Para Sempre Rainha escrita por Esther


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, mais um capítulo pra vocês.
Espero que gostem!

Boa leitura!



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De onde vem o propósito de vida de uma pessoa? Vem do acaso, como se fosse sorte, ou é um chamado do destino acenando para cada um de nós? 

Eu questionava todos os dias o porquê que eu fui escolhida para estar aqui no harém do rei, certamente eu não era a mais formosa das mulheres do reino, tão pouco era a mais culta.

Eu amava correr, amava o meu arbítrio, amava os meus amigos, mas estava ali, trancada contra a minha vontade, presa por correntes invisíveis e mortais.

A minha história não começa agora que estou aqui rodeada por eunucos, guardas, paredes e vigas enormes, mas sim há 500 anos, em ato de desobediência do meu povo, quando o nosso Deus ordenou a Saul matar todos os Amalequitas, no entanto a vida da Rainha foi poupada.

É... Devo agradecê-lo pessoalmente quando eu me for desta terra, obviamente ele acabou com meus sonhos de um futuro melhor, de conhecer minhas origens.

Eu estou presa a este lugar, quem dirá posso dizer, nem meu nome posso livremente falar, estou rodeada de inimigos.

— Hanah, o que acontece com você minha jóia rara, seus pensamentos ultimamente estão muito distantes. — Me tira do transe o chefe da casa das mulheres Harpo.

— Saudades da minha família, dos meus amigos Harpo. Eu daria tudo para voltar ao meu lar.

— Ah, minha querida, não fique assim, logo você poderá estar na presença do rei, quem sabe você ainda será escolhida como rainha?

— Não almejo isso Harpo, tudo o que eu quero nesse momento é ficar sozinha e lamentar minha perda.

— Querida não existem perdas, estar na presença do rei e deitar-se com ele é um ganho imensurável.

— Não penso dessa forma, eu havia feito planos antes de vir parar aqui, e todos esses planos se foram por causa dessa maluquice desse rei sem coração, quem em sã consciência ordena que seus guardas tirem de sua casa moças na calada da noite?

— É a lei minha querida. O que posso fazer para melhorar seu ânimo?

— Pergaminhos, eu gosto de ler, isso sem dúvida melhoraria meu animo.

— Vai ser difícil conseguir isso, mas vou dar um jeito Hannah. Quero vê-la contente, chega de lágrimas. — Harpo me diz enxugando de meu rosto lágrimas que escorriam naquele momento.

— Obrigada Harpo, você é muito gentil comigo.

O eunuco se vai e eu estou novamente sozinha na beira do lago, no jardim da casa das mulheres, junto as virgens do rei, aulas de dança, boas maneiras, rituais de purificação, banhos de mirra óleos e incenso tudo isso para um homem, que eu não escolhi para ser meu esposo.

O dia estava bonito, minha chegada ao palácio do rei há seis meses ainda parece ter acontecido ontem.

No banho com óleos, pergunto a uma das damas como é fazer amor com o rei, ela me responde “é como estar com um cavalo pulando em cima de você”, é triste pensar dessa forma, a primeira vez que eu o vi, certamente não foi à primeira impressão que eu tive do poderoso Amir.

O temor estava dentro do meu coração, estar na presença do rei é a mesma coisa que perder o direito de uma vida livre, que ironia do destino ser livre da babilônia para ser escrava de um rei tirano.

Eu cresci com o sonho de um dia me casar por amor, mas meu destino agora é ser possuída por um cavalo.

O dia se passa, à noite caí, as estrelas brilham no céu, todas as moças são retidas dos jardins e levadas aos seus aposentos, Harpo, no entanto me leva até meus aposentos junto às moças e traz um vestido simples, mas novo, e junto um véu, para cobrir meu rosto.

— Hanah de Susã, venha. — Diz Harpo pouco tempo depois quando eu já estava quase dormindo.

Saímos pelo enorme corredor da casa das mulheres que dava acesso ao palácio, eu cobria meu rosto com o véu e Harpo me guiava à frente com uma tocha iluminando o caminho.

— Você deve sentar-se no banco e ler o pergaminho, são as crônicas do rei, o diário real. Ao passar por essas portas não será mais uma candidata ao trono, será uma criada. Lembre-se do protocolo, aproximar-se sem ser convidada é a morte.

— Ler para o rei, sozinha? Assim? — Digo mostrando meus cabelos despenteados e minha cara de sono.

— Vamos, ande, falta pouco.

Quando eu chego próxima à câmara do rei, vejo um enorme salão iluminado pelo fogo aceso. Havia muitos véus caídos que faziam sombra, suas enormes camas com dossel rodeado daqueles mesmos véus que vedava aos meus olhos a imagem daquele homem.

Eu avistei a mesa repleta de pergaminhos. Sentei-me ali e abri o pergaminho e comecei a ler para o rei.

