Após a conversa com Paulina, Carlos Daniel já dentro do quarto, pensava... Paulina tinha sido tão má com ele, desde o principio o feito sofrer... Sofrer de tal maneira que sentia vontade de derramar lágrimas de sangue! Será que um amor com tamanha crueldade poderia dar certo, quero dizer, sem impedimentos? Quando o amor e a dor se encontram... O que resta de uma pessoa? Como tinha sido difícil para Carlos Daniel superar tudo aquilo, tudo que ele tinha passado... E agora Paulina aparecia pedindo perdão? De fato, ele não sabia se algum dia poderia perdoá-la.

Um pouco mais ao lado estava seu filho, dormindo agora, tranquilamente. Mais a frente um espelho, que mostrava sua própria imagem, observava o quanto estava abatido. Porém, aquilo nem se comparava com ao caos de sua alma... O que ele poderia fazer? Era só um homem que gritava desesperadamente por socorro...

DIA SEGUINTE...

Paulina acordou um pouco mais calma e tranquila, estava na casa de Julia e realmente estava decidida a ir embora!

Ela se levantou, foi até o banheiro e fez suas higienes logo após indo para a cozinha, onde encontrou Julia.

–Bom dia, Julia!(Disse Paulina.)

–Bom dia, Paulina! Já que demorou tanto a acordar, tomei a liberdade de fazer o seu café!(Disse Julia apontando para a mesa, de fato, ali tinha uma bela refeição para a manhã!)

–Muito obrigada, Julia. Estou faminta!(Admitiu Paulina sentando-se na mesa.)

Julia sorriu.

–Será que poderíamos conversar um pouco?(Perguntou Paulina ao se dar conta que Julia estava prestes a sair da cozinha.)

–Ah, claro. Mas é urgente? Por que estou muito atrasada, preciso trabalhar! Aliás, estou mantendo duas.(Disse Julia e sorriu.)

Naquele momento Paulina sentiu-se constrangida por estar morando de favor.

–Não que isto seja um incômodo, gosto muito de sua companhia!(Concluiu Julia ao perceber o desconforto de Paulina.)

–Te agradeço muito, Julia! Mas... É justamente sobre isso que quero falar. Eu decidi que... Irei viajar, ficar aqui não vai me levar para lugar nenhum, é impossível receber o perdão do Carlos Daniel e ainda por cima... Duvido muito que ele permita que eu me aproxime do meu filho!(Disse Paulina.)

–Mas Lina, isso é um direito seu!!! Você é a mãe do Daniel, deve vê-lo! (Disse Julia.)

–Eu sei, mas.. Não quero mais atrapalhar a vida deles!

–É. Por um certo lado, será o melhor para você e também para o Carlos Daniel. Ele precisa de um tempo, e você precisa respirar, sair de tudo isso que tanto te sufoca!(Disse Julia.)

–Sim, justamente. Mas não será só por um tempo, será definitivo. (Disse Paulina e pode perceber que Julia no mesmo instante arregalou os olhos, Paulina também sentia muito, além de Dani e CD, não queria mesmo se afastar de Julia, tinha se apegado muito a ela e também não era para menos, podia se atrever a dizer que era sua Melhor Amiga...

–Paulina eu.._ Disse Julia sem saber o que dizer._ Vou sentir sua falta!

–Eu também, Julia! Agradeço-te muito por tudo que fez por mim por ter me ajudado quando eu precisei... (Disse Paulina melancólica.)

–Se continuar assim, juro que vou chorar! (Disse Julia.)

–Ain, já chega! Como estamos dramáticas, isso não é uma despedida. Vamos nos ver. (Disse Paulina e sorriu.)

–Sim, Claro... E quem sabe mais pra frente, eu não anime ir morar com você do ``outro lado do mundo``.(Disse Julia.)

As duas sorriram.

–Outro lado do mundo? Não tinha pensado em ir tão longe assim haha. Que exagero...

–Não? Pra onde então??(Indagou Julia.)

