Nem Todo Mundo Odeia o Chris - 3ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 14
Todo Mundo Odeia Bad Boys


Notas iniciais do capítulo

Oiii...
Eu já disse que vocês são lindos? Bem cara de pau a pessoa, né?
Sumida... Desculpa, gente, mas eu tive um bloqueio criativo misturado com final de semestre e outros problemas...
Mas não me matem, ok? Não agora que a história está chegando onde vocês queriam...
Então... Aproveitem o/



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POV. CHRIS (Brooklyn - 1986)

Com meus 17 anos completos, eu me sentia um pouco mais adulto e com a cabeça menos vazia, mas, ao mesmo tempo, tinha a impressão de que isso era só ilusão. Admito que estava naquela fase que queria uma mudança para a vida, mas não sabia como, nem o quê. Eu tinha os mesmos amigos, ia à mesma escola, tinha o mesmo trabalho e gostava da mesma garota há anos. Talvez a mudança brusca na vida da Lizzy tivesse me influenciado a querer mudar também; apenas talvez.

Mas por mais que eu não soubesse o quê ou como mudar alguma coisa, as mudanças vieram; algumas devagar, outras rápido. E, como a maioria das mudanças, eu não sabia que algo estava mudando até estar bem no meio.

A primeira mudança que percebi foi algo sobre outra pessoa. Era quarta à tarde, e eu estava indo para o Doc’s quando percebi duas pessoas conversando na esquina. Uma delas eu conhecia muito bem; havia passado muito tempo observando ela de longe: Tasha. A outra eu detestava porque ele era o maior babaca que eu já havia conhecido, e eu nem falava com ele, na verdade.

Obviamente, não era segredo para ninguém do bairro que a Tasha gostava do Robert e ele não valorizava. Mas apesar de ela ter me dito há algum tempo que queria ficar comigo, eu não tinha colocado muita fé na situação. Provavelmente, ela gostava tanto do Robert quanto eu gostava dela. Acho que eu até entendia, mas não me fazia parar de sentir ciúmes.

Apesar do que eu pensava, o que eu ouvi daquela conversa foi algo que me deixou com um ponta de esperança a mais. Não que eu tivesse me escondido na esquina de propósito para ouvir… Jamais faria isso…

“Ah, qual é, Tasha?”, ouvi a voz do Robert. “A gente pode ficar na boa, é só você parar de birra.” Rolei os olhos. É assim que ele espera continuar com ela? Até eu faço melhor.

“Birra?! Você acha que todas as nossas brigas foram por birra minha?” Ele deve ter assentido porque ela continuou. “Ótimo! Então esclarecemos tudo aqui! Se você não se importa comigo nem com o que eu tenho a dizer, não quero mais continuar com você!”

“Calma, Tasha. Também não é assim--”

“Claro que é assim! Eu cansei, Robert, de correr atrás de você enquanto você sai com outras garotas! Para mim já chega!”

“Mas--”

“Sem ‘mas’! Eu mereço alguém que goste de mim de verdade e você não pode me dar isso! Não me procure! Eu não quero te ver nunca mais!”

Ela veio subindo a rua na minha direção e eu tive que me esconder em um beco estreito que dividia duas casas. Ouvi ela chorar enquanto corria rua acima e senti uma vontade enorme de ir atrás dela. Mas então ela saberia que eu escutei tudo e talvez a deixasse brava. Não. É melhor eu ficar quieto. Depois consigo uma oportunidade para isso. Ouvi os passos do Robert se afastando na direção oposta e saí do meu esconderijo com um leve sorriso vingativo no rosto. Agora você teve o que merecia, bad boy babaca…

Como um pedido da Lizzy, não contamos para ninguém que ela havia herdado o dinheiro do pai, mas para esconder algo do gênero, várias mentiras foram necessárias. Os pais dela ajudaram um bocado quando disseram aos meus pais que estavam voltando para o Queens por questões de saúde. Meus pais já sabiam do problema de glicemia do sr. Jackson, então acreditaram na história, levando em conta que o Queens ficava mais bem localizado. Em relação a deixar a Lizzy morar sozinha, eles contaram uma meia verdade. Contaram sobre ela ser emancipada agora, mas disseram que foi por opção dela e eles resolveram confiar. Como meus pais sempre pensaram bem da Lizzy, desconfiaram, mas aceitaram. E se ainda continuavam desconfiando, não demonstraram mais. O resto do bairro que pensasse o que quisesse, como a Lizzy mesma diz.

