Graad Gakkou - INTERATIVA escrita por Casty Maat


Capítulo 12
Capitulo 11 - Uma triste melodia de piano




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#11 – Uma triste melodia de piano

Naquele final de semana as portas da semana de provas, Aiolia estava jogado na cama, olhando o teto e sem qualquer tipo de ânimo. Remoía ainda o fora gigante que levou de Marin. Mesmo Aiolos, na cama ao lado, só podia observar. Ele era frequentemente recusado em qualquer tentativa de animar o caçula, mesmo com tortas de queijo, sua especialidade (que no final foi sumariamente devorada pelos colegas bons de garfo).

O sagitariano estudava com o livro de história, mas não se concentrava, tamanha preocupação com o irmão. Era um olho no livro e outro no leonino. Com muito custo, o Tavoros mais novo tomava um desjejum e alguns pequenos petiscos ao longo do dia.

—Não consegue estudar? – indagou o antigo guardião da quinta casa.

Aiolos fechou o livro e virou a cabeça para o irmão.

—Não. Quer falar, desabafar?

—Você sabe que desde criança, desde que ela chegou, eu já gostava dela e odiava aquela máscara dos infernos no rosto dela.

Aiolos ouvia com cuidado e com atenção, finalmente Aiolia resolvia jogar para fora dias de sentimentos estagnados.

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Santuário, Janeiro de 1973 (8 meses antes da morte de Aiolos)

Aiolos e o pequeno Aiolia vinham andando pela vila de Rodório. Tinha saído de um treino nas áreas rochosas e decidiram buscar mantimentos, vinham conversando quando escutaram uma confusão.

Viram uma pequena amazona correndo, seus cabelos ruivos tremulando, fugindo de um grupo de aprendiz.

—Vamos, estrangeira, não quer ser uma amazona? – gritava em escárnio um dos garotos.

—Ela não serve para ser amazona, é uma oriental! Nem devia estar aqui. – riu outro.

A pequena tropeçou e caiu, sendo prontamente ajudada por Aiolia, Aiolos se colocou a frente do irmão e da pequena. Os aprendizes tremeram na base ao ver quem estava ali se colocando no meio do caminho deles.

—Com que intuito estão perseguindo essa aprendiza? – disse um Aiolos sério, encarnado totalmente como o cavaleiro de Sagitário.

—Senhor Aiolos, a gente...

—Essa garota roubou nosso lanche! – mentiu um, mais baixo do grupo.

Aiolos sabia que era mentira, mas decidiu dar corda para os rapazes se enforcarem.

—Oh... Um roubo? O que tem a dizer? – virou-se para a pequena, amparada por seu irmão.

—Eu não fiz nada. – dizia num tímido grego, ainda com erros de concordância típicos de quem está aprendendo. – Eles disseram que eu não devia estar aqui por ser japonesa. Que eu devia morrer.

Aiolos então se voltou para o grupo.

—Pois bem, temos um problema de informação. Alguém está mentindo e alguém está dizendo a verdade. Mentira é tão punível quanto o roubo, nossa deusa representa a justiça. Quem está envergonhando nossa Atena?

—Ela, essa pirralha! – disse outro do grupo.

Aiolia, até então quieto, manifestou:

—Ofender outra pessoa não te faz melhor! Está na cara que estão mentindo!

—Nisso tenho que concordar com meu irmão. – deu de ombros teatralmente o mais velho.

—E eu já vi vocês! Foram vocês que espancaram aquele garoto árabe, o Algol! – disse o pequeno leonino, apontando o dedo para o grupo. – Disseram que um estrangeiro devia morrer e não conquistar uma armadura!

—É verdade, eles vieram dizendo coisas do tipo para essa jovenzinha. – disse uma mulher com um bebê de colo.

Outras pessoas iam se juntando e dizendo coisas do tipo, confirmando as péssimas ações e revelando outras. Aiolos olhou feio para ambos.

—Os dois irão me acompanhar até o Grande Mestre. Aiolia, leve a jovem até a vila das amazonas em segurança, sim? – ditou o sagitariano.

Aiolia esperou o irmão sair com os xenófobos e então acompanhou a garota, que estava quieta e cabisbaixa. O leonino conversava, tentava puxar papo, mas nada resolvia.

Quando chegaram no limite entre onde os homens poderiam ir e o terreno da vila, ela se afastou.