–pra algum lugar... Tranquilo! Talvez eu vá para o interior!(Falou Paulina.)

–Certo!(Concordou Julia.)

Após aquele papo todo, Paulina decidiu ir até o hospital ver Dani pela última vez... Já Carlos Daniel, mesmo querendo muito, torcia para que ele nem estivesse lá!

***HOSPITAL CENTRAL***

–Vovó, será que você pode ficar com o Dani? Eu vou até em casa tomar um banho e trazer algumas roupas... Acho que o Dani terá que ficar mais um tempinho por aqui...

–Sim, aproveite para ir a outros hospitais para ver se existisse alguém disposto a doar uma medula óssea! Não é um câncer tão grave assim, mas, se você não char um doador pode se tornar!(Disse vovó Piedade.)

–É, você tem razão... Quantos problemas vovó, acho que vou enlouquecer!

–Ah, Carlos Daniel, tenha força! Pense no seu filho, é ele quem mais sofre com essa situação, ainda é muito novo para passar por tudo isso.(Disse Vovó Piedade.)

–Sim, o Dani é muito forte. _Disse e sorriu_ Então é isso, já vou vovó!(Ele concluiu e saiu.)

Alguns minutos depois...

Paulina chega ao hospital e dá de cara com dona Piedade.

–Oi Paulina. Que coincidência, o Carlos Daniel acabou de sair e você chega!(Disse vovó Piedade.)

–A sim, melhor. Só vim pra ver se o Daniel está melhor... Queria me despedir dele!(Disse Paulina.)

–Por quê? Como assim se despedir?(Indagou vovó Piedade.)

–Eu vou viajar! Vou para longe, irei deixar o Carlos Daniel em paz... Para sempre!(Disse Paulina.)

– O que? Como? O Dani precisa tanto de você, de uma mãe... Não o abandone de novo!

Naquele momento foi como se Paulina estivesse recebendo uma facada em seu coração.

–É melhor, vovó... Eu só vou prejudica-los aqui!

–Ah, filha. Não seja boba, o Carlos Daniel te ama, só está magoado, ressentido... (Disse vovó Piedade.)

–Não vovó, ele me odeia, e você não sabe o quanto... O que ele sente por mim não é amor mais, ele só está confuso... Mas, o amor que ele sentia por mim já morreu!(Disse Paulina cabisbaixa.)

Vovó Piedade então, resolveu apelar para outro lado.

–Vai deixar o Daniel com câncer? Acha justo só o Carlos Daniel passar por isso sozinho? O Daniel pode morrer, Paulina!

Ao lembrar-se disso, Paulina arregalou os olhos, era verdade, seu filho estava com câncer, mas o que ela poderia fazer???

–VOVÓ!! SERÁ QUE MEU SANGUE É COMPATÍVEL COM O DO DANI??? Talvez eu... Possa doar uma medula óssea para ele! (Disse Paulina animada.)

–Verdade, Paulina. Pode ser! Como não pensamos nisso antes... Vá agora ver isso!(Mandou vovó Piedade.)

Paulina sorriu e foi.

Paulina entrou na sala do doutor e disse:

–Doutor, eu quero saber o tipo de sangue de Daniel Bracho!(Disse Paulina.)

–Er, bom dia, senhora! (Disse o médico e sorriu.)

–Ah, sim, perdão. Bom dia e... Qual é o sangue de Daniel Bracho?(Disse Paulina apressada.)

–Por que senhora?(Indagou o médico inclinando-se sobre a mesa.)

–Por que se for compatível com o meu, quero doar a medula óssea que ele necessita!

–Ah sim, o tipo de sangue dele é A negativo é bem difícil encontrar alguém que seja compatível e esteja disposto a doar a tal medula óssea.(Disse o médico.)

–MDS, obrigada meu Deus!! Pode preparar tudo para que eu possa doar essa tal medula óssea doutor! O meu tipo de sangue também é A negativo. (Disse Paulina mal podendo conter a felicidade em seu ser.)