Frio...

~*~

Eu fechei os olhos...

Para sonhar com os teus,

Mas apenas escuridão me alcançou.

Eu poderia me saciar apenas com o som da tua voz.

Se eu ao menos a escutasse em meio à dor.

~*~

[... 30 minutos depois do acidente].

Lento.

Era assim que aquela maldita caixa de metal de movia. Conseguia ouvir inteiramente a minha respiração, e mesmo que clicasse incontáveis vezes contra o maldito botão, aquela merda não se movia.

As portas se abriram e eu corri para fora, onde uma sala lotada de pessoas doentes se encontrava. Avistei uma mesa de recepção e me direcionei para lá.

__O-onde é a emergência?! _gritei e todos que estavam próximos da mesa me olharam _O-nde é a emergência?!

__Senhor calma...

__Vá se foder! Eu quero onde é a... _ouvi o som de vozes ao longe e corri para o corredor vazio, ouvindo as pessoas que estavam na recepção me chamando.

Logo estava em meio a vários leitos, onde inúmeros médicos transitavam na clínica de trauma. Olhando todos os pequenos espaços, mas sem jamais o encontrar. Sentir o meu corpo inteiro estremecer de medo e angustia a cada passo dado e sem saber onde, ou como ele poderia estar.

“É tudo minha culpa!”

“Eu sempre soube que seria a destruição dele.”

Abri inúmeras portas, dando de cara com pessoas que me encaravam com caretas. Até entrar em um corredor mais afastado, com alguns paramédicos, vindo com certa pressa e então avistei a velha jaqueta marrom com novas manchas.

Manchas que jamais sairiam...

~*~

[... 25 minutos antes do acidente].

Era incrível a capacidade do ser humano de conseguir sentir mudanças de clima passar rapidamente, mesmo que no momento não importasse quantos graus poderiam estar fazendo. Por que o frio não vinha apenas das cinzentas e carregadas nuvens acima, mas de dentro de mim.

“Estúpido!”

Era a única coisa que conseguia gritar para mim mesmo, enquanto corria desesperado pelas ruas úmidas de Nova York. Com os olhos transbordando tudo o que não podia, apenas por amar demais quem jamais retribuiria nem o décimo do que eu merecia.

“Estúpido! Você é um estúpido Castiel!”

Engoli em seco parando com tudo em meio à calçada, tentando puxar todo o ar que conseguia para meus pulmões. Sentindo como se incontáveis adagas estivessem em meio ao meu sistema respiratório. Voltei a andar rapidamente, mal sentindo a fina garoa que já caía sobre a cidade.

“Ilusão... Tudo não se passou apenas de uma brincadeira!”

As ruas estavam escuras. E as pessoas corriam em meio à calçada em busca de abrigo. Logo também estava correndo, não por proteção, mas porque tinha a falha sensação de que se corresse, conseguiria deixar tudo para trás. Poderia fugir...

“Todos sempre te avisaram, mas foi você quem quis cair como um patinho”.

Mal enxergava por onde passava, tudo estava desfocado pela chuva, pelas lágrimas e pela dor. As luzes coloridas passavam como borrões, enquanto as pessoas, meras figurantes da minha trágica peça teatral da vida que agora se resumia a inúmeros problemas, olhavam-me como se fosse um louco.

Parei de andar em meio a uma rua mais vazia. Não que isso importasse um pouco, os meus cabelos já estavam totalmente colados em minha testa, enquanto a maldita jaqueta de couro, a preciosidade dele pesava pela água contida nela.

Apertei a peça contra os dedos, enquanto podia sentir o cheiro forte de colônia de barbear e cerveja barata emanarem. Passei a mão em meus cabelos, enquanto mordia os lábios fortemente para não chorar mais, mesmo que fosse impossível.

“Por quê? Porque logo você Dean?”

__Hey amorzinho, você não deveria estar andando na chuva a esta hora _um homem encostado em um muro se aproximou de mim e eu neguei com a cabeça, enquanto caminhava mais rápido para o semáforo de pedestres logo à frente _Hey! _ele me puxou com força _Que tipo de bichinha você acha que é para me ignorar!

