Em Busca de um Futuro Melhor escrita por Lyttaly


Capítulo 27
26


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas o/
Boa leitura o/



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(Promessas a cumprir e decisões a tomar…)

— A imprensa chegou. – Célia disse olhando pela fresta da cortina da janela.

— Ótimo! – Victor, que estava deitado na cama brincando com sua arma, levantou-se sorrindo. – Hora do show!

— O que você vai fazer?

Victor não respondeu. Dirigiu-se à Kali, segurando o braço da menina e a levantando com brutalidade da cadeira, fazendo com que as cordas presas nela a apertassem.

— Ela tá amarrada, idiota! – Célia disse, já se aproximando para desamarrar as cordas da cadeira, somente deixando os braços de Kali amarrados ao próprio corpo.

Victor levou a menina para o andar de baixo. Ela não reagia. Sentia as cordas cortarem sua pele e as mãos de Victor apertarem seus braços, mas não conseguia reagir. Seu cérebro parecia estar desligado, como se ela tivesse sido drogada.

Quando chegaram perto da porta do hall de entrada, Victor se posicionou atrás de Kali, passando o braço esquerdo pelo seu pescoço e colocando a arma em sua têmpora direita. Antes de abrir a porta aproveitou a oportunidade para sentir o cheiro de Kali. A menina sentiu o nariz de Victor em seu pescoço e seu estômago revirou. Ela finalmente se deu conta do que estava acontecendo.

— Vai ser uma pena perder você. – Victor disse em tom de ameaça. – Seja boazinha.

Victor tirou uma touca ninja preta que deixava apenas seus olhos expostos de dentro do bolso da calça e vestiu-a. Em seguida abriu a porta com a mão que segurava a arma. Assim que ela estava aberta deu um passo para fora, voltando a colocar a arma na têmpora de Kali, que agora chorava.

As luzes de flashs e holofotes cegaram os dois por alguns segundos.

— Escutem todos! – Victor gritou, sua voz um pouco abafada pela touca. – Estão vendo esta bela jovem? Ela vai morrer se não cumprirem minhas exigências.

Kali sentiu o coração falhar por alguns instantes ao ouvir isso. Olhou em volta buscando alguma coisa que pudesse ajudá-la. O desespero tomou conta dela e sentia que a qualquer momento perderia novamente o controle.

Kali não sabia o que fazer e a cena à sua frente não a ajudou. Havia vários carros de polícia. Policiais com as armas em punho apontadas em sua direção e escudos estavam a postos. Ela desejou por um momento que eles atirassem. Atrás de uma grade de contenção estavam vários jornalistas que pareciam mais preocupados em prestar atenção ao que Victor falava do que à sua situação desesperadora. Atrás desses estavam vários curiosos que vieram ver de perto a movimentação em frente à casa. Kali reconheceu alguns rostos de seus vizinhos, mas ninguém ali tinha alguma relação com ela. Eles não se importavam.

Não havia solução ali.

“Eu vou morrer hoje” – pensou.

— Espero que vocês façam a sua parte. Vocês têm até meia-noite.

Dito isso, Victor voltou de costas para dentro da casa ainda segurando Kali. Antes de fechar a porta, Kali viu mais um rosto conhecido no meio da multidão. Era Felipe. Conseguiu ler em seus lábios um "Vai ficar tudo bem" e, como num passe de mágica, isso foi o suficiente para acalmá-la.

Victor puxou a menina de volta para o quarto, voltando a amarrá-la na cadeira.

Rafael havia acordado e tentava assimilar as coisas à sua volta.

— Quer me explicar o objetivo desse showzinho? – Célia perguntou.

— Movimentar o público pra eles pressionarem a polícia. As pessoas em suas casas estão nesse momento vendo o rosto de uma menina apavorada que pode ser morta a qualquer momento. Eles vão querer que a polícia salve a menina.

— E o que vamos fazer agora? – Célia perguntou.

— Esperar. Eles têm duas horas e eu tô com fome. – Victor falava despreocupadamente.

— Tem comida na cozinha.

— Então vai esquentar pra mim. Tá esperando o quê?

— Não sou sua empregada e não estou em condições físicas pra isso.

— Tá, tá. Fica de olho neles.

Victor saiu do quarto.

— Você está bem? – Célia perguntou para Rafael, aproximando-se dele e vendo que seu rosto estava tomando uma coloração arroxeada no local onde Victor lhe acertara o soco.

— O que aconteceu?

—Victor resolveu sequestrar vocês dois. – Célia respondeu indiferente, ainda preocupada com o rosto de Rafael.

— O que meu pai viu em você? – Rafael fitou-a, afastando-se o máximo que conseguia das mãos da mulher que estava prestes a tocá-lo. – Eu não consigo entender.

— Seu pai era um idiota.

— Não fale isso dele!

— Vai fazer o quê? Não pode fazer nada nessa situação.

Rafael respirou fundo tentando se acalmar.

— Você tá bem, Kah? – Ele se virou para Kali o máximo que as cordas lhe permitiam.

— Vai ficar tudo bem, Rafa. – Kali olhou para Rafael com um pequeno sorriso de confiança no rosto. – Acredite.

