Verifico a mensagem mais uma vez e não consigo ficar tranquilo:

Garoto, eu te achei inteligente num ponto: não contou a ninguém do bilhete, o que eu particularmente já sabia.

Mas perdeu pontos quando decidiu tentar me achar só com a sua namoradinha gostosa (muito gata ein).

Isso poderá gerar algumas consequências... mas não é isso que quer?

Que os jogos comecem, mas lhe garanto desde já que não entro pra perder.

Aliás, vocês estão muito bonitinhos agarradinhos

De um amigo

Li e reli a mensagem. Mas se ele já sabia que eu estava tentando pegá-lo, porque essa mensagem só agora? E mais do que isso, ele quis dizer que está nos vendo agora e que colocou o bilhete propositalmente no meu quarto.

Institivamente olhei pra fora da janela, pelas frestas da cortina, pra ver se achava alguma pista, mas obviamente não consegui.

Devo ter me mexido muito, porque de repente a Katniss se vira pra mim e pergunta:

– Peeta? Tá tudo bem? Foi outro pesadelo?

– Não Kat... – falo vagamente enquanto ela me olha confusa. Ela então ascende o abajur que fica no criado mudo, mas que ela não usa muito.

– O que foi então, Peet?

– Eu recebi uma mensagem... de número desconhecido – falo e mostro a mensagem pra ela, que lê atentamente – E eu agora to preocupado. O que será que eles podem fazer? E se eles fizerem alguma coisa com você? E se fizerem alguma coisa com o meu pai? E se... – começo a ficar desesperado

– Calma, Peet – Kat fala com uma voz doce – Não vamos ficar formando hipóteses do que pode ou não acontecer. Também estou com medo, mas primeiro temos que nos acalmar pra depois pensarmos em algo

– Mas eu não posso deixar que algo aconteça com você, eu... – eu começo a falar, mas a Kat interrompe:

– Relaxa, Peeta – ela fala e percebo que ela foi pra trás de mim e esta fazendo uma massagem nos meus ombros com uma calma surpreendente – Calma, Peeta. Temos que ter fé que tudo vai terminar bem

Ela continua a massagem e isso vai me acalmando aos poucos. Até que ela para e encosta a cabeça nas minhas costas e coloca seus braços ao meu redor.

– Como você consegue ficar tão calma? – pergunto

– Eu não estou tão calma assim. Só que primeiro preciso me acalmar pra pensar em alguma coisa – ela fala

– Vamos dormir então? – pergunto lembrando que ainda era madrugada

– Vamos – ela concorda e sai detrás de mim

De repente eu a olho. Tenho medo de que os bandidos queiram mexer com ela. Eu não duvido nada que eles sejam capazes de fazer a mesma coisa que Andrew fez. Ela é muito bonita.

Ela fala alguma coisa, mas não ouço. Estou concentrado nos seus lábios. E quando percebo, já a agarrei, e já estou beijando-a. Penso que ela vai se afastar, mas ela não se afasta e pelo contrário, me puxa mais pra ela e continuamos nos beijando.

Quando me dou por mim novamente, eu já estava em cima dela beijando-a vorazmente. O que estou fazendo? – penso, mas deixo de pensar racionalmente e continuo. As vezes parávamos, mas logo depois eu a atacava novamente.

Até que nós paramos e eu olho fixamente pros lindos olhos cinzas que só ela tem. Aqueles olhos que eu desenho. Eles olham pra mim com expectativa e eu não sei o que fazer. Encosto minha testa na dela e me concentro nela.

– Vamos dormir – falo, dou um rápido beijo em sua testa e trato de sair de cima dela. Sei que foi MUITO leso eu ter feito isso, mas eu não pensei no que eu ia dizer ou fazer.

POV´S KATNISS

Ok, esses beijos me pegaram muito desprevenida, mas se eu dizer que eu não gostei, vai ser mentira. Sempre que nos beijamos, sinto uma sensação maravilhosa de conforto e segurança.