Puxei minha mão com força, logo o empurrando o máximo que podia. O que não era muito em minha situação.

__Não me toque seu babaca! _gritei enquanto ele vinha para cima de mim novamente, me virei para a rua correndo rapidamente. Aquele foi o meu maior erro.

A última coisa que consegui lembrar foi do olhar mortal do homem e das incríveis luzes brancas, como se um anjo viesse em minha direção, para em enfim o meu descanso merecido.

When I was at my worst

Down on my knees

And you said you had my back

So I wonder where were you

Quando estava no meu pior momento

De joelhos

E você disse que me protegeria

Então eu me pergunto onde você estava

~*~

[... 15 minutos depois do acidente].

Estacionei com rapidez contra o lugar totalmente parado. Onde uma viatura e várias pessoas estavam paradas. Corri rapidamente, empurrando as pessoas que reclamavam, mas nada daquilo importava no momento.

Estava enfrente a um policial que empurrava as pessoas que tentavam ultrapassar o limite permitido. Enxerguei de longe os paramédicos colocando alguém que eu poderia reconhecer de olhos fechados dentro de uma ambulância.

Desviei do policial que tentou me pegar, e fui em direção a ambulância que já fechava as portas. Quando me aproximei para entrar, o policial me puxou.

__Me solta! _gritei.

__Senhor volte para...

__Me solta! Aquele é o meu namorado! _gritei vendo a ambulância já saindo do lugar _CASTIEL!

[...] When all the roads you took came back to me.

So I’m following the map that leads to you

[...] Todos os caminhos que pegou te trouxeram de volta pra mim.

Então estou seguindo o mapa que me guia até você.

~*~

[... 5 horas antes do acidente].

__Eu realmente não quero ir _ouvi pela milionésima vez a reclamação do moreno mais baixo, que revirava o guarda-roupa em procura de alguma coisa _Nem roupa eu tenho para ir.

__Você fica perfeito com qualquer coisa Castiel... _Falei sorrindo e o moreno revirou os olhos, enquanto voltava a olhar para as roupas.

__Eu tinha outros planos para nós hoje, sabia?! _ele falou bufando enquanto pegava uma camisa branca de botões e a minha jaqueta marrom velha.

__Eu acho que isso é meu... _Falei sorrindo de lado e ele me ignorou.

__Mas não, você tinha que prometer ao Benny que iriamos a maldita festa dele _Cass voltou com um par de botas e uma calça jeans justa.

__Eu não sabia que você tinha feito um plano _falei e finalmente recebi um olhar mortal do moreno que cerrou os olhos.

__Hoje é dia dos NA-MO-RA-DOS Dean, claro que eu tinha planos para nós dois hoje! _ele exclamou levemente chateado e eu suspirei me levantando e rodeando sua cintura.

__Me desculpa anjo, eu não fiz por mal _Cass virou o rosto para o lado e eu beijei um pouco abaixo de sua orelha.

__Eu só queria ficar um pouco com você... _ele falou passando os braços em torno do meu pescoço e então estávamos uma vez mais conectados no infinito entre azul e verde.

__Eu prometo de recompensar... _Falei andando com ele dois passinhos de cada vez.

__Eu duvido que consiga _ele falou ainda com um bico.

__Me perdoa vai... _mordi o seu queixo e ele me empurrou levemente.

__Não... _Sorri enquanto o jogava sobre a cama e pulava em cima dele, começando a fazer cócegas.

Castiel gargalhava, enquanto eu espalhava inúmeros beijinhos em seu pescoço, área extremamente sensível do moreno, que se arrepia até com a mais leve das brisas.

__S-seu cretino! _ele gargalhava e gritava praguejando _M-maldito para! D-Dean!

__Me perdoa e eu paro.

__Nunca! _Ele falou fazendo biquinho e eu aumentei a intensidade e ele se retorceu ainda mais embaixo de mim _D-Dean!

__Vamos desiste!

__D-Dean! _ele já estava completamente vermelho, com os óculos que usava de descanso fora do lugar e os cabelos ainda mais bagunçados que o normal _E-Eu te perdoo.

