Serena escrita por Kikonsam


Capítulo 3
Vitalum Vitalis


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo! Espero que gostem...



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Entramos no salão onde se tem o almoço, e as mais de cinquenta garotas vestidas de preto estão comendo separadas em quatro mesas, como nos filmes de “Harry Potter”. A diferença é que aqui não tem sistema de casas, e somente pequenos grupos conversam entre si.

– Aqui tem um lugar, venham – disse Angie, levando a gente para a ponta da segunda grande mesa.

Sento e fico esperando elas dizerem alguma coisa.

– Eu pego os pratos da gente – diz Abby

– Não, - digo – não tem problema. Eu pego também. E afinal você não vai conseguir carregar cinco pratos ao mesmo tempo.

Ela ri para mim, como se eu fosse a pessoa mais inocente do mundo.

– Serena, todo dia eu quem pego os pratos. Não tem problema. – diz ela, e sai andando para o balcão onde estão os pratos.

Ela chega, levanta as mãos lentamente, e os pratos se levantam do balcão. Cinco pratos flutuando em volta de uma menina boazuda de cabelo totalmente rosa claro e longo. E o mais interessante: nenhuma das meninas do salão inteiro está achando aquilo estranho. Os pratos pousam na frente de cada uma.

– Obrigada... – digo. Não é todo dia que um prato pousa na minha frente.

– Olha a Cordelia – diz Kathy, olhando para uma mulher loira e roupas pretas que chega e senta num mesa junto a Zoe e a uma menina negra enorme de gorda. – Ela não é linda?

– Que linda o quê! – diz Angie – Ela é muito feia!

– Eu acho ela linda – diz Abby.

– Nossa – diz Angie, parecendo não acreditar naquela situação que está presenciando – Ainda bem que vocês não são lésbicas, por que coitadas de vocês se fossem escolher uma esposa por que acham bonita.

– Ela até que é bonitinha – digo.

– Nossa, mais uma para o seu clubinho das esquisitas, Kathy. – diz Angie. Por que a cada palavra que ela fala eu pego mais abuso ainda?

– Qual seu problema? – pergunta Abby á Angie.

– Então – digo, para acabar com a briga que pode acabar feia – quais os poderes especiais de vocês?

– Ai, Kathy, mais uma para seu clubinho das esquisitas – diz Abby, imitando com perfeição a voz de Angie. – Eu sou linda, por que sou magrela e loira.

– Para com isso! – diz Angie – Você sabe que eu odeio quando você faz isso.

– Eu sei imitar as vozes de outras pessoas, basta ouvi-las falando uma vez. – diz Abby, agora imitando com perfeição minha voz.

– Incrível! – digo, realmente é um dom incrível.

– Meu dom é de ilusão – diz Angie – Eu sei fazer você enlouquecer, você olhar para uma coisa e pensar que ela mudou de forma para uma coisa totalmente esquisita.

– Mostre-me – digo.

– Certo. Mas não vale ter medo. – diz Angie.

– Não tenho medo de nada – Digo, colocando minha cabeça mais para frente, para ver melhor.

Angie passa as mãos pelo seu corpo, e faz malabarismo com elas, até passa-las pelo seu rosto, revelando para mim a imagem de um monstro sorridente com face roxa, sorriso maléfico e língua de cobra, além de dentes perturbadoramente afiados. Me assusto, é verdade. Não tem como não me assustar.

– Então – diz o monstro, que está na face de Angie – sentiu medo agora?

– Um pouco – digo.

Ela passa a mão pelo rosto, e como um toque de mágica, volta ao seu rosto normal.

– Só você pode ver isso, por que se restringe a visão da pessoa. – diz ela.

– Certo – digo. – E você, Kathy? – pergunto, me virando para Kathy, que está sentada do meu lado.

Ela para um pouco, e pensa.

– Eu não sei se posso fazer isso aqui – diz ela.

– Vai, Katheryn! – diz Angie – deixa de ser fresca.