—Ei! Espera! – ele falou alto. – Como se chama?

A amazona ruiva virou-se para ele e disse no tom tímido e infantil que ainda era sua voz.

— Marin.

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—Desde aquele dia eu fiquei encantado com ela... Aos poucos ficamos amigos. Quando você se foi e vivia sendo perseguido, era Marin quem sempre me apoiava e me dava forças. Com o tempo eu entendi que a amava. O mais novo continuava a falar sem encarar o irmão. – Eu tinha esperanças de Hades não vir, ou até de sobreviver a guerra como foi com mestre Shion e o senhor Dohko há tantos séculos... Viver junto dela...

Finalmente lágrimas saíram e ele olhou para o irmão mais velho.

—Eu a perdi... Não por que ele não me ama mais, mas pelo tempo. Isso é injusto, meu irmão. É injusto...

Aiolos se levantou e ficou ajoelhado ao lado da cama do irmão, acariciando os fios dourados e anelados do caçula. Aiolia se agarrou ao irmão, se deixando chorar copiosamente.

—Por que tem que ser assim, mano? Por que...?

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Camus tentava estudar também, mas o problema era um certo escorpião mais preocupado em ficar jogando alto no computador.

—AAAAAAAAH! Maldito BlackFox! – resmungava o grego.

—Perdeu de novo para esse tal de “BlackFox”? – indagou Camus num tom de voz que mais parecia uma mistura de desdém com afirmação.

—Esse maldito é o top 1 do Great Cheese! E eu sempre ficando no top 2! – virando a cadeira. – Eu ainda acho onde esse infeliz se esconde e detono a net dele e... Camus?

O ruivo mantinha seu olhar perdido e distante em algum ponto. Milo suspirou.

—Pensando na sua mãe e nos seus irmãos? – indagou o loiro.

—Soube ontem que minha mãe ainda está viva. Madeleine casou e o Jean Paul está noivo.

—E seu pai?

—Morto. – respondeu seco.

Milo se apoiou no encosto da cadeira e ficou olhando o melhor amigo. Camus jamais se dera com o pai, um militar do exército francês, porem amava com a maior de suas doçuras a mãe, uma mulher irlandesa chamada Mary e a irmã do meio, Madeleine.

Camus brigou feio com o pai pouco antes de iniciar os treinamentos de Isaac e Hyoga e se isolar na Sibéria para fazê-lo foi também sua fuga. Nas poucas vezes que voltava ao Santuário para relatórios ou missões, Camus parecia mais fechado, mais frio.

“Sempre foi por causa da Madeleine” – pensou o loiro – E você não vai procurar eles?

—E explicar como alguém fica morto por duas décadas e meia e volta como um adolescente? Vão me achar louco.

—Ué, só fingir que você é filho de você. Aí você pode ficar junto deles também. Cê sabe que eu daria tudo para ter o que você tem e está renegando. Uma história, uma família, uma origem. Madeleine deve ter te dado até sobrinhos!

—Deu. São dois garotos. E não vou procurar por eles, é melhor que eu esteja morto totalmente.

Milo decidiu não forçar a barra, não muito pelo menos. Ficou olhando o amigo estudar e saiu da cadeira indo se deitar na cama.

—Devia estudar. – disse o francês.

—Não to com vontade. Talvez mais tarde eu vá no café que a Leona trabalha.

—Vai é atrapalhar o serviço da menina.

—Nem vou. Os crepes de lá são deliciosos.

Quem optou pelo silêncio agora era o aquariano. Milo deitou de costas para o amigo e ficou lembrando-se do orfanato, onde fora abandonado sem sequer saber quem era a mãe ou de onde viera. Apenas um enjeitado na roda dos expostos com poucas horas de vida. Milo foi o nome que recebera de uma das funcionárias lá.

Galanós, céu-azul , era o orfanato. Não existia mais pelo que soubera quando voltou, mas manteve de alguma forma o carinho por aquele lugar transformando-o em seu sobrenome nessa vida nova como adolescente.

Mas por mais gratidão e carinho que tenha tido pela instituição, sentia-se um zé ninguém sem história antes de receber a armadura dourada de Escorpião.

“E você desperdiçando sua oportunidade de ter a família de volta, Camus. Seu coração congelou tanto assim?” – e fechou os olhos, tirando um cochilo.