— Apontamento 23. as reservas de trigo egípcio encontram-se abaixo dos níveis normais, devido a uma recente seca. Apontamento 24. O almirante Xistes, recentemente foi homenageado pelos seus 20 anos de serviço na frota real, após o longo discurso ele desfaleceu e morreu. — eu rio. — Apontamento 25. Três rebanhos de ovelhas foram roubados de Samarmirar Saltas de Média, ele pede que a coroa envie as autoridades adequadas.

Aqueles pergaminhos não deveriam ser lidos para o rei, obviamente ele deveria conhecê-los, mas para dormir? Então decidi mudar o rumo dessa história, as minhas certamente são mais interessantes.

— E então Jacó, também pastor de ofício, foi enviado para uma terra longínqua onde viu a bela Raquel cuidando das ovelhas do pai, ficou enamorado, retirou a pedra do poço e deu de beber as suas ovelhas. Então Jacó beijou Raquel e levantando a voz chorou de alegria. Quando Labão, pai de Raquel, tomou conhecimento, ele disse a Jacó. “Irá servir a mim de graça? Diga-me, quanto me cobrará?” Jacó respondeu “Servirei ao Senhor por sete anos para ter a sua filha Raquel”. E Jacó ficou sete anos cuidando das ovelhas de Labão. Anos que pareceram poucos dias pelo amor que ele sentia por ela. Então Jacó disse a Labão, "Dá-me minha mulher, porque os anos já se passaram”.— 

Ele então sai de sua cama, passa através dos véus e some da minhas vistas. 

— Labão deu uma grande festa de casamento, mas ao cair da noite, Labão trouxe a filha mais velha até Jacó. E eis que pela manhã viu que era Léia e não Raquel, Jacó ficou chocado e foi-se a Labão dizendo: “O que fez comigo? Não o servi em troca de Raquel? Porque então me enganou?”.

— Porque então você me enganou. — Diz o rei em meio às sombras do véu agora atrás de mim. 

— Tenho que admitir que nunca um conto assim nunca foi encontrado nas páginas do diário real, eu imaginava que fosse dormir ao som de relatos maçantes ao invés de ser enganado com uma história de amor. Como termina seu conto? Esse Jacó poderá ter a sua noiva?— Ah uma breve pausa entre suas perguntas eu estou tremendo e não sei se devo responder. — Ele poderá tê-la? — Pergunta novamente.

— Ah, só depois de servir a Labão por mais sete anos por ela, meu rei. — digo com a voz trêmula.

— E você acredita nisso? No amor? — Sua voz grossa e grave entra nos meus ouvidos e percorrem por todo o meu corpo.

— Não é esse o maior mandamento? — então percebo o erro que cometi. — Não importa que Deus sirva. — E torço para que o rei não perceba minha falta de jeito.

— Como a chamam? — ele diz saindo de trás dos véus colocando-se em minha frente.

— Hanah de Susã.

— Susã? Não, nada de bom vem de Susã. Olhe pra mim. — Pede colocando suas mãos em cima da grande mesa inclinando-se para mim.

Eu o vejo e está ainda mais bonito do que no dia do desfile, mas ele parece não me reconhecer.

— Venha ver o que eu estou fazendo— suas mãos seguram as minhas e um calafrio percorreu minha coluna. — Os gregos tem um deus de formato semelhante, os braços sustentam o arco cujas flechas dizem, tem amor em sua ponta.

— Alguns arqueiros têm flechas com veneno na ponta, meu Senhor.

— Às vezes é difícil distinguir, os sintomas são os mesmos. Talvez outra hora outro lugar. — diz ele vendo Harpo esperando na porta dos seus aposentos. —Lerá pra mim de novo. — Acrescenta antes que eu saia.

Quando estamos já distantes dos aposentos do rei, Harpo me pede para que não conte nada a ninguém. Obviamente eu não contaria. Queria ter a memória dele apenas em minhas lembranças.

Eu deito-me em minha cama, fecho meus olhos e o vejo em meus pensamentos, seus cabelos enrolados, sua barba, suas mãos seu toque, abro os olhos e vejo uma sombra através da cortina da minha porta, olho novamente e ele sai de trás daquelas cortinas, fecho os meus olhos sinto os seus lábios tocarem a minha testa em um beijo. Em um sobressalto eu abro meus olhos, mas não há ninguém.

Sorrisos e lágrimas percorrem o meu rosto, o que era aquilo que eu estava sentindo?

No palácio conforme o tempo se passava ouvia-se todos falando da ansiedade do rei para conhecer suas moças, estava próximo o dia em que ele deveria começar a escolher sua nova rainha. Mas minhas esperanças estavam fracassadas. Ele disse que queria que eu lesse para ele novamente, no entanto não solicitou minha presença em seus aposentos.

A cada dia que passava a angústia tomava conta do meu coração.

O dia das escolhas das joias chega, cada uma de nós tinha o direito a escolher as joias que quiséssemos para estar diante do poderoso rei Amir, mas eu não escolhi nada, o colar de minha mãe era o único adorno que eu carregava e seria o único adorno que carregaria no dia em que eu fosse levada para ser concubina do rei.

E este dia chegou.

 

 


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Notas finais do capítulo

Aguardo comentários...

Mil beijos =]