Parei enquanto ele puxava o ar com foça e me dava um soco de leve. Aproximei-me de seus lábios rachados com gosto de mel, enquanto ele puxava o ar com força.

__Eu te odeio Winchester _ele falou baixinho, acariciando o meu rosto enquanto sorria daquele jeito que fazia o meu coração descompassar.

__Se eu não te conhecesse Novak, poderia até acreditar... _Falei selando os meus lábios ao do moreno.

I like to think that we had it all

We drew a map to a better place

But on that road I took a fall

Gosto de pensar que tínhamos tudo

Desenhamos um mapa para um lugar melhor

Mas na estrada sofri uma queda

~*~

[... 30 minutos antes do acidente].

Caminhei por toda aquelas pessoa já incomodado. Dean havia me deixado dançando com Charlie que estava bêbada e dando em cima de algumas mulheres na sala, e desde então não havia voltado.

Estava cansado e a única coisa que queria naquele momento era voltar para casa com aquele loiro estúpido e fazer amor da forma mais selvagem ou romântica que poderia existir, e depois passar a noite ao lado dele vendo Star Wars.

Passei pela escada, indo em direção à cozinha. Quando adentrei ao cômodo, dei de cara com Dean beijando Lisa, sua ex-namorada antes de mim, que o agarra, enquanto o mesmo segurava os seus braços.

Os dois se separaram e então Dean olhou para mim de olhos arregalados. Senti todo o meu corpo estremecer, e meu coração quebrar. Poderia ter cuspido sangue, ou até ter caído, mas não poderia ficar ali.

__Cass não é o que você pensa...

Foi à última coisa que escutei antes de correr para fora daquela maldita casa. Com todas aquelas pessoas estúpidas, dando de cara com a fria rua.

~*~

[... 5 horas e 30 minutos depois do acidente].

Abri inúmeras portas, dando de cara com pessoas que me encaravam com caretas. Até entrar em um corredor mais afastado, com alguns paramédicos, vindo com certa pressa e então avistei a velha jaqueta marrom com novas manchas.

Manchas que jamais sairiam...

Corri em direção à última porta, já sentindo o meu corpo convulsionar. Adentrei logo avistado o peito nu e ensanguentado de Cass, com o rosto ligado a uma espécie de respirador, recebendo massagem cardíaca.

__O-que está acontecendo?! Cass?! _um homem olhou para mim e tentou me empurrar.

__Senhor, você não pode ficar aqui.

Eu o empurrei, mas logo meus braços foram puxados com força por seguranças saídos sabe de lá deus onde, mas nada importava, não quando eu via os médicos tentando reanimar o moreno, que tinha acabado de ter uma parada cardíaca.

__O QUE?! CASTIEL! ME SOLTA!_ Tentei brigar contra aqueles malditos, enquanto via várias pessoas ficando em meu campo de visão. Sentia meus olhos se inundarem apenas por ver o rosto todo cortado e machucado do meu amado, enquanto era arrastado para fora da sala.

[...] In your darkest times.

I was there for you

In your darkest nights

But I wonder where were you [...]

[...] Nas suas horas mais difíceis.

Eu estava lá por você

Nas suas noites mais escuras

Mas me pergunto onde você estava [...].

~*~

[... 2 horas e 13 minutos antes do acidente].

Estávamos no carro, Dean havia acabado de dar partida para fora do estacionamento de casa, enquanto eu coçava os meus olhos levemente incomodados pelas lentes de contato.

__Por que você não veio com os seus óculos? _Dean perguntou me encarando. Já estava anoitecendo, e uma frente fria se aproximava da cidade segundo os jornais, mas mesmo assim o loiro não estava usando nada mais que uma camisa preta e uma calça jeans.

__Para seus amiguinhos bagunçarem comigo? Dizendo que o grande Dean Winchester, capitão do time ficou com o nerd do clube de jornalismo? Não obrigado _Falei batendo o pé direito contra o chão do carro e Dean suspirou.

