Pedro

A visão de Pedro foi ficando nítida. A caverna continuava iluminada, mas não era mais tudo silencioso. Ele ouviu gritos agudos, como os de um animal. Foi até a abertura da caverna, com calma. O guincho vinha de uma coisinha pequena. Não demorou muito e outros gritos juntaram-se com o dele. Surgiram mais coisinhas pequenas, répteis. Pedro reconhecia aquilo, eram compsógnatos

Uma onda fria lhe atingiu. Aqueles bichos matavam, ele estudou um bimestre inteiro sobre dinossauros, e se aqueles estavam ali, provavelmente outros também. Pedro viu uma ave andar a procura de peixes no lago, e então um borrão verde, não, eram vários borrões verdes juntos, despedaçaram-na.

O menino se jogou contra a parede fria da caverna. Os dinossauros olhavam em volta, à procura de caça. Então todos eles correram rapidamente. Pedro logo soube o motivo. O chão tremia de pouco em pouco tempo. Migalhas de pedra da caverna caíam. Aquilo devia ser um tiranossauro ou um espinossauro. Pedro quase suspirou de alívio quando um braquiossauro enfiou a cabeça na caverna de jeito curioso.

Só então sua ficha caiu. Ele estava no tempo dos dinossauros, ou talvez aquelas criaturas não estivessem extintas ali. Primeiramente Pedro pensou em voltar para casa e dizer a todo mundo, assim ganharia muito dinheiro. Mas depois ele parou pra pensar, se os seres humanos descobrissem da existência daqueles bichos eles seriam novamente extintos.

O menino saiu da caverna. Era o pôr do sol, ele tinha que voltar logo para casa. Correu de volta para a trilha mas ela já não estava mais lá. Pedro ficou de joelhos. Tinha que voltar para casa, não podia ser engolido por um dinossauro qualquer ou pisoteado. Levantou-se. Tinha que ter um abrigo, mas não podia acender fogueiras, mesmo naquele frio. Chamaria atenção.

Pedro continuou andando, estava começando a ficar com fome. Andou, e estranhamente só achou um pequeno bando de parassaurolofos bebendo de um lago muito grande. Viu peixes pularem da água e foi até o outro extremo, onde não haviam aqueles dinossauros. Enfiou a mão na água mas a única coisa que tirou foi água. Então tentou outra vez.

Um pescoço gigante saiu de lá, e soltou um berro. A água ainda descia do corpo laranja e escamado do dinossauro. Os parassaurolofos saíram correndo rapidamente, e Pedro fez o mesmo. Quando estava fugindo sentiu uma abocanhada atrás de si. Talvez irritar um dinossauro aquático e carnívoro não fosse a melhor maneira de começar a noite.

Ele podia respirar fora d'água para a infelicidade de Pedro. Mas ele era um tanto quanto lento, embora seu pescoço grande compensasse isso. Pedro sentiu uma bocanhada na perna e foi erguido do chão. O menino gritou quando a criatura jogou ele no outro lado do lago e rapidamente foi nadando até lá.

Assim que ele saiu percebeu que o bicho chegava muito perto. Correu como nunca antes e dessa vez o dinossauro não conseguiu pegá-lo. Continuou até perdê-lo de vista. Achou então que tudo estava bem. Continuou andando distraído, encontrou um grupinho de pterossauros voando, era incrível.

De repente, chocou-se com algo. De frente para ele estava um homem de barba curta. Cabelos castanhos e um olhar desafiador, que depois foi virando surpresa. Usava uma jaqueta bege e calças jeans escuras.

– Há mais um nesse mundo? – falou ele.