Quando ele olha pra mim e me dá boa noite, fico com medo de que ele tenha se arrependido.

Ele se deita novamente, e antes de eu pensar no que estava fazendo, depois de apagar o abajur, acabo deitando minha cabeça no peito dele, como faço sempre quando está chovendo e ele está comigo. Ele nada diz, apenas passa os braços em volta de mim e ainda consigo sentir um beijo no topo da minha cabeça. Isso me faz eu me sentir bem mais segura. Confesso que fiquei com um pouco de medo quando vi a mensagem, mas alguma coisa me diz que esse cara não quer nos matar. Se ele quisesse, já teria o feito... eu acho. Ele quer algo e com nós dois mortos pode não conseguir esse algo...

Ok! Eu preciso parar de ficar pensando em hipóteses! É a minha própria vida que está em jogo aqui. E não é só a minha, a do Peeta também.

– O que foi, linda? – pergunta Peeta e eu devo ter corado, sorte que está escuro

– Nada... eu só tava pensando – falo tentando tranquiliza-lo

– Tenta dormir por que amanhã vamos na delegacia – ele recomenda e eu me lembro do que o Andrew fez. E se o Peeta não tivesse chegado naquela hora?

– Eu vou... eu só... to preocupada, por causa do Andrew e tals - falo

– Calma. Tudo vai dar certo - ele fala – Vamos coloca-lo na justiça e se ele não ficar preso, eu prometo que ele não vai chegar perto de você. Só em cima do meu cadáver.

– Mas... – começo, mas ele me corta:

– Katniss, ele não vai mexer com você de novo. Se depender de mim, nós vamos pra China mas aquele canalha não encosta mais um dedo em você – Peeta assegura e dá outro beijo no topo da minha cabeça e depois fica afagando o meu cabelo e isso é muito relaxante. Eu puxo o cobertor porque estava com frio e... ok, eu conto. Eu tava com medo, então puxei o cobertor né? Obvio. Até por que se um bandido entrar aqui e nos vê embaixo do cobertor, vai pensar: “que droga! Eu ia matar eles, mas eles estão embaixo do cobertor!”

Aos poucos vou ficando com sono e a inconsciência vai me levando...

– Ora, ora, ora. Se não é Katniss Everdeen – uma voz fala. Estou numa sala escura e essa voz tenebrosa fala

– Quem é você? – grito apavorada

– Não me conhece mais, docinho? – Andrew aparece com um sorriso maligno no rosto e eu estremeço de pavor – Venha cá, não fique acanhada. Vamos terminar o que começamos

– Saia de perto de mim! – grito e começo a correr, mas então percebo que eu não saio do lugar. Alguma coisa está me prendendo. Andrew começa a rir do meu esforço

– Você não vai a lugar algum – ele fala e começa a se aproximar – Eu vou terminar o que comecei

– Não vai mesmo! - falo e começo a gritar chamando o Peeta – Peeta! Peeta!

– Esquece o seu namoradinho idiota. Acho que ele não vai a lugar algum – fala Andrew e Peeta aparece atrás dele, acorrentado e sangrando

– Katniss – Peeta balbucia e eu olho pra ele, mas ele não fala nada, apenas continua me chamando – Katniss, Katniss

Então sinto alguém tocando no meu rosto, mas não vejo ninguém. Mas o que?...

– Katniss – percebo que era Peeta que me chamava, de verdade – Katniss, você está bem?

– Peeta? – pergunto e vou percebendo o que aconteceu. Estava tendo um pesadelo

– Katniss, você estava gritando – Peeta fala me abraçando e percebo que havia lágrimas em meus olhos – O que aconteceu?

