– Hoje, vamos fazer meu esporte preferido!

Estamos no pátio, e Zoe está toda animada para nos mostrar algo que está no jardim de trás da casa.

– Fala logo – diz Angie, impaciente, como sempre.

Nós andamos em direção ao jardim de trás, e me deparo com algo inusitado.

– Ataque fatal – diz Zoe, rindo.

Dez camas distribuídas em duas fileiras de cinco, uma ao lado da outra, com várias tábuas de madeira encravadas no chão ao redor delas.

– O que a gente deve fazer com isso mesmo? – pergunta Kathy.

– Simples – disse Zoe, se aproximando da gente – Vocês irão ficar em pé em cima de uma das camas á sua escolha, e irão fazê-las saírem do chão, só que, ao mesmo tempo, terão que acender todas as tábuas ao redor delas com pirocinese.

Não sou muito boa em telecinese, e a maravilha que eu melhor desempenho é pirocinese. Vai dar merda.

– E como espera que a gente faça isso? – pergunta Angie.

– Concentrem suas forças telecineticas na cama – disse Zoe – E, ao mesmo tempo, concentrem-se em fazer as tábuas pegarem fogo.

– Ah, claro, muito simples. – disse Angie, sarcástica.

– Então, quem vai ser a primeira? – pergunta Zoe.

Um silêncio assustador se faz entre nós, e tenho que quebrar o gelo mostrando um pouco de liderança, pelo menos.

– Eu vou – digo.

– Muito bem, esquentadinha – disse Zoe. – Fique em pé em qualquer cama.

Ando devagar, passo entre duas tábuas, e subo na cama do meio da segunda fileira.

– Quando quiser – diz Zoe.

Concentro-me, e deixo minha mente me levar á telecinese. Fecho os olhos, e me concentro mais ainda. Acho que não estou fazendo nada. Abro os olhos, e vejo algo impressionante.

As camas estão todas flutuando pelo jardim, totalmente fora de ordem.

– Serena, - disse Zoe. – Se você derrubar as camas, vamos todas morrermos, abaixe-as devagar. Não precisa fazer a pirocinese.

– Zoe – digo, olhando para ela. – Eu preciso fazer a pirocinese.

Faço mais força, e as camas sobem mais ainda.

– Serena, desça – disse Zoe.

– Não, Zoe, eu consigo. – Acho que estou muito confiante. Não sei se posse fazer isso mesmo.

Faço mais força, e vejo as tábuas de madeira pegar fogo. Uma por uma, elas vão acendendo chamas fortes.

– Muito bem, Serena! – diz Zoe, rindo. – Agora desça.

Apago o fogo, e faço força para descer as camas, lentamente, até o jardim. Enfim, quando elas tocam a grama verde bem cortada, todas as meninas aplaudem. Sinto-me realmente muito bem, apesar de nunca ter sido tão vangloriada como fui agora.

– Serena, foi incrível! – diz Abby, enquanto desço da cama. – Todas as meninas ficaram morrendo de medo. Mas você superou todas as expectativas.

– Muito bem! – ouço uma voz grossa falar acima da minha cabeça. E vejo Misty Day no telhado da casa, olhando para todas nós, batendo palmas sozinha.

Ela faz algo que ninguém pudesse imaginar. Pula. Pula de uma altura de mais de cinco metros, e, a poucos centímetros do chão, desaparece, aparecendo em pé com o rosto colado ao meu.

– Você se acha a Suprema! – disse a voz diabólica no corpo de Misty Day. – Mas você não chega nem á poeira deixada pelos sapatos de Fiona Goode, Mimi Delongpre, nem de nenhuma outra Suprema que passou por aqui!

Nesse momento Misty Day dá um pulo, gritando, subindo até mais alto do que o dobro da altura da casa. Olho para os lados, e vejo todas as meninas de braços levantados.

– Não! – grita Zoe. – Impeçam que ela caia! Ela não pode morrer!

Enquanto Misty Day cai, sem dizer uma palavra, todas as meninas estendem o braço novamente, mas Misty aparata.

Zoe começa a gritar com as meninas:

– Não! Não devem fazer isso! Entendam os limites! Ela não pode morrer!

– Zoe, tá tudo bem – digo, acalmando-a. – Se acalma, o corpo dela tá bem.

As meninas se dispersam e vão para dentro da casa, onde vai ter a outra aula, enquanto eu consolo Zoe, que está chorando. Ela para, e olha para mim:

– Serena, não temos tempo para choro. Vamos acabar com essa merda logo.