Cartas de Amor escrita por RKBarbosa


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Escrevi essa fic baseada em um texto de Moacyr Scliar, também chamado "Cartas de Amor". Minha professora de português estava passando esse texto na lousa e então me veio MidoTaka na mente, e então saiu isso aí.

Boa leitura.



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Dias ensolarados durante a primavera sempre eram agradáveis, e foi em um desses dias ensolarados, ao entrar na sala para começar a por suas coisas sobre a mesa, que Midorima Shintarou olhou na direção de sua carteira e bem ali, sobre o meio da madeira clara, havia um pedaço de papel delicadamente dobrado. Era uma espécie de carta. O rapaz logo constatou que era para ele, pois, com uma letra delicada e bonita, estava escrito “para o colega de cabelos verdes”.

Ficou levemente tomado pela curiosidade. Abriu o papel e viu que era uma carta de amor.

Não, de amor não. Uma carta de paixão.

Era uma carta de uma alma fogosa, incontida, transbordante e que desejava o afeto daquele que lia. Mas que também continha um medo.

Para o colega de cabelos verdes.

Como você se sentiria se eu te dissesse nessa pequena carta que você foi meu primeiro amor?

Sabe, eu sempre achei que estava amando uma outra pessoa, mas aí você apareceu na minha vida. E com o passar dos dias eu percebi que passei a te desejar. Que passei a desejar o seu amor.

Eu passei a desejar você para mim, Midorima!

Passei a desejar suas preciosas mãos apertando minha pele; sua boca sobre a minha; sentir o calor do seu corpo contra o meu. Eu desejo um dia estar sobre sua cama e gritando pelo seu nome.

Mas... eu tenho um medo. Medo este de ser um tolo e praticar o que pessoas tolas praticam: sofrer por amor. Se eu te amar, irei sofrer? Você irá pisotear meu coração e me deixar sangrando enquanto clamo por você? Mesmo se você fizer isso, eu não me importarei. Afinal, não parece ser de seu feitio ser carinhoso com os outros (menos com sua irmãzinha, com ela você é extremamente carinhoso. Sim, eu sei que você tem uma irmã).

Mesmo se você fazer isso, irei ganhar memórias inesquecíveis e incríveis.

Você também seria capaz de me amar um dia ‘colega de cabelos verdes’?

Ficou parado fitando o papel por um tempo. Não acreditava no que havia lido; uma carta de amor. Começou a imaginar como seria a pessoa que lhe mandara aquele delicado papel dobrado. Para ele, aquela pessoa possuía belos cabelos cor de ébano, profundos e encantadores olhos azuis, uma pessoa de corpo esguio.

Começou a tirar suas coisas de dentro da bolsa e foi diretamente para a última folha do caderno, pegando a primeira caneta que achou e começou a escrever uma resposta, parando apenas quando outros alunos começaram a entrar na sala. Não demorou muito para que visse Takao passando pela porta e lhe dizendo um belo e sonoro “bom dia, Shin-chan!” e se sentou na carteira em frente ao esverdeado. E Shintarou sorriu minimamente. O professor entrou na sala e ordenou que todos ficassem em seus devidos lugares.

Dizem que sempre há uma primeira vez na vida de todos, e Shintarou entendeu bem o que queriam dizer com aquilo, pois pela primeira vez ele deixou de prestar atenção na aula e passou a terminar de escrever sua resposta e a deixou bem guardada no final de seu caderno.

O pedaço de papel onde estava escrito a carta de seu admirador (que para o rapaz não era mais tão secreto assim, pois descobrira quem era depois de analisar bem a letra) ficou entre os dedos do rapaz o dia inteiro, como se fosse um de seus itens da sorte.

Quando as aulas acabaram, Midorima esperou que todos saíssem da sala e retirou o caderno de sua bolsa, indo até a última folha e a destacando. Dobrou a folha e a pôs sobre sua mesa. Quando voltou a guardar o caderno ouviu um barulho vindo da porta, o que o fez olhar para trás.

Era Takao, e ele parecia surpreso ao vê-lo ali.

— Shin-chan – pronunciou o moreno. – O que você ainda faz aqui?

— Arrumando minhas coisas, se não está vendo. – pronunciou-se com sua “delicadeza” diária. Ajeitou o óculos. – E você?