– Eu... eu tive um pesadelo – falo

– Por causa do seu pai? – pergunta

– Não... era o Andrew. Ele aparecia falando que ia terminar o que começou e quando eu te chamava, você estava acorrentado e sangrando no chão – falo as vezes soluçando ou gaguejando

– Calma, Kat. Eu estou aqui, não está sozinha – Peeta vai me acalmando – Não vou deixar nada acontecer com você. Ele não vai chegar perto de você de novo

Ele aos poucos me acalma, afagando meu cabelo e dizendo palavras de conforto.

– Brigada Peeta – falo quando já estou mais calma

– Por que? – pergunta confuso

– Por me acalmar. Por me proteger. Por estar sempre comigo – essas palavras saem da minha boca sem o meu próprio consentimento

– Ann... bem... amigos são para essas coisas – ele fala e a palavra amigos me irrita. Mas é só isso que somos. Amigos. Mas amigos não se beijam – minha consciência me alerta. Será que? Há alguma possibilidade de... não. Não posso pensar nisso. Peeta só me vê como uma amiga. Mas ele já me beijou...

– Vamos voltar a dormir? – ele completa, me tirando dos meus pensamentos

– Claro. Vamos – concordo e volto a minha posição: minha cabeça encostada no peito de Peeta, que por sua vez me abraça.

Após alguns minutos, consigo voltar a dormir e, dessa vez, não tenho nenhum pesadelo.

Acordo no outro dia com a claridade invadindo o quarto através de frestas da cortina e da janela.

– Bom dia – Peeta fala me dando um susto. Não sabia que ele já estava acordado

– Bom dia – falo sem sair da posição em que me encontro: com a minha cabeça deitada no peito do Peeta e ele me cercando com seu braço

– Conseguiu dormir bem? – ele pergunta

– Sim, depois de você ter me acordado daquele maldito pesadelo, eu consegui dormir – falo

– Ainda bem - Peeta fala e da um beijo no topo da minha cabeça

– Wont! Que fofo! – Prim grita invadindo o quarto

– Prim! Não grita! – grito pra ela parar de gritar. Faz sentido isso?

– Calma, Kat. Já vou te deixar com o seu boy magia de novo. Só vim avisar que o senhor Mellark ligou e quer falar com você, Peeta – Prim fala. Nossa, pra Prim já ter acordado e o senhor Mellark ter ligado, já deve ser tarde

– Que horas são, Prim? – pergunto

– Dez e meia – ela fala. Realmente, já é tarde

– Nossa. Não fiz o café e já ta quase na hora de ir fazer o almoço! – Peeta exclama

– Relaxa, Peeta. Dylan e eu nos viramos e já fizemos o café – Prim fala

– Bom, mas vamos levantar – falo já me sentando na cama

– Gente, eu to saindo – Prim fala e sai

– Vou ligar pro meu pai e a gente fala com ele no viva – Peeta fala, pega o celular, disca pro pai e põe no viva

– Alô Peeta? – o pai fala

– Oi pai – fala Peeta

– Oi senhor Mellark – cumprimento-o

– Gente, liguei por que precisamos conversar. Eu sei que vocês ainda não tomaram café por que liguei a uma meia hora atrás e vocês ainda não tinham acordado. Então vocês podem ir pro café? – fala o pai

– Claro. E depois já podemos ir pra delegacia – Peeta fala

– Conversamos lá – o pai fala, bem vago e eu começo a desconfiar que algo está errado

– Ok então, pai – fala Peeta

– Eu preciso desligar. Nos encontramos em uma hora no café. Tchal filho e tchal Katniss – ele se despede

– Tchal pai - Peeta fala

– Tchal senhor Mellark – falo e desligamos

– Temos que nos arrumar – Peeta fala e levantamos

– Eu tomo banho primeiro! – falo e me levanto correndo, indo pro banheiro com as minhas roupas e minha toalha. Pois é, sou manjada nos paranauê.

Tomo meu banho pensando em que algo está errado. O jeito em que o senhor Mellark falou no telefone...

