Povoando Suas Páginas escrita por Daniela Mota


Capítulo 6
Capítulo 5 - Máscara


Notas iniciais do capítulo

Hoje a história faz um mês de postada!
Bem, esse não é um dia tão feliz como pensei que seria, rs. Mas, de qualquer maneira, já sei o que farei... tenho planos de diminuir a quantidade de capítulos que a história terá. Não vai ser exatamente uma shortfic, porém, vai ser menor do que eu gostaria. Assim asseguro que não vou parar no meio. Então espero que curtam os capítulos que vierem à seguir, escrevo-os com muita dedicação, mesmo tendo pouco retorno, tento fazê-lo o suficiente para levar este projeto até o fim.
Gostei muito de escrever este.
Boa leitura!



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Arthur POV

“Maldita a hora. Maldita a hora.” – eu balbuciava internamente, com uma pirralha irritante desfalecida nos meus braços.

Vai ser rápido, ele disse. Apenas sorrir para as câmeras e autografar, ele disse. Não vão ter muitas fãs, serão exclusivas, e no final ainda pode escolher uma para levar num lugar mais íntimo, ele disse. Vai ganhar muito dinheiro. Só que o dia de hoje estava sendo tão infernal, que eu não podia imaginar quantos zeros seriam capazes de pagar por ele.

Tudo começou assim...

Meu empresário, depois de utilizar toda a sua variada persuasão, conseguiu me convencer com todo esse papo, que fez acreditar que seria fácil, rápido e lucrativo. Me prometendo uma longa liberdade para fazer o que bem entendesse depois deste maldito lançamento. O plano era: Minha secretária distribuiria os convites exclusivos, que, obviamente, foram vendidos. Sendo eles selecionados, me iludi em pensar que seriam civilizados. Porque fãs, ricos ou pobres, pertencem à mesma raça miserável. Mas enfim... O outro passo era viajar até uma cidade ricaça. Ele disse que a livraria em que teria minha noite de autografo era organizada e bem conhecida. Era, de fato, organizada. Quando adentrei o lugar, depois de sair escoltado da minha Lamborghini, percebi que ele era bem aconchegante visivelmente. Infelizmente, o som das fãs gritando estupraram meus ouvidos. Parece que todas aquelas lunáticas viam acopladas com um autofalante. Tudo estava ruim, mas ficou pior quando algo atingiu a minha barreira, deixando meus homens meio descompassados. Quase fui ao chão, pelo fato deles pararem de andar, e eu continuar. Uma voz próxima disse em pleno desespero que fora ela que mandara o e-mail. Mas que e-mail? Ah, aquele maldito e-mail com que gastei segundos da minha vida? Como aquela colegial, a quem eu acabara de apelidar de batata, estava fazendo na minha merda de noite de autógrafos exclusiva? Aquele demônio a quem eu achava que nunca teria que ver na vida, iria me perseguir? É isso? Porque eu não tinha dúvida que estava no inferno. Um inferno bem decorado, mas ainda assim, um inferno. Fiquei feliz ao notar que continuava a ser escoltado, sinal que haviam afastado a pirralha, que, além de lunática, era burra. Porque daqui a pouco eu estaria dando os autógrafos para cada uma delas, na mesa. Ah, não. Droga.

Quando saí da zona vermelha, os seguranças se afastaram enfim. Observei o lugar com desdém, e fiz um monte de exigências. Queria uma Coca Cola com limão, um sanduíche de peito de peru e cheddar, a cadeira mais confortável que tivessem, e uma caneta que não desse muito atrito com a minha mão, a fim de poupá-la nesta longa noite que estava por vir. Para a minha surpresa, todas as minhas exigências foram atendidas, e bufei procurando algo para reclamar. Reclamei da Coca não muito gelada, e me trouxeram gelo. Do ar condicionado ameno, e deixaram o local mais frio. Cansei de reclamar, e comi o meu lanche calmamente, ignorando as fãs esperando. Quando terminei, me acomodei na cadeira, notando que ela era esplendidamente confortável. Talvez não fosse tão ruim assim.