— Vim pegar um livro que acabei esquecendo.

Os olhos esmeraldinos se dirigiram até a carteira onde o rapaz sentava, percebendo que ele realmente havia esquecido um livro ali. A mão do lançador se dirigiu até o objeto e o pegou, entregando-o para o moreno que agradeceu. Takao propôs para que fossem embora juntos e o rapaz de cabelos verdes aceitou. Teriam que ir andando, pois o rickshaw estava com a corrente quebrada e demoraria mais alguns dias para que pudessem voltar a usá-lo.

Durante o caminho, o rapaz de cabelos escuros decidiu comprar um sorvete, enquanto Midorima tomava o seu tão precioso oshiruko. Enquanto o menor mordia seu sorvete, o lançador olhava vez ou outra para ele e se arrependia cada vez que via Takao colocar o doce gelado com sabor de morango na boca ou quando o lambia. Ver o rapaz fazendo aquele tipo de coisa fazia com que o maior pensasse coisas que não devia. Se ele faz isso com um sorvete, não quero nem saber o que ele consegue fazer com... Se estapeou mentalmente antes que completasse o que estava pensando.

Não tardou para chegar em casa.

☆*・゜゚・* • *・゜゚・*☆

No dia seguinte outro bilhete o aguardava sobre a carteira, leu e então respondeu. E assim se iniciou uma correspondência que se prolongou até o verão, não se interrompendo nem pelas provas que estavam chegando. A cada carta que era escrita, sua certeza sobre saber de quem se tratava ia aumentando. Julgando pela escrita, bela e caprichosa, a pessoa também deveria ser assim. E somente uma pessoa ocupava sua mente desde que aquela troca de cartas começou. Se encantava com cada bela frase que era escrita sempre no mesmo tipo de papel.

Mas... e se não fosse a pessoa que Midorima pensava que era? Para ele a letra era extremamente conhecida, mas até mesmo um grafólogo experiente poderia se enganar. Se uma pessoa especializada em grafologia poderia errar, quem dera ele.

Não! Ele não é um grafólogo experiente; ele é Midorima Shintarou, o ex-lançador da Geração dos Milagres, uma pessoa supersticiosa e que acredita em sua própria sorte. E Midorima Shintarou nunca erra, tanto em seus arremessos quanto em seus julgamentos.

Com as férias já se aproximando, daria um fim naquela troca de cartas. Escreveu uma (possível) última carta, mas não colocou o famoso “nunca te vi, mas sempre te amei”, pois já vira a outra pessoa. Mesmo que aquilo significasse que sua história de amor virasse uma simples fantasia, que para muitos é o melhor lugar para uma história de amor.

Com todos já fora da sala, comentando sobre a (inexistente) dificuldade na prova de química, retirou o pedaço de papel de dentro do bolso da calça e então saiu da sala pela porta que ficava na parte de trás, no mesmo momento uma certa pessoa entrava pela outra. Quando a pessoa entrou, Midorima se manteve encostado na parede do lado de fora da sala e, com passos silenciosos, aproximou-se um pouco da porta e olhou para dentro para poder ver quem era.

Era a pessoa que ele queria que fosse. Sentiu um tremendo alivio no peito ao ver a pessoa ler a carta. Ela sorria e estava corada. Shintarou não pôde deixar de sorrir também.

Não suportando mais apenas ficar observando, adentrou na sala da mesma forma silenciosa, se aproximando da pessoa que nem sequer o notara (talvez ter passado uma certa época perto de Kuroko tenha servido para algo). Parou próximo a pessoa e limpou a garganta, causando um barulho na sala silenciosa.

Foi então que a pessoa se virou para ele, pronunciando baixinho:

— Shin-chan...

As bochechas de Takao queimaram, deixando todo o seu rosto vermelho e nem mesmo suas orelhas escaparam. O esverdeado gostou de ter pego-o de surpreso, contudo se manteve parado. Sabia o que fazer, mas não sabia como fazer. No instante em que Takao abriu a boca para dizer algo, Midorima tocou a bochecha vermelha e quente, passando o polegar sobre os lábios do outro rapaz.