Termino meu banho, colocando minha roupa logo em seguida. Quando saio do banheiro, ouço vozes diferentes vindas do andar de baixo. É a voz do Peeta, ok, do senhor Mellark, ok e da... Vivian?! Não ok.

De fato, Peeta não está no meu quarto, então está lá na sala com seus pais... mas por que a Vivian está aqui?

POV´S PEETA

Enquanto a Katniss foi tomar banho, penso em ficar no quarto, mas a campainha toca e eu desço pra atender.

– Mãe? – me assusto ao ver Vivian na porta da casa da Katniss ao lado do meu pai

– Oi, filho. Eu vim ver como o Dylan está – ela fala. É claro, ela veio ver o Dylan. SÓ ele. Não a mim.

– Oi pai – falo com meu pai – Ah, podem entrar

Eles entram e meu pai parece estar a vontade. Já a minha mãe... ela olha tudo como se estivesse com nojo. Isso me irrita profundamente.

– Mas então, cadê o meu filho? – pergunta minha mãe

– Ele está lá em cima. Sentem-se, fiquem a vontade que eu vou chama-lo – falo pra eles e eles se sentam no sofá

Subo pro quarto da Prim já sabendo que vou encontra-lo lá. Bato na porta e escuto o “entra” e entro no quarto.

– Dylan, a mãe está ai. Ela veio te ver – falo

– A mãe? – pergunta incrédulo

– Sim – confirmo e ele sai correndo e eu o sigo

– Mãe! – ele exclama e vai correndo abraça-la

– Meu filho! Como tem sobrevivido a esse lugar? – minha mãe, é claro

– Eu to bem e... – eles começam a conversar. Minha mãe nem parece aquela mulher arrogante e prepotente perto dele. Me sento no sofá pra esperar a Katniss e meu pai vai atender uma ligação no celular. Não estava prestando atenção na conversa até que ouço:

– Mãe, não fala assim dela. Ela é muito legal e cuidou de mim

– Meu filho! Você também está gostando da ideia daquela garota fazer parte da familia? – minha mãe fala e eu já sei de quem estão falando

– Sim, eu gosto da ideia – Dylan fala, desafiador – Ela conseguiu acalmar o Peeta quando ele tava bravo comigo, ela deixou eu ficar na casa dela, ela ficou preocupada se eu ia me queimar do sol no clube. Ela foi me dar até boa noite! Coisa que você nunca fez

– Mas ela não é boa gente – minha mãe começa a falar mal da Katniss de novo, com certeza. Isso vai me irritando

– Mãe, desculpa interromper a conversa, mas você não acha muita ousadia falar mal da Katniss na própria casa dela? – falo desafiando-a

– E você não acha que está muito mal-criado? Tudo por causa daquelazinha – minha mãe fala

– Vivian! – meu pai que apareceu magicamente na sala exclama, como se tivesse dando uma bronca

– Eu só estou falando a verdade – ela fala e depois muda de assunto e continua falando com o Dylan

– Peet! Eu... – Katniss aparece na sala e percebe o povo todo olhando pra ela. Minha mãe, como sempre, faz sua cara de desprezo

– O que, amor? – pergunto indo até ela

– Eu ia falar que já terminei o banho e que você já podia ir... – ela fala

– Ah, ta. Eu já to indo – falo e ela me olha desesperada. Ela com certeza não quer ficar a sós com a minha família – Calma, vai ser rápido – falo mais baixo

– Ok. Mas tem que ser muito rápido – ela fala

– Tá bom – eu falo – Pai, eu vou só tomar um banho rapidinho e a gente já vai

Ele concorda com a cabeça e eu subo.

POV´S KATNISS

É, eu não tava errada quando ouvi a mãe do Peeta. Ela realmente está aqui.

Me sento no sofá e fico quieta, esperando o Peeta descer.

Depois de uns vinte minutos, Peeta aparece com o cabelo um pouco molhado, indicando que acabou de sair do banho.