Foi então que a primeira fã apareceu, notei pelo barulho que fazia, por que nem olhei para a sua cara. Maldita a hora que esqueci meus óculos escuros. Autografei o seu livro, enquanto ela dizia algo sobre me amar e estar realizando um sonho. Assenti, enquanto tentava sorrir, conforme fui orientado, e lhe entregava o livro e esperava que fosse embora. Agradeci, e isso foi o suficiente para ela se derreter. Foi aí que percebi que qualquer indício de atenção, os satisfazia. Fiz isso com praticamente todos os fãs. Inclusive com os homens, que, na minha opinião, eram inclinados pro lado gay da força. Porque, valha-me Deus, que tipo de homem lê essas coisas e ainda vira fã de quem as escreveu?

Me irritava quando tinha que tirar foto com algum deles, que tiravam a sua câmera do seu refúgio, para tirar uma selfie. Provavelmente para exibir a minha companhia nas redes sociais, como se isso fosse mudar algo nas suas vidas medíocres. Porém, naquela maldita noite eu tinha que obedecê-los, porque não encará-los, já me fazia parecer arrogante o suficiente, como diz meu empresário, e eu precisava de um equilíbrio. Empresário este que, naquele momento, deveria estar com um mulherão na cama, enquanto eu estou aqui, me fodendo de uma maneira que eu não gosto. Como sou bom em forçar sorrisos, passava a ideia de simpático. Porém, evitava me encostar neles na foto. Para tudo o que eles diziam sobre mim, eu respondia um Obrigado. Podiam se declarar para mim, me elogiar, elogiar os meus livros, contar alguma história, exibir o que sabiam sobre mim. Era tudo o que eu dizia.

Perguntava prontamente os seus nomes ao chegarem na minha mesa, não porque queria saber, mas para autografar com mais rapidez o seu livro para que pudesse sair da minha frente, fazendo a fila assim, terminar mais rápido. Consegui comandar esse esquema com eficiência durante um longo período de tempo. Até que, alguém sentou na minha frente. E ficou calada, foi a primeira que o fez, e isso me deixou intrigado. Como assim não estava gritando? Perguntei-lhe seu nome, e novamente um silêncio ecoou pelo ambiente. Maldição, será que era uma fã muda e ninguém havia me avisado? Olha, eu não dou autógrafos em braile. Foi então que, uma voz começou a gaguejar ridiculamente, e entendi o porquê do silêncio enfim. Não era civilização, era nervoso. Com muito esforço, ouvi seu nome: Melanie. Estendi o meu braço, para pegar o livro que notei ser abraçado pelos seus braços claros que tremiam. A retardada me deu a sua mão, e então ergui o olhar para conseguir observar a figura da estupidez humana. Não é sempre que você encontra uma. Esquivei minha mão o mais gentil que consegui, enquanto a observava. Era uma garota com cabelo cor de cocô, tinha cara de “vivo no mundo da lua, moro com os duendes e tenho uma varinha de condão guardada no meu armário de escola encantada, junto com meus padrinhos mágicos”. Sim, cara de tudo isso. Ao ter o livro em mãos, apontei a caneta, e me pus a escrever. Qual era o nome dela mesmo? M...Mel... É, acho que é Mel. Eu não lembro o resto, provavelmente Melissa. Comecei a escrever, e foi aí que a lunática começou a falar sem parar. Ah, droga. Ela calada era uma poeta, mas quando tentava ser poeta enquanto falava, era ridiculamente detestável. Ignorei cada palavra que ela disse, até que ouvi a palavra e-mail, e instantaneamente prestei atenção. Então esta era a batata? Oh, droga! Eu já tinha esquecido que esta pirralha estava me perseguindo. Isso explica as palavras, as citações do meu livro dentro das falas, e o quanto ela forçava parecer inteligente. Não consegui conter o pensamento alto, ao detectar quem era. Queria me livrar daquela garota o mais rápido possível, antes que começasse com mais um de seus discursos e filosofias baseadas nas minhas obras, que ela abstraiu para sua vida como verdades universais. Ela só esqueceu de um detalhe: Eu escrevia romance, e romance é quase um conto de fadas, só que escrito de maneira para que o leitor pense que é real. Entreguei-lhe o livro, e menti, dizendo que era um prazer conhece-la, só para ela não ficar no vácuo com tantas palavras que praticamente espirrou na minha cara. Seus olhos cor de cocô ficaram tristes, e a maldita não levantou. Apenas abriu a boca, implorando que eu esperasse. Pediu-me mais um autografo, e eu concordei, louco para que ela fosse logo embora. Lhe pedi o caderno, mas a pirralha não tinha um, queria um autografo no corpo. Mais especificamente, na barriga. Ela era louca. Estava de vestido, e queria um autografo na barriga? Tudo bem que eu sou homem, e não dispensaria ver uma calcinha. Mas será que ela não tinha nada na cabeça? Não tinha visto as câmeras? Não tinha senso de ridículo? Então ela percebeu, e pediu que, desta vez, eu a autografasse no braço. A minha vontade de fazer isso era zero, mas, observando as câmeras, me levantei, vendo-a se levantar em seguida, peguei qualquer um de seus braços contra a minha vontade, a observando gemer baixinho, como se sentisse dor. Ou tesão, quem sabe. Comecei a rabiscar, apenas o meu nome, enquanto segurava mais firme do que devia na sua pele, só por raiva mesmo. Ela se mantinha parada, para a minha alegria. Quando terminei, ela esticou a mão, me pedindo um abraço. Estava com cara de choro. Droga. Ah, nem ferrando que eu ia abraçar aquela... Flashes se tornaram mais frequentes, e ela praticamente se jogou em mim, batendo o seu corpo contra o meu. Macio... deveria ter uma comissão de frente considerável. Não, esta não é a garota que vou levar de brinde, ela tá mais pra uma maldição.

