Por du:

Que surpresa o Lucas teria feito para mim? Será que tinha mesmo uma surpresa? Digo isso porque foram várias as vezes que ele disse que havia uma, sendo que ele não tinha feito nada. Ele deve estar fazendo isso só para me irritar, pois ele sabe bem o quanto eu odeio surpresas.

Passamos o caminho todo ouvindo nossas músicas preferidas. Também conversamos bastante. Acho incrível como a cada minuto que passo ao lado dele, mais eu fico apaixonada e triste. Triste porque sei que minhas vontades nunca serão supridas. O pior de tudo, é não poder demonstrar tudo isso que sinto.

Quando percebo, o Lucas já tinha parado o carro em frente a um lugar que eu nunca havia ido. Era um lugar grande. Quando eu ia abrir a boca para falar algo, o Lucas disse:

– Chegamos, lek.- E sorriu.

– Aí, Lucas! Onde estamos? O que é isso? - Eu disse surpresa.

– Aguarde e verá, du. Primeiro terei que fechar teus olhos.

– Então anda logo que estou ansiosa.

Saímos do carro e logo depois o Lucas me abraçou por trás e colocou suas mãos em meus olhos para tapá-los. Aquele contato tão próximo me fez estremecer, torci para que ele não percebesse.

Então ele foi me guiando até o local da surpresa, ele pedia para eu abrir portas, andar devagar. Cada vez mais, meu coração batia mais rápido. Quando eu não estava aguentando mais, ele disse:

– Chegamos!- E tirou as mãos de cima dos meus olhos, me permitindo ver.

Quando os abri, não consegui conter um sorriso gigante. Ele havia preparado um canto para a gente com gordices e videogame, duas coisas que eu amo muito. E o melhor de tudo é que teria só a gente ali. Não sabia direito o que falar de tão surpresa e feliz que eu estava, então disse:

– Eu acho doido como você consegue me fazer sorrir tanto, com coisas tão pequenas. - Eu disse com um sorriso maior ainda.

– Vem cá. - Ele disse, abrindo os braços esperando um abraço.

Assim eu fiz, dei um abraço apertado nele. Seu cheiro me deixou cada vez mais estagnada. Logo depois de um longo tempo, o larguei e olhei para ele sorrindo. Percebi que ele ficou sem jeito, então eu disse para cortar o clima:

– Tá pronto pra perder nos jogos, lek? - O olhei com uma cara brincalhona.

– Vamos ver quem vai perder! - Ele disse me provocando.

– Então quer apostar? - Eu disse, provocando mais ainda.

– Bora! Quem perder, vai ter que nadar, de noite, apenas com roupas íntimas.

– E se der empate?

– Bom, aí os dois terão que nadar.

– Então tá combinado! Mas eu sei que vou ganhar mesmo, então sem problemas.

Assim passamos a tarde; jogando e comendo gordices. As vezes eu parava só para ficar observando o Lucas. A beleza dele me deixava intrigada, não era atoa que ele tinha quem ele quisesse. Inclusive eu. Ele também é tão incrível, tão doce. O que me faz ter mais certeza de que ele nunca vai gostar de mim.

O jogo terminou em empate, o que me deixou com muita raiva. Não tava com nenhuma vontade de nadar, ainda mais no frio, de noite. O Lucas tava rindo demais da minha cara, minha vontade era de dar uns bons tapas nele.

Depois de comermos mais um pouco, fomos para a praia que, nesse horário, já se encontrava vazia. Pois passamos a tarde toda jogando e nem percebemos que o dia já tinha virado noite e a noite tinha se tornado madrugada. Descemos do carro e fomos em direção ao mar, não tava com nenhuma coragem de me despir e o Lucas percebeu isso, então ele disse:

– Pode deixar que eu tiro a roupa primeiro.

Assim ele fez, tirou cada peça de roupa e ficou apenas de cueca. Incrível como ele consegue ficar mais lindo desse jeito. Digo, não de cueca (também), mas quando ele está com esse espírito brincalhão. Tomei coragem e tirei minha roupa também, ficando apenas de calcinha e sutiã. Não via nenhum problema de ficar assim na frente dele, pois era como se eu tivesse de biquíni. Mas eu fiquei me sentindo desconfortável, porque ele estava olhando meu corpo demais. Estranhamente demais. Permanecemos em silêncio por um tempo até que eu disse:

– Bora mergulhar, lek?

– Vamos! Tá pronta para congelar?

– Nunca! - Eu disse rindo.- No três?

– No três então, vamos congelar! - Ele disse rindo.

– 1, 2 ,3 - eu contei.

Lucas foi e eu fiquei ali rindo da cara dele por ter achado que eu ia mesmo. Quando ele voltou, me agarrou pela cintura e me tacou para dentro da água. A partir daí, começou uma guerra. Água pra lá, água para cá. Aquele dia não podia ficar melhor. Parrei do lado do meu melhor amigo, do meu amor secreto. Foi muito bom, não queria que acabasse. E cada vez mais, sentia meu coração bater por ele.

Do nada o silêncio dos dominou, ouvíamos apenas o barulho das ondas batendo na areiam, tava tudo calmo demais. Lucas estava me encarando demais, então perguntei:

– Que houve, lek? Tá tudo bem? - Fiz uma cara de preocupada.

– Precisamos conversar. - Ele disse com uma cara séria.

Quando ele disse isso, meu estômago revirou e eu fiquei muito nervosa. O que ele queria conversar? Será que é algo sério demais? Nunca tinha visto ele assim, desse jeito. Minha cabeça se encheu de dúvidas, então fiquei apenas aguardando ele falar.