O Greg nos fez pensar bastante se contávamos ou não, mas a decisão ficou com a Lizzy. Ela resolveu acreditar que ele tinha aprendido a trancar a boca e apostou na filosofia de amizade dele: amigos não devem ter segredos.

A primeira reação dele foi ficar mudo, o que eu achei ótimo. Eu quase jurava que ele ia fazer um escândalo, mas ele ficou calmo, perguntou se a Lizzy estava bem e prometeu não falar para ninguém.

Eu acabei tirando o dia para observar o comportamento da Lizzy; na verdade, eu estava fazendo isso desde que ela tinha começado a morar sozinha. Ela parecia bem, agia normalmente, mas eu ainda percebia que ela ainda estava triste. Eu compreendia, mas me deixava muito preocupado. Quase todas as noites eu ia até a sua casa para ver como ela estava. Ficava algum tempo, ela dormia e eu voltava para casa; afinal, não podia arriscar tanto.

A segunda mudança chegou de uma forma bem desagradável. Na verdade, o carro até era bonito - um Porsche 944 vermelho do ano -, mas a pessoa que saiu do banco do motorista me deu náusea à primeira vista. Branco, alto, olhos azuis e vestido à la bad boy— jaqueta aberta, blusa branca, jeans e botas. Todos os alunos que estavam indo para casa após a aula se reuniram na calçada. Admito, nunca vi tanta menina por metro quadrado. Mas a pior parte não foi isso. A pior parte foi…

“Daniel!” Lizzy passou por mim e foi abraçar o recém-chegado. Ele sorriu para ela e retornou o abraço.

Juro, odiei como ela sorriu para ele, como ficou feliz quando ele chegou. Eu tento animar ela por dias e não consigo quase nada, mas é só ele chegar que ela abre um sorriso enorme!

Os outros alunos começaram a se espalhar e acabamos ficando só a Lizzy, o tal Daniel, eu e o Greg, que revesava o olhar entre mim e os outros dois abraçados. Respirei fundo, tentando não explodir. Os dois trocaram algumas palavras, mas logo a Lizzy o puxou na nossa direção.

“Gente, esse é o Daniel. Daniel; Chris e Greg.”

Ele cumprimentou o Greg de boas, mas na minha vez ele me analisou primeiro antes de estender a mão. Fiz o mesmo, e o aperto de mão foi mais forte que o realmente necessário. Nenhum dos dois falou, apenas um leve aceno de cabeça. Qualquer um com o mínimo de percepção podia ver que eu não fui com a cara dele e ele não foi com a minha, mas, aparentemente, a Lizzy estava muito feliz com a chegada dele para notar na hora.

“Quanto tempo vai ficar, Daniel?”

“Na verdade, eu vim para ficar.”  O QUÊ???

“Como assim?”, Lizzy perguntou.

“Convenci meu pai a colocar uma filial da empresa em Nova York, então, vou ficar aqui para supervisionar.” Resmunguei silenciosamente, completamente indignado. Isso só pode ser o inferno… mas eu não sou obrigado a ficar aqui ouvindo isso…

“Lizzy, a gente tem aquele trabalho de Geometria para fazer. Vamos?” Ela me olhou, levemente desapontada.

“Ah é. Então, acho que te vejo depois, Daniel. Passa lá em casa depois para a gente conversar.” Ele sorriu e beijou o rosto dela, fazendo minha raiva crescente subir ainda mais.

“Claro.” Ela vinha na minha direção quando ele a chamou de volta. “Ei, antes de você ir: faz muito tempo que não moro em Nova York. Pode me dar um tour pela cidade para eu me familiarizar de novo?” Segurei minha língua para não dizer onde ele devia fazer esse tour...

“Claro. A gente combina direito quando você for lá em casa.”

Dei um último olhar para a cara do miserável e tive a sensação de que eu jamais teria paz enquanto ele estivesse por perto. Ele se despediu com um aceno de cabeça na minha direção, com a expressão mortalmente séria, e eu fiz o mesmo. Nada me obriga a ser amigável se eu não vou com a cara dele e nem ele com a minha...