__Sabe que eu não ligo para o que eles dizem, não é?

__Claro que sei _falei o olhando e sorrindo _mas às vezes me pergunto Dean, se não nos equivocamos _Engoli em seco virando o meu rosto, e logo Dean parou em um sinal vermelho e me puxou para um beijo.

__Foi uma escolha nossa, e ninguém tem nada haver com elas sorri para o loiro que me deu mais um beijo e acelerou.

[... 50 minutos antes do acidente].

Suspirei feliz, enquanto olhava o meu moreno dançando com Charlie no meio da pista. Castiel não se dava muito bem com a maioria dos meus amigos, mas Charlie, que era como minha irmã mais nova, era tudo diferente.

O moreno olhou para mim piscando, e eu sorri para o mesmo que voltou a rebolar de forma provocante. Estava prestes a ir até o mesmo, quando uma mão puxou o meu ombro e eu vi o moreno cheinho com seu velho chapéu de velho sorrindo com dois copos em mão.

__Benny!

__Dean! Valeu por vim, pensei que você nem ia dar as caras sua vadia _o moreno falou me puxando dali e eu o acompanhei bebendo. Já havia tomando umas doses, e sabia que deveria maneirar, já que iria dirigir.

__Eu perdi uma festinha incrível com o meu namorado por você sua piranha, espero que me compense _falei rindo e o mesmo gargalhou.

__E vou, olha o que eu trouxe para você _Benny apontou para frente, onde eu vi Lisa, minha ex-namorada e antiga amiga de escola bebendo sozinha, usando um short curto e uma regata preta.

__Benny eu sou comprometido... _Falei para o moreno que levantou as mãos.

__Não estou mandando você fazer nada, apenas converse com ela. _Benny falou se afastado e eu suspirei olhando para frente, onde Lisa agora me olhava sorrindo.

A morena de cabelos longos e ondulados, presos em um coque se aproximou de mim com um sorriso torto e eu levantei o corpo.

__Oi Dean.

__Oi Liss...

__Você está muito bonito _ela falou lambendo os lábios.

__É felicidade _falei bebendo um pouco do meu copo.

__Então você ainda está com aquele garoto do clubinho de jornalismo? Sabe que não precisa mais dormir com o pessoal da edição para ser capa do Jornal da escola, não é?

__Com quem eu durmo não problema seu _Falei rindo e a mesma passou a mão em meu peito.

__Ainda me sinto magoada por você ter me trocado.

__Liss, eu te falei, eu amo o Cass. Nós sempre seremos amigos.

__E se eu não quiser ser apenas sua amiga? _ela falou acariciando o meu rosto.

Quando ia pedir para ela se afastar, ela puxou o meu pescoço para baixo. Colando nossos lábios, eu segurei o seu braço e a afastei pronto para brigar com ela e relembrar ela que estava praticamente casado, e mesmo que ela quisesse, não poderia ter menos do que minha amizade, quando ela olhou para o lado e eu vi Castiel parado no batente da porta da cozinha de olhos arregalados.

__Cass não é o que você pensa! _gritei para o mesmo que saiu correndo. Ouvi Lisa rindo e a encarei com raiva _Sua vadia, você vai se arrepender...

Eu a empurrei levemente e sai correndo atrás de Cass e após procurar em todos os cantos da casa. Descobri que ele havia ido embora, algo totalmente lógico, mas que para mim no momento não fazia o mínimo sentindo.

Saí da casa correndo, pronto para bater em Benny e me ajoelhar enfrente para Castiel e implorar para ele acreditar em mim, quando o meu celular tocou com o número de Cass. Engoli em seco sorrindo

__Cass? _Atendi, mas não foi à voz dele que surgiu do outro lado.

__Alô? Com quem eu falo?

__C-Com Dean. Quem está falando?

__Eu sou o policial Leander, eu sinto lhe em informar senhor, mas o dono deste aparelho celular acabou de sofrer um acidente de carro...

~*~

[... 38 minutos após a invasão da sala de trauma].

