Serena escrita por Kikonsam


Capítulo 34
Frozen.


Notas iniciais do capítulo

Para não criar em paradoxo, fiz da linguagem das brasileiras o inglês, só para representar uma lingua diferente do inglês. Entendam isso.



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Essas brasileiras são muito afetivas, já me abraçaram umas dez vezes desde que chegaram. As russas são mais quietas, e a língua delas é praticamente impossível de se entender algo que elas dizem. Não sei qual é a das árabes, elas simplesmente param tudo para rezarem ajoelhadas e fazendo reverências sabe-lá ao que. Segundo a suprema delas, não irão rezar no dia do furacão.
– Serena, atenção. - ouço a voz de Abby, enquanto fico tentando lembrar dos nomes complicados das japonesas. Estamos no quarto, quase dormindo. O furacão chega em quatro dias.
– Oi, estou ouvindo. - digo.
– Menina, você voa muito! - fala Maggie.
– Desculpa - digo. Realmente as vezes me desligo do mundo a volta. - Sobre o que vocês estavam falando?
– Amanhã vai ser oficialmente o primeiro treino em conjunto com as estrangeiras. - disse Kathy.
– E a gente tem que fazer bonito - fala Maggie. - Eu soube que aquelas brasileiras podem esmagar seu cérebro em um segundo, só com o poder da mente.
– Gente, isso é só folclore. - diz Angie. - essas brasileiras só tem peito e bunda, mais nada.
– Vai pensando assim... - diz Abby - além disso, eu soube que as árabes podem cegar com a mente.
– E que as russas transmitem descargas elétricas pelo ar! - diz Kathy.
– Gente, para com isso - digo, finalmente interrompendo essa palhaçada. - Vocês conseguem transformar coisas em pó, enlouquecer pessoas, causar terremotos e se passar perfeitamente por outra pessoa ao telefone. Não façam isso, elas são boas, mas também somos.
Não deu para ouvir a resposta das meninas, por que ouço os alto falantes instalados na casa pouco antes da chegada das estrangeiras:
– Hora de dormir. Heure du coucher. Time to sleep. Hora de acostarse. Shūshin-ji. Andare a dormire. Vremya lozhit'sya spat'. Whoakhatam-nom. Bedtijd.
Paramos um pouco. Não sei mais línguas que podem aparecer alí.
– Só queria saber por que temos auto falantes aqui se as grigas dormem na casa da biblioteca. - diz Angie. Por sua vez, ela tem razão.
– Ouviram o google tradutor, vamos - ouço Abby dizer. - Amanhã vai ser um dia cheio.