– Estou pronto – Peeta fala como se estivesse anunciando

– Vamos, já está ficando tarde – senhor Mellark fala

– Onde vocês vão? – pergunta Dylan visivelmente curioso

– Resolver alguns problemas - senhor Mellark fala brevemente

– Então vamos – Peeta fala, vem até mim e me dá a mão

– Vamos. Eu tenho horário no salão – fala Vivian se levantando

– Tchal mãe – Dylan se despede

– Tchal filho – Vivian fala e dá um abraço no Dylan e fico pensando. Como ela trata o Dylan tão diferente do Peeta. Será que é só por que ele está “namorando” comigo?

Prim de repente desce as escadas e eu vou até ela. Percebo que ainda não havia falado com ela.

– Patinha, eu vou sair pra resolver umas coisas com o Peeta. Você pode ficar aqui com o Dylan? – pergunto

– Claro! – ela fala sorrindo

– Se comportem, não revirem a casa, não abram a porta para estranhos e... – falo parecendo a minha mãe

– Sim, mamãe – fala me interrompendo, irônica

– Você entendeu – falo e nós duas rimos

– Vamos? – pergunta Peeta do meu lado. Nem tinha percebido ele ai

– Vamos – falo – Tchal Prim e tchal Dylan

– Tchal Katniss – os dois falam em uníssono

– Tchal crianças – Peeta fala, irritando-os

– Tchal papai – elas falam, irônicas e depois começam a rir de alguma coisa que o Dylan falou

Nós saímos de casa e vamos todos pro carro do senhor Mellark. Ele e Vivian vão na frente enquanto Peeta e eu vamos no banco de trás. Acho que isso era meio óbvio...

Ele dirige pra cafeteria do centro e é ai que percebo. Se a Vivian está vindo, é por que o senhor Mellark vai contar ou já contou o que aconteceu comigo no clube e eu não queria que ela soubesse. Eu não queria que ninguém soubesse, na verdade.

Quando chegamos na cafeteria e descemos do carro, Vivian se despede do senhor Mellark e dá um breve aceno pro Peeta, alegando que irá no salão, que fica bem perto da cafeteria.

Nem preciso dizer que fiquei aliviada quando ela foi embora.

Entramos na cafeteria e sentamos numa mesa mais afastada.

– Então, vamos tomar o café rapidinho pra depois irmos pra delegacia – fala Peeta

– Então filho... era sobre isso que eu queria conversar com vocês – senhor Mellark fala e de repente eu tenho a total certeza que algo está errado

– O que aconteceu, pai? – pergunta Peeta

– Vamos pedir o café primeiro – ele fala

O garçom chega e por sorte não é aquele garçom que deu em cima de mim naquele dia. O senhor Mellark só pede um café, ao passo que Peeta e eu pedimos pão de queijo e cappuccino.

– Então, ontem a noite, depois que deixei vocês na sua casa – fala se referindo a mim – Eu fui até a casa do Andrew e...

– O que você fez? – pergunta Peeta

– Eu discuti com ele e no final acabamos brigando – ele fala enquanto Peeta e eu olhamos pra ele incrédulos

– Você falou que fui eu que te contei o que aconteceu? – pergunto

– Não – ele fala e eu fico mais aliviada, mas me preocupo de novo quando ouço ele completar – Mas ele falou que se nós denunciarmos ele, ele vai vir atrás de você

– Eu falei. Ele vi vir atrás de mim – falo

– Podemos contratar um guarda-costas – fala Peeta

– Ele falou que daria um jeito de chegar até ela, ou seja, poderíamos contratar um guarda-costas falso – o pai dele fala

– A gente deixava ela um tempo lá em casa – Peeta fala outra sugestão

– Ele falou que se a casa já foi roubada uma vez, pode ser roubada de novo – senhor Mellark fala e olha sugestivamente pra mim. Seria roubada de novo. Mas eu seria o produto do roubo

– Então você veio falar para nós desistirmos? – pergunta Peeta

– Não. Eu vim aqui pra alertar sobre os riscos e ver se a Katniss concorda com isso – ele responde prontamente

Se eu concordo? Isso eu não sei. Mas se eu concordar e eles virem atrás de mim? Ou da Prim? Não. Não posso correr esse risco.

