O Sabor da Perdição escrita por Stephany Damacena


Capítulo 11
Seu coração é inalcançável


Notas iniciais do capítulo

Uma coisa boa nunca dura muito tempo,
Eu deveria saber...



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Uma mistura de ódio e tristeza se apoderou de mim, cenas de nossos momentos felizes me atingiram como uma bomba, senti vontade de chorar, mas me contive. Meu coração batia descompassado e sem vida, era como se algo importante tivesse sido roubado dentro de mim, como sempre que algo assim acontecia eu tocava meu amuleto para me lembrar de que minha mãe nunca me abandonara e sempre estaria ao meu lado, mas ele não estava em meu pescoço, me desesperei, agora tudo fazia sentido. A destruição de minha casa, o ataque de seu irmão a mim, a reação de Thamy ao saber que meu colar era uma herança de família. Será que todos esses dias ela teria me usado, fingido suas emoções e sentimentos para me roubar e sumir assim. Me sentia usado, sujo e com uma vontade desesperadora em retornar para minha casa e para minha vida sem graça.

Em um ato de desespero corri para a garagem e por sorte havia um carro ali. Um Mustang mach 1 vermelho, turbinado, lindíssimo, uma raridade eu diria.

Achei as chaves na gaveta da escrivaninha do quarto dela. Liguei o velho carro, me deixando aproveitar aquele som maravilhoso do motor, peguei a mesma estrada que havíamos ido e tentei decidir o que fazer. Entre pensamentos sobre todas as minhas tentativas frustradas de dar certo com alguém, aquela havia sido a mais destruidora, estava tudo muito perfeito para ser verdade, eu deveria ter desconfiado. Primeiro ela aparece na minha vida, dando um sentido a ela, me faz ama-la e querer cuidar dela, me proporcionando dias mais felizes e as melhores promessas silenciosas, feitas em um olhar. Odiei-me por horas por ter sido tão burro, depois achei que ela tinha razão, era difícil permanecer ao meu lado, eu era inconstante, carente, submisso, inseguro e inexperiente, o jeito que ninguém aguenta muito tempo, por mais que eu tentasse conter as lágrimas, elas insistiam em aparecer, e senti o peso de cada uma ao escorrer por minha face. Eu nunca tinha me apaixonado tão intensamente por alguém em tão pouco tempo, e isso foi minha destruição.

Decidi por fim ir até a casa de Aristeu, parei com o cantar dos pneus na frente da casa, o velho não saiu, eu estava enlouquecido de raiva, entrei com passos pesados na casa, e Aristeu apareceu na cozinha com um pequeno sorriso.

— O senhor por aqui? - Questionou alegre. - Mas sozinho? - Ele desviou de mim com o olhar e tentou achar Thamy.

Andei apressado até ele e com a mão em seu pescoço o levantei de encontro a parede.

— Onde ela esta? - Questionei-o

— Eu não sei Caio, a ultima vez que a vi foi com o Senhor.

— Não minta para mim Aristeu! - Ajustei os dedos por seu pescoço

— Sempre que ela some assim, ela vai de encontro a Kael. - Ele disse, sufocando.

O soltei no chão e ele caiu com um baque surdo, passou as mãos sobre o pescoço e me fitou preocupado.

— Eu lhe disse para não confiar nela. - Ele balançou a cabeça negativamente. - É uma boa garota, mas sua natureza a impede de fazer o bem.

— Dane-se qual seja a natureza dela, vou mata-la quando a achar - Lógico que eu estava blefando, nunca conseguiria machuca-la. - Onde ele fica?

— Eu não sei. - Respondeu o velho.

— Aristeu, Aristeu. - Ameacei.

— Espere um momento. - Ele se levantou e correu desajeitado para seu quarto, voltou minutos depois com envelopes em mãos. - Aqui tem um endereço ao qual ele me remetia cartas... - Ele esticou os envelopes para mim. - Não sei dizer se ele ainda mora nesse endereço.

Eu os peguei e lhe dei as costas.

— Obrigado. - Disse me sentindo um pouco culpado por machuca-lo.

— Caio. - Ele me chamou e eu parei. - Traga minha pequena a salvo, eu lhe imploro.

— Farei o possível. - Disse, olhando por sobre o ombro para ele e sentindo a angústia do velho. Eu temia por minha própria sorte, mas tentaria traze-la de volta para ele.

Voltei para o carro, encostei a cabeça no volante, eu não entendia, se ele sempre a tratara mal porque ela sempre voltava para ele? Porque ela fugiu da nossa paz, para sofrer ao lado do irmão? Será que ele teria algum poder sobre ela? Minha cabeça latejava de tantas perguntas, e infinitas possibilidades de resposta. Sentia-me exausto, então dirigi ate minha casa, que pareceu uma eternidade para chegar, o porteiro não estava então estacionei o carro na minha vaga, já que ela havia levado o meu carro, e subi as escadas. Abri o apartamento cautelosamente, estava um pouco mais bagunçado do que da primeira vez, com toda certeza eles haviam feito mais uma visita, angustiado passei a não por meu pescoço, agora nu, e me senti triste por não ter mais meu amuleto. Corri os olhos pela casa, certamente se desse tempo eu desarrumaria minha mala e daria um jeito na casa. Joguei as cartas na mesa e fui para o quarto depois de trancar a porta, me joguei sem jeito na cama, ao cair de encontro ao colchão minhas costelas arderam e eu lembrei - me que ainda não tinha me curado totalmente, me virei e tentei adormecer.

Acordei com o barulho do celular em meu bolso, o peguei sonolento e o visor indicava o numero de Filipe.

— Alo. - Atendi aparentemente abatido.

— Cara, você esta vivo. - Ele suspirou de alívio. - Onde esteve, estava preocupado com você.

— Estou bem cara. - Eu ri. - Estava viajando. - Menti.

— Garanto que com aquela gata, por isso se esqueceu dos amigos. - Ele gargalhou como se tivesse entendido tudo.

— Exatamente. - Sorri com sua animação.

— Então te perdoo por sumir.

— Obrigado. - ri sem vontade.

— Mas, você esta bem?

— Estou sim Filipe. - Menti, pois só de tocar no nome dela eu sentia um ódio queimar em meu peito. - Só estou cansado.

— Então vou te deixar em paz com sua gata. - Ele riu. - Se previna não quero ser tio tão cedo. - Ele brincou.

— Pode deixar. - Com toda certeza ele não tinha jeito. - Qualquer coisa eu ligo.

Ele desligou o telefone e por um minuto de devaneios a imaginei grávida de um filho meu. Parada na porta do quarto, acariciando a barriga e sorrindo para mim, aparentemente orgulhosa, vestia preto, um lindo e delicado vestido, suas asas estavam abertas paralelas ao corpo, como uma capa, ela caminhou até mim, sedutora, sentou-se ao meu lado, na cama, e quando ela se esticou para me beijar e eu estiquei os dedos de encontro ao seu rosto, ela se desfez como fumaça. Cobri os olhos sem acreditar, eu só poderia estar ficando louco.


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Notas finais do capítulo

Eu sinto um vazio dentro de mim,
Pois você é tudo o que eu preciso,
Mas, ainda é um pesadelo vestido de sonho.



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