I miss the taste of a sweeter life

I miss the conversation

I’m searching for a song tonight

I’m changing all of the stations

Sinto falta do sabor de uma vida doce

Sinto falta das conversas

Estou procurando uma canção esta noite

Estou mudando todas as estações

Estava sentado em uma sala azul sozinho. Os seguranças que quase haviam me jogado para fora do hospital, foram impedidos por um médico que era o responsável pelo caso de Castiel, que veio me informar que o mesmo havia sido transferido para o centro cirúrgico para uma operação de emergência.

Nunca havia sido um cara de rezar, mas naquele momento já havia perdido as contas de quantas vezes havia pedido a Deus para que Cass sobrevivesse. Se eu ao menos houvesse o escutado e não ter ido naquela maldita festa, ter ficado de conchinha com ele e qualquer coisa brega que os casais fazem nestes dias, não estaríamos aqui.

__O-Onde o meu irmão está?! _ouvi uma voz familiar e avistei um baixinho de cabelo levemente cumprido correndo pelo corredor. Gabriel, irmão mais velho de Cass, que vinha com Balthazar, outro irmão do Novak.

Os dois me avistaram e logo Balthazar me puxou pela manga da camisa, me dando um soco em cheio no rosto, me fazendo cair no chão. Enquanto ouvia Gabriel gritar e pessoas chamando os seguranças.

~*~

Abri os olhos, parecia que tudo estava rodando, além de sentir tanta dor como se houvesse sido espancado várias vezes por horas. Sentia a minha garganta seca, e min há cabeça doía muito, tinha a sensação de terem tirado ela e depois a recolocado de uma maneira errada.

Olhei para o lado do cômodo branco, ainda com o respirador sobre o meu rosto, vendo Gabriel dormindo sentado sobre a poltrona ao meu lado e franzi o cenho. Onde estava Dean...?

Dean...

Dias dos namorados...

Festa...

Beijo...

Luz ofuscante.

Olhei para o teto sentindo os meus olhos já começarem a transbordar ao me lembrar dos acontecimentos anteriores ao que deveria ser o motivo para estar naquele lugar com cheiro de remédio.

O pior era saber que mesmo depois de tudo, ele não estava ali ao meu lado. Não fora ele quem eu avistei primeiro ao acordar, e provavelmente seria o único que não veria tão cedo.

Ele não me amava...

I was there for you

In your darkest times

[...]

But I wonder where were you

When I was at my worst

Down on my knees

Eu estava lá por você

Nas suas horas mais difíceis

[...]

Mas me pergunto onde você estava

Quando estava no meu pior momento

De joelhos

__Cassy? _Ouvi a voz levemente sonolenta de Gabriel, que assim que viu os meus olhos abertos e transbordantes _Oh seu bebê chorão! _Gabriel falou já com lágrimas dos olhos passando a mão sobre minha cabeça _Está doendo em algum lugar?

Aleguei com a cabeça e ele sorriu.

__Pois vai continuar a doer, você quebrou uma perda e quase perdeu a vida seu idiota _ele falou ficando sério _Dean está totalmente desesperado, e você sabe com os Winchesters podem ser muito melodramáticos quando querem.

Arregalei os olhos e Gabriel sorriu acariciando o meu rosto. Enquanto apertava um botão que deveria chamar a enfermeira. O mesmo olhou para todo o meu corpo e então voltou a me encarar olhos nos olhos.

__Ele está lá fora, desde o acidente _engoli em seco franzido o cenho _Já fazem suas semanas que você está desacordado flor do dia, seu namorado está com o rabinho entre as pernas lá fora, mas por algum motivo ele não entrou no quarto, depois que o doutor disse que você estava fora de perigo _Gabriel me olhou sério _Não sei o que aconteceu com vocês, mas saiba que ele levou uma surra do Balthazar e não falou nada.

Sabia que o meu irmão não gostava de Dean, e sabia que Gabriel era o único que apoiava o meu namoro com o mesmo, porque namorava o irmão mais novo de Dean. Algo extremamente complicado, mas que sempre fez sentindo, afinal quando é amor, não tem outro jeito.

Saber que Dean estava do outro lado do quarto me deixava aliviado, mas não podia evitar lembrar tudo e sentir magoa. Doía em minha alma recordar aquela cena, mas a sensação de traição era um sabor que não se podia esquecer.

