fomos rumo à escola, no nosso caminho habitual, conversando sobre essas paixonites de escola e essas músicas cada vez mais melosas nos Hit Parade. Quando chegamos na porta da Constance High School, minha mãe desejou uma boa prova para nós duas. Eu estava com a mão no trinco, pronta para sair quando senti a mãe dela no meu ombro. Me virei e vi seus olhos azuis ansiosos na minha direção.

— Você é uma filha maravilhosa, Belle. Tenho certeza que esta prova será mais fácil que organizar seus livros por ordem de preferência. Quando terminar, pode ir até o hospital, se desejar. Podemos almoçar no Pete’s.

— Yey! Vou comer a balaklava do Pete’s depois dessa tortura. Amo você, mãe! — me virei para um abraço, que acabou durando um pouco mais, enquanto ela me segurava. O cheiro do perfume familiar e amável entrou nas minhas narinas e eu pude sentir a calma extravasar por mim. Cheiro de mãe: calmante infalível.

— Eu amo você, Belle. Traga Katie, sim? — ela acenou para Katie, enquanto o celular apitava indicando que o hospital já ansiava por ela. — Qualquer coisa, ligue.

Eu pulei do carro, afirmando com a cabeça, indo me juntar a Katie que já estava do lado de dentro dos portões. Passamos cumprimentando nossos colegas, e seguimos diretamente para a sala enquanto ouvi o sinal de entrada tocar. Eu sentia a tensão de Katie pela prova ao meu lado. Quando entramos na sala, sentamos ao lado uma da outra. Katie olhou enojada para mim. Quando procurei o motivo, vi que Kevin estava conversando animadamente com Jessica. Péssima escolha, pensei comigo. Jessica era muito querida, quando conveniente. E muito ignorante, quando encontrava alguém dispensável. Claro que ela estava de olho no time, já que eles chegaram a final contra os Corners neste inverno. Troquei um olhar com Katie, e sua postura mudou assim que o Sr. Varner entrou com a pilha de provas. Era palpável o desespero conjunto pela prova do Sr. Varner. Esse era o nosso último ano, então essa prova também definia nossas escolhas universitárias. Quando o professor entregou as provas, eu dei uma olhada para Katie. Ela me deu um sorriso e levantou o polegar. Eu sorri, e me virei para a primeira questão. Não havia passado nem sequer da primeira linha quando ouvi a porta bater, o diretor e Sr. Varner cochicharem para em seguida ser chamada.

— Srta. Isabelle Lumminier? — Eu me levantei sentindo os olhares em mim, e estes me seguiram até sair da sala. Katie me olhou assustada quando o professor fechou a porta. O diretor tinha um olhar calmo, e a testa franzida quando se dirigiu a mim.

— Sinto muito interromper sua prova. Certamente não é o momento apropriado, mas trago notícias para a Srta. Peço que me acompanhe até a minha sala.

Em um estouro, Katie apareceu pela porta, com o rosto vermelho e as perguntas não-ditas expressas no olhar. O diretor olhou questionador para ela.

— Srta. Meyer?

— Diretor Harper. — Ela inclinou a cabeça na direção dele, em um cumprimento.

— A Srta. Precisa de algo?

— Acompanhar a Isabelle, já que talvez o Sr. deseje aplicar alguma punição. No entanto, devo reforçar que o Sr. tem maneiras tão admiráveis, que poderia esperar um pouquinho para brigar conosco sobre o comportamento no último jogo.

Ele olhou firme para ela, e eu tive a premonição de que ela levaria uma detenção pela ousadia. Esse comportamento não era aprovado na Constance. No entanto, o diretor afirmou com a cabeça e eu tive a intuição de o que quer que fosse, não era bom.

— O que está acontecendo? — eu não consegui deter a pergunta. Nosso comportamento foi um pouco efusivo demais no último jogo, já que Katie berrava excessivamente os incentivos ao time.

— Srta. Lumminier, por favor me acompanhe. — o diretor não mudou a expressão, mas pareceu surpreso quando Katie mencionou o jogo.

— O que houve diretor? — eu não me movi um centímetro.

— Aqui não é apropriado. Devo ...

— Seja direto, Sr.Harper. — Ele me olhou e balançou a cabeça. Olhou para os lados do corredor, e voltou a olhar para mim. Eu vi o suor escorrer pelo canto da testa. Ele baixou os olhos e se aproximou.

— Srta. Lumminier, é com muito pesar que devo informar que houve um acidente esta manhã com o carro que sua mãe seguia até o hospital.

Eu interrompo imediatamente.

— Minha mãe? Ela está no hospital? Ela está sendo atendida?

Ele pausa e me olha. Olha para Katie. Eu consigo sentir os meus músculos tensos pela espera da resposta.

— Srta. Isabelle, ela não suportou a colisão.

Eu senti a tremulação na minha mão. O bolo que se formou na minha garganta. Senti as mãos de Katie ao meu redor, sussurrando palavras que não importavam para mim naquele momento. Eu tentei engolir, e fechei os olhos. O Sr. Harper se aproximou. Eu senti o chão meus joelhos, e em seguida o gelado contra o meu rosto ardendo em chamas.


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Notas finais do capítulo

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