– Acho que nesse caso, não. Não vou denunciá-lo – falo

– Mas Katniss... – Peeta tenta, mas o pai dele o corta:

– Filho, se ela está com medo, o melhor é respeitar a escolha dela

– Peeta, eu tenho a Prim – falo - Se eles virem atrás de mim e pegarem ela?

Todos ficam quietos enquanto eu penso se estou fazendo a escolha certa. Será que eu devo ir na delegacia?

Começo a pensar em quanta gente já deve ter sofrido isso nas mãos deles e não tinha dinheiro o suficiente para deixa-lo na cadeia. Eu tenho o Peeta e o senhor Mellark do meu lado. Acho que conseguiríamos. Será?

– Quer saber? Eu vou sim – falo tomando outra decisão

– Tem certeza disso? – pergunta senhor Mellark

– Sim. Eu tenho – falo

– Então, bora pra delegacia – Peeta fala e nós terminamos o café e levantamos

Pagamos a conta e vamos pra delegacia que ficava ali perto, por isso decidimos ir a pé.

Entramos e começamos o processo de denuncia. Peeta ficou do meu lado o tempo todo. Inclusive quando eu fui dar o depoimento, eu exigi que ele entrasse comigo.

Por fim, o B.O foi feito e os policiais foram atrás do Andrew enquanto nós três voltávamos pro carro.

Assim que chegamos no carro, o celular do senhor Mellark toca. Ele atende e logo depois fala:

– Era o delegado que estava investigando a casa

– O que ele disse? - pergunta Peeta

– Que descobriu algo muito importante e agora todos os que estavam presentes no dia em que ele falou que começaria a investigação, teriam que estar presentes agora – ele fala

– Então a gente vai ter que buscar a mãe, o Dylan e ligar pro Josh – fala Peeta

– Vamos só buscar a sua mãe. Os outros eu ligo e eles vão de taxi, pra ser mais rápido – senhor Mellark fala e liga pro Dylan e pro Josh. Logo após a ligação, ele vai em direção ao salão

– Ok, agora quem vai chama-la? – pergunto e os dois olham pra mim sugestivamente

– Por favor, Kat – Peeta fala

– Mas por que eu? – pergunto

– Porque você é uma garota. E nesse lugar só tem mulheres e nós não pretendemos entrar lá – fala o senhor Mellark

– É – Peeta fala – Por favor, Kat

– Ta bom. Tá bom - falo, derrotada

– Brigado, Katniss – Peeta me abraça como se eu o tivesse livrado da morte. Eu ein.

– Que exagero, gente. É só um salão – falo

– Mas nós dois não temos experiências boas com esse salão – Peeta fala especificadamente

– Ok então. Deixa eu ir chama-la – falo e saio do carro

Respiro fundo e entro no enorme salão de beleza. A visão é a seguinte: um monte de mulheres ricas se tratando e conversando com as outras enquanto muitos funcionários, de uma vez só, as atende. Como eu vou achar a Vivian aqui?

– Mocinha! Vejo que acabou de chegar, qual vai ser hoje? – uma funcionária chega. Uma não, várias

– É que... – começo a falar, mas outra interrompe:

– Com certeza hidratação, né? – fala uma

– É que... eu não vim fazer nada. Eu só vim chamar minha... sogra – falo e elas desanimam

– Chame ela e a acompanhe no tratamento – outra tenta

– Não posso – falo – Mas alguma de vocês poderiam me ajudar a acha-la?