Os olhos azuis se fecharam, aproveitando do toque. Midorima sentia a maciez dos lábios rosados, pareciam uma pequena almofada. Deslizou seu polegar até a bochecha de Takao e começou a aproximar seu rosto ao rosto do moreno. Podia sentir a respiração fazer-lhe cócegas na face. Sorriu antes de selar seus lábios nos lábios de Takao.

Um beijo calmo, carinhoso e romântico teve seu inicio ali. A mão esquerda do esverdeado vez o caminho até a cintura delgada de Takao. Midorima sentiu o que seu toque proporcionou no corpo menor. Percebeu que o rapaz tremera levemente e soltava curtos gemidos abafados durante o beijo. Os braços do moreno abraçaram o pescoço do lançador, que tocou sua nuca e o puxou um pouco mais para frente.

Midorima abriu os olhos durante o beijo, fitando o pouco que conseguia do rosto de Takao. Enquanto mantinha seus olhos abertos podia ver a forma em que as sobrancelhas do outro rapaz se mantinham curvadas para cima. O contato que seus lábios proporcionavam um ao outro era maravilhoso,e os lábios do moreno pareciam ainda mais macios. Os olhos de Takao tremeram um pouco até se abrirem. E Midorima viu as belas orbes azuladas transbordando de felicidade e desejo.

O beijo avançou um pouco mais graças a Takao. Começava ficar cada vez mais mágico e misterioso. "Sensual" seria a palavra certa. Os olhos azuis pareciam seduzi-lo, já que sentia que os restos de sua sanidade esvaindo-se aos poucos. Começou a ter certeza de que a sensualidade é uma marca registrada dos beijos de Takao.

Se perdesse o pouco da sanidade que tinha, Midorima arranjaria um jeito de achá-la novamente, já que a pessoa com quem estava não a permitia ficar ali.

Para o colega de cabelos negros.

Eu estava relendo as cartas que você tem me mandado, e irei responder a pergunta que continha na primeira. Minha resposta é: sinto que, de certa forma, já esperava por isso.

Nunca me apaixonei por outra pessoa, por isso não sei bem o que é sentir algo quando se recebe uma declaração. Todas as declarações que recebia sempre foram rejeitadas, mas por algum motivo não pude rejeitar a sua. Possivelmente deve ser pelo motivo de na sua carta não conter nenhum ‘eu te acho um rapaz inteligente’, ’você é um rapaz, que mesmo sendo sério, é bonito’, entre outras coisas das quais estou cansado de ouvir e ler.

Sua declaração foi a única que realmente possuiu sentimentos verdadeiros, fogosos e sequiosos, não teve nada citado anteriormente. E gosto muito da maneira em que você os sente.

No momento em que iniciamos a escrever mais cartas, passei a prestar mais atenção em você. Em como sua pele é branca, na maneira em que fica bonito quando sorri ou fica envergonhado (ou os dois ao mesmo tempo), em como seus cabelos negros parecem macios quando voam por causa do vento.

Eu não sei como aconteceu, mas sempre que penso em algo tudo é direcionado a você. Não estava nos meu planos me apaixonar. Percebi que era amor a partir do momento em que não conseguia descrever o que sentia em meu peito sempre que te via. Eu apenas sabia sentir. Sempre que me perguntavam sobre uma definição para o amor, seu nome era a primeira coisa que se passava pela minha cabeça.

Com toda a certeza, nunca irei pisotear seu coração ou te deixar agoniando em um canto escuro, pois preciso que você fique comigo. Preciso de você e preciso que você precise de mim. Preciso de você ao meu lado.

Eu quero você um dia sobre minha cama, se contorcendo debaixo de mim e gritando meu nome enquanto sente o mais puro prazer do corpo humano. Quero poder te ter em meus braços durante uma noite toda, mesmo que fosse para chorar ou para rir. Quero ver a expressão que você faria se acordássemos na mesma cama durante uma manhã. Quero ver o seu sorriso quando acordar ao seu lado.

Você havia me perguntado se um dia eu seria capaz de te amar, e a resposta é positiva, pois eu te amo.

Eu te amo e preciso de você perto de mim, Kazunari.

M. Shintarou.


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Notas finais do capítulo

E então, como fui?
Ficou bom? Ficou ruim? Ficou mais ou menos? Estou bem nervosa, mas espero que tenha me saído bem. Comentem só para que eu saiba como ficou.