__Quer que eu o chame? _Gabriel perguntou e eu suspirei assentindo.

Passaram-se alguns minutos, ainda sentia muito sono e mesmo com dor, queria ficar acordado apenas para ver aqueles olhos verdes. Talvez fosse agora que recebesse um ponto final em meu pequeno e doce conto de fadas, e isso me assustava.

Olhei para o lado, onde uma brisa fresca entrava e então ouvi a porta ser aberta e logo fechada. Não virei o rosto, mas podia sentir o cheiro de Dean no cômodo, e não existia fragrância melhor para mim no mundo.

__Castiel? Está acordado? _ouvi a voz rouca do mais alto e estremeci o olhando.

Saber que o mesmo estava me chamando pelo nome completo, e não pelo apelido carinhoso que havia me dado quando nos conhecemos, apenas me dava afirmação do que viria pela frente.

__Oh, pensei que estava dormindo _o loiro falou levantando o canto do lábio direito e desviando o olhar _Gabriel foi chamar o seu médico.

O loiro caminhou até a poltrona onde horas antes o Novak mais velho havia estado quando acordei, e pude reparar nas olheiras sobre os seus belos olhos sem brilho.

__Já liguei para o seu emprego, e você não precisa se preocupar. Vou arrumar suas coisas e trazer para cá... _ele falou e eu engoli em seco sentindo os meus olhos embaçarem _... Já que vai precisar de algumas roupas.

__D-Dean... _consegui falar bem baixinho enquanto retirava o respirador e o loiro se levantou com rapidez pegando o aparelho e tentando colocar em meu rosto.

__Você ainda estava fraco Cass, não se preocupe com mais nada, apenas melhore Okay?

__D-Dean... _Falei engolindo em seco e olhei para o loiro que mordeu o lábio inferior e após recolocar o respirar em meu rosto se sentou cobrindo o rosto.

Dean tinha as costas curvadas e parecia fisicamente desgastado mais que o necessário. Sabia que o Winchester mais velho era honrado o suficiente para ficar ao meu lado neste momento, mas me doía não ver carinho naqueles orbes jades que tanto amava.

Ouvi um soluço e olhei para o lado, onde Dean estava curvado com o rosto escondido nas mãos apoiadas sobre o joelho. O loiro começou a chorar de forma aberta, e eu arregalei os olhos, tentando esticar minhas mãos até ele.

__Me Desculpe Cass... _abaixei a mão sentindo os meus olhos transbordarem _Eu sou o culpado, se não houvéssemos ido para aquela festa como você queria.

Arqueei as sobrancelhas desentendido e o loiro me olhou com os orbes vermelhos e brilhantes, cheio de desespero, medo e raiva. Pude perceber a marca arroxeada em seu maxilar, assim como Gabriel havia falado, o que acentuava o estado péssimo do loiro.

__E-Eu sinto tanto... Sei que você deve estar me odiando _ele falou olhando para cima, enquanto respirava fundo _Eu fui atrás de você, eu juro por Deus. E como eu estou com raiva do Benny, sei que a culpa é só minha por ter deixado Lisa me beijar, mas ainda assim...

Engoli em seco olhando de forma confusa para o loiro que sorriu triste para mim. Pegando a minha mão e a acariciando.

__Não sei nem se vai acreditar Cass, mas eu não beijei Lisa, eu amo você e apenas você. E quando eu entrei na sala de cirurgia e vi você morrendo, quis morrer junto _o loiro encostou sua cabeça sobre a minha mão _Eu não mereço o seu perdão e nem que acredite em mim, vou me afastar se assim você quiser, mas apenas me deixa ficar assim um pouco mais Cass.

Engoli em seco, enquanto fechava os olhos e sentia as lágrimas trasbordarem.

__Fique Dean...

Como eu gostaria de ter dito isso...

[...]

Sinto falta do sabor de uma vida doce

Sinto falta das conversas [...]

[...] Eu estava lá por você.

Nas suas noites mais escuras.

Mas me pergunto onde você estava [...]