Dessa vez, a Lizzy realmente veio, e nós seguimos até a parada do ônibus com o Greg. Lá, ele se despediu de nós, me dando um olhar significativo antes de seguir na direção oposta. Eu conhecia bem aquele olhar. Significava “faz alguma coisa, mas não faz besteira”.

Sabendo que eu não teria nada de bom para falar a respeito da chegada do miserável, mantive silêncio a viagem toda na tentativa de controlar a raiva que eu sentia daquele idiota. Ainda mais porque eu estava um pouco magoado com ela. Mas, como eu claramente não conseguia fingir nada para a Lizzy, ela percebeu e me questionou quando descemos do ônibus.

“Chris, está tudo bem?”

“Hum”, resmunguei, mas me arrependi logo em seguida.

Se eu tivesse respondido normalmente, até haveria uma chance de ela não perguntar mais nada, mas quando eu resmungava, era a confirmação para ela de que tinha algo errado.

“Pode responder direito?”

“Não é nada.” Ela parou de caminhar assim que subimos uma calçada e ficou na minha frente.

“Se não é nada, por que você está estranho e sério?” Respirei fundo, pensando no que dizer.

Eu sabia que se dissesse a verdade mesmo, nós iríamos discutir por causa do miserável, e eu não queria isso. Mas eu também sabia que ela não me deixaria ir enquanto eu não falasse. O que me perturbava mais era eu não saber exatamente o que eu estava sentindo.

“Eu não-- Eu só estou cansado, Lizzy.” Eu raramente usava essa desculpa, mas, de certa forma, não era mentira. “Essa semana foi puxada, e ainda temos quilômetros de trabalhos para fazer. Vamos?” Ela ainda me avaliou um pouco, mas assentiu, cedendo.

Seguimos e entramos na casa dela. Em silêncio, logo nos organizamos na mesa da cozinha e começamos o trabalho.

 

POV. LIZZY

Voltei meus olhos rapidamente para a página do livro quando ele olhou na minha direção. Senti seus olhos em mim, mas não ergui os meus. Eu o observava desde a vinda da escola. Ele estava estranho, calado demais, mas, ao contrário das outras vezes, eu não fazia a mínima ideia do porquê. Ele havia falado sobre estar cansado, mas, conhecendo o Chris por tempo suficiente, sei que é uma desculpa. Cansado era quase o estado natural dele, considerando todas as coisas que ele fazia, mas ele nunca ficava mal por isso.

Relanceei os olhos na direção dele mais uma vez e o vi olhar fixamente a página de seu livro, mordendo a parte de dentro na bochecha. Meu coração deu um salto mortal. Meu Deus, por que ele faz isso comigo? Minhas mãos já suavam e eu não conseguia desviar os olhos. Como o esperado, ele sentiu-se observado e me olhou, o cenho levemente franzido.

“O que foi, Lizzy?”

“N-nada. Só estava pensando no problema-- do livro.” E voltei meus olhos para a página aberta.

Não vi se ele “comprou” a desculpa, mas ele não perguntou mais nada, e o resto da tarde seguiu entre problemas de Geometria, silêncio e olhares furtivos.

 

Às seis horas, depois de ele ter ido embora, me deitei no sofá com a TV ligada, mas sem prestar a mínima atenção. Fechei os olhos e pude ver nitidamente seu rosto, seu sorriso, ouvi sua voz dizer meu nome e, ilusoriamente, senti seu cheiro.

Sentei-me de repente, irritada comigo mesma. Eu tinha jurado que não pensaria mais nele dessa forma. Somos melhores amigos e assim continuará.

Meu coração então me lembrou a “declaração de guerra” idiota que tive com a Tasha. Mas eu disse que lutaria por ele, mesmo que ela tivesse mais chances que eu. Só que até agora eu não fiz nada. Por quê?

Fui interrompida pelo barulho do telefone. Contemplei a ideia de deixá-lo tocar e não atender, mas meu senso de educação me fez levantei e seguir até a cozinha. Afinal, podia ser uma ligação para os meus pais, que haviam se mudado há pouco tempo, ou mesmo meu advogado.

Entretanto, não era nenhum dos dois, e uma voz familiar e grave me cumprimentou do outro lado.

“Oi, Lizzy.” Sorri.

