Orquídeas escrita por Kanadechi


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira One Short no Nyah! *--*Muito provável que eu poste essa história no meu perfil de Social Spirit,"Kanade-chi", mas eu resolvi postar aqui primeiro :3 Acho que é só, beijos, e espero que gostem.



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Em meio as árvores, se escondia um garoto de cabelos vermelhos, de tão vermelhos que parecia que sangue escorria entres os fios. Os olhos azuis pareciam falar mais que a boca, enquanto encarava o sol brilhar entre as folhas verdes.

O ruivo se encostou em uma das árvores e respirou fundo o ar agradável, que tinha um cheiro de terra úmida misturado com o agradável cheiro das margaridas que ficavam metros à frente de onde Spirit estava. O garoto sempre adorou o lugar, pois a plantação de margaridas semre tinha um cheiro agradável, além de quando ele ia para aquele lugar ninguém era capaz de perturba-lo.

Infelizmente, para Spirit, sua paz foi quebrada ao ouvir passos rudes. Era como a pessoas que estava se aproximando chutasse a terra de propósito.

– Quem está ai? – gritou o ruivo, sem se dar ao trabalho de ficar em pé, ou virar o rosto.

– Eu – falou, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Eu não conheço nenhum "Eu" – disse Spirit, por fim, se levantando para encara o garoto, que estava a poucos passos de distancia.

O garoto de face amargurada e cabelos grisalhos se aproximou de Spirit, tão próximo que o ruivo teve que dar um passo para trás para evitar que suas testas se tocassem. Não respondeu nada, apenas deu um forte suspiro. Daquela distancia, o ruivo foi capaz de ver os belos olhos verdes, que se escondia entre os fios cinzas, que lhe caiam sobre a face de forma delicada.

– Stein, o garoto da sua turma – respondeu, se afastando do ruivo.

Stein ficou olhando as nuvens esconderem o sol, observou mais a frente as margaridas com seu amarelo chamativo.

– O que faz aqui? Não gosto que outras pessoas me incomodem – disse o ruivo.

– Odeio margaridas, principalmente as amarelas – Stein falou, como se não ouvisse nenhum comentário do mais alto. –, odeio muito. Elas são chamativas e... merecem ser cortadas! – continuou, enquanto dava leve batidas sobre a testa.

– Olha, você não vai fazer nada! – Gritou o mais alto, colocando a mão sobre o peito de Stein.

– Entendo – o garoto de cabelos grisalhos apenas se afastou, dando-se por vencido. –, adeus.

Não houve mais delongas por ambas as partes.

Os meses se passaram rápido como as águas de uma cachoeira. Spirit continuava indo ao mesmo lugar, mas ele parecia ir ficando mais desagradável a cada dia que se passava.

Numa tarde em que o vento soprava de forma inquieta, o azul do céu se escondia entre as enormes nuvens esbranquiçadas. O vento soprava como se tocasse um instrumento. Os cabelos ruivos voavam de forma inquieta, enquanto cegavam Spirit toda vez que os fios vermelhos batiam em seus olhos.

Os olhos azuis olhavam as margaridas de forma entediada. Os olhos azuis pareciam ir se perdendo aos poucos, as pálpebras já o cobriam quase por completo.

– Por isso que odeio margaridas, se olhamos demais elas enjoam. – Disse Stein. E, de forma sarcástica, jogou um margarida ao lado do ruivo.

Antes que Spirit pudesse retrucar a ação do mais baixo, Stein colocou a mão sobre os lábios avermelhados, e fez um gesto de quem pede por silêncio.

– Você é um cara legal, eu tenho um lugar para te amostrar. – Falou Stein, mostrando, pela primeira vez, um sorriso no lábios.

Os olhos azuis caiaram sobre aquele sorriso, e Spirit imaginou que talvez ele não fosse tão ruim quanto aparentava, o ruivo também observou que os olhos verdes sorriam mais que os finos lábios.

Stein o puxou pelo braço, ele andava descalço, sentia toda terra entrar em seus dedos e escapar por cima, deixando seus pés amarronzados. A mão de Stein era pequena, mas portava uma força incrível, Spirit estava impressionado com aquele garoto que, de certa forma, despertou sua curiosidade.

Finalmente os dois pararam de andar. Os olhos azuis capturaram uma imagem belíssima. As águas de uma cachoeira que escorriam sobre as pedras, parecia um longa camada de vidro. Mais ao lado, havia vestígios de antigas construções: tijolos, madeiras, resto de carroceria. Mas a visão daquelas águas eram o suficientes para atrair os olhos cor de mar apenas para si.

Stein sorriu, mais uma vez. Passou a língua entre os dentes. Finalmente ajeitou sua postura, e colocou os fios grisalhos para trás das orelhas, mostrando um olhar mais belo do que o garoto costumava demonstrar.

– Olhe! – apontou. – Mesmo diante de tudo que aconteceu por esse lugar, as orquídeas ainda florescem.