***

– Hora de acordar. Temps de se réveiller. Time to wake up. Hora de despertar. U~eikuappu suru jikan. Tempo di svegliarsi. Vremya prosypat'sya. Aluarc-kliasteiklivac. Tijd om wakker te worden.
– Já entendemos. - ouço a voz de Angie, enquanto abro meus olhos e vejo as meninas se levantando. Estamos todas de roupas pretas já, por que Cordelia disse que não admitiria que nos atrasássemos ou que fôssemos com roupas com cores além do preto.
– Por que ela quer que a gente acorde essa hora, alguém me explica? - Ouço Maggie perguntar, enquanto se levanta da cama com sua camisa preta.
– Sem conversa, vamos logo. - diz Kathy, se levantando e indo até a porta. Claro que essa ação dela nos obriga a fazer o mesmo.
O corredor está vazio, claro, por que somente nós, Zoe e Misty somos os sete anões da Cordelia, e só nós temos que ir para o jardim do lado,onde vamos ter nossa tarefa.
Chegando lá, já vemos Zoe e Misty paradas em uma parte com Cordelia, e todas as gringas vestidas de preto (detalhe para os lenços nas cabeças das árabes). Todas nos esperam, e nos olham com cara de desprezo. Dá para perceber nos olhos de Cordelia que ela está envenenada.
– Por onde vocês estavam? - fala ela - tivemos que tocar o alarme três vezes!
– Desculpa - ouço Abby falar.
– Deixa pra lá - fala Cordelia - todas já sabem o que fazer, vamos fazer nevar em New Orleans.
– O quê? - ouço Maggie falar. - Cordelia, eu moro em New Orleans desde que eu nasci, a 14 anos, e nunca vi um floco de neve cair do céu. Isso aqui é mais quente que o inferno.
– Mas nós temos que ter poderes meteorológicos para enfrentarmos o Lauren, sua ignorante! - fala Cordelia, arregalando os olhos para Maggie com faíscas saindo dele, praticamente. - E vamos fazer nevar no terreno dessa casa, nem qua pra isso tenhamos que envocar o demônio!
Vejo o rosto de Misty se abaixar. Falar de demônios ainda mexe com ela.
– Vamos - diz Cordelia, e a vejo acenar para Claire, que está no canto do pátio.
Claire se vira para as brasileiras, e diz, em uma língua que parece espanhol mas que não é:
– You can beggin.
Vejo uma brasileira morena boazuda passando na frente, com cabelos longos na altura da cintura, dá mais ou menos cinco passos. E vejo algo improvável.
Ela levanta os braços, e grita, depois começa a girar seu corpo com muita bunda e peito, enquanto vejo faixas de ar rodando sob ele. As outras, atrás, fazem uma dança um tanto esquisita.
Olho para o céu, vejo as nuvens brancas como a neve ficarem cinzas, e se agruparem na área da academia. De repente, vejo o branco voltar, só que em bolas, e caindo do céu. Neve. Neve em New Orleans, caindo. Nunca pensei que veria neve de novo, essa parece muito mais gelada do que a que tem no estado de Seattle. A sensação fria me dá um bom humor. A neve para. Olho para as brasileiras, e a que liderou olha para Claire, e diz;
– In Brazil, we don't have snow.
Ficamos paradas, mas Claire fala:
– Elas não tem neve no Brasil.
Mais um motivo para fazermos uma nevasca. Um país sem neve, mas que as bruxas podem produzi-la.
Temos oito grupos de gringas vindas de oito países diferentes: Brasil, Arábia Saudita, Rússia, Japão, França, Holanda, Espanha e Itália. Pelo visto vamos demorar para termos nossa chance de fazer nevar em uma cidade sem neve.
– Peuvent continuer - Ouço Claire falar, e as francesas sairem do seu espaço, todas são muito lindas, mas o corpo muito mais fino que o das brasileiras.
Elas fazem uma ciranda, sim, uma ciranda, e rodam seus corpos finos sem peitos ou bundas, numa velocidade inacreditavelmente grande. Qualquer que seja essa bruxaria, deus certo, por que mesmo sem nuvens ao céu, flocos de neve caíram na minha cabeça. Um arco-íris pode ser visto no céu. Realmente é muito bonito.
Para. As francesas olham para as outras, rindo. Por que isso está parecendo uma competição?
De resto, as árabes só faltaram estourar o ouvido de todos com gritos que pareciam gritos de índios, fazendo flocos de neve não cair, mas aparecer do nada na nossa frente. Espanholas fazem neve a partir de cuspe que elas soltam no ar. Sim, é nojento. Japonesas fizeram a neve sair do chão. Holandesas, a trouxeram pelo vento. Russas fizeram na neve sair das suas mãos. Por que me lembrei de "Frozen"? Italianas simplesmente fizeram uma torre humana, e fazendo algumas bruxarias, trouxeram nuvens em menos de dois segundos. Nunca vi nuvens aparecerem tão rápido.
– Acho que somos nós - diz Maggie, quando as italianas descem da sua torre.
– Boa sorte - ouço a voz de Cordelia - Vão precisar.
Essa nova personalidade de Cordelia está foda. Andamos para o centro, e fazemos como o ensaiado: damos as mãos umas as outras, e pensamos em frio, vivemos o frio, e sentimos o frio vir de dentro. No meu caso, é mais difícil. Sou como uma Katniss Everdeen, de "Jogos Vorazes", e querem que eu vire uma Elsa de "Frozen"? Mas eu não acredito no que vejo. Um redemoinho de faz na nossa roda de mãos dadas, e esse redemoinho está muito frio. Pelo visto deu certo, por que neve começou a sair do céu aberto, e se espalhar não só pela casa, mas consigo enxergar o céu inteiro com nuvens que soltam flocos de neve fortemente, causando uma nevasca que nem mesmo na minha viajem ao Canadá com doze anos eu vi. E agora eu causo uma tempestade de neve em New Orleans.
– Parem! - Ouço a voz de Cordelia - Vão acabar com New Orleans antes que o Lauren consiga!
Solto as mãos, e o redemoinho para, pelo visto fizemos um estrago,por que o que antes era grama do jardim, agora está coberto de neve, até o joelho.
– ¿Qué carajo es eso? - ouço uma espanhola falar, tirando seu pé da neve.
Todas as gringas olham para nós.
– Vocês são mais poderosas do que imaginei - ouço Cordelia falar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem, e favoritem a história também! Próximo capítulo amanhã ou depois! :))