Fui para o ápice da irritação, quando lágrimas começaram a molhar a minha jaqueta de couro, porém, quando ia afastá-la, a pirralha simplesmente apagou, tive que segurar para que ela não fosse ao chão como um saco de batatas. Quem dera ela estivesse morta, mas só tinha desmaiado.

Sem saber o que fazer, com câmeras tirando as fotos de todos os ângulos, esperando alguma reação advinda de mim, visto que ela estava nos meus braços. Carreguei-a, agradecendo mentalmente por não ser gorda, e comecei a me distanciar das câmeras, buscando alguma sala distante. Entrei num corredor, enquanto resmungava alguns xingamentos a cada passo, extremamente irritado. E, então, levei-lhe até uma sala, abrindo a porta com dificuldade, e fechando-a com meu traseiro. Observei a garota, que parecia em sono profundo em meus braços. Aquilo me irritou mais. Eu achava que o inferno era um lugar, até que a conheci. As coisas que fazia, e como fazia, me irritavam profundamente. Mal lembrava o nome daquela pirralha, e já a repugnava. Adentrei a sala, e ao notar que estava livre de câmeras, suspirei.

–Porra! – resmunguei, ao notar que não havia lugar algum onde eu poderia coloca-la. Era uma sala vazia, com alguns materiais de limpeza. Decidi colocá-la no chão, me abaixando e jogando ela no chão com certo impacto, não importando com a dor que sentiria, contanto que ela acordasse. Só que ela não acordou. Esperei que alguém da equipe viesse para me ajudar, mas parece que nessa hora todos tinham sumido. – Acorda, pirralha! – falei, dando uma batidas em seu rosto pequeno, e seu rosto apenas se mexia com o impacto – Mas que caralho, já não basta ter estragado tudo? Você vai pro inferno se tiver morrido, sua burra. – resmunguei, irritado. Ela continuava igual, malmente dava para ver se ela respirava – Esta noite poderia passar rápido, eu poderia estar naquela cadeira confortável, aturando aqueles fãs lunáticos, que, mesmo juntos, são mais suportáveis que você. Como que eu faço para te desconhecer? – reclamei, desabafando. Eu sabia que ela estava desmaiada, mas me sentia ignorado, e, por isso, mais puto. – Acorda, droga! – eu disse, mais uma vez, enquanto batia palmas em frente ao seu rosto.

Finalmente, a maçaneta girou, e um segurança adentrou o local.

–Eu estava te procurando. Por que a trouxe para tão longe, senhor? – ele perguntou, curioso. Não era óbvio?