– Eu sei fazer virar pó as coisas que eu toco. – diz ela. – mas só quando eu quero. Antes era incontrolável, como seu toque quente.

– Mostra – diz Angie. – eu adoro quando você faz isso.

– Kathy, só faça se quiser, viu? – diz Abby.

Kathy faz que sim com a cabeça, mas mesmo assim estende a mão para o copo de suco e aperta-o. O copo começa a se desintegrar, virando um pó tão fino que o vento leva, desaparecendo no ar.

– Incrível! – digo.

– Katheryn! – diz Zoe, se aproximando. – você sabe que não é para fazer isso aqui. Eu não vou contar para a Cordelia, mas que seja a última vez, viu?

– Certo, Zoe. – diz Kathy.

Zoe sai de perto. E um sinal sonoro nos diz que o almoço acabou.

– Vamos. – diz Abby. – a próxima aula vai ser de controle dos nossos poderes.

Eu vou junto com elas, e saio da casa, indo em direção ao pátio. Lá, a menina enorme de gorda e negra que estava sentada junto á Zoe, ela estava em pé ao lado de uma árvore.

– Para as novatas, me chamo Queenie – diz ela – E vou ajudar vocês aqui na aula de controle de poderes. Hoje, vai ter briga. E só vai acabar quando uma morrer.

Espanto-me. Morrer? Como assim morrer?

– Essa também foi minha reação quando soube que eu podia morrer aqui na escola – disse Abby baixinho ao meu lado. – Mas morrer não é problema aqui. Queenie sabe fazer um dom chamado “Vitalum Vitalis”. É incrível, ela trás pessoas de volta a vida. Eu já vi isso acontecer e é fantástico.

Mesmo assim, não acho muito legal morrer e votar á vida.

– O Vitalum Vitalis vai trazer vocês de volta, não se preocupem – disse Queenie. – Quem aqui tem um dom especial de ataque?

Algumas meninas levantaram a mão, entre elas Angie e Kathy. Abby não.

– Levanta a mão – disse Abby. E eu levantei – Quando ela pergunta isso, ela quer saber quem tem um dom especial que possa ser usado num combate. O seu pode. O meu não. – ela faz uma cara um pouco triste. Acho que ela queria ter um dom de ataque. Mas eu posso assegurar: Não é tão legal assim.

– Você – diz Queenie, apontando para mim – Novata ruiva, sem roupa preta. – Eu me apavoro. O que será que ela vai querer fazer comigo?

– Sim. – digo, assustada.

– Qual seu dom? – pergunta ela.

– Eu queimo tudo que eu toco? – digo, como uma pergunta.

– Ótimo, você vai com a Maggie. Ela controla a terra. – diz Queenie

Controla a terra? Como assim?

Aproximo-me de Queenie, e uma menina de cabelos castanhos, baixinha com seus quatorze anos, fica parada a minha frente.

– As regras são simples – diz Queenie – não tem nenhuma. Estamos aqui para ver do que seu poder é capaz, e depois fazer o possível com ele.

Me apavoro de verdade agora. O que será que eu devo fazer agora? Acho melhor tirar minhas luvas. Tiro-as e coloco-as no chão.

– Comecem! – grita Queenie.

Não penso duas vezes. Corro para cima de Maggie e com minhas mãos estendidas, enquanto sinto a terra tremer abaixo de mim. Jogo-me nela, e ouço-a gritar, enquanto começa a sir fumaça de sua pele. Queimando como fogo. A terra começa a tremer ao meu redor. Sei disso por que nenhuma das outras partes do pátio está tremendo. Caio no chão, e meu corpo começa a tremer como nunca, enquanto vejo Maggie parada, com queimaduras muito fortes no rosto enquanto eu me tremo como se estivesse sendo possuída. Nesse momento sinto um bloco de pedra me atravessar a coluna, rachando-a.

Estou num lugar escuro, e frio. Não sinto nada. Não sei nem se existo aqui. Não há nada, nem ninguém. Até que ouço uma voz.

– Vitalum Vitalis


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo amanhã, gente! Talvez no final da tarde ou de noite.