“Oi, Dan.”

“Sei que prometi passar na sua casa, mas estou muito ocupado com a filial. Sinto muito.”

“Tudo bem, Sr. Empresário.” Escutei seu riso leve do outro lado.

“Tudo bem nada. Prometi que iria. Que tal eu passar aí amanhã no final da tarde e você me dar o tour que me prometeu?”

A proposta era tentadora, e eu estava realmente precisando me distrair. Desde a emancipação, Chris estava mais presente em meus pensamentos e sonhos do que gostaria de admitir.

“Está ótimo.”

“Combinado então. E depois do tour, vamos atrás de uma lasanha para você.” Senti a boca salivar com a expectativa e ri.

“Você sabe mesmo como me pegar pelo estômago, não é?”

“Claro.”

“Até amanhã, então.”

“Até, linda.”

Desliguei, me sentindo um pouco mais leve. Talvez essa tour seja exatamente o que eu preciso agora…

 

Mas a sensação de leveza durou menos do que eu gostaria. Na manhã seguinte, Chris me colocou contra a parede sem nem saber.

“Lizzy, meu pai ganhou um jantar da empresa por ser o funcionário do mês. Vamos ao Domaine et Merr hoje à noite. Quer vir?” Minha primeira reação foi querer, mas lembrei da minha promessa de tour ao Daniel.

“Queria, mas… o Daniel ficou de vir hoje para a tour dele.” Vi uma sombra escura passar por seu rosto e sua expressão ficou séria. Imediatamente me arrependi da resposta, mas eu não podia dar outra.

“Tudo bem, então. Bom passeio.” Não havia sarcasmo em sua voz, mas eu não senti sua sinceridade usual.

Ainda pensei em perguntar qual o problema, mas sua postura não estava muito convidativa, então deixei passar.

 

A aula passou bem rápido para a felicidade de todos, mas o clima entre mim e o Chris não parecia melhorar. Tentei puxar assuntos, mas ele não colaborava. Falou com o Greg a maior parte do tempo, fazendo o possível para parecer normal, mas nós percebíamos. Cansada da situação, resolvi deixar como estava. Se meus esforços eram inúteis, eu não continuaria gastando minha energia.

Voltamos para casa em silêncio também; eu apenas comentei as questões que eu iria fazer do trabalho de Geometria e ele assentiu. Ao chegarmos em nossas casas, nos despedimos com um simples “tchau”. Suspirei de frustração quando vi a porta da casa dele se fechar e entrei na minha.

 

POV. CHRIS

A raiva continuava me remoendo pouco a pouco e parecia aumentar à medida que eu colocava as caixas de leite nas prateleiras.

Por que eu estou com tanta raiva? Ela sempre foi independente e fez o que quis. Eu protegi ela algumas vezes, mas sei muito bem que ela sabe se virar sozinha. Então por que me incomoda ela sair com ele?

Eu o detestava - até mais do que um dia eu chegara a detestar o Caruzo -; isso tinha ficado claro para mim no momento em que o vi. Ele era o meu completo oposto, em todos os aspectos possíveis, e vê-la sorrindo o meu sorriso para ele foi o fim. E saber que, agora, a realidade dela estava mais parecida com a dele do que com a minha, me fazia senti-la mais longe de mim. Ele estava (e iria) pouco a pouco tomando o meu lugar ao lado dela, como melhor amigo, companheiro e--

“Chris!” Fui interrompido pela voz do Doc e virei para olhá-lo.

“Oi, Doc. Desculpa, eu não estava prestando a atenção.” Ele ergueu a sobrancelha para mim.

“Eu notei. Você estava concentrado demais surrando as caixas de leite. O que está havendo com você, rapaz?” Suspirei, me dando conta do quanto estava frustrado.

“Não sei, Doc. Acho que só estou precisando de algo no que descarregar a frustração.”

“Mas bater nas coisas não vai resolver. Talvez se você falasse com quem está te deixando frustrado…”, ele sugeriu em um tom persuasivo, e eu ri com sarcasmo.

“Impossível. A Lizzy nunca me escutaria sobre o novo amiguinho dela.”