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Era alta madrugada, as chamadas “horas mortas” de sábado para domingo. Foi nessa hora que Máscara da Morte descera para o térreo, onde ficava, entre inúmeros cômodos, a sala de música.

Saori mantinha naquela mansão um piano, como também no Santuário e em sua mansão na Grécia. O que estava ali era um sobrevivente de seu início como Atena. E foi para o cômodo que o instrumento ficava que o italiano foi.

Abriu as portas com cuidado e extremo silêncio e esmero. Não queria que ninguém o seguisse, que ninguém o visse e lhe fizesse qualquer pergunta. Escondera seu cosmo e se sentou no canto mais escuro e escondido do local, olhando os raios lunares fazerem o verniz brilhar sutilmente.

Longe do olhar frio, malicioso, assassino, o olhar que o platinado ostentava era um misto de outros sentimentos ruins. Medo, desesperança, saudade.

Um piano era o elo mais profundo do seu passado. O dia que o autentico Giovanni Lazarini, um simples e humilde garoto da Sicília, morreu.

Mas desde que ouvira aquela irritante espanhola tocar o piano na escola e depois, dias atrás, ter seu cosmo ressoando com o dela, o cheiro dos pães quentinho da nonna, o som do piano da mamma, o reco-reco da serra da oficina do papa... Tudo voltara num turbilhão que o deixava insano por dentro, um lixão revirado, ostentando tudo aquilo que ele lutara por anos para esquecer. A morte de sua inocência de menino.

A principio a casa fora alvejada por tiros dos mafiosos. Sua mãe ao tentar protege-lo, fez o pequeno Giovanni bater a cabeça e cair desmaiado e poucos segundos depois de sua consciência ser perdida, os bandidos invadiram a residência e metralharam todos.

O pequeno só sobreviveu pois a mãe caiu sobre seu corpo, matizando a si e ao chão com seu sangue quente e os bandidos acreditaram que até o moleque estava morto. Quando o pequeno despertou, o corpo e o sangue já haviam perdido o calor.

Sua mamma não tocaria mais piano e nem lhe daria lições sobre o instrumento.

A nonna não faria mais pães quentes e deliciosos.

O papa não mais faria lindos brinquedos de madeira.

E ele não seria nunca mais o garotinho sorridente e feliz do bairro pobre na Sicília.

O tímido garoto semi-albino se tornaria tão cruel e vil quanto aqueles que ceifaram sua inocência, convertendo-se no cavaleiro de ouro Máscara da Morte.

E agora ele ali, ressuscitado como adolescente, remoendo lembranças de um verão de 1968, enquanto via o piano de Saori Kido brilhar. Era um misto de querer erguer a tampa que protegia as teclas e descobrir se ainda sabia tocar e um misto de desejar partir o instrumento em mil pedacinhos.

—Então é aqui que você se esconde?

Giovanni estava tão absorto em seus pensamentos que não viu o pisciniano entrar na sala de música. Afrodite o olhava como se visse algo estranho ou uma situação bizarra.

—E desde quando o que faço ou não, se me escondo ou não te interessa, baiacu de mangue?

—Desde que se tornou companheiro de quarto?

—Ainda sim eu faço o que quero de minha vida.

—Desde que não interfira em meu sagrado sono reparador, sim. Ou em qualquer aspecto de minha vida. – retrucou o sueco, mexendo em suas longas madeixas douradas.

—Então vai dormir, bonequinha. E para de encher meu saco. – o canceriano se levantou e foi sair.

Mas Afrodite o deteve.

—Parecia imerso em lembranças. No final cada qual aqui tem um passado ruim.

—Como se alguém florzinha como você tivesse um passado ruim. Você que é um peixe podre!

—Venho de uma família riquíssima no ramo da construção civil, um pai homofóbico e que conseguiu me embebedar rpa tentar não voltar mais ao Santuário.

—Só que você ainda tem pai, cazzo! – e com um tranco se desprendeu do aperto do colega, se retirando.

Afrodite se manteve sério, olhando o piano. Nunca soube do passado do ex-guardião da quarta casa. Mas ele reparava profundamente no piano.

—É... se o bobão do Milo conseguir trazer aquele grupinho de música para cá... Vou me divertir muito vendo aquele siri cascudo passando apuros. – e deu um risinho abafado.


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Notas finais do capítulo

próximo capitulo, um pouco de passados



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