Aquilo acalmou Rafael, que relaxou um pouco o corpo que estava tenso. Não sabia de onde vinha a confiança de Kali, mas se ela tinha confiança ele também podia ter.

***

Quando Victor fechou a porta, formou-se um alvoroço do lado de fora. Os repórteres começaram a falar todos para as câmeras. Alguns transmitiam a notícia ao vivo. Os vizinhos faziam vários comentários curiosos. Alguns eram entrevistados mesmo não tendo o que falar da família que morava naquela casa, mas queriam aparecer na televisão.

Felipe aproveitou a confusão para esgueirar-se por um ponto cego que ele sabia existir das câmeras de segurança, conseguindo passar para a parte de trás da casa. Quando ia entrar pela porta dos fundos ouviu passos e virou-se encarando a policial que vinha em sua direção. Era uma jovem mulher, branca, de cabelos pretos. Ele a conhecia há alguns anos e sabia que podia contar com a ajuda dela.

— Oi, Rose. – Felipe cumprimentou-a.

— O que está fazendo, Felipe?

— Resolvendo o problema.

— Sabe que não pode fazer isso.

— E você sabe que eu vou. Me ajuda, Rose, por favor? – Felipe fez uma cara manhosa.

— Você quer que eu perca meu emprego também, Felipe?

— É claro que não! Mas eu preciso entrar, Rose. Não posso ficar de braços cruzados.

— Você tem cinco minutos. Depois disso vou avisar ao Major.

— Obrigado! – Felipe a abraçou. – Te devo uma! – disse, virando-se e entrando na casa em silêncio.

A porta dos fundos da casa dava num cômodo pequeno usado como despensa. Estava escuro e Felipe não podia ver nada à sua frente. Esperou um pouco os olhos se acostumarem com a escuridão para voltar a andar.

Reparou que uma luz passava por baixo da porta que dava para a cozinha. Escutou barulhos de panela vindo de lá. Respirou fundo tentando manter a calma e decidir o que iria fazer. Olhou em volta tentando achar algo que pudesse usar como arma e viu um pedaço de madeira encostado na parede. Pegou-o, indo em direção à porta.

Felipe abriu a porta devagar tentando não fazer barulho. Parou quando a fresta que abriu foi suficiente para observar a movimentação na cozinha. Viu Victor de costas para ele, abaixado e procurando algo dentro do armário embaixo da pia. Viu que sua arma estava em cima da mesa, distante dele, mas não o suficiente, pois em um movimento rápido Victor poderia alcançá-la.

Felipe pensou rapidamente nas opções que tinha, nas consequências que elas teriam e como não deixar que elas o matassem, mas todas as opções levavam a uma tragédia.

Por um momento hesitou.

A imagem de Kali chorando enquanto era segurada por Victor na porta veio à sua mente. Havia desespero em seu rosto. Prometera-lhe que ficaria tudo bem e não podia descumprir essa promessa.

Sentiu a adrenalina acelerar seu coração e lhe dar coragem.

Assim, abriu a porta e deu um passo para fora do cômodo. Parou quando viu Victor se levantar. Prendeu a respiração e esperou, mas Victor continuou de costas para ele.

Felipe deu mais três passos, reparando que sua sombra alcançaria Victor se ele continuasse a andar. Nesse ponto já poderia alcançar a arma em cima da mesa com o bastão em sua mão. Assim, em um movimento rápido, Felipe bateu o bastão na arma jogando-a no chão longe de Victor, que rapidamente se virou com o barulho e foi para cima de Felipe.

Felipe tentou bater na cabeça de Victor com o bastão, mas ele defendeu-se com o braço esquerdo e, com a mão direita, segurou o bastão puxando-o das mãos de Felipe e jogando no chão perto da entrada da cozinha. Felipe tentou dar um soco em Victor, que deu um passo para trás por reflexo, fazendo com que o punho de Felipe passasse a poucos centímetros do seu rosto, mas antes que Victor pudesse reagir, ele girou o corpo e lhe acertou um chute no peito, fazendo-o cambalear e bater as costas no balcão atrás de si. Felipe rapidamente foi atrás dele, acertando-lhe um soco no nariz, sentindo que alguns ossos se quebraram no rosto de Victor.

Victor urrou de dor segurando o nariz que já começava a sangrar. Aproveitando que ele baixara a guarda, Felipe deu mais um chute em seu estômago. Victor tirou a mão do nariz, levando o braço até o estômago que agora doía. Com esse movimento ele curvou as costas, abaixando a cabeça e Felipe, então, acertou-lhe com uma joelhada na altura dos olhos, fazendo com que Victor caísse no chão.

Felipe aproveitou que Victor parou de reagir e andou até onde o bastão estava, abaixando-se para pegá-lo. Quando se virou para onde Victor estava não o viu mais.

Antes que seus olhos pudessem encontra-lo, seus ouvidos ouviram o som ensurdecedor de um tiro e seu corpo não mais lhe respondeu.


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Notas finais do capítulo

O que será que vai acontecer agora?
Se você leu até aqui #obrigada^^



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