Assim que fechei a boca, me arrependi. O Doc me olhava com uma expressão de vitória no rosto; eu havia me entregado. Dormir no mesmo quarto que o Drew está me deixando bocão igual a ele…

“Parece que encontramos sua fonte de frustração. Por que não fala com ela?” Como ele já tinha descoberto, eu não tinha mais nada a perder.

“Como eu disse, ela não me escutaria. Eles se conhecem há eras; eu sou o intruso agora.”

“Tenho certeza que ela não te vê assim. As coisas se resolvem quando as pessoas conversam, Chris.”

“Nesse caso, as pessoas brigariam e as coisas ficariam ainda pior.”

“Se você diz… Mas eu ainda acho que você teria uma surpresa se falasse com ela…” Dizendo isso, ele desceu para o porão levando as caixas secas.

 

Sentei na calçada depois do trabalho e fiquei olhando o movimento da rua sem prestar muita atenção. Já eram quase 18:30h e eu sabia que tinha que me arrumar para ir àquele jantar, mas eu estava sem a mínima vontade. Sentia meu estômago embrulhar de raiva e frustração reprimidas, porém o que mais me incomodava é que a Lizzy não tinha nem vacilado em escolher o miserável ao invés de mim. Parte de mim me dizia que era porque ela nunca quebrava promessas e ela realmente havia prometido aquele maldito tour, mas a minha parte magoada não queria aceitar essa desculpa. Ela havia escolhido ele

Me assustei quando senti uma mão no meu ombro direito e me virei rapidamente, dando de cara com a Tasha.

“Oi? Por que está aqui sozinho?” Ela se sentou do meu lado.

“Não sei. Tenho um jantar para ir com os meus pais, mas na verdade não quero ir.” Ela suspirou e assentiu.

“Sei como é. Presença por obrigação quando na verdade você gostaria de estar em outro lugar com outra pessoa.” Novamente me surpreendi por pensarmos tão parecido e sorri.

“É.” Ficamos em silêncio por alguns instantes até que ela falou algo que me surpreendeu ainda mais.

“Eu vi o novo amigo da Lizzy; o garoto branco.” Minha cara interrogativa deve ter sido o suficiente para ela continuar. “Ele veio hoje mais cedo e eles saíram no carro dele. Pareciam dois namorados.” Senti, ainda mais forte, a raiva que tinha aparecido assim que conheci o miserável.

“Foram fazer um tour pela cidade”, disse com a voz amarga.

Sua mão quente deslizou pela minha e entrelaçou nossos dedos, e, por um segundo, eu senti como se meu coração parasse de bater.

“Eu te entendo. É ruim você se importar com alguém e a pessoa não se importar de volta, mas às vezes isso é bom para fazer a gente crescer e seguir em frente. Procurar algo melhor.”

Depois de ter ouvido sem querer a conversa dela com o Robert no dia anterior, era impossível que eu não percebesse que ela falava de si mesma ali. Mas, óbvio, ela não precisava saber que eu sabia.

“É. Às vezes é melhor mesmo.” Apertei levemente sua mão, e ela pareceu entender o que eu quis dizer e sorriu.

De certa forma, eu me senti mais leve com a presença da Tasha, e grande parte da minha frustração foi embora. Respirei fundo, e, com isso, senti o leve perfume que vinha dela.

“Desculpa. Eu queria poder te convidar para o jantar, mas acho que meu pai já preencheu o lugar que faltava.”

“Tudo bem. Sua intenção já vale.”

“Tasha!” A voz da sra. Clarkson veio da casa, nos assustando um pouco.

“É melhor eu entrar antes que ela venha aqui.” Ela soltou minha mãe, sorrindo à guisa de desculpas, mas eu dispensei, balançando a cabeça.

“Tudo bem. Valeu pela conversa. Me sinto bem melhor.”

“Que bom.” E antes que eu pudesse registrar qualquer coisa, ela se inclinou e me beijou no rosto, perto demais da minha boca para que eu não me arrepiasse. Seus olhos voltaram para os meus com um brilho sacana neles. “Boa noite, Chris.”

“Boa noite…” Ela se levantou e entrou em casa.

Subi as escadas da minha casa com um ânimo novo. Se o jantar fosse um tédio, pelo menos eu já teria com o que me distrair.


***


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Notas finais do capítulo

E ai? Muitas dúvidas na cabeça do coitado, né, gente? O que vocês acham que ele tem que fazer? Reviews!