– Eu ajudo – uma fala sorrindo enquanto as outras se dispersam por conta de outra cliente que chegou – Qual nome dela?

– Obrigada – agradeço a ela – É a Vivian Mellark

– Ah – ela faz uma cara de desgosto. É, pelo jeito não é só eu que não gosto muito dela – Ela está fazendo massagem na ala 5

– Você poderia me levar até lá? – pergunto

– Não sei... – diz receosa – Ela é um pouco...

– Arrogante? É, eu sei – completo e ela sorri sem graça

– Isso – ela diz – Mas como gostei de você, eu te levo até lá

– Obrigada mesmo – falo e começamos a andar até o lugar que fazem massagem. No caminho, vejo outras mulheres esnobes que entortam o olhar pra mim, acho que pelo jeito que estou vestida: camiseta, calça e all star. Já outras me olham com mais atenção, como se me conhecesse de algum lugar.

Por fim atravessamos o salão, indo até as alas de massagem, com a atendente ( que se chama Lucia) me falando algumas coisas do salão.

Chego na porta da sala onde a minha “sogra” está fazendo a massagem. Lucia entra e trata de chama-la.

Cinco minutos depois, Vivian sai e olha pra mim furiosamente, como se quisesse me matar. E de fato, ela quer.

– O que você quer? – ela pergunta

– O senhor Mellark pediu pra que eu viesse chama-la por que as investigações deram algum resultado e o delegado solicitou a presença de todos - falo

– Ok – ela fala e põe o óculos escuro e começamos a andar para a saída

– Katniss Everdeen? – ouço o meu nome e me viro na direção de quem me chamou

– É ela mesmo – outra parece confirmar enquanto eu fico confusa. Até a Vivian parou

De repente me vejo cercada por mulheres ricas e esnobes pedindo pra tirar uma foto comigo.

– Você estava deslumbrante no jantar – uma fala e me lembro de quem me conhecem justamente por causa do jantar

– Qual era o estilista que te produziu? – outra pergunta e continuam varias perguntas desse tipo enquanto sou praticamente obrigada a tirar foto com pessoas que nem conheço

Por fim, as mulheres voltam para suas produções e saímos do salão. Entramos no carro e Peeta pergunta:

– Por que a demora? Estava começando a ficar preocupado

– Depois explico – falo vagamente

O caminho até a casa do Peeta é silencioso, visto que ninguém tem nada em comum com todos os outros para conversar.

Quando chegamos, entramos e sentamos na sala para esperar o Dylan e o Josh chegarem. O senhor Mellark e a Vivian se sentaram num sofá enquanto Peeta e eu estávamos em outro e nesse momento, ele me contava uma piada e eu estava tentando disfarçar pra não rir como uma retardada aqui. Mas não estava dando muito certo...

– Ah, hoje tem ensaio – Peeta fala, parecendo se lembrar disso agora

– É mesmo – falo – E teremos que ensaiar mais, tendo em vista que no ultimo ensaio aconteceram coisas imprevistas

– E poderíamos ir na sorveteria hoje a noite – Peeta dá uma ideia

– Verdade - falo e continuamos conversando sobre assuntos aleatórios com ele mexendo no meu cabelo. Ele adora fazer isso.

– Licença, podemos começar?- ouço a voz do delegado e ai que percebo que todos já chegaram e já estavam reunidos num estilo de roda no centro da sala.

Peeta e eu nos levantamos do sofá e vamos junto com os outros. Peeta me puxa pra ele e eu percebo que a sala está cercada de policiais. Por que isso?

– Muito bem, chamei todos aqui para comunicar que houve um avanço nas investigações e acabou num rumo um tanto inesperado – o delegado, que vi que se chama Cintra, fala

– Qual foi o avanço? – pergunta senhor Mellark

– Senhorita Everdeen, está presa por roubo – Cintra fala e vem na minha direção com uma algema enquanto eu tento compreender o que está acontecendo