–Você é cego, ou não viu mesmo o tanto de câmeras tinha lá fora? – perguntei, irritado, ele mantinha a mesma expressão vazia, já estava acostumado. Observei a garota jogada no chão, como se dormisse – Essa merda já me infernizou o suficiente.

–Chefe... Como pode falar assim de uma garota tão bonita? – ele perguntou, e eu senti vontade de socar a sua cara. Ele era, sem dúvida, o meu segurança mais atrevido. Ele abaixou, segurando a cabeça da garota em suas mãos, tentou abrir os seus olhos, puxando a sua pálpebra. Seus olhos ficavam parecidos com o do demônio, só que brancos. Eu apenas observava suas tentativas de acordá-la de braços cruzados. Querendo que a minha Lamborghini aparecesse naquela sala para passar encima daquela pirralha. À essa altura, todos deviam estar se perguntando o que aconteceu com a garota desmaiada que o cavalheiro Arthur carregou nos braços. – Posso saber como um anjo desse pode ter te infernizado? – ele questionou, dando seu primeiro sorriso. Seguranças não são pagos para sorrir.

–Você quer que saia para que pratique a sua necrofilia reservadamente? – questionei, irritado. Ele fez menção de falar algo. – Se falar mais algo que me irrite, considere-se demitido. Eu não estou preocupado com ela, apenas não quero denegrir a minha imagem com esse maldito incidente. Essa droga de menina precisa acordar, para que suma da minha vida, e nunca mais tenha que encará-la novamente. Será que é capaz de entender? Dê um jeito nessa porcaria, faça o favor. Minha paciência já se esgotou há tempos. – falei áspero, como se cuspisse cada palavra que saia da minha boca. Eu nunca me sentira tão irritado em toda a minha vida. O segurança se mantinha com cara de medo, e também parecia não saber o que fazer. Nada funcionava, e nem tínhamos água aqui para jogar nessa vadia. Calma, Dobrev... – Filha da puta!

Caminhei pela sala, procurando algo, e achei um balde de limpeza, com um pouco de água suja em seu fundo. Peguei o balde, e, mesmo com um olhar de desaprovação dele, joguei na garota, que enfim abriu os olhos, assustada. Observou ao redor, e depois se levantou sozinha, me olhando um tanto cabisbaixa. Os seus olhos de cocô estavam diferentes. Ela colocou o cabelo molhado para o lado, passou a mão levemente na maquiagem borrada, juntou as duas mãos em frente ao seu vestido, e começou a caminhar para fora da sala, por vontade própria. Provavelmente a pancada a fez recuperar a sanidade, que, me questiono, se alguma vez já teve. Quando já estávamos chegando à vista das câmeras, apertei o passo e caminhei do seu lado. Mais uma vez ela me olhou com aquele olhar.

–Foda-se. – ela disse, seu rosto numa mistura de diversão com algo estranho, e continuou a andar, as câmeras nos esperavam. O que que a pirralha disse? Quem ela pensava que era para falar assim comigo? Ninguém havia falado assim comigo na vida, e essa droga achava que tinha esse direito? Me senti puto, mas não podia fazer ou dizer nada a ela ali. Droga. Ela tinha ouvido o que eu disse, mas não entendia porque não chorou ou gritou para as câmeras que estavam à nossa frente agora, dizendo o quanto que eu era um monstro, um farsante, um canalha. Fiquei um tanto confuso.

Enquanto eu explicava a eles que tudo aquilo fora um desmaio e que ela havia acordado quando lhe joguei um pouco de água, ela procurava o seu livro, encima da minha mesa. Quando enfim, o achou, soube que era ele quando o abriu e leu a dedicatória. Ela o fechou forte, como se tivesse se irritado com algo nele. Uma mulher foi até ela, antes que partisse.

–Qual foi a sensação de desmaiar nos braços de Arthur Dobrev? – meu coração acelerou. Com apenas uma frase aquela pirralha poderia me arruinar.

Continua...


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Notas finais do capítulo

O que acha que a Mel vai responder? Como acha que a Mel vai agir daqui para frente?
Estão odiando o Arthur mais ainda, não é mesmo?
Beijo.



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