Gosto delas por isso, são flores aparentemente frágeis, mas se mantiveram por todos esses anos.

Stein se agachou pra próximo do cachoeira e arrancou uma das flores, entregou à Spirit, e continuou falando:

– Orquídeas compõem a família Orchidaceae, pertencente à ordem Asparagales, uma das maiores famílias de plantas existentes.

– Quê? – O garoto virou o rosto, fazendo os cabelos vermelhos voarem e caírem sobre os olhos.

– Você parece que não prestou atenção nas aulas de biologia. – disse, tirando uns fios vermelhos de seus olhos. – Você tem belos olhos – comentou ao ver aqueles pares azuis bem de perto –, me lembram uma manhã ensolarada de verão, e por mais que eu odeio o verão, os seus olhos parecem me aquecer. É agradável olha-los de perto. – se afastou, com receio que o maior se sentisse incomodado.

– Você também tem olhos bonitos – apertou firme o caule da orquídea. – Não entendo por que você esconde seus olhos e sempre anda de cabeça baixa.

– Eu decidi que não mostraria meus olhos para quem não fosse importante – disse, ainda portando seu olhar sério e sereno.

– Eu não entendo você – bufou –, as vezes parece agradável mas seus olhos parecem esconder algo, como se não permitisse sua boca pronunciar tais palavras.

– É um dos motivos de eu não mostra-los para qualquer um, as pessoas se confundem ao encara-lo, mas você parece diferente – suspirou.

Spirit pareceu cansado daquela "conversa de adulto". Encheu as pequenas mãos com as águas doces.

– O que vai-

Stein não teve tempo de resposta quando se viu todo banhado pela água. Ainda portando a mesma expressão, o garoto de cabelos grisalhos empurrou o ruivo com seu pé melado de terra. O resulto foi o óbvio, Spirit caiu de cara nas águas. O ruivo poderia sentir diversos sentimentos naquele momento, mas apenas se sentiu contente, não por ele, mas por Stein.

– A água está muito boa! – Gritou, sacudiu os fios ruivos, respingando água nas roupas cinzas de Stein.

– Esta água parece gelada – falou, e se sentou na margem do rio, apenas sentindo a água levar a sujeira de seus pés.

– Vem logo! – puxou o menor, que não teve outra alternativa além de se banhar.

Por consequência, quando o sol começava a cair, os dois tiveram que ficar esperando suas roupas secarem.

– Será que algum professor está preocupado por não aparecermos nas aulas da tarde? – Perguntou Spirit, que se mantinha de costas para o menor.

Ambos estavam despidos, por isso se sentaram daquela forma. Stein se apoiava nas costas de Spirit, que podia sentir a delicada pele contra a sua.

– Eu não creio, mas se for o caso, inventamos uma desculpa – sorriu, sabendo que o ruivo não veria aquela cena.

Foi o sorriso mais verdadeiro que Stein poderia dar. Havia algo doce, como mel, escondido entre aqueles lábios. Spirit não viu, mas pode sentir a pele do menor se arrepiar.

– Poderíamos viver assim, por muito tempo – falou o ruivo. – Promete que não irar se separar de mim? Que seremos bons amigos, por longos dias como esse.

– Eu prometo – alisou, ainda de costas, os fios avermelhados.

Stein sentiu um dor em seu peito, pois sabia que um hora teriam de se separar, além do mais, aqueles fios vermelhos lembravam sangue fresco, lembravam a morte.

Os dias prosseguiram de forma calma. Os dois sempre se encontravam naquele mesmo lugar, e sorriam, sempre. Quando não estavam naquela mata, trocavam olhares dentro da sala de aula.

Aqueles doces sentimentos foram se tornando algo maior, ao ponto que os dois não conseguiam mais se separar.

Agora, o antes garoto, estava crescido. Havia virado um belo homem. Era o único naquele lugar, e mantinha a cabeça baixa. Os fios escorriam sobre os ombros largos. As lágrimas caiam de forma bela e triste de seus olhos. O homem segurava firmemente as orquídeas em suas mãos, enquanto encarava a lápide.

– Não deveria ter feito uma promessa que não poderia cumprir – disse, colocando as flores lilás ao lado da lápide cinza, corroída pela chuva. – Já fazem cinco anos e, mesmo assim, não posso te esquecer. – A última lágrima daquele dia, caiu sobre as orquídeas de forma lenta e dolorosa.

Logo após aquela cena, as nuvens cinzas, que observavam aquele lugar, derramaram suas águas de forma intensa. E sempre chovia, todos os anos, naquele mesmo dia, naquele mesmo mês. O barulho da chuva impediu que pudesse se ouvir a tão repetida frase daquele homem. Mas, para quem conseguia ler seus lábios, saberia perfeitamente qual era a frase.

"Eu te amo." – E foram ditas, de forma solene, para que qualquer soubesse de seu amor.

Fim


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Notas finais do capítulo

É isso! Espero que tenham gostado. Me digam se ficou bom >< Beijinhos, e até a próxima. Obrigado pela leitura ^-^



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