Era noite de primavera, novamente aquela doce e timida garota estava chorando.

- Porque esse desejo de lhe dar um beijo? Sei que você não presta, sei que irei sofrer... Sei também que te quero, que te desejo, mas não posso te ter! Você não me ama como eu te amo, você não me quer como eu te quero, aliás, você me considera apenas como uma amiga! - Desabafava a garota para si mesma. Novamente estava perdidamente apaixonada por alguém que achava impossivel ter uma chance. Ele era lindo, simpático e disputado. E ela? Pensava que sua aparencia era ruim, podia julgar-se que ela era anti-social, e não tinha opções, pois ninguém pedia para ficar com ela.

- Effy? - Chamava uma voz ao fundo.

- Lu? - Respondia Effy, enxugando suas lágrimas. - Pensei que todos já tivessem ido embora!

- Foram sim, mas eu acabei perdendo o ônibus. Você estava chorando? - Perguntava Lucas.

- Eu? Não, não, deve ser impressão sua! - Effy tentava disfarçar, mas sabia que não conseguiria. 

- Effy, você não sabe mesmo mentir. Não quer desabafar? Você tem que parar de ser tão fechada! - Lucas podia não demonstrar, mas se preocupava com Effy. Só não podia imaginar que o problema era ele. As noites em claro que Effy havia passado, a dor que ela carregava no peito, a solidão que ia a consumindo a cada dia mais... Era tudo culpa dele.

- Não se preocupe Lucas, é só um amor não correspondido. - No mesmo instante Effy se arrependia do que falara.

- Entendo... Mas Effy, não fique assim por um babaca! Tem tantos garotos... - Lucas não pode terminar a frase, era interrompido por Effy. - Lu, você não entende! Eu vou morrer sozinha, ninguém seria louco o bastante para gostar de mim! É impossivel você entender a minha solidão, pois você tem todas as garotas que quer! Todo final de semana você esta com alguém, as garotas suspiram quando você passa! Eu sou tão feia assim? Porque você nunca reparou em mim?! Eu... - Effy rapidamente tomou consciencia do que tinha falado, assim tampando a sua própria boca.

- Effy, eu... - Lucas estava confuso, nunca imaginou que sua amiga sentisse isso por ele.

- Esquece Lucas! - Effy se levantava e saia correndo, deixando Lucas sentado no chão e sem reação.

Effy entrava dentro do carro de seu motorista e fechava brutamente a porta.

- Tem geladeira em casa não? - Brincava o motorista.

- Vamos embora, por favor! - Respondia com voz de choro, deixando o motorista preocupado.

- Aconteceu algo? - Perguntava o motorista.

- Não quero falar sobre isso.